Mais um dia dessa escola, não sou daquelas pessoas que odeiam a escola, mas, vamos combinar, se a matemática sumisse do meu boletim, eu não iria reclamar.

Cheguei a casa e – como sempre – já fui ligando o meu computador digitando brevemente a senha e deixando o Windows fazer o resto.

Acho que me esqueci de alguma coisa! Ah, claro! De me apresentar, meu nome é Larissa, Larissa Alencar Leal, tenho quatorze anos, sou de Recife, capital Pernambucana. Minha vida não tem nada de interessante para que eu possa contar. Sobre mim, vocês vão aprendendo aos poucos.

Quando finalmente o meu computador exibiu a montagem de cinco fotos dos meus idiotas preferidos, eu sorri.

Cliquei repetidamente no botão Google Chrome e assim que o mesmo se abriu revelou minha página inicial: Tumblr.

Tinham três novas ask’s.

“Querida D-reamOver preciso de ajuda! Acho que estou gostando de alguém, tem como saber isso?”

Respondi pacientemente: “Querida (o), tem sim, tire dois minutos do seu dia, pare tudo o que estiver fazendo e lembre-se dessa pessoa, se só de lembrar-se dela já lhe deixa com um sorriso bobo, você está perdendo seu tempo em duvida.”.

“D-reamOver, estou apaixonada pelo meu melhor amigo e agora?”

“Caso clássico do melhor amigo, simples, abra o jogo, ele não vai ser idiota o suficiente para acabar uma amizade verdadeira por causa disso, e se ele corresponder melhor ainda, mas, uma dica, vá introduzindo aos poucos o assunto e dando algumas pistas, depois me conta!”

A terceira me fez ficar muito feliz.

“D-reamOver, eu gostaria de agradecer, em nome de todos, pelo que você faz pela a gente”.

“Amor, eu que agradeço, não existe felicidade melhor do que ajudar aos outros com o que se tem em seu alcance”.

Acho que eu esqueci-me de falar sobre isso. Normalmente eu sou boa em dar conselhos para as minhas amigas, quando eu entrei no tumblr e vi aquele pessoal todo deixando expostos seus sentimentos, eu resolvi que ajudaria e no D-reamOver as pessoas me pedem conselho.

Várias pessoas me perguntam se eu acredito no amor, sinceramente, eu não sei, pelo menos eu ainda não o encontrei.

- Larissa Leal! – Eita, chamou até o sobrenome.

- O que foi mãe? – Pergunto enquanto a procuro pela casa.

- Que mania mais chata, menina! Mal chega a casa e já vai direto para esse computador! – Ela reclama.

- Pelo menos aqui as pessoas gostam de mim pelo o que eu realmente sou, não importa aparência, classe social e tudo isso faz a amizade se torna a mais verdadeira possível – Exponho minha opinião.

Não que eu seja excluída por nenhum desses quesitos, uma das coisas que me irrita é que eu sou mediana em absolutamente tudo, aparência, inteligência, nos esportes, até na classe média alta eu me encontro, mediana em tamanho e também de corpo.

A única coisa que eu realmente me saio bem é no D-reamOver, mas que eu manto em segredo, apenas quem sabe é Arthur, meu melhor amigo, nossas famílias já eram amifas então nascemos juntos e há algum tempo ele foi para a minha sala do colégio e Marina, minha melhor amiga, ela é bem louquinha, mas me entende como ninguém e principalmente me anima quando eu mais preciso.

Eu acho que ela é afim do Arthur, mas ela sempre nega rapidamente, suspeita.

Vou para o banho ao som do meu Take Me Home nas alturas.

- Yeah, yeah, and let me kiss you – Canto dançando, fazendo meu show diário no banheiro.

Vou enrolada na toalha para o quarto e encaro meus cinco pôsteres dos meus idiotas, que atendem também por Harry Styles, Liam Payne, Louis Tomlinson, Niall Horan e Zayn Malik.

Que falam nos vídeos em que eles postam “Hi, We Are One Direction” naquele sotaque enlouquecedor como se as pessoas que vão ver não fosse fãs dele, mas tudo bem.

Terminei de me arrumar penteando meus cabelos enquanto rodava pelo quarto, joguei a escova em cima da cama e fui almoçar, meu pai estava trabalhando, minha irmã, como sendo ano de vestibular dela ela se desdobrava para estar em todos os lugares quando precisava, as aulas do colégio acabam de uma e quinze e as do cursinho do outro lado da cidade de duas horas começam, pois é, ela mal passa tempo em casa.

Meus pais juntos tem um escritório de advocacia, focalizado em direito trabalhista. Minha irmã sempre foi a inteligente da família que nunca decepciona já a Larissa? Só passa na recuperação em matemática.

- Larissa! – Minha mãe estralava os dedos na minha frente tirando-me do meu devaneio.

- Como eu ia dizendo todo mundo está convicto que sua irmã vai passar – Ela comemora.

Outra grande diferença minha e da minha irmã, ela se desdobrava para não decepcionar ninguém e tenta fazer o que todos esperam dela, ser a melhor,

Desde pequena deixei bem claro que não iria fazer nada só para agradar alguém, quando eu realmente comecei a ficar boa no violão meus pais queriam que eu tocasse violão para os amigos deles, mas nesse sentido eu sempre fui tímida. Meu pai comprou um novo violão para mim que ele foi pagar já de arrependendo alegando que eu não toco para ninguém, só que quando minha mãe me contou isso eu acabei explodindo com ela.

