Diana Damburn: Adeus, Casamento. escrita por Desirée Schultz


Capítulo 14
Capítulo 13




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 Francesco gostou muito do resultado, e eu também. O vestido encaixou-se em meu corpo perfeitamente. Ebraim me disse que eu parecia um vaso de decoração... Claro, em tom de brincadeira. Ou pelo menos eu acho que foi em tom de brincadeira. Conheci mais gente, bastante gente. Arkadius (nunca imaginei que uma pessoa poderia ser mais mais loira do que Hans, mas Arkadius é extremamente loiro), Vougan ( gosta muito de ler, ele tem coleções de livros), Muriel (dizem que ele é a melhor sentinela do mundo), Adir (é o melhor em combate corporal), Helmut, Afonso (ruivo como eu), Álvaro (um viking!), Aiko (o japonês), e Ciro (o músico). Todos simpáticos, na minha opinião. Sim, Brendan  se morde de ciúmes a cada pirata que eu conheço. Então, fiquei com um pouco de pena dele, eu havia excluído ele por um bom tempo. Peguei uma faca de caça e o peguei por trás, ameaçando cortar seu pescoço.

 - Só que não. - Brendan puxou com muita força meu braço para frente, levando meu corpo junto. Minhas costas bateram violentamente no chão.

 - Eu só ia te convidar pra caminhar um pouco, cretino. - falei, grunhindo de dor.

 - Achei que você fosse o Brian, me desculpe...

 - Brian? Que Brian?

 - Um dos caras que você já deve ter conhecido. - disse ele, com uma pontada de ciúme.

 - Não conheci esse daí. Por que tem implicância com ele?

 - É meu irmão mais novo.

 - Sério? Onde ele está, preciso conhecê-lo.

 - Te garanto que eu sou mais bonito. - dou um soco na barriga dele. - Mas que merda é essa, sua vadia?

 - Não fale assim com ela, seu tapado. - disse um garoto.

 - Brunswichk, é melhor ter cuidado com essa língua, eu poderia te esmagar se quisesse. Seu anão de jardim.

 - Pode deixar que eu sei me cuidar, garoto. - respondo, agradecida.

 - Não é o que parece depois daquela noite de vocês dois juntos... Deitados juntos... Abraçados juntos... E quem sabe...

 - E o que você tem a ver com isso? - interrompo.

 - Sou eu que limpo o chão, ora. - disse ele, rindo. Aparece Hans com expressão de tédio e simplesmente arrasta Brunswichk.

 - Deixa comigo Diana.

 - Obrigada! Enquanto a você Brendan, te dei um soco porque você me machucou. Não é óbvio?

 - É sim. Vadia.

 - Vadia é sua mãe, cretino. - chuto o banquinho de onde ele estava sentado. - vai me apresentar o resto dos cães ou não?

 - Só se você disser que é uma vadia. - olho pra ele como se pudesse matar com os olhos. - Está bem, está bem, eu vou. Só não me bata.

 - Vou pensar.

 - Brian é meu irmão. Meu irmão mais novo. Deve estar tentando aprender italiano com Francesco. É um metido.

 - Aprendeu com o irmão mais velho. - ele finge não ter ouvido e  continua.

 - E Ian, o amigo dele, não tenho ideia de  onde esteja. Alguma pergunta?

 - Quando iremos ao baile?

 - Hoje á  noite. Nem vi seu vestido ainda.

 - Está pronto, e ficou muito bem feito.

 - Hum. Vai se preparar, você tem que parecer uma madame.

 - Graças aos deuses, já sei me comportar como uma.

 - Excluindo o fato de que sua língua deverá ser domada...

 - Seu imbe... Tá bem, tem razão.

 - Você vai ter que sequestrar Devon, sabe disso né? É o anfitrião. Ele é o único ruivo, vai ser fácil achar. Vai ter que seduzi-lo, vocês mulheres conseguem fazer isso, não?

 - Ás vezes nem me esforço.

 - Hum... Tô sentindo cheiro de indireta nisso.

 - Será? Bom, e como entrarei lá?

 - Aquelas três mulheres serão seu disfarce. Três escravas. Hans, Adir e Arturo estarão também. Se quiser, Emanuel irá junto.

 - Não precisa...

 - Muito bem, vá se vestir, estarei te esperando com uma faca.

