Heaven And Hell Shenny escrita por KayLee


Capítulo 5
Capítulo 3, pt 2 - Sobre perguntas e tempestades


Notas iniciais do capítulo

Estou tão feliz com os comentários que me tornei tagarela demais. O capítulo está tão grande que vou postar a segunda parte agora e ainda terá uma próxima, acreditam?
Isso é culpa de vocês, que me deixam tão animada com os reviews, que não consigo parar de escrever. Pensei em criar um novo capítulo, mas, caso não tenham percebido, cada capítulo representa 1 dia na casa da Penny e eu não gostaria de destruir essa linearidade. Por outro lado, é muito maçante um capítulo com 3 mil palavras. Então, vou dividir o capítulo em três partes e espero que não se incomodem por isso.
Essa é a parte antecede um dos momentos cruciais da história, espero que gostem e continuem comentando :)



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PARTE II - Tempestades

Sheldon estava parado na frente da Caltech esperando Penny por mais de dezesseis minutos. Suas mãos começaram a suar e seus pés tornaram-se inquietos. Naquela hora, ele deveria estar procurando e organizando seus jogos para a maratona de videogames antigos. Mas - além de não poder cumprir o horário de sexta-feira, uma vez que o mais próximo que Penny tinha de videogame era um notebook ou um iPod – e, mesmo que ele baixasse emuladores de Nintendo, jamais teriam a mesma emoção de pegar em um controle de verdade.

Após esperar por mais quatro minutos, Sheldon retirou da bolsa seu celular e discou o número de Penny, irritado.


Penny! Estou esperando faz vinte minutos e você não aparece.”



“Olá, Shelly. Como você não fez o café da manhã, achei que seria justo deixar você esperar por algum tempo” disse Penny com um tom debochado



“Você não pode fazer isso, Penny. Não pode! E se chovesse e eu estivesse aqui? Venha para cá agora” exigiu Sheldon enquanto remexia na alça de sua bolsa



“Sheldon, eu estou esperando você desde às cinco” contou ela rindo “Queria ver o que você caminharia até em casa”



“Não acredito. Penny, onde está você?”



“Estou na metade do quarteirão da Caltech. Estou vendo você remexendo as mãos e os pés faz uns quinze minutos”



Antes que Sheldon pudesse falar, ela desligou o telefone. Mas que garota danada! Ela só não entraria na lista de inimigos mortais porque ele dependia da bondade dela. Entretanto, Penny, com certeza, teria uma revanche, quando menos esperasse.


O caminho para casa seria silencioso, não fossem as risadas ocasionais de Penny. Aparentemente, sua pequena tramóia rendera muita diversão. Ele deveria estar muitíssimo irritado, contudo, ao ouvir as risadas dela, era quase impossível não querer rir também. Penny tinha o estranho poder de contagiar as pessoas ao seu redor. Isso acontecera com Leonard, Howard e Raj – fora os não mais tão freqüentes ex namorados – e, se ele não fosse um Homo novus, também correria perigo.

Ao contrário do que Sheldon estava planejando, Penny dobrou duas ruas antes de ir ao apartamento. Aquele era o caminho do supermercado e ele agradeceu internamente por isso, aquele cheiro do sabonete da Penny em sua pele o incomodava. Cada vez que se mexia, aquele odor cítrico e tão característico da vizinha exalava por todos os seus poros. E, em uma pessoa com memória eidética, os seus neurônios traiçoeiros vasculhavam sua mente para, em questão de segundos, lembrar quem tinha aquele perfume. Essa era uma qualidade perfeita para situações normais, mas tal situação não era normal. Pensar em Penny, enquanto estava no conforto de seu escritório, definitivamente, não era normal.


– Ei, o que vamos comer hoje? – perguntou Penny ao alcançarem a cesta de supermercado – Chego às 22h do trabalho, tem que ser algo rápido.



– Hoje é dia de comida chinesa. – respondeu Sheldon



– Sei que é, querido. – disse ela – Mas é início do mês e, você sabe, só recebo meu pagamento na última semana do mês.



– Não preciso saber quando recebe seu ordenado, Penny. – constatou ele – Oh, compreendo. Isso é um eufemismo para dizer que você não pode pagar sua comida. – falou, após uma leve reflexão.



– E, antes que você me ofereça dinheiro emprestado, já adianto que não vou aceitar porque não poderei lhe pagar. Sem contar que, aquele café da manhã que você pagou, valeu por um mês inteiro de jantar grátis – disse Penny andando pelos corredores de produtos higiênicos – Eu faço a nossa comida. Só me diga o que você quer. – completou, enquanto ficava na ponta dos pés para pegar um condicionador.



– Eu não ia oferecer dinheiro a você. – Sheldon falou e alcançou o condicionador para ela.



– Obrigada. Não? – questionou ela, decepcionada.



– Penny, estou na sua casa e dormi na sua cama. Não é bastante óbvio que eu vou pagar o seu jantar também? – Sheldon balançou a cabeça – Penny, Penny, Penny.



