A Prisão Da Medusa escrita por Milena Buril, Andressa Picciano


Capítulo 17
Luto com um leão-cabra-serpente




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Alice

Sabe o que é muito bom? Você querer lavar seu rosto e, ao invés disso, tomar um banho.

Eu estava nervosa, porque aquele corte doía mais do que qualquer coisa. A lâmina era bem afiada. Além disso, eu tinha brigado com o Simon. Nada colaborava comigo, parecia que o mundo decidiu se virar contra mim.

Tudo o que eu queria, era só um pouco de água, não a pia explodida.

Fiquei encharcada, e comecei a tremer de frio, afinal, ficar no inverno em uma floresta, é sacanagem. Simon veio correndo até mim.

– Está tudo bem? - ele perguntou - O que foi isso?

– Eu não sei - respondi - Eu estava furiosa e de repente... BUM. A pia explodiu.

Simon me olhou com tristeza, e eu completei:

– Não Simon! Não foi a briga - não ela - Eu misturei todos os problemas e deu nisso.

Quando me virei para ver o estrago que eu tinha feito, percebi que tinha um enorme buraco na parede. Como se tudo aquilo não fosse o suficiente, já estava começando a escurecer (chutei que era quase cinco horas) e o vento ficou ainda mais forte. Comecei a estremecer e ranger os dentes.

– Frio? - Simon perguntou.

Fiz que sim com a cabeça, e me abracei, tentando me aquecer.

– Pode usar - ele disse, me entregando sua jaqueta - Acho que você vai acabar ficando doente.

Aceitei com um sorriso e me vesti. Ela ficou grande no meu corpo, mas serviu para me esquentar.

– Está a fim de uma aventura? - perguntei.

Como assim? - Simon respondeu, com uma das sobrancelhas levantadas.

– Essa é a nossa última chance - falei apontando para a passagem - Se quiser sair daqui, é agora.

Sua boca estremeceu e ele ficou pálido.

– Medusa disse que lá fora, há monstros muito piores - disse - Quer mesmo lutar? Sem uma arma?

– Você tem uma - falei, quase sem voz, só de lembrar o que ela fez comigo, e sem perceber, passei meus dedos em meu rosto - E eu sei que ela é forte.

Ele ficou um tempo sem responder, acho que lembrando o que fez.

– O problema, é que não temos comida - respondeu.

De repente, uma bandeja, da mesma que recebemos da primeira vez, apareceu pela portinhola. Olhei para Simon e resmunguei:

– Isso só pode ser brincadeira.

Como resposta, ele sorriu.

Recolhemos tudo o que tinha lá, e vi outro bilhete. Peguei e comecei a ler:

"Queridos Simon e Alice. Entrego a vocês um pouco mais de comida, se caso tiverem fome. São as mesmas coisas da última vez: Néctar dos Deuses e Ambrosia. Lembrem do que eu disse sobre a quantidade ingerida. E só para vocês ficarem por dentro das últimas noticias, mudei o prazo. Eles têm dois dias para acha-los! Agora sim teremos mais emoção! De, sua amiga Medusa"

Depois da leitura, acrescentei:

– Ela veio de novo com esse papo de amiga? E além do mais... dois dias? Ela deve estar ficando louca!

Simon olhou dentro dos meus olhos.

– Alice - falou - Se quisermos fugir disso, é agora que temos que ir. Pode ser que conseguimos achar Percy e Annabeth na floresta.

Foi um bom palpite, e uma frase que me deu mais esperanças.

Me levantei e saí daquela prisão.

– Vai ficar aí? - perguntei.

Ele se levantou rapidamente e chegou até ao meu lado.

– Me prometa só uma única coisa Alice - pediu - Me prometa que nunca vai sair do meu lado. Aconteça o que for, precisamos sair dessa juntos. Tente não se perder. Por favor.

– Eu prometo - respondi.

Então, caminhamos um pouco mais, até não conseguir ver o nosso quarto.

...

Tudo estava parecendo muito fácil, principalmente para nós, semideuses. Andamos um pouco mais de dez metros, e eu imaginei que estaríamos rodeados dos piores monstros que existiam.

Pela primeira vez, me escutaram. Por que essa hora? Poderia muito bem, ser no momento em que precisei da água.

Uma criatura com cabeça e corpo de leão, e com mais duas cabeças (uma de cabra e outra de serpente) surgiu em nossa frente. Chamar aquilo de estranho, seria um elogio.

Quimera, uma voz sussurrou em minha mente, mata-la seria muito complicado, então tente machuca-la e saia logo daí.

Simon apertou sua corrente, e a espada apareceu em suas mãos. Minhas pernas amoleceram, mas logo voltaram ao normal. Não era hora de sentir medo de algo que salvaria minha vida.

– Vou ataca-lo - disse baixinho - Tente se afastar.

– Não vou deixar você lutar sozinho - respondi.

Acho que ele nem ouviu, porque quando me dei conta, já estava brigando com Quimera.

Passei por eles, como não tinha nenhuma arma, achei uma função: distrai-la.

– Ei! - gritei - Olhe para mim monstrinho! Sou um ótimo aperitivo!

Ela se virou e me encarou. Senti a adrenalina tomando conta de mim.

Sai em disparada, mas cheguei até um barranco. Quimera estava alguns metros de distância. Simon vinha correndo atrás, e não parecia cansado, mas não daria tempo dele chegar e impedi-la.

Se eu pulasse do barranco (que não era tão alto) cairia em um rio. Não sabia a profundidade, e nem se tinha animais. Mas eu sabia nadar e preferia jacarés do que a Quimera.

Saltei, e deixei a gravidade fazer a sua parte.


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