A Prisão Da Medusa escrita por Milena Buril, Andressa Picciano


Capítulo 10
Brinco com um cachorrinho


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem c:



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Simon

Eu pensei, que não conseguiria ser mais idiota do que já tinha sido, até aquele momento. Estava completamente enganado.

Alice estava deitada em meu peito, descansando depois de uma boa caminhada e, um pouco de luta. Para nós que eramos "novatos", isso era completamente desgastante.

Com o passar do tempo, as pernas começaram a formigar, sinal de que eu precisava me movimentar um pouco. Retirei a minha blusa, e fiquei apenas com uma camisa fina. Coloquei embaixo da cabeça dela, para poder servir como um travesseiro.

Comecei a andar pela sala, e observar cada pequeno detalhe, como um verdadeiro especialista no assunto. Não fiquei contente, então optei por examinar o banheiro.

Algo me surpreendeu. Ou eu era extremamente forte, ou aquela parede era feita de isopor. Quando eu dei um belo soco, ela se quebrou. Fiz um buraco, para que eu pudesse passar, contando com Alice.

Quando voltei para ela, vi que estava em um sono bem profundo. Até demais para mim. Decidi que acorda-la, não seria a melhor das opções. Segurei Alice em meus braços, e sem fazer muito barulho, saí pela passagem.

O plano estava funcionando, e parei por um segundo para respirar ar puro. Alice resmungou alguma coisa para mim, mas não consegui identificar. Estava muito preocupado com a beleza da floresta. Só não esperava, que nesse meio tempo, uma criatura surgiu em meio a fúrias. Elas não atacaram, mas sorriram ao ver aquele... cachorro. Só um pouquinho diferente dos normais, porque ele era bem maior do que eu e Alice juntos, com uma simples cauda de escorpião, com um corpo estranhamente misturado com um humano-leão e sem falar dos seus dentes pontiagudos, e mais afiados que uma faca. Ah! Como eu pude me esquecer, que ele tinha duas cabeças.

- Apresento nosso amiguinho, semideus - uma das fúrias falou - Esse é Ortros. Claro, que não foi fácil acha-lo, mas... boa luta.

As fúrias se dissiparam e tudo o que restou no local foram: o amigável cachorrinho, Alice em um sono totalmente confuso e eu, sem nenhuma arma.

Realmente, eu vi a morte do meu lado dizendo "Oi querido, acabe logo com isso. Pule na frente dele, ou tente lutar, mas saiba que com essas condições que você está, seria ainda mais fácil correr até mim."

Recuei esses pensamentos para o fundo de minha mente, e senti algo pesando em meu bolso. Decidi pega-la e era uma corrente, com um pingente preto e, um desenho difícil de identificar. Pelo o que eu vi eram duas foices de cruzadas. Comecei a ficar relaxado, e como se eu já tivesse feito isso antes, pressionei meu dedo na foice direita, e uma espada apareceu em minhas mãos. Ela era totalmente negra, assim como o pingente, e uma informação veio em minha mente. Ferro banhado no Rio Estige, mas se preferir, Ferro Estigio.

Pura adrenalina começou a correr pelo meu corpo, e com medo de ela ir embora, ataquei o mais rápido possível. Corri em direção ao monstro, mas a primeira tentativa falhou. A cauda dele bateu contra o meu rosto, fazendo um corte em minha bochecha. A fúria me invadiu, e tudo o que eu mais queria, era aquele monstro morto. Avancei novamente, e consegui ferir uma perna. Ele cambaleou, e vi raiva em seus olhos. Como se ele fosse inteligente o bastante para planejar algo, Ortros correu até Alice e a puxou pela boca. Os olhos dela ficaram semicerrados, como se estivesse prestes a acordar. Pelo o que pude ver, ele percebeu, e jogou-a no chão.

Alice ficou pálida, e se estava morta ou não, era impossível responder.

