Eu Sou A Número Dois escrita por Mel Teixeira


Capítulo 3
Capítulo Segundo: A Queda que me Reergueu.


Notas iniciais do capítulo

Gente, postei mais um capítulo hoje (:
Comentem ein!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/317695/chapter/3

CAPITULO SEGUNDO: A QUEDA QUE ME REERGUEU.

Acabei de cair no chão. Meus joelhos doeram. A porta acaba de se fechar. E antes que eu pudesse abraçar os meus joelhos para chorar sozinha, Guilherme me abraça, envolvendo-me em seus braços grandes e calorosos. Enquanto ele para um momento, em meio o seu abraço, ele me olha. Meus olhos estavam gritando agradecimento, ele realmente me salvou. De hoje, da minha vida. Encontrei um porto seguro em seus olhos.

-Hum... Selina é melhor eu trazer as compras para dentro e deixar você sozinha. – Falou ele para mim, tentando acordar-me de meu choro extasiado em seu abraço.

-Você não quer um café de agradecimento? –Pergunto, olhando tristemente para os meus dedos.

-Acho que não é uma boa hora. Nem para mim e nem para você. –Diz, olhando-me.

-Por quê? Eu não posso ser um pouco a sua companhia? –Perguntei, deixando minha voz sumir.

-Não. Não é isso. Mas... Olhe só para você. Está triste, com os olhos inchados de chorar. Acho que não devo te incomodar. Também tenho ainda muitas coisas a fazer hoje. Meu sábado não acaba por aqui. –E, novamente aquele olhar doce invade as minhas pupilas. Invade meu coração.

-Me desculpe, de verdade. Esqueci que nos conhecemos hoje e que não sei nada sobre você. Que você também tem uma vida. Me desculpe, de verdade. –Eu acabo de corar, instantaneamente. Acordando para a vida e olhando tudo envolta.

Minha vida estava uma bagunça, realmente.

-Não, tudo bem... Acho que entendo um pouco você, principalmente por ver o que o seu namorado fez com você.

-Ex-namorado. –O lembro.

-Ah, sim. Desculpe. –Olha para mim, levantando-se e oferecendo a mão para eu fazer o mesmo.

-Obrigado, de verdade. Não tenho como lhe agradecer. –Levanto secando as lágrimas e abrindo a porta para ele sair.

-A gente marca um café, um dia desses. Aí você me compensa toda essa confusão. Espero que você fique bem, já que agora é alguém especial para mim. –Disse me dando um abraço rápido.

Esse abraço me provocou um arrepio seguido de uma corrente elétrica em cada extremidade nervosa de meu corpo.

-Tudo bem... Eu que tenho que lhe agradecer. E a respeito do café... Marcamos sim. –Falei corando. Não acreditando naquilo tudo que havia acontecido num mesmo dia, ou melhor, numa mesma tarde.

-Tchau Selina. Até breve. –Disse ele num sorriso torto estonteante.

-Tchau Guilherme, obrigado mais uma vez. –Retribui o sorriso, mas com pouca confiança, pois acredito que meu sorriso não era tão bonito assim quanto o dele.

E então sou obrigada a fechar a porta que dava acesso aos seus olhos.

Quando paro na entrada do meu apartamento, escorada na porta, pensando no que fazer agora, vejo que minha casa está suja, com as compras em cima da mesa da cozinha esperando por serem guardadas e minha tristeza fazendo um buraco em meu peito. Mas, lembro-me que além de tudo isso, ainda tenho que salvar a minha empresa e então decido entrar na internet em busca de alguma história online boa o suficiente para ser publicada por minha editora à fim de salvar a minha empresa.

Entro em um site de busca, procurando por histórias online.

Começo a ler as sinopses das histórias e começo a ficar desesperada quando vejo que não há nada que me impressione e certamente não irá impressionar o público leitor.

-Que droga! Não há nada aqui... Onde será que as pessoas guardam o talento delas? –Estava brava comigo mesma, me perguntando se essa realmente era a solução para o meu problema ou se fechar logo a editora não seria mais conveniente.

Mas... Viver de quê? De vento? Não dá! Preciso achar uma história muito boa.

Meus olhos já estavam ardendo... Parecia que estavam cheios de areia, em uma tentativa falha de recuperar minha visão eu passava a mão neles constantemente. Cinco minutos depois comecei a perceber que meus olhos estavam avisando que meu corpo estava exausto. Olhei no relógio e vi que eram oito horas da noite.  Resolvi que a melhor coisa a fazer era comer alguma coisa e me enroscar em meus edredons.

Eu tinha vinte anos e parecia que tinha quarenta com tanto problema em minha cabeça.

Fui até a cozinha preparar uma lasanha de frango, daquelas congeladas. Preparei um suco de laranja e fui me deitar na minha cama.