A frase de Sheldon fez com que uma senhora de cabelos brancos olhasse para ela. Era bastante óbvio para qualquer um – salvo Sheldon – que aquela frase tinha uma conotação sexual totalmente negativa.



– Shelly, não diga isso em voz alta, ok? – confidenciou Penny – Não fica muito amigável para as outras pessoas, entende?



– Ora, Penny. Por que as pessoas não podem saber que somos amigos com benefícios? – a voz de Sheldon elevou-se três quartos.



Penny passou a mão no rosto e seguiu em frente a procura de um shampoo. Ele era tão ingênuo que nunca pensava que as palavras, dependendo da forma como são ditas, detêm outros significados.



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Às 22h e 10 minutos, Penny abria a porta do seu apartamento com dor em cada parte do corpo. Ser garçonete poderia não exigir esforço mental, mas era bastante desgastante caminhar de lá para cá, anotar pedidos e, ainda, carregar bandejas pesadas. Assim que entrou no apartamento, sentiu cheiro a comida chinesa e seu estômago roncou de forma bastante audível. Sheldon ordenou que ela fosse lavar as mãos e, depois de atender a ordem, voltou empolgada para comer.



– Vejo que está com fome. – comentou Sheldon sentado na sua poltrona – Aqui está a sua comida. – ele entregou uma caixinha nas mãos dela e pegou a sua.



– Shelly, isso está tão bom! – Penny disse com a boca cheia para o desgosto do amigo – Nada melhor que chegar em casa e ter comida a sua espera.



– Depois que você terminar de comer, vá tomar banho. – disse ele, remexendo sua comida.



– Estou cheirando a hambúrguer? – perguntou ela desapontada – Droga, odeio aquele lugar.



– Ora, claro que não. – negou ele e, com um balançar de cabeça, continuou – Preparei um banho para você.



– O quê? Oh. Meu. Deus. – gritou – Eu poderia te beijar agora, Shelly. Amo você! - Penny pulou de cima do sofá e abraçou Sheldon rapidamente, logo, saiu correndo à procura da sua banheira.



Sheldon manteve-se estático. Em poucas vezes, Penny fora tão espontânea com ele e, ele, sabia o motivo: odiava ser tocado e odiava ouvir relatos sentimentais. Naquela hora – porém -, ele havia sido abraçado e agraciado com palavras dela. Ele apenas preparara o banho como forma de agradecimento por ter estragado as unhas dela. Cada gesto amigável era retribuído da mesma forma – não eram, assim, baseadas as relações humanas? Sua mãe lhe ensinara sobre reciprocidade, também.


Enquanto Penny tomava banho, Sheldon olhava para as paredes. Estava entediado. Durante a tarde, arrumara alguns quesitos da sua nova teoria e, quando estava pronto para ver tv, percebeu que os canais a cabo estavam cortados. Aproveitou para checar seus emails no notebook rosa-choque de Penny – Tudo que ela tinha era rosa choque? Perguntou-se ao pegar o computador portátil – e jogou Super Mario online para tentar seguir seu horário semanal. Agora, nada tinha a fazer.

Começou a arrumar a sala. Era noite e quase hora de dormir e, hoje, era o seu dia de ficar no sofá. Merecia, ao menos, cair nos braços de Morfeu em um local arrumado. Iniciou pela estante montada por ele e os amigos algum tempo atrás. Organizou as revistas Seventeen por data, ao lado das revistas de horóscopo. Os livros “Os homens preferem as loiras”, “O amor pode dar certo”, “Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor?”, “Todos os homens são idiotas: até que se prove o contrário” e “Homens são de marte, mulheres são de vênus” foram separados em ordem alfabética. Entre as muitas revistas e alguns livros, entretanto, havia um livro pesado de veludo negro.

Sheldon alcançou o livro e constatou que, na verdade, aquilo era um álbum de fotos. Pensou, primeiramente, em abrir. Mas, e se aquilo fosse pessoal demais? Talvez não fosse educado abrir aquilo. E, então, lembrou de que Penny havia aberto sua caixa de correspondências e lido as cartas que sua Meemaw havia enviado. Uma palavra ecoou em sua cabeça: reciprocidade.

Levou o pesado livro até a poltrona e abriu. Nele, havia três fotos de uma garotinha pequena, completamente loira e de olhos verdes. Abaixo da primeira foto dizia “Um ano”, da segunda “Três anos” e da terceira “Seis anos”. Virou a página e encontrou uma Penny adolescente com várias amigas e, abaixo, indicava que as fotos foram tiradas aos quinze anos. Nas próximas páginas, Penny aparecia com garrafas de bebida e alguns garotos mais velhos. Sheldon fechou o álbum. Era desgastante demais ver alguém destruindo seus neurônios com tanto álcool e tão pouca idade.


– Sheldon! O que você está fazendo com isso? – gritou Penny ao entrar na sala com uma toalha enrolada nos cabelos – Quem deixou você ver isso, Sheldon? – a voz dela estava trêmula e o assustou.



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Notas finais do capítulo

Escrevi após acordar com insônia, espero que não tenha tantos erros. Por favor, se encontrarem, não se acanhem: me avisem! Obrigada por comentarem, de verdade ♥