É difícil você acabar de voltar das nuvens com a ideia de que se tem apenas quatro minutos para sair do Mundo Inferior.

- Sam, precisamos ir - Nico disse se afastando.

Começamos a correr até chegarmos perto de uma parede. Eu não havia percebido que até aquele momento estávamos de mãos dadas, até que ele soltou para examinar a parede.

- Quanto tempo temos?

- Uns dois minutos.. - ele completou rapidamente.

Então começou a murmurar algumas palavras, novamente em uma língua estranha, mas eu consegui entender pequenas palavras. Portal. Abrir. Rápido. Morte. Não entendi mais nada.

Nesse momento ouvi um grande estrondo se ecoando pelo Sub Mundo e um tremor percorreu todo o meu corpo. O tempo havia acabado e Hades poderia vir com força total para me matar. Legal!!

- Consegui! - Nico disse.

Quando me virei para ele havia uma passagem na parede. Pensei que só seria possível passar um de cada vez. Então ele completou rapidamente.

- Você primeiro Sam, rápido!

Tentei discutir, mas ele me empurrou rápido para dentro.

Senti a parede se fechando.

- Nico!! Venha, rápido - gritei desesperada.

- Você consegue sozinha, com ou sem minha ajuda. Lembra do que você disse? - ele continuou.

- Mas.. eu... eu PRECISO de você aqui Nico, eu não sei o que fazer. - A parede se fechou e eu me amaldiçoei por ter dito aquilo.

Comecei a andar no escuro e as paredes coladas ao meu corpo. Em pouco tempo avistei uma luz tão reconfortante que corri ao seu encontro aos tropeços.

...

Eu nunca havia saído do Brasil, mas eu simplesmente sabia onde eu estava. Como não saberia? New York.. Cidade dos sonhos e dos negócios.

A saída do túnel caída diretamente no Central Park e a luz do dia me deixou cega por um momento.

Rezei para que Nico estivesse bem, e que ele chegasse logo. Que merda! Por que as pessoas só me escutam quando eu falo besteira?

A voz de Hades ecoou em minha cabeça me advertindo sobre Nico..Parece que sempre que eu estou feliz as coisas simplesmente resolvem se voltar contra mim, como se dissessem "Opa!! Ela está feliz, vamos acabar com a vida dela e fazer tudo dar errado. Vai ser divertido!"

Nesse momento um barulho forte veio das árvores e ouvi galhos se quebrando. Meu sangue gelou e lembrei que a arma maldita não estava comigo, novamente.

Um menino saiu das árvores, mas ele não era nem um pouco normal. Como alguém podia ser metade bode? Junto com ele uma menina de cabelo comprido e pretos totalmente arrumado, usando uma camiseta laranja e uma maquiagem perfeita, como se tivesse levado horas para se arrumar.

- Samantha? - o menino-bode falou.

- Quem é você? - nesse momento somente agradeci em silêncio por saber inglês tão bem. Falar com Nico era fácil, mas haviam mais pessoas nesse momento, e eu conseguia falar fluentemente! Um muito obrigada especial às músicas em inglês que eu ouvia.

- Eu sou seu sátiro, e ela.. - ele pigarreou.

- Eu me apresento - disse a menina esticando o braço para me cumprimentar. - Eu sou Drew Tanaka. Conselheira chefe do chalé de Afrodite. Você já foi reclamada docinho? - ela completou com falsa simpatia.

- Hã.. não, eu acho.

- "Eu acho" - ela riu. - Que gracinha. É, com certeza não, certo?

- Bem - continuou o sátiro -, meu nome é Grover. Vamos te levar para o Acampamento o.k.?

- O.k.

- Mas cade Nico? - ele continuou olhando em volta.

Resumi para ele o que havia acontecido lá embaixo, até mesmo as partes em que eu quase morrera e o mergulho no rio. Pulei a parte do beijo, porque seria constrangedor demais narrar aquilo. Quando eu terminei de falar ele estava branco feito cera.

- Você o que?– Drew disse inconformada. - Como assim mergulhou no Estige? Como assim uma espada mágica? Bem, eu só acho que a única coisa real aqui é a sua imaginação fértil querida.

- Não Drew - eu disse. Odiava meninas assim, mas tinha que me conter. - É pura verdade.

- Ahaaaaam - ela disse ainda duvidando.

Me empurrei para sua frente e ela recuou.

- Meninas, calma! - Grover disse intervindo. - Drew, não duvide. E Sam, por favor solte o braço dela.

Fiz o que ele pediu e tentei controlar minha vontade de enterrar a cabeça dela no parque como uma estúpida árvore-conselheira do chalé da deusa da beleza. Ficaria bem legal.

- O Nico está lá embaixo ainda. Você resolveu se salvar e deixar seu namoradinho para ser morto pelo próprio pai? Bravo!

Serrei os punhos e Grover me segurou.

- Não é culpa dela Drew - ouvi uma voz familiar atrás de mim. - Eu não deixei escolha.

Nico se encontrava ali, bem ao lado do túnel que agora estava fechado. Eu dei um breve sorriso quando o vi e ele retribuiu.

- Aww que belo! Ele se salvou e volta para defender sua amada. Alguém tem uma câmera ai?

- Drew, chega o.k.? Se controle - aparentemente nem mesmo Grover queria a companhia dela. - Agora vamos, a van nos espera.