Amor Improvável Em Columbus Circle. escrita por Carolyna Grey


Capítulo 6
Capítulo 6- Insônia


Notas iniciais do capítulo

Tentarei ser o mais breve possível para postar capítulos novos, mas não garanto que haverá um capítulo por dia. Obrigada a quem está acompanhando e deixando review :)



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Fitava o teto parcialmente iluminado pela pouca luz vinda da rua que atravessava a janela do quarto. Aquela resposta de Breno não saíra da minha mente por um minuto sequer. Ele só pode estar brincando comigo, tirando uma onda com a cara da amiga agorafóbica e paranóica. Quem resistiria a dar pelo menos uma zoada à minha custa? Eu era o alvo perfeito para esse tipo de coisas. Sempre fui. Desde menina. Só que no meu tempo não chamavam de bullying e nem era punido. Bem pelo contrário, era até motivado porque erradamente achava-se que fortalecia a pessoa em causa que era alvo de chacota.

Peguei o celular e automaticamente fui parar no seu nome relembrando pela milésima vez a maldita resposta que não me deixaria em paz tão cedo pelos vistos "– Experimentando." Ele está louco? Eu não posso experimentar uma garota. Ou posso? Não. Meu Deus! O que eu estou pensando? Soltei o celular em cima da cama e me levantei indo até o banheiro onde enfiei o rosto na água fria da pia.

Me olhei no espelho quase não me reconhecendo. O que eu sentia, imaginava e desejava nos últimos dias seria impensável há algum tempo atrás, mas desde que ela apareceu virou a minha realidade e percepção do que é e não é natural do avesso. Eu nunca havia ficado assim por alguém. Nem mesmo Lucas que foi a minha grande e persistente paixão platônica desde os doze anos até os dezessete.

Voltei para o quarto a tempo de ver que recebia uma ligação. Deixei que caísse por duas vezes, pois, não atendia números desconhecidos, mas na terceira a minha curiosidade e até preocupação estavam aguçadas para saber quem me telefonava a uma e meia da manhã e por qual motivo.

– Alô? - falei baixo não certa de que deveria ter atendido.

– Sou eu. - os músculos na minha barriga se contorceram gelando. - Te acordei? Eu não deveria ter insistido tanto. Sou realmente inconveniente de vez em quando e só me toco depois de já ter agido com falta de bom senso. - se justificava falando rápido como se fosse movida a pilhas.

Ri repentinamente dominada por um sentimento de pura satisfação. Como se estar ali com sua voz no pé do meu ouvido fosse o melhor lugar onde eu poderia estar no momento.

– Não tem problema. Você não está sendo inconveniente. Eu não estou conseguindo dormir mesmo. - porque não paro de pensar em você.

Chacoalhei a cabeça tentando manter o foco.

– Insônia? Eu sofro disso todas as madrugadas desde que deixei de trabalhar. E... - inspirou ficando em silêncio por uns trinta segundos nos quais temi que ela estivesse chorando. - E eu não consigo dormir tranquila nas noites em que o Ivan chega durante a madrugada. É que nunca sei como e em que estado ele vai voltar pra casa.

Meu estômago embrulhou ao pensar no que ele lhe fazia quando voltava pra casa alterado.

– Por que foi morar sozinha com ele? Totalmente desprotegida e a mercê dele.

– Porque me perseguia. Me esperava na porta do meu apartamento, aparecia nos lugares que eu frequentava, mandava mensagens estranhas. Eu vivia assustada e insegura por não saber onde e quando ele apareceria e o que me faria. Então, cheguei a conclusão que prefiro saber onde e quando o vou encontrar. Tenho mais chances de me proteger assim e por incrível que pareça de o evitar.

– Nunca pensou ir até a polícia?

– Eu fui. Sete vezes. - riu desgastada em tom de revolta. - Ele precisa se apanhado em flagrante para poder ser preso. E ele é esperto demais para cometer falhas dessas.

– Eu quero te ajudar. - na verdade, se trata mesmo de uma necessidade.

Preciso ajudá-la. Não posso ficar aqui na minha fortaleza enquanto ela sofre bem debaixo do meu nariz.

– Abigail, é muito atencioso da sua parte que mal me conhece já se oferecer para me ajudar, mas eu não posso ser ajudada por ninguém porque assim que alguém tentar fazer isso se tornará numa vítima também. E eu não suportaria a culpa. Por isso, nunca envolvi a minha família ou amigos. Eles não sabem de nada. Ninguém sabe. Só você. Eu me meti nessa situação e eu devo sair sozinha dela.

– Você não precisa de fazer isso sozinha. - me indignei perante tal ideia errada e descabida da parte dela. - Me deixa te ajudar. Eu preciso disso. Por favor, Cristal.

– Eu não sei. Eu teria motivos para fazer o que quer que fosse pra sair dessa. Para mim será justificável porque eu sofro coisas que nenhum ser humano deve sofrer dentro da própria casa e pelas mãos de quem deveria me amar e cuidar de mim. Mas, se você se envolvesse não teria um motivo forte que o justificasse.

– Você é um motivo mais que justificável. Você importa pra mim.

– Por que importo se você me conheceu há apenas alguns dias? - parecia intrigada e talvez até um tanto desconfiada.

Não era pra menos. Ela tinha razão. Eu acabei de a conhecer e já diziam os antigos que quando a esmola é muita o santo desconfia.

– Para ser sincera com você eu também não sei por que. Apenas sinto e é de coração. Gostaria que em mim e confiasse também para que eu possa te provar. Você não tem que encarar e resolver tudo sozinha.

Escutei o som agudo que tinia quando as portas do elevador se abriam e gelei por dentro. Logo ela comprovou a minha suspeita sussurrando do outro lado da linha.

– Ele está chegando.


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