Life Is Not Easy escrita por MrsFancyCar


Capítulo 19
Obrigação


Notas iniciais do capítulo

Estão gostando? Ou estou desapontando-os?



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Tomada pelo medo, sem tomar consciência das minhas ações, me vi abrindo a porta e indo ao encontro da morte.

Cambaleando e com a vista escurecendo, atravessei a rua e tentei lembrar o caminho até o beco.

As ruas ainda estavam vazias. O sol ainda estava escondido. A escuridão que tomava conta do lugar me dava tremores.

Sim, eu estava tremendo. Mas levando em consideração que estava nevando, eu não era tão medrosa assim.

Quer dizer, era.

Mas não é fácil manter a calma sabendo que alguém te persegue.

Se eles sabiam onde eu estava, deveriam já ter feito algo com Edward. Ou então pretendiam fazer.

Perguntava-me sempre o que Mark queria comigo e com Ed. O que meu pai o fez para ele se vingar desse jeito? Por qual motivo ele o “traiu”? O quão grave foi essa “traição”, para ele chegar ao ponto de matar toda a minha família?

Eu nunca havia sentido tanto medo de atravessar a rua na minha vida, como estava sentindo agora.

Podia enxergar o beco a alguns metros de distância de mim.

Mesmo com a escuridão da rua e das minhas vistas, via uma espécie de vulto na sombra, encostado na parede.

Hesitei antes de atravessar, mas não havia sentido recuar mais, ele calculava cada passo meu.

Andei até lá, fazendo com que meus passos tivessem menos distância entre eles e tivessem uma velocidade bem lenta.

Quando cheguei perto, o vulto se desencostou da parede, parecendo olhar pra mim. Eu não pude perceber seus traços, pois ele estava com um casaco que ia até os joelhos, e seu capuz deixava seu rosto numa sombra onde eu apenas podia ver seu nariz, que ainda estava um pouco à mostra.

Era alto, e, pelo que percebi, um pouco magro, mas forte. Ele tirou seu capuz, e pude perceber que era negro. Seu cabelo era raspado. Sua boca era carnuda. Seus olhos fundos davam-me sensação de que ele não comia direito havia algum tempo.

Fiquei alguns metros longe dele, parada.

– O que você quer? – murmurei, depois de um tempo encarando-o.

Ele apenas me olhou, mudando a expressão séria. Riu com um tom de deboche, e logo depois voltou a lançar-me o mesmo olhar sério.

– A pergunta seria: o que você quer? – juntei as sobrancelhas, num gesto confuso. Ele estudou meu rosto e percebeu que eu não havia entendido, logo completou. – O quevocê quer, Rose?

Eu não estava entendendo a lógica dele. Muito menos as perguntas.

O que eu quero?

Só queria minha família de volta, mas isso eu sabia que não poderia ter.

Fiquei quieta.

– Quer seu namorado de volta? Ou sua família morta? Ou melhor, quer continuar viva?

Continuei a fitá-lo, com uma expressão nada amigável.

Um calafrio percorreu a parte de dentro do meu corpo.

Eu seria morta? Naquela mesma hora?

– Eu estou falando muito. – ele debochou de si mesmo. – Vamos logo ao que realmente importa.

Na verdade eu fiquei um pouco surpresa e aliviada por não ter dado de cara com Mark quando entrei no beco.

Aquele homem poderia me matar, mas eu não saberia nada sobre ele. Mas ele poderia me matar, do mesmo jeito. E se o fizesse, ainda estaria fazendo um favor pra mim.

Seu rosto e corpo eram um tanto atrativos, mas me livrei desse pensamento, balançando a cabeça de um lado para o outro.

Ele me olhou com certa ponta de dúvida na sua expressão. Mas logo continuou.

– Você quer ver seu namorado de novo, não é? – perguntou-me ele.

– Eu não tenho namorado. - disse, baixo demais.

– Não importa. Você sabe de quem eu estou falando. – ele foi avançando em minha direção, percebendo que eu estava levando a mão à cintura, onde havia deixado o revólver. – E é melhor não dar uma de espertinha pegando essa arma.

Não me mexi, mas não tirei a mão de onde ela estava.

– Aliás – ele debochou, rindo –, você não sabe atirar.

– Eu posso aprender. – disse-lhe, tirando a arma de onde ela estava.

– Acredite, você não sabe com quem está lidando.

Abaixei a arma, ainda olhando pra ele.

