O monstro tentou golpear os dois cavaleiros de ouro com sua cauda afiada de escorpião. Sereia teve que desviar para não ser atingida. Ela jogou uma rosa vermelha contra o bicho, entretanto não surtiu o efeito desejado e a flor desapareceu. La Bestia era realmente um oponente poderoso. Quase não tinha fraquezas.

— Muralha de Cristal! — Kiki materializou a sua muralha invisível na tentativa de segurar as investidas constantes do monstro. Este dava cabeçadas cada vez mais fortes que conseguiu rachar parte da parede — O que? Como uma besta irracional que nem tem muito poder conseguiu fazer isso?

— Hehe deixa eu refrescar a sua memória. Vocês estão com os poderes pela metade a partir de agora, portanto estão mais fracos — disse Quéops.

A besta ficou dando cabeçadas até enfim quebrar a muralha e atacar o cavaleiro de ouro. Kiki foi atingido pela cabeçada e é arremessado contra a parede. Sereia não permitiu que o bicho atacasse seu parceiro e usou seu cosmo para materializar rosas vermelhas e lançá-las. As flores atingiram a couraça da besta, mas foram repelidas por ser dura feito aço. Seria muito difícil enfrentar um inimigo assim e nas condições que eles estavam.

— Droga assim vamos sempre perder e no começo da guerra — lamentou a amazona de ouro. Ela tentou lançar mais uma flor. Esta passou raspando no rosto da criatura causando um pequeno arranhão, mas parecia que o bicho havia sentido dor.

Kiki olhou e percebeu que o ponto fraco dele era o seu rosto. Era a única parte do corpo que lembrava um ser humano então consequentemente era a mais fraca. Então o cavaleiro avisa a companheira e os dois atraem a criatura para um ataque fatal. Kiki com apenas um único golpe — ele utilizou o seu próprio cosmo para transformá-lo em raio que partira da palma da sua mão estendida na direção do rosto de La Bestia — mata o monstro em definitivo.

— Que? Como pode? — Negebe ficou impressionado.

Enquanto isso Jasmine corria por um longo corredor escuro mesmo com algumas tochas acesas. A amazona teve uma grande surpresa ao perceber que as paredes do corredor se estreitavam numa armadilha. Ela percebeu e apressou os passos. Viu uma saída no fim do corredor e quase apertada ela consegue pular para fora. A porta de cimento lacra a saída. Agora ela estava num outro lugar da pirâmide.

— Que lugar é esse? — ela se levanta e caminha pelo lugar. O chão era arenoso, tudo escuro. Provavelmente um salão.

Jasmine andou mais um pouco e bate num objeto. Era um tipo de espelho oval empoeirado. Observou bem e viu objetos parecidos por perto. Como um objeto poderia iluminar sem energia numa sala fechada? Então a única explicação cabível era usar o cosmo como energia. Ela toca no espelho e usa seu poder. No mesmo instante o objeto se ilumina e a luz vai até os outros, assim sucessivamente. Até que o grande salão se revela por completo. Era um pequeno cemitério com muitos sarcófagos. Tentou tocar num quando percebe que uma flecha é lançada por uma estátua de Anúbis. Rapidamente ela estende a mão e congela o objeto despedaçando-o por completo.

— É melhor eu sair daqui. Essa pirâmide não é confiável — uma saída era visível. Assim que ela saiu a porta se fechou.

Negebe ficou furioso porque os seus inimigos conseguiram derrotar o seu animal de estimação. Agora que ficou realmente furioso decidiu que iria lutar. Porém antes teria que testar os seus capangas. Vários portões se abriram revelando muitos soldados de classe baixa com suas armaduras comuns.

— Se já estava ruim agora ficou cada vez pior — falou o ariano.

— Nem me fale. Uma hora dessas os outros já devem ter saído deste lugar imundo — falou Sereia.

— Vamos acabar com eles! — gritaram os soldados.

