A Prisão Da Medusa escrita por Milena Buril, Andressa Picciano


Capítulo 18
O rio de presentes




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Simon

Alice estava correndo rápido demais para uma garota de dezesseis anos sem nenhum treino. Quimera tentava alcança-la como se sua vida dependesse disso. E eu lá atrás, tentando chegar perto.

Quando consegui, Alice tinha se jogado no rio.

Quimera a fitava, como se quisesse se jogar também, mas seu medo impedisse.

- Alice! - gritei.

Depois disso, percebi o erro que havia cometido. O monstro se virou e seus olhos brilharam de desejo. Eu viraria seu almoço. Segurei minha espada mais forte, e esperei que ela atacasse. E foi isso que aconteceu. Meus sentidos já estavam melhorando, e consegui desviar com facilidade. Só que nada dura para sempre.

Percebendo meu ato, a criatura ficou com muita raiva e me jogou barranco abaixo.

Fui parar no fundo daquele rio, e por um único momento, agradeci as aulas de natação que minha mãe ma obrigara a praticar.

Quando voltei para a superfície, olhei por todos os lados e não vi Alice. Antes que eu tivesse a chance de me preocupar, Quimera rugiu, forte o suficiente para me deixar surdo por alguns segundos.

Saí do rio, e mesmo ensopado, consegui correr até o monstro. Pensei em Alice se afogando, em apuros. E culpa era dele. Reuni toda essa vontade de uma certa vingança, e arremessei minha espada na Quimera. Não sei o que realmente me ajudou, se foi sorte, ou se eu sou bom nisso.

A arma acertou a nuca de serpente, e a de leão, arrancou-a com a boca. Acho que assustei, porque seu próximo ato, foi sair correndo, mas foi muito estranho, afinal, ela é um monstro, e um dos seus objetivos, é matar/machucar gravemente os semideuses. Por que a criatura decide sair correndo? Tem medo da morte?

Me sentei nas folhas que estavam no chão, e apoiei a cabeça em meus joelhos.

Alice, pensei Me desculpe por ter falhado de novo com você. Nem me lembro mais quantas vezes já disse essas duas palavras para você.

O som de passos começou a ecoar pelo lugar. Recusei a me levantar.

– Simon? - a voz fez meu coração dar um pulo, e antes que eu raciocinasse o que estava acontecendo, já estava abraçando Alice com toda a força que eu pude.

- Pensei... - falei, quase me sufocando - Que havia te perdido.

Abaixei a cabeça para poder olhar em seus olhos, e eles estavam brilhantes, como se lágrimas estivessem forçando para não sair.

- Estou aqui - ela respondeu - Obrigada pela preocupação!

Passei meus dedos sobre suas maçãs do rosto, e minhas mãos começaram a tremer. Comecei cada vez mais, sentir a falta do ar em meus pulmões. Mas não era dele que eu precisava. Tudo isso, estava bem na minha frente.

Me inclinei e toquei seus lábios. Agradeci a tudo que eu consegui, por ela não ter recuado. Passei meus braços em suas costas, e me senti mais relaxado. Aquilo era um belo ânimo.

Afastei aos poucos, e quando a vi novamente, seu sorriso estava ainda mais bonito do que a última vez. Não pude evitar, e falei:

- Nunca mais faça isso comigo.

Ela colocou sua cabeça em meu peito e respondeu:

- Não vou Simon. Nunca mais.

Agora eu tinha tudo o que eu precisava. Uma pergunta começou a rondar em meus pensamentos, então a deixei ser livre:

- Onde você estava?

- Não percebeu nada de diferente? - disse.

Olhei cuidadosamente, então algo brilhante me chamou a atenção. Um bracelete em forma de cavalos marinhos.

- O que é? - perguntei, tocando-o.

- Um presente - falou - Estava o tempo todo debaixo da água. - Alice disse de uma maneira tão casual, como se fosse normal ficar mais de minutos mergulhando - Achei isso em uma pedra lá no fundo, e não resisti a tentação de pega-lo. É tão lindo.

- Realmente! Mas não é perigoso?

- Eu não sei - indagou - Vamos ver.

Ajudei a tirar o acessório de seu braço e, juntos, começamos a examina-lo.

- O que é isso? - perguntei observando uma pedra em um olho do animal. Ela parecia ser mais brilhante, e estava de certa forma, elevada. Antes que Alice pudesse me responder, pressionei.

No lugar, uma espada de quase 80 cm surgiu em minhas mãos. Ela era de bronze celestial, só que prata. Irônico, eu sei, mas pude ver que seria uma arma especial.

- Agora você pode matar monstros também - disse entre uma leve risada.

Os olhos dela estavam brilhando, como se aquele fosse um ótimo presente. Apertou novamente a pedra (que parecia ser um rubi) e o bracelete voltou.

Alice olhou em meu pescoço e falou:

- Simon... Sua corrente!

Então, me lembrei que Quimera havia deixado em algum lugar por ali. Não seria tão difícil achar uma espada. Avancei no máximo quatro passos, e lá estava. Transformei-a em corrente novamente, e passei pela cabeça.

– Que os monstros pensem duas vezes antes de vir até nós - disse.

Alice assentiu confiante, e assim, continuamos nossa longa caminhada ao nada.


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