Começamos a andar pelo Central Park e de longe vi uma grande van branca estacionada. E não era um simples motorista que estava atrás do volante. Era um homem alto e loiro, mas tinha milhares de olhos azuis espalhados por todo seu corpo.

Por que os imortais não se conformavam com a normalidade?

Chegamos na calçada e o motorista abriu a porta da van. Eu entrei, e logo depois de mim Nico e o sátiro, então a porta se fechou.

- A Drew não vem? - perguntei reprimindo uma risada.

- Ela vai no banco da frente com Argos, o motorista.. Ela acha que você representa uma ameaça para o seu 'pequeno e frágil corpo'. Resumindo: ela tem medo de você. - Grover disse.

Não me perguntem por que e nem mesmo se Drew escutou, mas eu comecei a rir tão alto que Nico ficou surpreso.

- Você tá bem Sam? - ele perguntou.

- Sim, estou - disse recuperando o fôlego.

- O.k. - Grover disse quando parava de rir -, logo estaremos no acampamento Samantha, espero que você seja reclamada logo.

Fiquei em silêncio por um tempo. E se meu pai simplesmente não me reclamasse? Seria vergonhoso. Será que ele se lembraria de mim, da minha mãe? Será que ele se importava?

Aquilo realmente me afetou. Parecia que meu corpo estava na van, mas minha alma estava lá no Salão de Julgamentos, ouvindo todas aquelas verdades escancaradas e vendo novamente as cenas das quais eu me envergonhava infinitamente. Senti meu coração se comprimindo então Nico, que até o momento estava falando algo em "particular" com Grover (algo a meu respeito), veio se sentar do meu lado.

- Sam - ele começou. - Aconteceu alguma coisa? Você está pálida.

- Não - menti -, estou bem Nico. Só estava... pensando.

- Pensando, ou lembrando? - ele concluiu.

- Bem, os dois. Acho que eu deveria te contar algo.

- Então... está esperando o quê? - ele abriu um breve sorriso.

Contei a ele sobre a visão que tive no Pavilhão de Julgamentos, sobre como eu havia machucado Judy. Ele ouvia a tudo com uma expressão séria, porém não me interrompeu em nenhum momento.

Resolvi que não contaria a ele sobre minha conversa particular com seu querido papai, mas não podia esconder isso por muito mais tempo.. Somente pensei que não fosse a hora certa.

Eu pensei que ele fosse se assustar ou pensar que tipo de ser horrível eu seria, mas ele simplesmente assentiu e fez-se um longo silêncio.

Depois de um tempo a van estacionou na encosta de uma colina.

- Bem, eu acho que sua conversa com Quíron vai demorar mais um pouquinho - Nico disse quando começou a subir a montanha em direção à luta que se concentrava perto de um pinheiro em seu topo.

Meu sangue gelou quando vi do que se tratava, meu corpo recusou correr ao combate desarmado, até que senti minha lâmina pesando em minhas mãos e uma confortável segurança. Então avancei rapidamente.