Cerca de cinquenta homens foram para cima deles com suas mais variadas armas. Sereia desviava das espadas com muita facilidade enquanto Kiki usava a sua muralha invisível para afastá-los.

— São tantos que nunca conseguirão detê-los — falou o vilão.

— Estou farta desses vermes me perseguindo. Sintam o poder das minhas flores. Rosas Diabólicas Reais! — A amazona faz surgir várias rosas que vão de encontro com os inimigos deixando-os paralisados.

Kiki usava mais a sua força bruta para derrotá-los. Ele segurou um soldado e o arremessou contra mais cinco. Depois atacava com seus socos e chutes super rápidos para acertar mais uns vinte. Dez soldados lançaram flechas, mas ele fez surgir sua muralha e todos os ataques foram repelidos matando assim os vilões.

Com ataque sucessivos eles conseguiram derrotar todos os soldados daquela pirâmide. Uma tarefa bem mais simples do que derrotar o bicho medonho que derrotaram há pouco. Quéops ficou furioso com o êxito dos cavaleiros e decidiu que agora sim lutaria.

...

Chovia intensamente na cidade de Atenas e em toda a região próxima ao santuário. Era uma grande tempestade que veio do mar Mediterrâneo e se prolongou terra a dentro. A cidade teve alguns transtornos o que impediu a saída de alguns moradores nas localidades periféricas.

Berenice olhava a chuva cair da janela da sua sala. A mulher pensou no filho e se estava bem. Agora que ele era um cavaleiro e muito poderoso com certeza estaria. Mas mãe sempre fica preocupada com o filho. Ela fecha as cortinas e se senta no sofá toda agasalhada para assistir televisão.

Mikenos chega em casa em seguida. Retira a capa preta e coloca o guarda-chuva de lado. Ele vai até a sala e vê a esposa deitada sem fazer nada. Ele suspira e vai até ela.

— Oi amorzinho como foi sem mim? — perguntou beijando sua testa e sentando ao lado.

— Uma tortura — encostou a cabeça no ombro dele — estou tão carente amor. O meu filho foi embora para uma missão não sei aonde. Agora você me deixa sozinha nesta chuva com raios e trovões. Fiquei triste.

— Oh meu amor eu fui muito ausente hoje. Mas o meu trabalho não pode esperar. Você sabe que eu dou meu sangue para te dar tudo de bom — falou cínicamente.

Nice se levanta de repente e olha chateada para o marido. Fica com os braços cruzados na frente dele: — Espera um pouco. Você ainda vai sair hoje que eu te conheço. Caramba Mike porque você faz isso? Era para me dar carinho não me tratar como um objeto.

— Pensei que entenderia amor.

— Eu sabia que você ainda vai sair. Está na cara isso. Olha eu vou pro quarto dormir e aproveitar essa frieza embaixo do lençol, pois é bem melhor...

Nice se sente mal e quase cai no chão se não fosse pelo homem que a segurou e a colocou no sofá. Depois de beber água ela respirou fundo. Mikenos perguntou se ela estava bem e a mulher assentiu.

— Deve ter sido algo estragado que você comeu amor.

— Acho que sim. Me leva para o quarto por favor. Já pode sair se quiser — Mikenos a leva para o outro cômodo e a deita na cama. Deixa ela sozinha ali e vai embora.

A chuva pegou mais força e os noticiários já falam de uma tempestade mediterrânea. Até mesmo o santuário de Atena não foi poupado pela força da natureza. Helena olhou a chuva caindo em frente a sua casa, os raios, os trovões. Ela achava lindo os fenômenos da natureza, os raios, ventos etc. Viu a sua neta brincar no pátio da sua casa e foi até ela. Parou ao olhar para os retratos dos dois cavaleiros de ouro.

"Saga e Kanon foram dois irmãos completamente diferentes. Saga lutava pela justiça, mas permitiu que o mal o possuísse, já Kanon sempre fez maldades, contudo se arrependeu. Uma relação complicada entre gêmeos. Lembro-me da minha irmã. Nunca tivemos nada de errado. O que será que houve naquele noite?" — pensou a mulher.

