P.O.V.: MANUELA

–Férias! Graças a Deus! - disse Laura levantando a mão para os céus assim que descemos do helicóptero.

– Nem me fale. - Respondi rindo da palhaçada e indo em direção ao nosso quarto

Laura e eu somos amigas tipo... desde sempre e para mim é muito bom estar com ela aqui mais um vez. Sem pensar duas vezes fomos  a praia. Na verdade a minha ideia era sair por ai de caiaque e abandonar ela em qualquer lugar. 

– Ei Laurinha.

– O que que você quer em Manuela? Quando você vem com essa de " Laurinha" eu já sei que lá vem...

– E quando você me chama de MANUELA eu já sei que  esta de mal- humor!!

– Pior que eu tô mesmo! -  falou suspirando - Mas, o que você quer?

– Quero sair por ai de caiaque e...

– Já sei...Vou pegar um livro para ler . Você pode me deixar onde eu quiser?

– Demorou.

Laura deu um sorrisinho amarelo e partimos para o mar. Remei pra burro e falei sozinha durante todo o trajeto por que a criatura que eu carregava havia se recusado a remar, sem contar que simplesmente me ignorou e se ligou no livrinho ridiculamente nerd. Respirei fundo e prossegui em silencio até que...

– MANUUUUUUUUU!! PARA AE, PAAARA AE!! - Laura gritou feito louca

– O que é maluca, para que essa gritaria? O Brasil ainda é nosso mia fía.

– para ai que essa pedra é ótima!!

"Para ai que essa pedra é ótima!" Tai uma frase que a gente não ouve sempre. Comecei a rir e disse:

– Pode começar a fazer sentido por favor?

Ela bufou e revirando os olhos.

– Oh inferno, eu to dizendo que essa pedra é ótima. Òtima para o que eu quero: Pegar um sol e ler.

–Ah ta brigadu!! - falei sem graça

– Vem me buscar daqui a 30 minutos. Não ouse se atrasar! -  ordenou como sempre, ao descer do caiaque.

– Olha isso é loucura. Vai ficar lendo no meio do oceano?

– Vou.

– Cuidado com o tubarão! - falei divertida

Ela sorriu.

– Não tenho medo de tubarão. E aqui não tem tubarão.

– Por isso que voce não tem medo - falei já saindo.

– NÃO OUSE SE ATRASAR!! - Laura gritou de novo

– Já ouvi mamãe!! - falei já adiantando o remo, pois sabia que ela iria tentar me matar.

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Depois de muito remar, parei enfrente uma mansão simplesmente espetacular. Cara ela era maior que todas do condomínio, era linda! E para melhor ainda mais a paisagem, tinha um louro alto sentado no deque, igualmente espetacular. Ergui a sobrancelha, passei um baton, arrumei os cabelos, mandei um beijinho para o espelho do blush e resolvi me aproximar daquele "deus".

– Oi, tudo bom? - Falei subindo no deque na maior cara de pau do mundo.

Ele franziu o cenho, mas resolveu responder.

– Sim e com a senhorita?

– Own que fofo!!

– Não entendo as palavras que expressas

–Oi? Voce é...medieval? - perguntei brincando, ao me sentar ao seu lado no deque.

Ele olhou para mim e sorriu simpaticamente. Pegou minha mão e deu um beijo, fazendo com que eu começasse a rir.

–Sou Thor. Quem sois vós?

–Quem sois vó...-repeti tentando entender o que era aquele jeito de falar, que mais parecia a leitura de um livro antigo. Por fim resolvi parar de tentar entender. Afinal qual era o meu problema? Um cara super gato falando comigo e eu tentando entender o porque dele falar estranho. Creeeeeedo to parecendo a Laura!

–Sou Manuela.Mas por favor me chame de Manu. - respondi sorrindo

– Es uma bela jovem... Manu

–Ah obrigada. Ei você pelo jeito não é daqui, certo?

– Sou de Asgard... Conhece?

–Não mesmo - falei gargalhando.

– Quer juntar-se a mim para uma refeição coletiva esta noite? Creio que devas conhecer centros de refeição paga.

Eu fiquei  " poker face" depois do que ele disse. Não entendi o que ele quis dizer, mas disse que sim, pois pensei que ele tinha me chamado para sair. Quando chegar em casa pesso para a Laura traduzir isso.

Depois disso conversamos por muito tempo e ele é um cara bem bizarro. É legal,mas é bizarro. Ele me contou sobre uns bichos estranhos que andou caçando tipo " um sapo gigante que engole pessoas". Achei tudo que ele disse muito engraçado, e ele pareceu gostar. Tomara que ele não seja maluco. Se for...to nem ai ele é um gato!!kkkkkkkk

Ele falou sobre seus amigos e eu falei sobre Laura...CARAMBA A LAURA!!

