- Vamos lá, senhor Matheus, certo? – O professor perguntou incerto.

- Sim! – Ele confirmou e se virou para frente da sala – Matheus Mesquita – Ele sorriu fazendo a sala ganhar murmúrios nada baixo das garotas.

- Sente-se, por favor, meu jovem – O professor cortou o seu barato.

A aula por ser começo de ano foi revisão do ano passado, como era aula de geografia estávamos vendo novamente os fatores que contribuíram para a indústria tardia em alguns países, fácil! História, geografia e português eu domino bem.

Tínhamos duas aulas seguidas com ele e depois foi história, que é minha matéria favorita, como todas eram aulas que eu gostava o tempo havia passado rápido, o sinal tocou nos dando as merecidas meia hora de intervalo.

Arthur se aproximou junto com Marina, enquanto ambos esperavam eu guardar meus materiais para irmos para a visão do inferno, vulgo refeitório.

- La, seus pais falaram com você sobre esse aluno novo? – Thur me pergunta.

- Falaram, mas, eu já não gostei dele! – Digo emburrada, lembrando-me da cena antes de entrar na sala.

- Vocês se falaram? – Ma pergunta confusa.

- Antes de entrar na sala eu esbarrei com ele no corredor e ele já veio com “gatinha” do tipo pegador, daqueles que eu não suporto – Reviro os olhos.

Thur e Ma começaram a rir desesperadamente, eles sabem que eu não suporto esse tipo de gente.

Seguimos o caminho rindo e comentando da frase: “Ontem eu estava ansiosa para vir para escola e agora eu já quero minhas férias volta!”.

O intervalo passou voando, diferentemente das aulas de matemática e ciências que o seguiram.

Cheguei a casa e já fui ligar o computador, pedi para Greice esquentar o meu almoço e fui tomar banho, sou louca por banhos quentes e dessa vez não foi diferente.

Coloquei uma roupa qualquer de casa e fui responder algumas ask’s.

“D-reamOver, como eu faço para esquecer o babaca do meu ex?”

“Meu bem, eu não vou mentir, dizer que é fácil, pelo menos o que ajuda é escrever em um papel um pouco da história de vocês, desabafar o que levou o fim, dividir problemas ajuda e bons amigos facilitam!”

“Eu gosto de um idiota, o que eu faço?”

“Faça uma lista de quanto idiota ele é e uma o que você gosta nele, se a segunda for muito maior, quem sabe mesmo ele sendo um idiota, babaca ele não é o seu idiota, o seu babaca?”

- La, tá na mesa! –Greice apareceu no meu quarto.

- Ah, ok, valeu, estou indo – Travo o computador para ficar na parte eu precisa de senha para fazer qualquer coisa.

Almocei, fiquei enrolando um pouco na mesa, comi bolo e joguei-me no sofá. Liguei a tevê e deixei em padrinhos mágicos, posso ter quatorze anos, mas eu amo esse desenho.

- Larissa! – Minha mãe esbravejou. – Esse lugar tem que estar perfeito para hoje à noite, nada de bagunçar! – Ela adverte. – A propósito sua irmã não vem, ela tem um cursinho até as dez e depois vai dormir na cada de alguma amiga, depois vá escolher sua roupa, nem tão chique nem tão casual – Ela fala.

- Para que essa produção toda? – Pergunto sem entender.

- Faz muito tempo que eu não a vejo, quero fazer algo especial, sua curiosa – Ela saiu andando.

- Então tá né – Murmuro para mim mesma irônica.

Vou para o meu quarto escolher uma roupa, um short azul Klein, um pouco desfiado nas pontas, com uma blusa rosa com detalhes pretos, do tipo transparente social, que está na moda hoje em dia, com uma sapatilha preta, por incrível que pareça eu não sou patricinha, deixo esse cargo para a minha irmã, detesto salto, detesto maquiagem, bolsas, muito acessórios, só os uso em casos extremos ou de necessidade e minha família parece que não entende isso e quer me transformar em uma mini Laura, minha irmã. Pois é, já deu para perceber que eu sou totalmente o oposto de família perfeita que meus pais gostariam de ter.

