Beauty And The Beast escrita por Annie Chase


Capítulo 50
Sempre.


Notas iniciais do capítulo

Bom meus amores, hoje eu tenho muito para falar aqui. Primeiro devo dizer que esse capítulo é dedicado duas vezes à Sil chase everdeen que recomendou minha estorinha e vai viajar -por isso o capítulo de hoje. Bem queria logo avisá-los que estamos chegando ao final e que é bom vocês reverem os detalhes, o capítulo de hoje tem muito sentimentalismo, porque é tipo assim que eu estava hoje. Com inspiração na música da tia Taylor Swift -Back to December (porque eu adoro ela). Sugiro também vocês reverem os capítulos onde temos Positena, tudo bem? Boa leitura.



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Pov: Annabeth.

Finalizei minha carta, se por um lado eu me sentia mais leve por tê-la escrito, continuava sentindo meu coração acelerado com a ideia quase absurda de pode enviá-la para Percy. Eu não sabia, de fato, onde ele estaria agora, e era bem verdade que esperava com todas as minhas forças que ele estivesse bem. Silena estava certa, com o tempo aprendi a não me surpreender mais com isso. É bem verdade que costumo sentir até mesmo inveja dessa admirável "sabedoria" que ela vem demonstrado, em parte porque gostaria de ser assim e em parte porque sentia falta da época em que eu poderia ser considerada sábia -algo me diz que minha mãe nada se orgulha de mim agora, quem pode culpá-la, afinal?

Parei de merecer o orgulho de minha mãe quando me deixei levar pela intensidade do sentimento que tenho por Percy e com certeza parei de orgulhar meu pai quando tomei todas as decisões erradas. Pode parecer besteira, mais dentro do corpo do homem que aprendi a chamar de pai, ainda vejo o homem que pelo menos cuidou de mim quando menina, ainda vejo aquele que quis o meu melhor, apesar de tudo. Gostaria mesmo de tê-lo de volta. Antes eu parecia concordar simplesmente que minha família mortal detestava-me, com minha madrasta nunca pude contrariar a afirmação, mas meu pai... Bem, era um caso diferente.

Agora eu sei que ele me odeia, pois simplesmente não é mais meu progenitor que naquele corpo habita. É outro ser. Um ser que me quer morta, mais algo ainda o impede de tocar em mim. Nunca mais o vi, em presença, de fato. Ele está sempre na casa e sinto-me sempre observada, mas nunca estamos no mesmo cômodo e quando isso raramente acontece, em breves momentos, sinto como se ele fosse me atacar. Gostaria apenas de saber quem e por quê? Não era, em suma, pedir muito. Ou será que era? Pois nenhuma resposta foi concedida a mim e só o que restam são as dúvidas e os questionamentos.

Olhe só esta carta. Ela é meu grito desesperado por ajuda.

Batidas na porta tiram toda a minha atenção, é minha madrasta gritando sobre alguém estar me esperando na sala de estar. Deixo meu quarto em passos pesados e me deparo com o Conde Charles sentado inquieto em um dos muitos divãs colocados para as visitas.

–Charles! -exclamei sorrindo ao vê-lo, principalmente depois de saber o que acontecera com Silena, meu carinho e simpatia por ele só aumentavam. -Ao quê devo a honra de sua visita?

–Srta. Chase... -eu o repreendi com um olhar. -Ah, desculpe, Annabeth. -se corrigiu -Podemos conversar por um instante, a sós?

–É claro. -o levei para a sala de desenho de minha casa, um lugar confortável onde não seríamos perturbados.

–Annabeth, é bem certo que deva saber que antes que eu lhe conte o que vim lhe dizer, precisa saber que eu sinto muito e que não queria que as coisas acontecessem dessa forma e... -ele começou a dizer e, involuntariamente, comecei a rir. Ele parou de falar. -O que aconteceu? -perguntou.

–Charles se veio até aqui para desculpar-se pelo beijo que deu em Silena esta tarde, pode parar aí mesmo. Eu já sei. -eu disse e ele me olhou desesperado.

–Deuses, sinto muito que tenha tomado conhecimento sobre isso por terceiros, eu juro que queria eu mesmo lhe contar para que não tenham mal entendidos...

–Charles, acalme-se. Por favor! Eu já sei, Silena veio até aqui e me contou o que aconteceu e a reação desesperada dela me lembra muito a sua. Mas como disse a ela, devo também lhe informar que isso em nada me incomoda. De fato, sinto-me ofendida apenas pelos dois acharem que eu ficaria zangada com algum de vocês. -eu disse e ele sentou-se apressadamente em uma cadeira perto de minha mesa de desenho favorita.

–Ah, então não vai romper o noivado? -ele perguntou ainda surpreso.

–Não, mas eu juro que o romperia se pudesse fazer algo sem ele. Você e Silena, para mim, formam um casal perfeito e só vamos continuar com esse compromisso porque preciso dar abrigo a esta criança e você precisa desembolsar logo sua fortuna. Depois que ambas as coisas acontecerem, eu juro que podemos pedir a anulação e você poderá cortejar Silena do jeito certo.

