Vida De Uma Flor escrita por Karina Foletto


Capítulo 2
Capítulo 2




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Por fim ele vai embora e eu volto ao meu trabalho, mas eu não consigo me concentrar com todas essas imagens vindo a minha mente do meu passado com ele e do quanto amei e saber que hoje é tudo tão vazio e frio, é como o gelo. Acabo por fim fazendo um café e indo olhar televisão porque o passado já me é tão sombrio quanto o presente.

Volto a minha velha e antiga rotina, mas começo a ter sonhos estranhos com o Jake. Tento agora fugir das lembranças como quem foge da forca, mas eis que mais uma vez ele me liga na hora em que eu ia sair para almoçar:

- Olá Missy!

- Oi Jake.

- Como tá?  Não nos falamos mais, esperei que fosse me ligar. – tive a sensação que ele sorria quando me falou isso.

- estou bem e você? Estou sem tempo. – “mais uma de minhas mentiras”.

- huuum, você não quer almoçar comigo? – sinto que ele se sente apreensivo ao fazer o convite.

- Ok, pode ser. Aonde? – resolvo lhe dar uma chance para ver o que ele realmente quer.

- Pode ser no Divino Sabor? Posso passar ai para te pegar?

- Tá bem, pode. O endereço é rua Oscar Pereira, número 265. Eu te espero ali na frente.

- tá bom, em torno de algum tempo estarei aí. Beijos.

- Tchau.

Jake levou em torno de uns 15 minutos para me buscar e acabamos nem conversando durante o percurso até o restaurante... ele se concentrou na direção e eu olhava pela janela do vidro destraída  com tudo que vinha me acontecendo ultimamente, parecia que as coisas estavam querendo mudar... Chegamos ao restaurante, um restaurante muito bonito e elegante por sinal, isso fez eu me lembrar de como eu nunca havia saído com ele no tempo em que namorávamos. O almoço transcorreu de forma tranquila e animada, conversamos sobre tudo e aos poucos vi que voltaríamos a ser amigos o que para mim depois de anos seria novo.

Certa manhã enquanto trabalho num processo, Lunna veio me pedir ajuda num processo de homicídio. Este processo fez com que uma frequentasse a casa da outra em horários alternados já que o caso era complicadérrimo, fazendo com que nos tornemos grandes amigas... Logo conseguimos resolver o caso e mesmo depois de resolvido continuamos uma a frequentar a casa da outra, a trocar ideias e sentimentos, contei lhe a minha história e ela fez o mesmo fazendo com que percebêssemos o quão parecida eramos. Numa sexta a tarde depois do trabalho fui a sua casa, estávamos sentada na sala vendo tv quando ela fala:

- Missy, que tu acha de ir comigo a um almoço de família? Tem várias pessoas e eu sempre me sinto sozinha lá, poderíamos andar a cavalo, nadar na piscina...

- não sei Lunna...

- Por favor Missy, vamos! Você vai gostar, eu sei. É na casa do meu tio Terri.

- Que nome eiin kkk, vou pensar.

- hahahahahaha, é estranho mesmo. Aaaah Missy, você já está a muito tempo fechada nessa casca está na hora de sair e ser alguém alegre, ter uma vida decente e não uma vida de velha. – fala ela na tentativa de me convencer e de me fazer parar de trabalhar tanto...

- eu sei Lunna, mas não é bem assim. Mas já que tu quer tanto. – falo sem animo.

Ficamos em silêncio novamente. Quando resolvo falar:

- Lunna, você não me disse quem vai e nem quando é...

- Aaaah Missy, eu vou te apresentar ao pessoal lá e mamãe e papai você já conhece... – fala ela toda empolgada.

Pressinto problemas... essa menina é louca mas eu a adoro. Lunna é mais nova que eu mas já sofreu muito também, ela tem 20 anos e se apaixonou quando nova, se juntou com o namorado mas ele morreu num acidente, desde ai muitas coisas mudaram para ela.

- Missy, só te digo uma coisa, é no final de semana que vem. Prepare suas coisas ou melhor, vou a sua casa fazer tua mala enquanto você vai fazer cabelo e tudo mais, vou te tirar dessa concha ou não me chamo Lunna ! – fala ela entre risos.

