Myhara sorriu e usou um poder para fechar a entrada atrás dos cavaleiros. O vilão olhou para Kiki com desprezo. Aquela rivalidade fútil já estava dando nos nervos há tempos. Ele olha para o seu subordinado ao lado, um homem moreno feioso, trajando uma armadura amarela com desenhos de uma pirâmide. O outro era feio do mesmo jeito — irmãos — mas a armadura era roxa.

— Vejo que não perderam tempo em invadir o santuário de Anúbis — falou secamente. Uma mistura de irritado com irônico.

— Estamos aqui para defender a Terra desse deus malígno. Não permitiremos que vençam — retrucou Seiya daquele estilo explosivo dele ser.

— Então arquem com as consequências cavaleiros. Estes são Negebe de Quéops e Myh de Miquerinos. Eles serão seus adversários neste campo de batalha — Quéops era o da armadura amarela e Miquerinos era da armadura roxa.

— Campo de batalha? Olha a saída logo em frente. Vamos passar por ela de qualquer jeito — rosnou Kiki mostrando-se numa cena rara de impaciência.

— Saída? Meus caros vocês acham que será tão fácil assim — Myhara estala os dedos e de repente o cenário muda como se tudo ali fosse ilusão.

Os cavaleiros percebem que foram separados. Seiya, Jasmine e Danyel ficaram numa parte onde parecia mais um labirinto de corredores. Sereia e Kiki foram para uma outra parte que parecia uma arena de gladiadores dentro da própria pirâmide. Negebe aparece diante dos dois.

— Espero que gostem da estadia na minha pirâmide das ilusões — disse uma voz. Era a própria voz de Myhara.

— Então serão as minhas presas hehe. Agora que estão metade mais fracos eu vou abusar do casalzinho — o feioso riu e desapareceu instantâneamente. Logo apareceu num tipo de camarote e se sentou — Que comece a primeira etapa.

O trio andou muito até chegar numa parte onde não havia mais caminho. Era um beco sem saída literalmente. De repente ouve-se um barulho forte como se algo grande estivesse se aproximando. Seiya se aproxima da parede e percebe o que acontecia. Pediu para que eles corressem o quanto podia.

Uma esfera gigante de pedra quebrou a parede por trás e avançou com tudo na direção deles. Era uma das armadilhas da Pirâmide das Armadilhas. Seiya parou de correr por um breve tempo.

— Meteoro de Pegasus! — os meteoros atingiram o imenso objeto, porém nenhum arranhão foi provocado — isso é protegido por cosmo.

Chegaram num local em que havia uma passarela de pedra que dava até uma arena bem no meio. Velas espalhadas dava um ar de desafio medieval. Era incrível que uma pirâmide tão pequena escondia tantos caminhos. A pedra rolante destruiu a entrada da passarela e caiu no fundo escuro.

— Vocês chegaram a arena das armadilhas — falou Myhara no meio da arena — serei o primeiro grande oponente de vocês. Aqui nesta arena aparece de tudo e será uma luta um contra um. Vence quem permanecer vivo.

— Myhara eu serei o seu oponente — ofereceu-se Seiya — os outros ficam de fora.

— Então está feit... — uma aurea vermelha encobre o vilão por alguns segundos. Ele ficou sem falar — o que ela quer comigo? Infelizmente deixaremos a luta para um outro momento sagitariano. Enquanto isso aproveitem a boa companhia de Myh de Miquerinos.

— Senhor Myhara não se preocupe. Cuidarei deles com muito carinho hehe — falou o outro aparecendo em seguida.

Myhara desapareceu na fumaça vermelha e os deixou a sós. Dessa vez quem se ofereceu para lutar foi Danyel. Ele estava louco para testar suas habilidades de verdade depois do treino. Seiya assentiu a ceder o lugar para o rapaz. Afinal Miquerinos era bem mais fraco que Ramsés. O cavaleiro maligno permitiu que os dois passassem para a passarela que dava acesso ao outro lado.

