Enquanto eu andava, tentei afastar todos pensamentos que me levavam ao Nico.

Seria ele meu ponto fraco?

Já havia andado mais ou menos uns vinte minutos até que cheguei a um lugar que me deu calafrios.

Parecia ser uma caverna. Era toda preta por fora mas escondida algo ainda mais maligno e sombrio. Eu sabia que não deveria entrar lá, mas uma força maior que eu, me puxou para dentro.

...

Aquele lugar me fez lembrar algo como um reformatório combinado perigosamente com um tribunal.

Meus joelhos fraquejaram e eu pude ouvir vozes, algo do passado que tentava me dominar, e estava conseguindo.

...

Flashback

Eu estava no refeitório da minha antiga escola e podia ouvir as milhares de vozes ao fundo dos alunos rindo. Olhei para a frente e vi algo que me fez tremer.

Judy era uma menina linda, bem, por fora apenas. Uma típica líder de torcida popular, mas sua alma não era nem um pouco esportiva.

Ela olhava para mim de um jeito ridiculamente superior. E falava coisas que, de uma forma ou de outra, me atingiam como facadas no peito.

- Sua idiota mal-amada. Seu pai abandonou você e sua mãe por sua causa! - ela ria histéricamente enquanto dois meninos seguravam meus braços. - Sua anormal, patética e burra. Ainda não aprendeu a lição? Os mais fortes prevalecem, é a lei. - seu sorriso irônico fazia meu sangue esquentar e meus olhos ferverem de fúria; eu não queria conceder a ela o gosto de me atingir, eu havia prometido a mim mesma e à minha mãe, mas eu já não me controlava mais.

Uma força sobrenatural pesou em meus braços e empurrei os dois valentões para o lado. Judy parou de me bater e me fitou atônita. 

Senti a adrenalina em minhas veias, e segurei seu frágil pescoço em minhas mãos e a levantei. O refeitório se calou e só se ouvia minha voz.

- Essa foi a última vez que você brinca comigo - sua pele cada vez mais pálida. - E vai se arrepender por cada palavra - seus olhos perdiam o foco. Com um empurrão ela foi de encontro à parede oposta da cantina, a uns dez metros dali. Então seus amigos me seguraram e deixei que me punissem pelo que eu acabara de fazer.

Judy se esparramava sangrando, pálida e quase morta, no chão do refeitório e a culpa era minha.