Um Jeito De Amar escrita por Mary


Capítulo 4
Apelidos




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P.O.V Serena Woods

– Está tudo normal hoje por aqui, Kady.

Foi o que eu disse enquanto trocava de lugar com ela atrás do balcão. Zack tinha ido buscar as malas dele no escritório.

– Pra mim não tem nada de normal por aqui. Quem é aquele gostoso que está lá atrás?

Meu estômago se revirou. –Ele é neto do John.

–O que é que tem meu avô?

Quase tive um infarto de tanto susto.

– Zack!

– O quê?

Ele perguntou se assustando quando gritei seu nome.

– Se você quer chegar à casa do seu avô, é melhor você não me matar de susto!

– Desculpe... E então podemos ir?

Ele sorriu. Cara, será que ele só sabia sorrir? Será que ele não tinha noção nenhuma do que seu sorriso podia fazer com uma pessoa? Comigo por exemplo... Kady quebrou meu encantamento quando perguntou:

– Ei, Serena, você não vai me apresentar seu amigo?

Ela disse enrolando com os dedos aquele cabelo loiro escorrido, tentando fazer um olhar sexy mastigando um chiclete. Na verdade ela estava parecendo uma vadia.

– Zack, Kady. Kady, Zack. Apresentações feitas. Vamos embora.

Eu disse puxando Zack e as malas porta fora. De relance vi Kady piscando para ele.

– Que garota estranha.

– Kady é assim mesmo. Só falta um pouco de noção debaixo daquele cabelo loiro.

Ele riu abertamente. Só então percebi que estava com o braço em volta do seu corpo enquanto o puxava pela rua. Recuei rapidamente e ele sentiu meu desconforto.

– Ei, eu não mordo não viu?

Merda, eu sabia que tinha virado um pimentão de novo. Eu precisava urgentemente dar um jeito nisso de ficar vermelha.

– Eu sei que você não morde. Mas eu te conheço há apenas duas horas e meia. E não acho que seja legal ficar agarrada assim em você.

– Você é muito doida, Senny.

Parei de andar na hora. Do que ele tinha me chamado?

– Do que você me chamou?

–Senny. É que, bem, como você não tinha um apelido eu mesmo resolvi te dar um.

Ele disse isso como se estivesse orgulhoso de si mesmo. A verdade é que ninguém nunca havia me dado um apelido, quer dizer, um apelido decente ou fofo.

–Você não liga, não é? Eu só acho que todos devem ter um apelido.

Será que eu tinha visto arrependimento em seus olhos? Não, não era possível.

–Eu não ligo. Só é um pouco estranho.

Então voltei a andar, ele me acompanhou no mesmo instante.

Já estávamos na frente do prédio de John quando Zack disse:

– Será que tinha como você me dar o número do seu telefone? É que tipo, eu vou ficar aqui dois dias sozinho e...

Ele não terminou a frase, mas eu entendi na hora.

– Caso você precise de ajuda? Claro que sim.

Então passei meu número e peguei o dele.

– Certo Zack. Então a gente se vê amanhã. Você sabe como chegar à livraria, não sabe? Nos sábados eu vou pra lá às nove horas. E, ah é, eu moro á dois quarteirões daqui. Tipo, só pra você saber mesmo e... Bem, é, acho que é só isso mesmo, então acho que eu já, eu já...

Merda, para de falar, para de falar. Cale a boca!

– Você já tem que ir. Já entendi. Então a gente se vê amanha.

Dei alguns passos andados de costas, acenei e me virei andando rapidamente, praticamente correndo. Quando faltavam só alguns metros para chegar ao meu prédio, meu celular tocou. Atendi no segundo toque.

– Alô?

– Senny, sou eu, Zack.

Ele nem precisaria ter dito que era, pois, por alguma razão eu senti que seria ele. Está bem, o nome apareceu no visor.

–O que aconteceu Zack?

Fiquei preocupada na hora. Será que tinha acontecido alguma coisa com John?

–Não estão me deixando entrar no apartamento. Dizem que não me conhecem e que o “inquilino” não havia informado sobre a chegada de ninguém. Acho que me avô esqueceu-se de avisar.

Era típico de o John esquecer as coisas, se não fosse por mim e Frank, a livraria já teria ido á falência.

– Espere Zack, já estou voltando até ai.

Corri dois quarteirões tropeçando e caindo. Maldito tomate desastrado que eu era. Argh! Cheguei sem fôlego e no último paço tropecei e cai em cima dele que me segurou pelos braços antes que atingisse o chão. Arfei.

–Obrigada.

Eu disse e fiz a idiotice de olhar em seus olhos. Pisquei. Uma. Duas. Três vezes e voltei a mim. Contorci-me em seus braços e fiquei de pé.

–Bem, deixe-me tentar resolver isso para que você possa entrar e descansar.

Toquei o interfone e quem atendeu foi uma voz estranha.

– Eu já disse que ninguém vai entrar sem a permissão do Senhor Richter.

– Qual é. Eu venho aqui direto, John me conhece e esse que você não está deixando entrar é neto dele!

Não adiantou.

– Se vocês não forem embora eu vou chamar a segurança! Saiam daqui agora!

– Mas o que...? Calma ai, quem você pensa que é pra falar assim comigo?

– Sou o porteiro e vocês não vão entrar.

Não sabia se era raiva daquele porteiro estúpido ou nervosismo por Zack ter me segurado daquela maneira, mas meu sangue pulsava, meu coração batia com tanta força que eu podia escutá-lo.

– Eu vou ligar pro John e então você vai ter que nos deixar entrar!

– Boa Sorte.

Virei-me para Zack que me olhava com os olhos arregalados.

– Que foi?

Perguntei inocentemente.

– Nada.

Peguei o celular no bolso da calça e disquei o número do John. Chamou algumas vezes e caiu na caixa postal. Legal, o celular estava desligado. Será que tinha como piorar?

Naquele exato momento eu senti um pingo de chuva cair no meu rosto.

– Ah, que merda. Chuva.

– Ei, você sabe onde tem um hotel aqui perto?Talvez eu possa passar a noite lá e tal...

– Não!

Respondi rápido demais.

– Como não? Você quer que eu durma aqui na calçada?

Respirei fundo pra domar a raiva que estava sentindo daquele porteiro idiota.

–Não, eu meio que jurei pro John que cuidaria de você com a minha própria vida. E é isso que eu vou fazer. Você e suas malas vêm comigo para a minha casa, antes que comece a chover.

Nem dei tempo de ele dizer não, peguei uma das malas e fui andando, enquanto uma chuva gelada caia.


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