Mas, antes de deitar não pude evitar de ficar com nojo do meu quarto. Estava tudo jogado no chão, tudo cheio de pó. Minha casa estava uma bagunça, minha empresa estava uma bagunça, minha cabeça estava uma bagunça, meu coração estava uma bagunça, eu estava uma bagunça, por fim... Minha vida estava uma bagunça. Preciso arrumá-la e com urgência.

Comi minha deliciosa janta e tomei meu suco. Tentei dormir e só o que consegui foi revirar na cama. As lágrimas já estavam brotando nos meus olhos quando me vejo lembrando do Douglas, de quando encontrei-o e me perguntando de que forma eu perdi ele. Eu o perdi há muito tempo. Sem razão para isso e chorando, peguei no sono com algumas lágrimas e agarrada em meu edredom, como alguém que necessitava de um abraço sincero, mas não havia ninguém para dá-lo.

. . .

Domingo quem me acordou foi o sol que insistia em me tirar da cama nove horas da manhã.

Eu sentia-me machucada por dentro, mas tentei ignorar meus sentimentos. Abri a janela do meu apartamento e fui juntando os lixos do meu quarto enquanto tinha colocado um café para fazer na cafeteira.

-Droga, mas, isso aqui realmente está um lixão. –Resmungava enquanto juntava roupas sujas, lixos e outras coisas que ia achando enquanto ia caminhando pelo apartamento.

Parei um momento para me olhar no espelho. Minha aparência pedia socorro.

Por um momento notei que meu cabelo estava cheio de pontas duplas, precisava de um corte. E antes ele era lindo. Meu cabelo tem cor preta, uma cor fechada, assim como os olhos enraivados de Guilherme. Minha pele corou ao lembrar-me dele. E porque estava pensando nele?

Meu cabelo tinha comprimento até ao meio das costas. Minhas sobrancelhas estavam terríveis. Gritando socorro. Minhas unhas grandes e cheias de cutículas. Pelo amor de Deus... Onde eu estava todo esse tempo que não vi nada disso? Estou em um estado inacreditável. Parece que tenho trinta e oito anos com essa aparência. Preciso arrumar isso, mas antes preciso limpar a casa e separar as coisas do Douglas. Preciso urgentemente tirar ele da minha vida e da minha casa.

Comecei tomando o meu café e logo depois disso fui colocar uma roupa velha para começar a faxina.

Fiquei descalça e coloquei meu pen drive para tocar minhas músicas de rock para tocar enquanto comecei a demolir aquele apartamento com vassouras e desinfetantes.

Comecei a ouvir Placebo e logo comecei a viajar no dia de ontem enquanto ia limpando as coisas.

Recordei-me daqueles olhos. Olhos verdes, o contato que eles fizeram comigo ontem, várias vezes.

-Droga! Como pude ser tão idiota! –Bati na minha testa por um momento, paralisando.

Eu me esqueci de pegar o telefone dele. Droga! Como iria achá-lo novamente? Estava me odiando profundamente. Se bem que, se ele quiser ele vai vir aqui. Ele sabe onde moro.

É... As coisas deveriam ser assim, afinal, uma mulher nunca deve correr atrás de um homem. Primeiro ele deveria vir atrás. E, de repente me senti uma parte angustiada, ansiosa e a outra conformada com a situação.

Parei de pensar em Guilherme e em Douglas. Simplesmente ignorei. Mesmo que quase impossível, talvez meu coração lá no fundo estivesse agradecendo e me dando os parabéns por ter tanta determinação em um momento desses.

Quando entrei no banheiro eu queria era correr dali e o pior que foi o último cômodo que eu deixei para limpar. Sinceramente, acho que meu consciente já sabia que ali estaria terrível.

Meu corpo suava, o calor era muito grande. Mas, eu só admitia a mim mesma que já estava acabando a faxina e logo eu iria me arrumar.

Depois de tanto sacrifício físico para conseguir terminar a faxina do banheiro, finalmente terminei e não pensei duas vezes antes de pegar um ventilador colocando-o na sala e me deitei no chão, desligando o aparelho de som, dando alguma paz para os meus ouvidos.

Acredito que descansei por uns quinze minutos e depois fui tomar um banho. Decidi me arrumar e sair um pouco. Precisava ir a alguma livraria.

Fui ao meu quarto e abri o guarda roupas. Fui até minha gaveta e escolhi um short preto com um cinto azul. Peguei uma blusa cinza que eu adorava. Separei uma sapatilha verde-água.

Quando entrei no chuveiro senti a água machucar minha pele. O tinido dela no chão fazia-me lembrar de que agora eu estava sozinha e que precisava me reerguer. Não deixei as lágrimas caírem de novo por causa de Douglas. Lembrei-me dele com raiva pensando que ele talvez não estivesse pensando em mim, afinal nem sei se ele ainda me amava.

Sai do chuveiro. Vesti-me, escovei meus cabelos negros e sem maquiagem só saí em rumo ao shopping mais próximo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Até a próxima!
Beijos ;*