–Maluco eu tenho que ir! Esqueci minha amiga em cima de uma pedra no meio do oceano!

–Como disses? - Thor perguntou confuso

–Esquece, esquece! De noite eu volto para a nossa...sei lá, mas eu volto!! - falei afobada entrando no caiaque, sabendo que Laura iria me esfolar.

P.O.V.: LAURA

Estava eu lendo tranquilamente enquanto pegava um solzinho, na mais tranquila paz, até um maluco de Jet Ski passar colando na pedra onde eu estava e simplesmente me molhar toda e me desequilibrar fazendo com que eu derrubasse meu livro no mar! Pense em uma pessoa bastante nervosa... Multiplica. Isso, o resultado sou eu neste momento.

–Seu idiota, sem sentido, maluco, Mané. Olha a desgraça que você fez!!Não está me vendo não?-falei espumando de ódio olhando para meu livro afundando no mar. – Ai meu livro! Está contente agora

Então levantei os olhos e vi quem era o meu agressor. Meu lindo, muito lindo agressor. E ele me olhou assustado com a minha raiva,ficamos nos encarando por um bom tempo. Eu em... que estranho!

–Me...Me...Me desculpe. Não se preocupe eu te darei outro livro, fique calma. – o rapaz falou, ou melhor, gaguejou colocando a mão na cabeça.

Respirei fundo e falei.

– É bom mesmo, esse é o meu livro favorito.

–Me desculpe.

–Já te desculpei e...Ah tudo bem. Eu é que não deveria estar lendo no meio do mar, não é?- Falei de forma mais amigável, sorrindo gentilmente-E me desculpe, pela ignorância que lhe tratei É É que eu gostava muito MESMO desse livro. Foi à minha vez de gaguejar

– Vou te entregar outro, faço questão. Ah me desculpe novamente pela indelicadeza, sou Steve Rogers

Eu sorri e apertei a mão dele.

– Sou Laura Lizz Albuquerque

– Então Srta. Albuquerque, de maneira alguma você deve se desculpar... Eu não deveria sair nesta coisa – ele disse apontando o Jet Ski- se eu não sei como funciona!

– Na verdade estamos todos errados de alguma maneira! – falei sorrindo e parei para pensar que eu devo estar parecendo uma hiena: NÃO PARO DE RIR. Ok. Vou ficar seria. – Ah e por favor sem formalidades, me chame apenas de Laura. Posso te chamar de Steve?- continuei e...

Sorri de novo! Inferno! Preciso parecer uma pessoa normal, pessoas normais não riem do nada. Quem eu to querendo enganar... Eu não sou muito normal!

Felizmente ele também parecia estar feliz, pois também sorriu e disse:

– Claro, “Laura”. Bem, acho que o mínimo que posso fazer para amenizar meu estrago é levá-la para casa.

– Ah de maneira alguma, não precisa se incomodar. Minha amiga saiu por ai de canoa e já deve estar chegando. Na verdade ela já devia ter chegado a muito tempo – falei olhando o relógio

–Tem certeza?-falou preocupado

–Tenho sim alem do mais...

–Neste caso vou te fazer companhia ate ela voltar. É muito perigoso... E se vier outro maluco que nem eu? Ou um pior?-Steve disse rindo de canto impedindo que eu completasse a frase

Arqueei a sobrancelha de modo surpreso e disse:

–Não esquenta; eu sei me defender. Pode ficar tranqüilo...

–Faço questão e você querendo ou não eu vou ficar aqui. -disse cruzando os braços e me interrompendo

Gargalhei. Que se dane se ele achar que eu sou uma hiena

–Vai nessa! Se me der na telha eu te mato afogado e nunca vão achar seu corpo. – brinquei fazendo cara de malvada

Foi a vez dele de gargalhar

–Tudo bem, já que estou correndo perigo vou ficar no Jet Ski até sua amiga chegar-falou levantando as mãos para cima em sinal de rendição

– Sério Steve. Pode ir. -disse seria

–Já disse que não vou. Se acontecer alguma coisa com você eu vou-me sentir culpado para o resto da vida.

–Nossa você é dramático! - falei sorrindo ao levantar as mãos em rendição e por fim dize:

–Tudo bem, se quiser ficar ai dando uma de ”meu herói protetor” pode ficar- e nós dois caímos na risada.

Que estranho... Agora nós dois estamos parecendo hienas.

– Steve.

– Oi.

– Sabe o que eu acho?

– Não, mas gostaria de saber.

– Que a gente esta rindo tanto que estamos parecendo hienas.

Começamos a rir de novo. Praticamente tivemos uma crise de risos

– Pois é, e eu nem sei o porque. Acho que é você. – Steve disse ficando sério

– Eu? Como assim?

– Você é alegre e gente alegre sempre deixa as pessoas alegres.

– Espero que isso seja bom. – falei corando

–E é. É ótimo – ele falou sorrindo.