Com isso, minha consciência ficou pesada e me atirei na criatura. Da forma em que eu lutava, era como se eu estivesse possuído por algum antigo soldado, lutador, ou algo do tipo. Pulei nas costas dele e comecei esfaquear todos os locais que eu achava, mas não funcionava, o máximo que fazia, era um corte.

Em relance, olhei para o corpo de Alice no chão. Hematomas estavam aparecendo. A cauda. Como eu consegui ser tão estúpido, a ponto de não me lembrar daquela... coisa. Aquilo estava servindo de chicote, e abrira vários cortes, aparentemente, profundos pelo corpo dela.

Ainda montado nele, fui até a outra ponta, e cortei a cauda fora. O cão uivou de dor, e uma das cabeças olharam para mim. Ortros começou a se mexer tanto, que eu tive que decidir se segurava a espada, ou me segurava. Deixei a arma escorregar de minhas mãos, e por um infeliz destino, ela foi parar mais longe do que eu imaginava. Como eu mataria aquele animal?

Uma ideia suicida apareceu em minha mente, mas era a minha unica chance.

Pulei de suas costas, e com todo o cuidado para não me ferir, ou ferir Alice, peguei a gigante cauda e gritei:

- Quer isso aqui amiguinho?

A fera se virou, e começou a vir em minha direção. Estava pronto para o que iria fazer a seguir, mas a ansiedade me deixou mais nervoso do que o esperado. Quando eu pude alcança-lo, subi novamente nele, mas agora com uma nova arma.

É agora, uma voz ecoou pela minha mente Se quiser mata-lo, essa é a hora.

Com um grito, cortei uma das cabeças. A outra uivou ainda mais alto do que da última vez, e com um novo golpe, cortei-a.

Desci de lá, antes que um monte de areia se juntasse, e a cauda desaparecera.

Fui até minha espada. Peguei ela de novo e examinei. Era linda. Uma espada que qualquer criança de dez anos iria pedir de aniversário. No cabo, havia as mesmas foices que no colar. Apertei novamente uma delas, e uma corrente apareceu em minhas mãos. Coloquei em meu pescoço e ela aqueceu todo o meu corpo.

Alice, me lembrei.

Fui ao seu encontro, e a pele branca estava machucada.

- Me desculpe, por favor! - falei - Me desculpe.

Peguei ela no colo, e agora era hora de fugir.

- Onde minhas crianças pensam que vão? - a voz era familiar. Medusa - Você não vai querer que ela se machuque não é mesmo Simon?

Como sabia sobre os mitos dela, não olhei em seu rosto.

- O que vai fazer com a Alice? - perguntei. Apertei a garota ainda mais em meus braços, como se quisesse protege-la de qualquer mal que a Medusa estava planejando.

- Se você der meia volta, e entrar no quarto de vocês - ela respondeu - Não farei nada, e até pouparei de contar que você matou o meu bichinho de estimação. Caso o contrário, ela morre.

- E se eu correr? - que pergunta mais idiota que eu fiz. Acabara de contar meus planos pra ela. A vontade de dar um soco em meu estomago foi tão grande, que tive que me conter depois de um tempo.

- Isso aqui foi só metade da minha segurança. O que tem para lá, é bem pior. Não vai querer fazer isso com ela. De qualquer forma, a garota morre.

Meus músculos enfraqueceram, e na minha mente, uma palavra ficava girando: Fraco, fraco, fraco.

Com a cabeça abaixada, como uma criança que fizera arte, atravessei novamente o buraco do banheiro. Magicamente, ela foi concertada, como se estivesse se juntando.

Sentei onde eu estava, e apoiei Alice no meu peito novamente, como se nada tivesse acontecido. Decidi que não contaria o que aconteceu lá fora. Arrumaria uma desculpa, não queria assusta-la mais.

A cor natural de sua pele estava voltando, ouvir a respiração dela, me proporcionou a melhor sensação do dia inteiro.

- Me desculpe - sussurrei - Me desculpe por ter falhado outra vez com você.


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