— Então começaremos a nossa brincadeirinha — falou Myh com um sorriso no rosto.

...

Enquanto isso o pequeno Hathor conversava com o seu melhor amigo. Pietro e ele se conheceram dois meses depois que o russo fora recrutado pela sua irmã. Mesmo depois de grande, por causa de um poder secreto do licor dado por Nefertiti, ele ainda age como uma criança. Por isso os dois eram os melhores amigos mesmo com toda a maldade promovida pelo cavaleiro de Ramsés.

— Ganhei mais uma vez Pietro. Você já é da minha freguesia — falou o jovem sorrindo numa rara ocasião de entretenimento.

— Você sempre ganha de mim. Nem sei porque jogo isso — falou com uma cara de chateado — eu queria ganhar uma vez pelo menos.

— Há algo muito mais importante do que um jogo de baralho ou qualquer jogo. Ser uma pessoa boa e justa. Pietro eu sei que você devota Anúbis tanto que ofereceu-se para ser seu subordinado. Mas eu quero que demonstre a nossa amizade ajudando os cavaleiros de ouro.

— Não posso fazer isso. Eu sou um dos cavaleiros de Anúbis. Seria traição!

— Amigo eu sei que seria, mas ultimamente vejo que não é um deus que está tomando as decisões. Myhara é que toma. Parece que ele quer se tornar um deus. Por favor não fique do lado dele, é perverso, falso, egoísta, maligno. Você é uma pessoa boa. Pode agir diferente dos outros. Por favor.

Pietro ficou confuso, mas ao ver o apelo do amigo cedeu. Sentiu que Myhara era que estava no comando. Ele prometeu que iria ajudar de alguma forma os cavaleiros na ultrapassagem do santuário. Depois de um aperto de mãos ele saiu do calabouço e foi embora para o seu templo tomar conta. Hathor ficou contente. Sabia que os cavaleiros de Atena iriam ajudá-lo.

Myhara andou pelo salão do templo de seu deus. Viu a mulher parada bem no centro do salão e se aproximou. Ele ficou de joelhos como forma de respeito a sua rainha.

— Nefertiti o que a senhora quer que me chamou com tanta urgência? — ele olhava para o chão.

— Estive aqui pensando durante minutos a fio — ela andava de um lado para outro — e cheguei numa conclusão.

— Que tipo de conclusão será essa?

— Preciso de um varão para guiar o exército como chefe. Um homem que fique acima até mesmo dos cavaleiros de Anúbis. E fiquei pensando... Quero que seja você Myhara. Eu quero que você seja o líder do meu exército. Por favor.

— Senhora Nefertiti eu nem sei o que falar — mas no seu íntimo ele dava pulos de alegria — talvez eu não seja merecedor de receber um cargo de tanta confiabilidade.

— Está feito. Você comandará tudo relacionado ao exército. Eu cuidarei pessoalmente dos interesses de nosso deus. Preciso que jure diante dele — ela apontava para a estátua — que será um exemplo para todos.

— Eu juro — ele deu um sorriso de canto. Como se os seus planos estivessem dando certo.

Nefertiti pediu para que ele ficasse ali mesmo no templo e não se intrometesse nos assuntos dos outros cavaleiros. É claro que mais tarde ele iria desobedecer. No momento ele conseguira o que tanto queria. A soberania sobre o exército.

...

— Deixa eu explicar como será o nosso joguinho. Esta arena é apoiada por cinco pilares. A cada dois minutos um dos pilares sai restando os que ficaram. Até sobrar apenas um. É claro que aqui não será um bom lugar para se equilibrar. Perde quem cair lá embaixo onde não há fundo — explicou Myh confiante.

— Eu topo lutar nessas condições — Danyel se preparou para o desafio. Não seria nada fácil lutar nessas condições.

