P.O.V Serena Woods

Nós já estávamos em frente ao meu prédio quando caiu a ficha. No que é que eu estava pensado quando resolvi trazê-lo para cá?

Idiota, idiota. Agora como é que ia dizer que ele não podia ficar na minha casa? Mas, espera... Porque é que ele não pode ficar na minha casa? Pensei nisso por alguns segundos até Zack me chamar:

– Senny?

– Sim?

Ele hesitou e eu virei para encará-lo. Ele estava mais próximo do que eu pensava. Ofeguei, e viramos a cabeça ao mesmo tempo.

– Eu só queria agradecer por você não ter me deixado na calçada. Só peço desculpa por fazer você correr até lá e agora você está toda molhada e gelada. E seu nariz todo vermelho!

Eu tenho certeza que agora não é só meu nariz que está vermelho.

– Por nada, Zack.

As malas estavam bem pesadas, então corri para a escada.

– Sem elevador?

– Meu apartamento é no terceiro andar.

Subimos sem dizer nada, o único barulho era dos nossos pés, até que Zack disse:

–Seus pais não vão achar ruim de você estar me trazendo pra cá?

–Minha mãe é pintora, e ela fica muito inspirada de sexta-feira, então passa a noite no ateliê. Quando chegarmos lá em cima, eu ligo pra ela e aviso.

–E seu pai?

Sempre me fazem essa pergunta e com o tempo eu me acostumei e já nem dói tanto dizer a verdade. Eu costumava dizer que ele estava viajando para lugares muito, muito distantes, mas um dia descobriram minhas mentiras e...

–Meu pai morreu tem cinco anos.

Zack parou de subir. Parei também e o olhei.

–Ah, me desculpe Serena. Eu... Eu não queria...

–Tudo bem, Zack. Sério mesmo, não tem problema.

Eu disse e suspirei. Subimos mais alguns degraus, quando chegamos à minha porta eu me lembrei de que não fazia idéia de onde estava a minha chave.

–O que foi?

–Acho que perdi minha chave.

Eu disse enquanto apalpava todos os bolsos da calça procurando pela filha da mãe da chave. Caramba, cadê? De repente Zack enfiou a mão no bolso da minha jaqueta e tirou a chave de lá.

–Eu vi você guardando a chave ai antes de sairmos da loja.

Sorri para ele e abri a porta. Entrei e coloquei as malas no chão.

–Entre, vem logo.

Ele me olhou de um jeito estranho, mas entrou, colocou as malas no chão perto das outras e voltou me olhar.

– O que foi?

– Você ta toda molhada mesmo. Ligue para sua mãe e avise que eu to aqui.

– Já vou ligar.

Então fui até a cozinha e ele veio logo atrás, peguei o telefone e disquei. Chamou uma, duas, três, quatro vezes e Su não atendeu.

–Acho que todo mundo resolveu não atender ao telefone hoje.

Eu disse sorrindo.