- que isso? Mais nova que eu é já está querendo me mandar é?! – falo eu com uma cara de assustada, mas dou risada.

- tá bom mamãe eu vou.

A semana se passou tranquila, almocei alguns dias com Jake e ele me contava sobre seu trabalho e eu falava do meu, contei a ele sobre a Lunna e a viagem que ela me arrumou ele concordou que seria bom para mim sair um pouco da cidade.

Chegou o tão esperado final de semana, na própria sexta-feira após o trabalho Lunna foi lá para casa e já começou ditando regras:

- Missy, vá ao salão Mix. Tu tem hora marcada lá para uma geral, eu mesma me encarreguei de marcar para ter certeza que tu ia. – fala ela com uma cara de criança que aprontou.

- Lunna! Não acredito.- falo entre risos.

Restou-me ir ao salão e realmente era uma geral, fiz cabelo, mão e pé, depilação, sobrancelha, tudo que se tem direito. Cheguei em casa e minha mala já estava pronta e encontrei Lunna na cozinha.

- Mamãe cheguei.- falei rindo.

Ela me olhou e fez cara de assustada, então perguntei:

- o que houve? Estou muito feia? Viu ?! eu disse que não era para marcar nada... – ela me interrompe ao me arrastar para o meu quarto e abrir a porta do roupeiro para me olhar.

Me deparo com uma imagem completamente diferente da qual eu estava acostumada, uma mulher linda estava refletida no espelho... Realmente não se parecia comigo. Então olhei para ela, dei uma risada amarela e disse:

- sou eu?

- é tu! – fala ela com um sorriso estampado no rosto.

- agora vem me dizer que não valeu a pena.

- claro que valeu e muito!- falo a abraçando, feliz como não me sentia a algum tempo.

Minha vida estava mudando radicalmente e eu estava gostando disso, mesmo com as coisas me deixando com o pensamento de que uma hora iria acabar, mas porque não tentar...

Lunna fez uma bela janta para nós e logo fomos nos deitar, no outro dia teríamos que acordar cedo para ir ao sítio do tio dela... diga-se de passagem o nome dele é estranho (risos).

Chegando lá, o lugar além de lindo era enorme, fomos com os pais dela e não havia ninguém lá a não ser o tal tio Terri. Fui apresentada a ele que por sinal era louquinho como a Lunna, mas muito receptivo e amigável. Lunna logo me arrastou para o quarto em que dormiríamos para trocarmos de roupa e passearmos a cavalo enquanto os outros não chegavam, quando voltamos eu olhei para ela e disse:

- tem certeza que é um final de semana em família? – falo com cara de assustada.

- tenho, a família é grande, não falei porque sabia que ia te assustar.- falou ela entre risos.

- tu não tem jeito, mas bem, agora não posso voltar espero não me arrepender.

Me apresentou um por um, eu não guardei o nome de ninguém confeço, mas fui bem recebida por todos. Fomos nos trocar para almoçarmos...

No almoço, estava eu e ela sentada na varanda e um garoto veio falar com nós:

- e aí Lunna! Não vai me apresentar tua namoradinha? – falou rindo, como se estivesse debochando.

- ela é minha amiga Drake! – fala ela como se nem ligasse para a presença dele.

Então ele se vira para mim e diz:

- olá princesa, meu nome é Drake. Já que minha amiguinha Lunna não é educada para me apresentar.

- Oi Drake, meu nome é Missy.

E ele tentou puxar assunto comigo, mas não dei atenção. Assim que ele saiu perguntei a Lunna quem era e ela falou-me que era um amigo da família, mas que era assim muito debochado com ela porque tiveram um casinho e ele se achava no direito de mandar nela. Isso me irritou um tanto saber que ele era tão grosseiro assim com ela, então decidi manter distância.

Um dia quando voltávamos de um passeio a cavalo ele veio a nosso encontro...

- Por que as belas moças não me convidaram? Não podem sair por aí, você sabe bem que o terreno é grande Lunna e é perigoso.