–Annabeth Chase! Você é a mulher mais corajosa e sábia do mundo. Além de compreensiva também! -ele exclamou alegremente, me abraçando forte.

–Quem dera suas palavras fossem verdadeiras, mas me alegro com elas. Você e Silena merecem o melhor. E posso ver em seus olhos que seus sentimentos por ela são os mais fortes possíveis, estou certa?

–Absolutamente certa. Acho que caí de amores por ela assim que a vi, mas não tive a mínima coragem de cortejá-la e por mais que isso me envergonhe, se o tivesse feito, não poderia ajudá-la agora. -ele disse sorrindo calmamente.

–Sinto ser um peso para os dois. -eu disse de cabeça baixa.

–Você não é, acredite. -ele disse. -Se tem algo no mundo que deva se fazer sempre que for possível, é ajudar quem precisa dessa ajuda. Eu entendo que tudo o que vem acontecendo com você foi obra de outras forças, nenhuma delas controladas por você. O que lhe aconteceu de mais terrível não foi culpa sua, seria uma espécie de pecado do universo se você não tivesse direito a pelo menos uma mão amiga. Bem, acho que estou aqui para isso. -eu o abracei dessa vez, ainda mais forte, ele era igualzinho a Silena -pelo menos quanto a isso.

–Então o universo colocou você no meu caminho? -perguntei.

–Gosto de acreditar que sim. -ele respondeu. -E você está no meu por um motivo também e não por causa, simplesmente, de minha herança. Conheci você para aprender sobre corajem, amor e lealdade. Sem falar que nunca saberia que Silena também sente algo por mim, o que significa que temos uma chance. -ele disso sorrindo como bobo ao chegar na última parte.

–Sim, vocês têm as melhores chances do mundo. -eu disse.

Poderia ter ficado a noite inteira conversando com Charles sobre Silena, mas logo ele teve de partir para cuidar da parte burocrática de nossa união. A pior parte dos meus dias em geral é o quando chega a noite e me lembro que poderia estar aconchegada nos braços de Percy. Olhei mais uma vez para a carta jogada em cima da mesinha de trabalho que eu nunca havia usado para outro fim, se não o de escrever. Olhei para ela até meus olhos se fecharem de tanto sono. Rezei brevemente para mim, com palavras quase nulas de tão baixas e quase mentirosas de tão verdadeiras... Adormeci.

Pov: Narradora.

Atena estava em seu escritório no mais calmo e agradável silêncio, mas um tanto perturbador por causa das muitas preocupações que cercavam a cabeça da deusa. Ela estaria ocupada por sua eternidade apenas reunindo sabedoria, livros e mais outras coisas das quais ela cuidava -mas agora havia uma questão que a preocupava mais do que as outras: Annabeth.- Desde que pedira ajuda a Poseidon, havia jurado a si mesma que iria se controlar para não pressioná-lo e para não violar o acordo com Zeus ("Observar? Sim; Interferir? Jamais"). Mas estava quase sendo impossível manter-se inerte todo esse tempo, parecia que o deus do mar nada estava fazendo e que Zeus não fazia outra coisa além de monitorá-la.

Imaginou que a situação continuaria assim por um tempo, isso até Poseidon entrar gritando em seu escritório:

–Eu consegui! -ele disse entrando sem bater em seu escritório (erro mortal para qualquer um, menos para ele é claro, mas por motivos que ela não esta disposta a revelar). -Consegui arrumar uma maneira de ajudar, Percy e Annabeth! -ele sorria de orelha a orelha. Internamente Atena imaginou o quanto ele ficava mas bonito assim, mas seus deveres como mãe, por sorte, falaram mais alto.

–O que você fez? -perguntou curiosa correndo até ele. Literalmente correndo, ela não gostava de mostrar-se tão desesperada assim, mas era tarde demais, ela tinham um monte considerável de perguntas e ele parecia ter todas as respostas.

–Eu enviei a carta. -ele disse sorrindo, mas Atena não compreendeu; ela odiava não compreender.

–Desculpe, mas que carta? -indagou ela.

–Ah, desculpe-me, esqueci que você não teve mais acesso à sua filha, sinto muito. Deixe-me esclarecer melhor as coisas: A pouco, sua filha escreveu uma carta para meu filho, bem, eu não me atrevi a ler o que nela estava escrito, mas acredito que possa ajudar a... Como posso dizer? Ah, juntá-los! -ele disse em uma exclamação repentina. -Ajudar a juntá-los. -disse a frase completa e fez uma careta, logo em seguida, ao se dar conta de quanto ela era boba.

–Então... -ela pensou em concluir o pensamento dele, mas aqueles olhos verdes a deixavam confusa, ela não teve como continuar.

–Então eu tratei de enviar a carta até meu filho. Brilhante, você tem que admitir! -ele disse orgulhoso por seu momento de genialidade.

–De fato. -foi tudo o que ela conseguiu dizer.