Porém para algumas opiniões desnecessárias uso aquele famoso tweet:

“Se sua opinião fosse um Iphone 5, eu até aceitava.”

Enfim... Deixei a roupa em cima da cama e fui ver Jogos Vorazes na netflix, era a décima terceira vez que eu via esse filme, então às duas horas seguintes passaram rápido, logo minha mãe apareceu dizendo que era bom eu começar a me arrumar, assenti e fui para o banheiro.

Saí do banheiro e coloquei a roupa enquanto no espelho eu checava se estava pelo menos aceitável. Sentei-me na cama e fiquei trocando mensagens com a Ma.

“E aí esperando o senhor incrível pegador?”

“Cara, já to me arrependendo de ter te contado isso, tu só faz rir da minha cara”.

“Mas, qual é, esse jantar vai ser bastante engraçado com vocês dois no mesmo ambiente fora da escola. Te amo la”.

“Haha, to morrendo de rir, só que não, eu sei que tu me ama, dois beijos pro recalque”

“Boa sorte, você vai precisar!!”

“Pior que vou mesmo”

Ouço o interfone e vou atendê-lo.

- Alô? – Pergunto.

- Larissa? – O porteiro pergunta.

- Ah, seu Miguel – Sorriu, mesmo sabendo que ele não pode me ver.

- Posso mandar a família subir? – Ele pergunta.

- Pode! – Confirmo e desligo o telefone.

- Mãe! – Gritei. – Eles tão subindo – Aviso-a.

Vou para o meu quarto para não deixar a bagunça tão em evidência.

Escuto o som da fechadura e de vozes, mando uma mensagem coletiva para Arthur e Ma.

“Me salvem!”

- Larissa, venha cá – Minha mãe me chama.

Vou em direção à sala com passos de alguém que tá indo ver a morte.

- Você? – Matheus pergunta.

- Eu – Respondo bem cínica.

- Vocês se conhecem? – Um menino de aparentemente quatro anos perguntou.

- Somos da mesma sala – Matheus responde ainda olhando para mim.

- Enfim – Minha mãe percebeu o clima estranho.

- Olá – Sorri para a amiga da minha mãe – Sou Larissa – Apresento-me.

- Oi Larissa, chamo-me Sophia – Ela se apresenta – Esses são meus filhos, Matheus e Thiago – Ela aponta para cada um e o pequeno sorri quando escuta seu nome – E esse é meu marido, Vitor – Ele sorri.

- Oi garotos, eu sou a Fernanda, estudei com a mãe de vocês na faculdade e esse é o meu marido, Leonardo, a outra filha está tendo aula para vestibular – Minha mãe diz.

- Ah, meu Deus, a Laura, já está no ano de vestibular? – Sophia diz se assustando.

- Já – Minha mãe ri se sentando no sofá, indicando para todos fazerem o mesmo.

- Ainda mantém contato com a Patrícia? – Sophia perguntou, Patrícia é a mãe do Arthur e minha madrinha.

- Diariamente, ela e o Alexandre se casaram, tem dois filhos, tem o Arthur que é o melhor amigo da La e estuda na mesma sala dela e do Matheus e tem o Henrique que é da idade da Lau – Minha mão diz.

- Até para engravidar foi perto – Todos riem do comentário da Sophia. – Cadê eles? – Ela pergunta.

- Nem sei – Minha mãe dá de ombros.

- O Arthur falou que eles iam para o aniversário da prima mais nova deles – Digo.

- Hm... – Minha mãe tira onda.

- Vocês falam de mim e do Thur, mas esquecem da Lau e do Rique – Dou de ombros, tenho a impressão que aqueles dois namoram escondido.

- Enfim... – Minha mãe me corta – Vamos ter uma conversa ali na varanda sobre as novidades, vão se conhecendo, porque agora o “grupinho” seu, do Thur, da Lau e do Rique vai aumentar – Minha mãe ri.

Pera! Como assim o “grupinho” vai aumentar? Eu vou ter que aturar esse idiota metido a o pegador até fora da escola? Obrigada mesmo aí sorte inexistente.