Myhara andava a passos largos levando consigo o jovem Hathor. Ele o segurava pelo braço sem se importar se machucava o menino. Ele tinha raiva do rapaz por ter muitas vezes o humilhado. Era o irmão mais novo da sua senhora e sempre ficava mandando. Agora a sua vingança será feita.

Hathor gemia pela dor que sentia no seu braço direito. Logo saberia o que aconteceria. Foi arrastado para a frente de sua irmã que o olhava com reprovação. O olhar não era de Akmer e sim de Nefertiti a rainha má.

— Você viu o que ele fez comigo? Ele praticamente me agrediu — falou ele com indignação tentando amolecer o coração da mulher, porém sem sucesso.

— Hathor você me decepcionou muito — ela se levantou e foi até a direção dele — Saiu escondido daqui, foi até a Grécia e pediu ajuda aos nossos inimigos em particular Atena. Acha mesmo que irei me preocupar com outras coisas sabendo da sua traição?

— Por favor irmã eu queria o melhor para nós dois. Tem que acreditar em mim — o menino chegou até abraçar a mulher com muito carinho — desde que virou essa Nefertiti nunca mais foi a mesma .

Akmer olhou para o rapaz e viu como era lindo o ver abraçando. Ela não teria coragem de fazer o que estava planejando fazer com ele, entretanto no instante que olhou para Myhara o seu colar brilhou e Nefertiti tomou conta. Viu seu próprio irmão como um inimigo.

— Solte-me! Você ajudou os nossos inimigos, portanto é um inimigo também. Myhara leve-o para o calabouço onde ele vai aprender da pior forma possível a não me desobedecer.

— Akmer não por favor minha irmã! — o garoto a abraçou desesperado e chorando muito — Eu só queria a nossa felicidade, por favor não faz isso comigo. Por favor irmã não faz isso, por favor!

— Vai, tira ele daqui Myhara. Vai logo — a mulher não se comoveu nem um pouco.

Myhara o arrastou nos braços mesmo com o garoto se contorcendo muito. Ele ria, é claro que a vontade era de batê-lo, mas já estava satisfeito em atirá-lo na cela. Desceu até o subsolo e praticamente o jogou numa cela úmida e fria. Depois de o fazer trancou o garoto que implorou para não ficar ali. A cada pedido do rapaz era um motivo de vitória da parte dele. Saiu o deixando sozinho.

Hathor olhou em volta e viu apenas um colchão velho, um banquinho para se sentar, uma vasilha que serviria de vaso sanitário e uma bacia de alumínio vazia que era para se banhar quando trouxessem a água. Sentiu nojo e teve ânsia de vomitos. Uma lágrima escorreu pelo seu rosto. Não acreditou que a pessoa que deveria lhe proteger fez isso.

Passos foram escutados pelo corredor da prisão. Eram passos de sandálias. Bem diferente dos de Myhara que eram passos de sapatos da armadura. O príncipe ficou mais tranquilo ao ver de quem se tratava. Um homem que aparentava ter vinte anos, loiro, olhos azuis claros, pele branca. Era forte e trajava uma roupa parecida com roupas de treinamento. Ele olhou para o menino com uma cara de pena. Olhou para os lados e sentou no chão em frente a cela e com as pernas cruzadas.

— Eu soube que você foi preso e resolvi te visitar — falou o homem.

— Só você mesmo para me compreender Pietro. — ele também se sentou sem se importar com o chão — Tentei fazer o melhor para minha irmã e ela acabou me prendendo.

— Mas também você foi procurar logo Atena — o homem cruzou os braços olhando de um jeito chateado, mas inocente — Ela é a nossa inimiga. Você quer desagradar Anúbis o nosso deus? Pelo menos o respeite.

— Ah Pietro Anúbis que se exploda. Eu não estou nem aí — olhou para o mais velho e viu a cara de espanto do mesmo. Hathor percebeu que ali era uma criança mais nova do que ele, por isso essas expressões inocentes por parte dele — Quanto a você Pietro por que resolveu seguir a minha irmã?

— Ah ela foi muito boa comigo. Quando eu era pequeno e morava nas ruas ela estendeu a sua mão e resolvi aceitar ser guardião de Anúbis. É chato ficar naquela casa. Ainda bem que tenho um video game que passo horas e horas a jogar — o loiro coçou a cabeça — se não fosse por isso eu morreria num orfanato lá da Russia.