- Primeiro Drake, boa educação existe. Segundo, eu conheço muito bem esse local, não se esqueça que eu cresci aqui, é mais fácil você se perder.

- já que a madame conhece bem o local, para que lado fica a piscina?

Então fomos até a piscina com ele e acabamos nadando um pouco... esse final de semana seria longo demais pelo que vi. O resto do dia foi de forma tranquila, sem grandes aborrecimentos.

No domingo de manhã eu estava sentada na varanda lendo, resolvi acordar cedo e aproveitar, mas não acordei a Lunna ela é muito mau-humorada de manhã. Quando só ouço no meu ouvido:

- Bom dia princesa.

– bom dia, pensei que não tivesse ninguém acordado a essa hora. - O olho assustada.

- eu costumo acordar cedo para dar uma volta no terreno.

- hum...

- que livro a princesa está lendo?

- Desaparecidos da Danielle Steel. É muito bom.

- interessante, procurarei mais tarde esse livro para ler. Gosta muito dela?

- a adoro, ela é uma excelente romancista. Mas esse livro tem um “quê” a mais que deixa a história viciante. – falo sorrindo, realmente a adorava tanto que sempre que podia a lia.

- A princesa aceitaria caminhar comigo pelo terreno.

- não sei, acho que vou continuar lendo.- falo meio desconfiada.

- não precisa ter medo, não ataco moças bonitas, são elas que me atacam. – me diz isso ao olhar em meus olhos e dá uma risada grave.

- convencido.

- Vamos?

- está bem, vamos. Mas você irá parar de me importunar depois?

- Mas eu nem estou lhe importunando, só lhe fiz um convite para uma caminhada. – fala com uma voz de inocente.

- eu quero ler meu livro.- falo com um sorriso.

- depois você lê. – diz ele gentilmente.

A caminhada transcorreu muito boa por sinal. Ele é um ótimo leitor de Agatha Cristie, empresário, 27 anos, vive em São Paulo, mas tem filiais em Porto Alegre. Logo penso “ faltou o cpf” e sorrio ao lembrar disso.

- o que faz a princesa rir? Falei alguma bobagem?

- não não, eu lembrei de algo engraçado. Só isso. Acho melhor irmos logo, se a Lunna acordar e eu não estiver lá ela irá me matar.

- você a adora mesmo. – fala ele com carinho.

- sim, ela é uma grande amiga.

Voltamos para a casa, Lunna estava de pé na varanda me olhando com olhos de quem iria me matar, olho para Drake e falo:

- eu disse, ela vai me matar!

Drake toma a frente e diz:

- oi Luninha, querida. Raptei sua amiga por uns instantes, trouxe-a a tempo para o café. – fala ele por entre um dos seus melhores sorrisos.

Lunna lhe devolve um sorriso amarelo e me arrasta para dentro de casa para nos arrumarmos para sair. Tomamos café antes claro e fomos comprar algumas coisas perto da fazenda. Na volta o pessoal começou a se arrumar para ir embora, só que infelizmente os pais dela não poderiam nos dar carona pois iriam viajar para Santa Catarina, sobrou somente pegarmos carona com o Drake, mas Lunna estava insistindo em irmos de ônibus e ele insistiu mais ainda que fossemos com ele que acabamos aceitando só para não ficar chato. Estava um silêncio encomodo eu sentia que a Lunna queria o matar e podia muito bem ver que ele se deliciava em irritá-la e eu obviamente ficava no meio do fogo cruzado. Drake a deixou em casa e ela queria que eu ficasse lá, mas insisti que queria ir para casa para terminar alguns processos, assim que saímos Drake falou:

- Terminar alguns processos? Que mentira mais esfarrapada, sei bem que você quer minha compainha. – falou ironicamente com um sorriso no rosto.

- engano teu, pois prefiro ir apé para casa se é assim.- e já ia abrir a porta do carro quando ele me segurou pelo pulso.

- me desculpe, eu estava brincando com você. Mas acho que tu não gosta. – falou ele fazendo carinha de criança que ficou de castigo.


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