Os olhos negros de Logan passeavam pela rua vazia, com uma expressão de tédio.

Estava sentado sob a sombra de um grande salgueiro com poucas folhas. As folhas restantes estavam sem vida e alaranjadas. A maioria caída no chão, entre os pés do garoto.

Era uma bonita manhã de outono apesar de tudo. Talvez as flores estivessem prestes a desabrochar. Talvez os passáros estivessem felizes e cantando. Talvez as pessoas estivessem fazendo suas caminhadas diárias com seus cachorrinhos, fofocando entre si. Talvez estivesse tudo bem.

Em algum lugar, mas não ali. Connecticut hoje estava parada. Não havia vento, não havia cores, não haviam nuvens no céu, não haviam pessoas nas ruas. Era como se não houvesse vida.

Logan sabia o porquê. Mas ao mesmo tempo não sabia.

As pessoas evitavam falar sobre isso, mas lembrava de ter lido algo do tipo no jornal.

Sobre uma garota. Ela havia desaparecido nessa madrugada.

Não sabia os detalhes, assim que pegou o jornal, sua mãe o puxou de suas mãos, quase que o rasgando e pareceu bem irritada e nervosa.

O que não entendia era: Porque toda essa preocupação com essa garota?

Quer dizer, claro, é muito trágico. Mas pessoas desaparecem e morrem todos os dias. Principalmente em Connecticut.

Logan resolveu esquecer. Não importa o quanto pensava sobre isso, não conseguia descobrir qual era o grande problema.

Quase pegou no sono nos vinte minutos que se passaram até que o ônibus da escola chegasse.

Realmente só queria encontrar Alex e perguntar o que estava acontecendo, e quem era essa menina.

Mas ele não estava lá. Na verdade, quase ninguém estava lá. Apenas uns cinco alunos estavam presentes.

Logan atravessou o corredor devagar em direção à última fileira do ônibus.

As expressões dos alunos não poderiam ser mais estranhas.

Os que não estavam dormindo ou olhando vagamente pela janela, olhavam diretamente para frente, com caras de assustados.

Logan achou melhor não falar nada até que encontrasse alguém conhecido.

Quando o ônibus parou, todos os alunos desceram enfileirados e sem dar uma palavra, o que era extremamente anormal.

Foi quando avistou Jane. Olhando fixamente pra ele, sentada no primeiro degrau da escada.

Logan foi ao seu encontro e perguntou logo:

– Mas o que é que está acontecendo aqui?

Jane pareceu ter se assustado com o tom de voz dele, porque recuou levemente para trás.

Abriu a boca para responder algo, mas tornou a fechá-la.

Logan sentou-se ao seu lado, suspirou e quase desistiu de obter uma resposta quando Jane falou baixinho:

– Então você não sabe mesmo?

Logan olhou para ela, mas ela estava encarando o chão.

– Não faço a menor ideia.

– Você viu os jornais hoje? - ela olhou pra ele.

– Tem alguma coisa a ver com aquela garota?

– Tem tudo a ver com aquela garota.

– Eu soube que ela fugiu... mas e daí? Porque isso está preocupando todo mundo?

– É que ela...

Mas o sinal tocou e Jane levantou quase que imediatamente.

– Ela o que?

– É uma longa história. Eu te conto depois da aula.

– Vai contar mesmo?

– Prometo. - Ela andou alguns passou e olhou pra trás. - Tenha cuidado até lá.

"Tenha cuidado até lá." ?? Como assim?

Logan já estava começando a achar que isso era uma idiotice e que todos deviam estar ficando malucos ou isso era algum tipo de brincadeira.

Subindo as escadarias, notou que havia um pedaço de papel preso no seu tênis e se abaixou para pegá-lo.

Mas não era simplesmente um pedaço de papel, era um pedaço de jornal amassado.

" Maureen Fansom foge de manicômio local. " era a manchete inicial.