— Perdeu a infância, mas percebo que ainda age como criança. Cara o destino não tá do nosso lado mesmo. Você é uma boa pessoa Pietro apenas fica se acompanhando com quem não presta.

Pietro ficou confuso. Olhou e piscou com a cara confusa até se lembrar de algo: — Ei eu trouxe isso pra gente brincar um pouco — ele retira de dentro do bolso da calça um baralho — Quer uma partida?

Hathor sorriu para o amigo e aceitou o desafio. Na verdade era uma brincadeira. Pietro era o único amigo que ele tinha ali. Pelo menos o distraía da sua real situação.

...

Danyel olhou para a mansão de escorpião e viu que aquilo tudo seria dele. É claro que era como se estivesse trabalhando para cuidar bem daquela casa, mesmo assim gostou da ideia de cuidar da oitava casa zodiacal. Acompanhado do seu ex-mestre ele pôde conhecer o seu quarto. E que quarto.

— Puxa esse quarto é o meu? — perguntou no espanto.

O lugar era tão espaçoso que os móveis ficavam muito longe um dos outros. A cama era sempre de casal e bem espaçosa. O chão era mármore puro além de móveis da cor marfim. e um espelho redondo atrás duma cômoda com cinco gavetas. O closet era feito de madeira branca e dava para colocar muitas peças de roupas. Havia também uma porta que dava acesso ao banheiro. Possuía uma piscina com hidromassagem além de uma parte com box para tomar banho pelo chuveiro. Os olhos de Dan ficaram brilhando. Já pensou passar a tarde toda se banhando com uma pessoa em especial naquele ofurô com a água bem quentinha e deixando todos os problemas de lado? Sorriu maliciosamente. Enfim a realidade seria outra. Seiya deu um tapa na cabeça do mais novo que acordou de seus desvaneios e prestou atenção.

— Acorda criança sonhadora. Temos uma missão e Atena pediu para que você fosse comigo.

— Subir de novo? Cara isso cansa — deu um suspiro.

— Vai se acostumando com a sua nova vida, pois não terá muito tempo para ficar se banhando naquele ofurô a tarde toda não. Agora vamos, pois estou louco para saber do que se trata.

"Faltou a pessoa em especial". Este foi o pensamento do jovem cavaleiro. Resolveu seguir o mais velho. Apesar de ser confortável a armadura era um pouco quente. Levou o elmo e saiu da casa.

Jasmine, Kiki, Seiya, Danyel e Sereia foram os convocados pela deusa Atena para uma nova missão. O novato ficou com um frio no estômago por causa que será a sua primeira vez. Eles estavam um do lado do outro. A guadiã de Aquário ficou bem do lado do protagonista. É claro que de vez em quando Dan olhava para o seu lado esquerdo e via aquela máscara inexpressiva. Por um momento Jasmine virou o rosto para o cavaleiro. Depois retornou a posição inicial. Sereia ficou babando pelo escorpiano. Depois que o viu de armadura estava tendo crises de TPV - Tesão Pós Vista.

Todos ficaram atentos e se curvaram quando apareceu a deusa. Logo ela explicou qual seria a missão.

— Preciso que vocês vão para o Egito impedir os planos astutos de Anúbis — ela foi clara e direta quando dava ordens — Há meses algo de muito errado acontece na terra. Esses constantes ataques e agora aquele garotinho. Preciso acabar de vez por todas com Anúbis.

— Dizem que ele tem guardiões bastante poderosos. Não será nada fácil enfrentá-los — falou Kiki bastante concentrado. Dan ainda entreolhava Jasmine. Ela também fazia o mesmo.

— Eu sei disso, mas confio em vocês cavaleiros da esperança. Tenho certeza de que conseguirão concluir esta missão com êxito — disse Saori daquele jeito mais doce do mundo.

— Então vão cavaleiros! Destruam os planos malignos de Anúbis — falou o mestre do Santuário.