Havia um leve sorriso em seu rosto.

Um sorriso de satisfação.

– Fale logo o que você quer. – disse, um tom desprezível.

– Certo. Quanto mais rápido melhor.

– Como me vigia? – o interrompi, deixando-o com a testa enrugada, e as sobrancelhas coladas uma na outra.

– Como o quê?

– Como me vigia. Como consegue seguir todos os meus passos?

– Isso você vai saber bem mais tarde. O que importa agora é o que você tem que fazer. – uma pausa. – Se quiser que seu amigo – ele gesticulou “aspas” com as mãos. – continue vivo.

Se a ideia dele era me deixar com medo e vulnerável, ele havia conseguido.

E muito rápido.

– Me diga logo o que quer. – grunhi.

– Temos uma espécie de “missão” para você. – ele parou, parecendo procurar as palavras certas. – Missão, não. Uma “obrigação”. – pude perceber um sorriso na ponta de seus lábios. – Se não cumprir, já sabe o que acontece. – ele logo se apressou a falar.

– Onde está Edward?

– Ora, nada de chorar, não é? – percebeu lágrimas nos meus olhos. – Bom, ele nem deve estar pensando em você agora. – debochou.

– Por que está dizendo isso? – indaguei.

– Ele veio com você? Não. Acho que não deve se preocupar tanto com esse ser. – riu. – Então, garanto que com a minha proposta você não vai sofrer. Não tanto quanto irá sofrer por aquele garoto... Então?

Simples.

“Quer ser morta, ou saber da minha proposta?”.

Como alguém poderia falar assim, tão normalmente?

Tão normalmente como quando falaram que minha mãe poderia não estar viva...

– Vai me deixar em paz se eu aceitar?

– Depois que cumprir com tudo, sim.

– Manda. – falei.

Seu rosto se iluminou com uma expressão de felicidade e malícia.

No começo fiquei com medo de ouvi-lo. Assim como fiquei desde que o vi do outro lado da rua.

Pude perceber que, enquanto falava comigo, suas mãos e braços tremiam. Sua mão direita ia sempre à boca, ou ao nariz, de modo estranho.

No começo pensei que pudesse ser um tique-nervoso.

Mas aquilo não parava nunca.

Seu corpo magro e seus olhos fundos me fizeram pensar numa hipótese não tão agradável.

Certamente, ele era viciado em drogas.

Poderia ele estar querendo que eu fizesse alguma coisa desse tipo? Tráfico de drogas, talvez?

Estremeci enquanto ele me dizia sua proposta para eu continuar viva.

Sua boca e mãos tremiam mais a cada palavra que ele falava.

Não consegui entender toda a conversa, mas algumas frases eram possíveis de compreender.

– Você tem que... – palavras indecifráveis. - ... fazer isso. Não é tão... – parou para olhar em volta, nervoso. - ... tão difícil, basta apenas trazer algumas dessas para mim.

Olhando em volta, ainda desconfiado, ele me entregou dois pacotes plásticos, que eu mal conseguia segurar.

Minhas mãos tremiam, fechei-as, com os dois pacotinhos, para eles não caírem.

Meu nervoso fez com que eu começasse a olhar em volta, assim como ele.

O conteúdo dos pacotes era um pó branco.

Não identifiquei o que era na primeira olhadela.

Mas quando me concentrei neles, os levantando contra a luz, pude perceber que não era tão normal sair com isso à mostra por aí.

– Abaixa isso garota! – ele gritou, abaixando minhas mãos com força e olhando bravo para mim.

– O... O que eu tenho que... que fazer? – gaguejei.

– Não prestou atenção, é? – indagou. – Leve para esse endereço – ele me entregou um papelzinho com letras. – e procure por Mark. Você vai reconhecê-lo. – ele fez questão de me lembrar disso.

Eu estava tão nervosa que seria capaz de sair correndo dali. Mas sabia que era a pior escolha. Mal conseguia tirar os pés do lugar.

– E se... eu recusar? – perguntei, com medo.

– Você mo... Quer dizer, seu amigo morre. – ele sorriu para mim. – Não é tão difícil assim, pare de fazer drama. Se quiser, um desses pacotes é seu. Serve como pagamento. Garanto que ele faz você esquecer de coisas ruins, e não faz ninguém sofrer, exceto quando está em falta... – ele arquejou, triste.

E também faz não parar de tagarelar, pensei.


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Notas finais do capítulo

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