Decidi não perguntar qual era o motivo da faca. Desço as escadas e entro no meu quarto. Lá dentro estava Francesco.

 - O que está fazendo?

 - Uns ajustes. Algumas coisas ficaram estranhas. Pronto, pode vesti-lo. - Francesco ficou parado olhando, meio distraído.

 - Não é melhor você sair? - pergunto.

 - Ah claro! Desculpe, estou empolgado com isso. Aqui, eu trouxe uns sapatos. Eram de minha esposa, desculpe.

 - Acho que não tem problema.

 - Minha falecida esposa... Mal tínhamos nos casado... Bom, vou indo, há muito á fazer.

Começo a me despir e coloco o vestido. Um belo vestido verde, diria eu. Tiro as botas e coloco os sapatos. Felizmente eu sou acostumada com esse tipo de sapato. Limpo meu rosto e coloco uma delicada corrente de prata, que fora presente da minha tia. E infelizmente, já tem gente batendo na porta. Essa porta deve ser apaixonada por visitas.

 - Senhora! Minha senhora! Está precisando de ajuda? - reconheço a voz da garota mais nova que havíamos resgatado.

 - Ah... Entre, por favor. - ela abre a porta e sorri, ao ver meu vestido.

 - Meu nome é Sara, minha senhora.

 - Você me lembra Mary.

 - Como?

 - Nada... Não é necessário me chamar de senhora, apenas quando estivermos fora do barco, está bem? Eu sou Diana. Diana Damburn.

 - Sim... Diana. Precisa de ajuda com seu cabelo? - ela mostra um pente.

 - Por favor, faria isso por mim?

 - Claro! - nos sentamos em cima de minha cama e Sara começou a penteear meu cabelo. Ela penteeava suavemente e com cuidado, exatamente como Mary fazia.

 - Conhece Fatherwell?

 - Sim senhora, minha irmã é criada por lá. Eu raramente posso fazê-la visitas. Ainda mais depois que fui sequestrada.

 - O nome dela, qual é?

 - Mary. Suponho que a conheça, por ter mencionado seu nome.

 - Ela foi minha criada. E amiga. Uma loira pervertida. - respondi, rindo.

 - Ela tem suas fraquezas, não é? - riu Sara.

 - Sim, ela tem!

 - Pronto, seu cabelo está bom agora.

 - Obrigada. Agora tenho que ir.

 - Boa sorte com o de olhos verdes. - "o de olhos verdes"? Ah! Entendi.

 - Eu não gosto dele como você pensa, é totalmente ao contrário.

 - Muito bem, não vou questionar mais...

Subo cuidadosamente a escada, com medo de estragar o traje. Francesco me abraça e diz que fica feliz que eu tenha gostado. Agradeço e chego ao convés. Brendan observa bem, como se estivesse procurando algum defeito.

 - Se quer chamar atenção de Devon... - ele pega a lâmina e corta o decote do vestido. - Pelo menos tem que mostrar um pouco, querida.

 - Imbecil! Olha só o que você fez!

 - Agora sim está melhor, todos vão olhar pra você. Não diretamente no rosto, mas o que posso fazer?

 - Maldição, não devia ter feito isso.

 - Aceite isso, Devon vai segui-la até o fim do mundo desse jeito.

 - Se não funcionar eu corto seu braço! - respondi com raiva.

 - Ainda bem que é o braço. - disse ele, "não me olhando diretamente no rosto".

 - Quando chegamos? - pergunto, cruzando os braços. Sua atenção volta para o meu rosto.

 - Daqui a pouco, acalme-se.

 - Não esqueça disso! - Hans me entrega uma faca.

 - Onde é que eu enfio isso, se eu estou de vestido?

 - Eu poderia te dar uma resposta bem desagradável, sabe? Mas, não sei, coloca no seu decote, isso tá muito gritante. - olho com ódio para Brendan, que levanta as mãos em sinal de rendição.

 - Hum, tá. - me viro de costas e faço o que foi solicitado.

 - Cuidado pra não se machucar. - avisa Hans.

 - Pode se machucar á vontade, depois eu faço o curativo. - disse Brendan, sorrindo.

 - Maldito, só não chuto você por pura preguiça.