FlashBack

Santuário de Atena, 1965

As duas irmãs treinavam no salão do mestre. Clitenestra e Helena tinham cerca de dezesseis anos quando foram nomeadas amazonas do santuário. As primeiras dessa classe. A irmã gêmea mais velha seria nomeada oficialmente amazona de ouro da casa zodiacal de gêmeos. Seria um evento inédito. No dia seguinte, ao brilho do sol do meio dia.

— O treino está encerrado — falou o mestre sempre usando a máscara.

— Sim mestre — disseram as duas.

Elas entraram no quarto, mas Helena não havia trancado com a chave. A mais velha ficou sentada numa cadeira e a mais nova sentada na cama. Claro que elas já haviam tomado banho e colocado as roupas para dormir. Helena penteava seus cabelos loiros e ondulados com uma escova. Era a mais vaidosa.

— Não precisa se pentear tanto. Estamos aqui para lutar, não para um concurso de beleza — disparou.

— Ah mana você e suas ironias. Mesmo que sejamos amazonas nós somos mulheres. Precisamos cuidar da nossa beleza natural — falou a outra.

— O que me importa mesmo é amanhã eu ser nomeada a guardiã da terceira casa. Fnalmente eu consegui o que tanto queria. Mesmo que Atena ainda não veio ao mundo eu serei a guardiã de Gêmeos quando ela nascer na nossa época. Será um prazer ver a cara da nossa deusa trajada numa armadura dourada.

— Você será a maior amazona de todos os tempos. Pode contar com o meu apoio.

— Muito obrigada Leninha. Eu mereço, porque sou Clitenestra a maior de todas. Sou muito forte. Você devia seguir meu exemplo e lutar por uma armadura. Talvez uma de bronze...

— Bronze? Mas eu controlo facilmente o sétimo sentido. Acho que mereço muito mais.

— Não dá pra colocar duas pessoas dentro da armadura, por favor Helena. Deixa de ser simplória. Dê graças ao mestre Shion que está te treinando. Contente-se com uma armadura de bronze, pois a dourada já é minha — falou bastante feliz.

Flashback off

Helena saiu de seus desvaneios quando a sua neta a chama. A mulher vai até ela. A doce garotinha brincava com as flores. A mulher foi brincar com a neta, mas ainda pensando naquela noite fatídica de conversas com a irmã.

...

Nêmesis subiu o altar até chegar nos dois túmulos que havia no templo. Ela ficou ajoelhada até que as duas forças malignas saem dos túmulos e se manifestam.

— Oh grandes mestres eu vim aqui a pedido de vocês — disse ela.

— Nêmesis estamos vendo os seus esforços para conseguir o seu objetivo principal. Agora chegou o grande momento. Terá que trazer o rapaz para nós — disse a energia vermelha.

— Trazer agora?

— Sim. Ele precisa saber quem ele é e que precisa nos ajudar para termos a total liberdade. Atena nos selou nesses dois túmulos e não podemos sair a não ser que a espada seja estocada naquela abertura — falou a energia azul. Ele se referia a uma pequena fenda bem em frente aos túmulos.

— Eu já vou concluir a minha missão e com certeza eu terei a minha recompensa, mas o meu amigo Eros? Ele ainda não completou a missão dele...

— Eros tem uma carga mais difícil de se levar — falou o vermelho — Ele vai ajudar diretamente o nosso imperador. Ele também terá a sua recompensa.

— Só que o infeliz mal sabe que Anúbis está vivo e isso é fato. Quando ele se faz de Anúbis para enganar aqueles humanos, o verdadeiro deus da morte está perto de reviver — falou o azul.

Nêmesis ficou apenas observando. Ela sabia desse assunto. Nunca contou para o seu colega, porque era um assunto sigiloso entre ela e seus dois mestres.

...