- Mãe, eu não sou do tipo que vai fazer isso só para agradar vocês, eu toco violão porque é algo que eu gosto e não para vocês ficarem dizendo para os amigos, ah minha filha toca – Desabafei e fiz uma péssima imitação da voz dele.

Mas enfim... Minha vida é assim, confusão ali, decepção por aqui, porém, como diz uma música que eu gosto.

“Everything is gonna be alright”

Meu celular apitou e eu comecei a procura-lo no quarto.

“Tem alguma tarefa ou algo do gênero para fazer pirralha?”

“Não idiota!E pirralha? Você só é quinze dias mais velho vovô, aliás em algum ano algum professor já passou tarefa no primeiro dia de aula? Só se foi na sua época de Rei Arthur da távola redonda né vovô?”

“Haha, foi tão engraçado que eu esqueci-me de rir, comediante, tá vendo até nome de rei eu tenho, desculpa sociedade, sou demais!”

“Idiota”

Essas mensagens e apelidos carinhosos eram constantes entre nós, depois de responde-lo joguei meu celular em qualquer canto e tentei me concentrar em escrever textos para o tumblr, quando eu ia começar a digitar minha mãe passa pela porta do quarto.

- Ah, amanhã, vai entrar um garoto novo na sua sala – Eu fiquei a encarando com cara de virou advinha agora é? – Não, não virei advinha – Ela revira os olhos como se estivesse lendo meus pensamentos – Uma antiga amiga da família, que se formou comigo e com seu pai e os pais do Arthur – Ela esclarece.

- Mas as aulas começaram ontem – Digo confusa.

- Eles se mudaram a pouco tempo e estavam arrumando as coisas, seja legal com ele e de noite eles vem jantar aqui – Ela saí do meu quarto.

Eu consigo fazer amizade fácil a não ser que ele faça o tipo de pessoa que eu odeio:

*Falso

*Metido

*E que se acha

*Egocêntrico

Esses são os quatro tipos de pessoas que tem meu ódio eterno.

Desisti da ideia do texto, algumas frases já bastam.

“Amizade, sete letras, eu podem se tornar o bem mais precioso de algumas pessoas, basta encontrar a verdadeira”.

É verdade, já quebrei muito a cara e perdi tempo com pessoas que não valiam a pena.

“Não pronuncie um “Eu vou estar aqui para tudo e sempre” se no primeiro problema você já for desaparecer”

“Detesto perder amizades, mas se você tiver errado e eu certa, se eu te procurar e pedir desculpas isso não vai ter uma segunda vez”.

Deixei a página aberta e comecei a ficar com tédio, entrei no site de uma das minhas escritoras favoritas, Paula Pimenta, procurei notícias de quando iria ser lançado o segundo livro da best-seller “Minha Vida Fora de Série” entrei no twitter, fiquei lendo um pouco das novidades e voltei ao tédio inicial.

Joguei-me na cama e peguei um daquelas bolinhas pequenas e fiquei jogando-a no ar e pegando-a, a tarde passou bem tediosa e sem graça, passei-a dormindo, qual é, sou preguiçosa.

Acordei pelo barulho do meu pai chegando com a minha irmã em casa, eles foram tomar banho enquanto minha mãe pediu para Greice, a “secretária” do lar fazer as coisas, pouco tempo depois Greice bateu na porta do meu quarto avisando que o jantar estava pronto.

Fomos comer e para variar, só que não, estávamos falando de vestibular, mas, sem problemas, já me acostumei.

Coloquei meu pijama que na regata havia escrito “I Love Sleep” tão eu, peguei meu headphone e coloquei na minha lista denominada domir.

Acordei com Greice me cutucando dizendo que estava na hora, me levantei na maior preguiça e me arrastei para o banheiro, sorte que era a porta do lado, liguei o chuveiro e coloquei a mão embaixo checando a temperatura da água, joguei-me em baixo da mesma deixando a água quente formigar na minha pele, fiz todas as minhas higienes, penteei o cabelo e coloquei a farda, triste.

Sentei-me na cama e coloquei meu tênis e amarrei os cadarços, foi tomar café da manhã, tomei meu precioso achocolatado e fui para o sofá esperar minha mãe e minha irmã.

Pegamos um longo trânsito na praça do Parnamirim, entrei no colégio quase voando, bem pertinho da sala senti meu corpo se chocando com algo, todos os meus livros foram parar um em cada lado.

- Arght! – Resmunguei. – Logo agora? – Reclamei irritada.

- Relaxa gatinha – Escuto uma voz acima de mim, levantei a cabeça e me deparei com o dono de um olho castanho que brilha mais que tudo, o cabelo da mesma cor que o olho e na frente como um topetinho, ele tinha um sorriso enlouquecedor no canto dos lábios – Eu ajudo – Ele diz se abaixando e começa a me ajudar.

- Gatinha um cassete – Reclamo irritada. – Idiota! – Sussurro.

De vez em quando ele soltava uma piadinha maliciosa, idiota! Bonito, mas um idiota metido a pegador, classificado como um dos tipos de pessoas que eu odeio.

Depois de arrumar tudo murmuro um obrigada e entro na sala com ele em meu enlaço, reviro os olhos.

- E esse é o novo aluno, turma – O professor indica o idiota.

Não é possível!