Ele a puxou para dentro do escritório e fechou a porta atrás de si, Atena estava um tanto tonta por acompanhar os movimentos dele tão rápidos e animados. Ela costumava fazer tudo com uma calma e precisão incríveis, a impulsividade dele a deixava um pouco perdida, a surpresa maior é que ela mesma passou a admitir que gostava de estar perdida, desde que estivesse com ele.

–Isso ainda não é tudo. -ele disse, dessa vez bem mais sombrio e quase em um sussurro. O que os obrigava a ficar perigosamente mais perto. -Eu a estive observando... Ela parece bem mais perigosa do que um dia eu poderia imaginar que conseguisse ser. -ele disse e ela se perdeu por entre as vagas palavras. -Não sei como, mas ela parece ficar mais forte a cada dia, é como ter um monstro morando comigo.

–Eu normalmente não concordaria com nada ofensivo que pudesse ser proferido a uma mulher. -ela disse, desta vez já entendo sobre quem ele estava a comentar. -Mas não posso nem sequer proferir algo diferente, pois assim estaria mentindo... -ela disse provocando um sorriso dele. -Eu não esperava ter de avisá-lo, mas ela é perigosa. Isso pode afetá-lo também. Sugiro que deixe seu reino por um tempo, só até descobrirmos como derrotá-la. -Atena disse calma e seriamente e não conseguia entender porque o sorriso do rosto dele estava apenas aumentando.

–Isso significa, de qualquer modo, que você se preocupa comigo. Lady Atena. -ele disse em um tom leve e descontraído.

Normalmente, em conversas como essas ela logo o teria afastado, o xingado e colocado para fora. Mas nos últimos tempos ela não mais poderia fazer isso. Todo o contato que tivera com a história de sua filha e de Perseu a deixara mais emotiva e vulnerável em meio aos seus próprios sentimentos. Ela lembrava ainda que no começo de tudo isso só o que conseguia sentir pelo deus dos mares era rancor. Talvez acompanhado por umas boas doses de raiva e uma espécie detestável de nojo. Isso porque era tudo o que ela conseguia mostrar. Todos os outros sentimentos -"os sentimentos bons" como certamente Afrodite teria classificado- ficaram tão reprimidos que ela pensou que estes simplesmente teriam evaporado, mas a verdade é que estavam apenas adormecidos e que agora voltavam com força total, fazendo a deusa perder todo o controle ao lado dele.

–Não seja tão convencido. -ela disse e tentou parecer o mais confiante possível, se é que ainda era possível.

–Não posso, não é da minha natureza. -ele afirmou. Pediu licenças e caminhou para se retirar, não sem antes dar a ela um último olhar sarcasticamente sedutor. -Mas não pretendo me esquecer disso, Atena. Pode tentar disfarçar ao máximo, mas eu ainda tenho as minhas lembranças. -ele disse. Nem mesmo Poseidon lembrava-se em que momento havia ficado tão enigmático, mas gostava da postura que adotara para fazer com que ela lembrasse, pelo menos uma vez, que eles já tinham vivido uma história. Uma história que não seria apagada. Nem mesmo pelo tempo.

Ele a deixou sozinha, mesmo desejando continuar ali de pé, nem que sela só para observá-la. Se os deuses soubessem o quanto ele se arrependia de ter estragado tudo daquela vez. Os deuses, por serem imortais, têm uma grande cota de erros que por serem apenas mais um em meio aos muitos que já tiveram e ainda terão, são perdoados ou mesmo esquecidos alguma hora. Mas Atena não era como a maioria dos deuses, ela nunca mais o perdoaria. Ele sabia disso e teria que conviver com esse fato eternamente. Todos faziam escolhas e as vezes elas não são as certas, mas são as escolhas. Deve-se arcar com elas, sempre. Ela não iria esquecer os erros dele e ele tampouco poderia esquecer seu pior e maior erro. Aquele deslize que o havia condenado para todo o sempre, pois o fizera perdê-la.

Se pudesse voltar no tempo... Faria tudo diferente, mas não pode. Esse é um poder que ele não possuía. Deveria logo se contentar com o que tem agora. Mas o que lhe restar? Um monte de infelicidade que ele tentava compensar ajudando o filho e a nora. Um vazio que ele tentava preencher olhando para a deusa da sabedoria sempre que ela desviava o olhar ou simplesmente estava distraída. Ele gostava da ideia de trabalhar com ela, pois poderia deleitar-se de sua companhia por algum tempo, erma muito pouco levando em conta a eternidade, mas eram seus momentos. Momentos em que o cinza encontrava o verde e todo o mais do mundo se perdia.

E quando acabava.

Bem, ele apenas se recompunha e fazia o máximo para ter outro momento como esse. Mesmo sabendo que cada "olá" que a ela dirija, notavelmente seria seguido do mais dolorido "adeus"; era sempre assim.

Sempre.


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Notas finais do capítulo

Recomendem, favoritem e mandem reviews.
Beijos
até mais *..*