Ficamos conversando durante uns bons tempos sentados lado a lado na pedra. A Manu estava demorando e  posso te dizer que foi bom. Conversamos muito e posso dizer que ficamos amigos, até eu ter a brilhante ideia de perguntar:

– Ei eu percebi pelo seu sotaque que você não é brasileiro da onde você é? Austrália? Inglaterra? Canadá? Nova Zelândia? Eu sei que é um sotaque inglês, de algum lugar com esse idioma, pois sou fluente no mesmo.

– Sim é de um local com esse idioma, mas nenhum desses países que você citou. Sou americano. Sou de Nova York.

Revirei os olhos rindo.

–Ah fala sério! Ninguém merece.

Ele franziu o cenho e perguntou:

– Não entendi. Qual é o problema?

– Digamos que... Que eu não sou “ fã” deste pedaço da Terra. – falei com desdém

– Nossa você é a primeira brasileira que eu escuto algum assim. Todo mundo que eu falei até agora, gosta muito do meu país.

– Gente sem cultura.

– Esta dizendo que meu país não tem cultura?- ele perguntou meio irritado

– Não. Estou dizendo que essa maioria maçante de brasileiros que acham que os E.U.A é melhor que o Brasil não tem cultura. Falta conhecimento no povo brasileiro, eles precisam aprender a valorizar o que eles tem e não cobiçar o dos outros. Isso só aumenta o ego inflado do seu povo – apontei para ele – É só olhar nas olimpíadas da vida para ver como eles são metidos e prepotentes. Se acham o dono do mundo e...

– E nada. Eles são tecnicamente os donos do mundo. São a maior economia da mundo.

–Alto lar! Isso não faz deles os donos de tudo.

–Tudo gira ao redor deles, pois eles foram e são os mais inteligentes, não concordo com a arrogância de alguns americanos, mas não os culpo. São realmente os melhores na tecnologia, a educação, na...

– Melhores na hora de matar pessoas inocentes, na hora de dizer “ somos o país da liberdade” e não permitir a liberdade de expressão contra o próprio governo, são os melhores na arrogância, na prepotência, na venda de armas, na chacina de criancinhas...

–Quem é você para falar dos E.U.A? Não passa de uma garota nativa de um país de ladrões e corruptos. É só ligar o noticiário para ver. - apelou

Ok, perdi a paciencia.

– "Querido" pelo menos não foi o MEU país que entre 1890 e 2012 invadiu e bombardeou 149 países. - disse já bastante irritada e de pé - Temos problemas com corrupção aqui?Sim nós temos, mas se comparado a porcaria dos problemas da sua nação... - dei uma gargalhada de ódio - Não são nada!

- Nossa quem diria "uma antiamericana"! - falou irônico, me aplaudindo visivelmente irritado - Olha infelizmente não sei de tudo que aconteceu no mundo nas últimas décadas, mas o que eu sei sobre o "seu" Brasil, a maioria são fatos ruins, como violência, falta de escolaridade,problemas de saúde...

- Primeiro de tudo eu não sou antiamericana, pelo simples fato de que EU sou americana porque nasci na America do Sul. Vocês não sabiam? - fiz cara de chocada - Existem outros continentes alem da sua terra ridícula!Existe resto do mundo, já foram apresentados? E outra não é "meu" Brasil, é NOSSO, de todo o povo brasileiro, eu não comprei ele.- ironizei e ele estava ficando cada vez mais irritado

Ele já ia revidar quando olhou para trás e viu Manuela.

– Ah , ótimo. Sua amiga chegou, não preciso mais ficar aqui. Nervosinha , sem educação

– Sem educação é a sua vida! Você é que estava ofendendo o meu país como se o seu fosse um exemplo de honestidade.

Ele revirou os olhos e falou para a Manuela que nos olhava no maior estilo “ poker face”:

– Esta entregue. Toma a sua amiga maluca e descontrolada.

– DESCONTROLADA É A SUA MÃE! – EU BERREI

– AH ESSE GRITO FOI UM EXEMPLO DE CONTROLE? – Ele berrou de volta! – Vou sair daqui, logo sua louca.

– Sai mesmo. Pode saindo, volta para SUA América do Norte,saia logo desta terra " de ladrões e subdesenvolvidos". Estranho! - cuspi tudo para fora

Ele franziu o cenho com o rosto cheio de raiva e foi embora. Me virei para a Manuela aos berros:

– O QUE QUE É? TÔ DE VERDE?

–Não, mas está verde igual o Hulk! Dá pra se acalmar e me dizer que diabos aconteceu aqui nessa pedra?

– Vamos para casa, lá eu te conto o que esse sujeito bossal falou.

– É um sujeito bossal bonito! – ela falou rindo

–Ah cala a boca – falei mal-humorada entrando no barco