Jasmine passa por um corredor com o chão falso. O piso cedia e ela corria para não ser engolida terra a dentro. Depois algumas lanças são lançadas de dentro das paredes. A moça desvia de cada ataque com relativa facilidade até que por fim ver uma luz no fim do corredor. Era saída.

Uma porta de concreto descia o que indicava que a moça não tinha muito tempo para sair. Ela corria o máximo que podia até que conseguiu sair. Sua capa branca se prendeu e infelizmente ela teve que retirá-la das costas. Ela olhou e percebeu que estava no meio da pirâmide. Desceu os degraus de uma escadaria logo em frente a saída. Mais adiante avistou a passarela que dava continuidade a missão.

"Provavelmente eu enfrentarei o primeiro grande cavaleiro de Anúbis" — pensou.

Ela corria pela passarela. No fundo haviam estacas pontiagudas com alguns cadaveres, possivelmente inimigos tentando passar pelo caminho, mas foram mortos. Alguns postes de madeira eram visíveis sobre a passarela, em alguns deles haviam crânios fincados na ponta. Era uma cena desagradável.

— Anúbis tem muitos inimigos, com certeza — falou enquanto corria.

Ainda dentro da pirâmide a luta entre Danyel e Myh ainda não acabara. Os dois estavam quase empatados com uma ligeira vantagem para o cavaleiro de ouro. Era certo que Dan era mais poderoso, porém as circunstâncias não o favoreciam. A arena em que lutavam já estava cada vez mais irregular no sentido de se equilibrar. Dois pilares que servem como alicerces já se foram.

— Fogo de Miquerinos! — a bola de fogo azul é lançada contra o dourado que se esquiva.

— Agulha Escarlate — logo em seguida ele lança o seu fino raio vermelho da ponta do dedo. Miquerinos não é atingido, mas ao baixar a guarda por um mísero segundo leva um soco na cara e quase é atingido por uma lança pontiaguda que estava no chão.

— Foi um bom movimento eu reconheço. Mas as coisas ficarão mais difíceis — Myh tinha razão. Um terceiro alicerce foi retirado ficando apenas dois. Toda a arena balançava e o nível de equilíbrio era baixo. Para piorar mais a situação dois canhões surgiram da parede da pirâmide. Um deles deu um tiro quase atingindo Miquerinos que desviou a tempo de ser colhido. A bala fez um buraco no chão. O outro também atirou, mas não atingiu a arena.

— Essa luta está cada vez mais perigosa — falou Dan. Não era para menos. Ele lutava sobre um chão móvel e com péssimo equilíbrio ainda por cima muitas armadilhas que atrapalhavam.

Trinta minutos correndo sobre aquela passarela e embaixo de um sol escaldante a amazona de ouro chega num lugar bastante inusitado. Ela viu um grande portal com o nome "Labirinto da Morte". Ali seria o próximo campo de batalha com total certeza. Mas ela não via nada. Além do portal a continuação da passarela. Contudo quando passou o outro lado ela teve a maior surpresa.

— Isso só pode estar brincando — disse olhando impressionada.

Um enorme labirinto de pedra surgiu na sua frente. As paredes eram bem resistentes. Tinham cerca de um metro de grossura por uns vinte de altura. Haviam cerca de cinco entradas cada qual com seu jeito e estilo. A primeira tinha um tipo de jardim suspenso nas paredes, com plantas trepadeiras e flores. A segunda entrada tinha uma única placa de madeira com a frase "Se entar nunca mais sairá". A terceira não tinha nada de anormal, era simples e acessível. A quarta havia paredes de espelho, muito curioso. E por fim na última tinha uma gôndola, pois se assemelhava muito a Veneza, não havia chão.

— Enfim resolveram aparecer? Preferem arriscar as vidas e ficarem iguais a picolé?

Ela falava com um grupo de soldados que apareceu repentinamente na sua frente. Eles eram mais capangas de classe baixa. Guardavam o labirinto com suas vidas. Jasmine entendeu o recado e com certeza teria que lutar para prosseguir com a missão.