Amor Improvável Em Columbus Circle. escrita por Carolyna Grey


Capítulo 5
Capítulo 5 - A pergunta que não quer calar




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– Como tem passado?

– Bem. - suguei um pouco da coca-cola pelo canudinho me recostando na poltrona com os joelhos junto ao peito.

– Há algo de diferente. - estreitou os olhos alisando o queixo.

– O que?

– Você está sorrindo. - ergueu as sobrancelhas.

– Oras, não é você que vive dizendo que eu deveria sorrir mais vezes?

– Sim, mas... Qual é o motivo? Não te via sorrir assim desde... - pausou gesticulando como se puxasse pela memória. - Bem, eu não consigo me lembrar a última vez em que você sorriu assim. E então? Vai me contar ou terei de ir até aí arrancar os detalhes de você?

– Breno, não. - apontei o indicador para a tela do computador onde seu rosto era exibido. - Sabe que não passaria sequer do saguão de entrada. - mordi os lábios contendo o riso provocado pela sua expressão.

– Pois, então, trate de me contar o que te deixou tão animada assim. - Insistiu.

Revirei os olhos expirando. Breno arrancaria palavras de um mudo com sua tremenda capacidade de se tornar irritante. Para além do mais ele como bissexual provavelmente não iria me julgar pelo turbilhão de sentimentos e sensações que percorriam minha mente a todos os minutos desde o dia em que a conheci.

Ainda assim abri a boca por três vezes em busca da melhor maneira de começar. As palmas das minhas mãos suavam como se eu estivesse ainda sentada no sofá naquela tarde com seu corpo colado ao meu e meu rosto enterrado no seu pescoço inspirando a fragrância natural da sua pele.

– Você por acaso já ouviu falar na Cristal Albuquerque?

– Está brincando comigo? - arqueou uma sobrancelha.

Balancei a cabeça apertando o copo de plástico agora vazio nas minhas mãos.

– É óbvio que já ouvi falar nela. Apesar dela ter sumido já tem algum tempo. Mas porque? Encolhi os ombros.

– Ela se mudou essa semana para o apartamento de frente para o meu.

– O que? Não. - exasperou com uma expressão de pura surpresa e choque indiscritíveis.

– Sim.

– Ela é bonita como parece ou é filha do photoshop? - apoiou os cotovelos na mesa ficando mais próximo da webcam.

– Ela é... - procurava a palavra que me fizesse sentir que fazia justiça a toda a sua beleza natural. - perfeita. E muito simpática.

– Você conheceu ela?

– Ela esteve aqui ontem. - disse o mais casual possível.

– No seu apartamento? - mais uma vez fora tomado pelo choque.

– Unhum. - trauteei feito uma criança que não havia parado de brincar com a bebida e o canudinho já todo mastigado.

– Dentro do seu apartamento? Aí dentro com você? - procurava arrancar mais informação de mim que o convencesse da veracidade do fato aparentemente impossível que eu lhe narrava.

– Não. Ela aqui dentro e eu lá fora. - revirei os olhos debochada.

– Isso seria ainda mais improvável.

– Improvável. - repeti emudecidamente. - Eu já não tenho mais a certeza do que é realmente improvável na minha vida.

– Você está estranha. - franziu o sobrolho. - O que há contigo? Tomei uma golfada de ar mirando o canudinho que rodava na ponta dos meus dedos com a mesma intensidade do meu nervosismo.

– Breno, como se sabe quando se é homossexual?

O silêncio que se seguiu me fez encará-lo temendo que a conecção tivesse caído ou sido interrompida, mas mantinha-se normal. Ele apenas parecia não ter uma resposta ou ainda estar digerindo a pergunta. Eu o havia deixado sem palavras. O cara que continuava tagarelando mesmo durante as cenas trágicas de filmes famosos e que inclusive fala até durante o sono.

– E aí? Qual sua resposta? - encarava-o expectante.


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