Todos assentiram e saíram do templo. Danyel viu Kiki sair rapidamente e quando saiu não o viu mais. Olhou para Jasmine que saía junto de Sereia. Ela deu uma última olhada para o rapaz e se teletransportou com o seu cosmo até o Egito. Sereia foi junto. Seiya o chamou para ir junto a ele. Os dois usaram seus cosmos para teletransportarem dali. Dan parecia estar voando entre as estrelas. Era sempre guiado pelo cosmo de Atena então já sabia para onde ia.

...

Darkyan observava a vista da região sobre o telhado de uma casa. Ele percebeu a presença de uma pessoa. Era alguém que nunca havia conhecido. Percebeu que era uma mulher trajada com roupas escuras.

Nêmesis andou sobre o telhado até chegar perto do menino. Ela o observou por bastante tempo. O reconheceu de imediato. Deveras ali em sua frente era alguém muito superior. Mesmo sendo uma deusa de classe baixa ela era muita mais forte até mesmo que os caveleiros de ouro. Agora aquele menino era centenas de vezes mais forte.

— Você deve ser o Darkyan?

— Sim. Como sabe o meu nome?

— Perguntei com as pessoas da vila. Desculpa se te assustei. É que eu precisava falar contigo urgentemente. Posso sentar perto?

— Pode sim — falou de um jeito frio. — Qual o seu interesse em mim. Não curto mulheres mais velhas já vou logo avisando.

— Serei direta. Preciso da sua espada para libertar algumas coisas importantes que estão aprisionadas. Mesmo não entendendo muito deixa eu te explicar...

Horas depois...

— Não acredito que você enrolou o Ha... quer dizer o tal Darkyan. Impressionante. Disse que seria para uma causa boa. Sua cínica.

— Poder de persuasão meu amor. Agora vem que estou fervendo — ela ia o beijando, mas foi impedida por ele — O que foi?

— Sou um homem casado. Respeite o seu colega Mikenos aqui — disse enquanto mostrava a aliança no dedo.

— Que conversa de Mikenos. Besteira Eros. Deixa de ser besta. Você não precisa fazer esse teatro para mim não. Eu sei muito bem que come aquela vadia com nojo não é? — ele começou a gargalhar dela. Os dois estavam no apartamento que a mulher alugou com as economias que roubou de um banqueiro. Depois o matou — A propósito fomos enviados para cá sem os nossos totais poderes. Temos que ralar. Ah sim continue comendo aquela humana imunda e nojenta. Dê prazer a ela bem muito enquanto o receptáculo não está pronto. Por fim descarte-a.

...

Os cavaleiros chegaram na cidade dos mortos. Assim que chegaram viram uma imensa muralha com escritas árabes. Esperaram um pouco e entraram. Não havia nada além das muralhas além de deserto e um rio parecido com o Nilo, contudo era raso. Eles atravessaram a pé mesmo observando se houvesse algum movimento estranho.

— Isso aqui é estranho demais. Eles já eram para ter nos atacado — comentou Seiya atento.

— Olhem aquilo — Kiki havia visto uma grande escada.

Os cinco subiram até chegarem ao topo. Ficaram impressionados com o que viram. Vários monumentos parecidos com templos e uma única passarela. Sem ela era impossível passar visto que tinha um abismo embaixo que tinha pontas afiadas. Era fatal se caíssem. Passaram pela passarela e chegaram em frente a uma pirâmide parecida com a de Gizé. A única diferença era que havia uma porta para entrar. Eles entraram nela. Sentiram algo de errado. Alguma força oculta fez com que eles fossem perdendo as forças gradualmente.

— O que está acontecendo? Parece até que as minhas forças estão se esvaindo — disse Danyel um pouco assustado.

— Estão sim. Porque este templo é o templo de Myhara de Ramsés. O primeiro guardião de Anúbis. Vocês caíram na armadilha da maldição. Agora daqui por diante só lutarão com apenas metade de seus poderes.

Os cavaleiros olhavam para Myhara que estava perto de um tipo de tribuna de pedra. O lugar era totalmente feito de pedra. A saída era do outro lado, mas o guardião maligno se encontrava no meio. Ao seu lado havia dois sujeitos estranhos. Eram guardiões de segunda categoria.

Myhara olhou para os cavaleiros crente de que a luta estava ganha. É claro que cinco contra um ainda era uma desvantagem, porém por ele os intrusos não iriam muito longe.