Miquerinos emitiu uma aura negra. Dan emitiu uma dourada. Ambos estavam prontos. Danyel avançou para cima do inimigo, contudo é surpreendido por uma lança que brotou do chão da arena. A arma era pontiaguda e quase o perfura. O vilão também desvia das armadilhas e solta um poder.

— Fogo de Miquerinos! — ele solta uma enorme bola de fogo. Dan é acertado em cheio e fica bem na ponta quase caindo.

— Cuidado — disse Jasmine pela primeira vez nessa viagem ao ver o companheiro quase cair.

Myh ainda tentou derrubar o cavaleiro, porém não conseguiu porque no mesmo segundo ele havia sumido dali. Era bastante rápido. Nessa primeira parte um pilar desceu e restaram apenas quatro desestabilizando um pouco o local da batalha.

— Você me atacou com o seu poder, mas agora serei eu que atacarei — ele faz com que a unha escarlate cresça no indicador. Ele desaparece num vácuo de segundo. Um ataque parecido com um fino laser atravessa o braço do inimigo — Essa é a Agulha Escarlate.

— Belo movimento, mas não senti dor alguma — ele forma duas bolas de fogo azul em cada uma de suas mãos — não se esqueça que está lutando apenas com metade de suas forças. E se quiserem continuar neste santuário terá que lutar assim de agora em diante.

Ele corre na direção de Dan. Ele desvia rapidamente, mas Myh já havia previsto isso e foi logo atrás do cavaleiro. Deu um soco nele com todo o seu poder. Dan fica bem na ponta. O segundo pilar sai. Agora a arena estava se movendo um pouco. No centro surgiu alguns esporões pontiagudos no chão para dificultar mais as coisas.

— Sensei por favor vá na frente — disse Dan.

— Nem pensar. Não o deixarei aqui — retrucou o sagitariano.

— Seiya eu irei na frente — ele olhou Jasmine surpreso — farei o possível para abrir caminho quando terminarem aqui. Confie em mim.

Seiya custou, porém assentiu. Jasmine correu para o corredor que dava acesso a saída. Danyel sabia que essa luta não seria fácil. Mas ele saber melho ainda quando testar suas verdadeiras habilidades.

...

Negebe sorriu ao ver os seus dois adversários na arena e soltou os leões para a a caça. O portão de uma cela foi aberta e dela saíram cerca de três leões. Eram duas leoas e um leão jubado e bem maior que as outras duas.

— A primeira fase do desafio é enfrentar os meus bichinhos de estimação. São bem ferozes e gostam de uma suculenta carne humana — falou Quéops.

As leoas avançaram com tudo sobre Sereia. Ela conseguiu desviar a tempo dando margem ao macho que a avançou por trás. Contudo Kiki viu e protegeu a parceira com a sua muralha de cristal. O animal feroz colidiu com o muro invisível e caiu atordoado.

Sereia começa a emanar o seu cosmo: — Rosas Diabólicas Reais! — ela materializa duas rosas vermelhas e as lança contra os dois animais. O ataque só pega de raspão nos animais, porém o suficiente para paralisá-los.

O leão macho ainda queria atacá-los, contudo Kiki usou o seu ataque para acabar com este animal feroz. O trio de animais ficaram deitados depois de terem sido derrotados. Negebe não gostou nada do que viu e preparou a surpresa para o final.

— Leões são animais comuns da natureza deste planeta. Até criancinhas conhecem o que é um leão. Entretanto se conhecesse La Bestia nunca iriam querer ficar sozinhas. Aproveitem o quanto podem.

Kiki e Sereia viram uma outra cela se abrindo. Dela surge dois brilhos vermelhos dos olhos da besta. De repente ela sai e se revela assustando literalmente os dois cavaleiros de ouro. O bicho era medonho. Tinha cabeça de homem, cabelos de mulher, corpo de cavalo, patas de dragão, cauda de escorpião, olhos vermelhos, dentes afiados. Era a besta do Egito. O próximo inimigo que eles enfrentariam.