                                         ***

Estamos numa carruagem. Sara e as outras me ajudam a descer. Hans sequestra uma moça (acho que seu nome é Rebeca) que estava com seu pai. Eu deveria ter algum nome, não é? Encho o peito de ar, como se fosse uma dama arrogante e ilustre. Entro no salão, cheio de pessoas desconhecidas. Um belo lugar, cheio de lustres de diamantes, mesas fartas com todos os tipos de comida. Homens e mulheres de alta nobreza conversam em tom não muito alto e nem muito baixo. Vestidos feitos do tecido mais caro que puderam comprar, provavelmente. Damas cheias de jóias brilhantes,  a maioria delas aparentavam ter a minha idade, algumas eram mais velhas, e também haviam idosas. Haviam pessoas me observando com desprezo, ou pena, confusão (afinal, sou uma desconhecida), e desejo. Maldito Brendan e sua lâmina. Agora todos olham para mim. Um rapaz ruivo de olhos azuis se aproxima. Deve ser Devon, o meu alvo.

 - Boa noite, você deve ser a senhorita Wallister, certo?

 - Hum... Sim, sou eu mesma.

 - Creio que seu pai não pôde comparecer.

 - Exatamente. Meu pai tem andado doente ultimamente. Ele disse que vossa companhia seria uma honra.

 - Meus pêsames, desejo que seu pai melhore. Certamente, lhe acompanharei senhorita Wallister.

 - Obrigada senhor... - ótimo! Não me disseram o segundo nome dele!

 - Oh, por favor, me chame de Devon.

 - Muito bem, sou Rebeca.

 - Senhorita... - ele estende sua mão, como se estivesse me chamando para dançar. Mas é claro que não, o baile mal começou. - fez uma boa viagem?

 - Certamente. Eu estava empolgada para vê-lo.

 - Igualmente, Rebeca. É ótimo ser agraciado com sua nobre companhia. Uma moça tão bela, culta e graciosa como você.

 - Oh Devon, sem graça fico ao ouvir suas palavras...

 - Perdão, senhorita. Mas desde que entrou, já lamento o momento da sua partida.

 - Eu deveria dizer "obrigada"?

 - Não, apenas sorria e acene. Vou lhe apresentar algumas pessoas.

Devon me apresentou várias pessoas, não foram apenas algumas. Meus pés já doíam. Cumprimentei pessoas de variados tipos. Desde espanhóis até ingleses. Alguns arrogantes até o último fio de cabelo, outros, humildes e honestos. Pelo menos pareciam. Uma das moças disse que nós dois formávamos um belo casal. E depois disse que meu rosto estava da cor de meu cabelo. Ha. Ha. Muito engraçada. Muitos comentaram que dois ruivos seriam perfeitos para um casamento  perfeito. Se eu pudesse, enfiava minha faca na garganta de cada um deles. Depois dos comentários idiotas dos vermes (sim, esse foi o apelido carinhoso que eu dei pra eles), nos sentamos. Me sentei bem ao seu lado.

 - Lindo o seu vestido. - comenta Devon. Eu deveria agradecer por ele estar olhando para os meus seios?

 - Ah, obrigada Devon. Muito elegante são seus trajes. - por que eu disse isso? Que afirmação idiota, eu tenho que melhorar com esse negócio de seduzir.

 - Obrigado Rebeca... Já imaginou o que haveria por trás de trajes? - eu poderia vomitar em cima dele, pegar essa faca, e atravessar seu cérebro, para essa merda de mente parar de poluir o mundo com besteiras pervertidas. Eu poderia matá-lo agora. Mas preciso dele vivo.

 - Ora, que constrangedor...

 - Eu imagino ás vezes. Imagino você principalmente, senhorita Rebeca. - minha mão está coçando, implorando para que eu o mate.

 - Suponho que gostaria de uma experiência. - sim, ele precisa acreditar nisso, quem sabe ele não fica embriagado, talvez assim seja mais fácil!

 - Certamente. Está disposta?

 - Agora não. Quem sabe após uma dança? - falo, acariciando seu cabelo.

 - Claro, claro. Como quiser, Rebeca.


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Notas finais do capítulo

Se tiverem sugestoes para alguma personalidade de um dos personagens, me mandem uma mensagem ;) (tem que ser um personagem já existente. EXEMPLO: Brian, Ian, Aquiles...)
reviews são legais e eu gosto muito xD
Beijos, até a próxima.



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