Schyler escrita por Gi Carlesso


Capítulo 51
O terror vinha por baixo


Notas iniciais do capítulo

Oii, gente bonita! Fiquei algum tempinho sem postar, então miiiil desculpas por isso. Essa semana eu me concentrei só em Schyler, sério, fiquei minhas férias inteiras tentando terminar esse livro e olha só! Até domingo vou conseguir escrever o grande e último capítulo dessa história que parece que nunca acaba :D espero que vocês estejam gostando, porque não ando recebendo muitos comentários e isso me magoa bastante. Olhem, se fosse outro autor nem postaria mais nenhum capítulo, mas eu sou a pessoa mais gentil do mundo e estou aqui postando para os meus leitores fantasmas.
Bom, chega de falar, boa leitura :*



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Schyler

Não fora um sonho que me acordou daquela forma desesperada e fez-me correr para fora da cabine até o convés tremendo e suando descontroladamente. Eu sabia como um sonho deveria ser e aquele, fora como um aviso gritando em minha cabeça mandando-me sair daquela cama e correr, como eu fizera. Meus dedos alcançaram a madeira da beirada do barco pouco antes de outra explosão tomar conta de meus ouvidos e a fumaça aparecer entre centenas de arranha-céus imensos. Era como se os gritos das pessoas pudessem chegar a meus ouvidos mesmo à aquela distância. Tudo estava indo pelos ares e o pior de tudo...

Era que eu não podia fazer nada.

– Tristan. – chamei sem tirar os olhos da coluna de fumaça que subia cada vez mais alto entre os prédios de Nova York.

– Eu sei. – não conseguia tirar meus olhos fixos da direção da ilha, porém tinha a noção da presença do anjo bem ao meu lado. – Estão praticamente nos chamando.

Não conseguindo controlar meus impulsos, corri novamente para dentro do barco onde haviam as cabines tropeçando em meus próprios pés e caindo em alguns degraus. Era como se a bomba houvesse explodido bem a minha frente, como se toda a fumaça me cegasse e deixasse minha garganta seca.

Corri até Gabriel, quem saia da cabine parecendo tão confuso quanto qualquer outro humano, vestindo as roupas e me encarando de forma preocupada.

– Schyler? – ele me segurou pelos ombros tentando me manter ereta. – O que foi?

– Gabriel, eles estão atacando a cidade! Não podemos ficar aqui olhando!

Sem dizer qualquer coisa ou me responder, Gabriel agarrou uma de minhas mãos e me puxou para o convés apesar de eu ainda gritar mandando-o parar e me ouvir. Eu sabia que agir daquela forma não resolveria em nada, porém me sentia responsável pelas pessoas que poderiam morrer naquela guerra, pessoas inocentes que não tinham absolutamente nada a ver. Era injusto, mais injusto do que toda minha vida fora.

Gabriel soltou-me assim que paramos bem a frente do final do barco, onde a vista que tínhamos da ilha de Nova York era extensa.

– Schyler, se formos até lá mais pessoas irão morrer! – ele disse sem fazer menção alguma de ser educado. – É exatamente isso que aqueles monstros querem: que vamos até a ilha e nos matem encurralados! Eu sei que quer salvar aquelas pessoas, mas Schy, não há como. Temos que ficar aqui e esperar, apenas assim temos alguma chance contra os demônios e Aliha.

Inspirei a maior quantidade de ar que meus pulmões seriam capazes de absorver e só assim consegui compreender o tamanho sentido que aquelas palavras tinham. Gabriel estava certo, como sempre. Eu teria que aceitar que não conseguiríamos salvar a todos de um jeito ou de outro, mesmo que meu coração pulasse no peito praticamente implorando que eu fosse até lá e ajudasse.

– Tudo bem? – perguntou ele tentando conseguir minha atenção novamente. – Desculpe por isso, Schy, mas...

– Eu sei. – eu disse finalmente calma. – É só que... não consegui ver aquilo sem pirar.

Gabriel assentiu passando um dos braços ao meu redor e entrelaçando nossos dedos.

Não parecia certo ouvir o som das explosões e os gritos que pareciam chegar até nós, porém por mais que todos naquele barco soubessem que tudo não se passava de uma armadilha, ninguém conseguia conter a dor no peito. Era como ver um desastre acontecendo bem diante de seus olhos e não poder agir, não poder pular na frente de uma bala e salvar uma vida que poderia ser mais importante que a sua. Seria terrível ter que aguentar aquilo por sabe-se lá quanto tempo, uma verdadeira tortura.

Se passaram horas a fio e nenhum movimento sequer além dos pilares de fumaça cinzenta aumentando cada vez mais em diversas regiões da cidade. Ficamos assistindo aquilo sem conter as lágrimas e precisando manter a vontade de ajudar presa.

– Quando vão perceber que não vamos cair na armadilha deles? – Tristan estava de pé ao lado de Blair, quem limpava as lágrimas que escorriam de seus olhos.

– Podem fazer isso por dias. – disse Gabriel mais sério do que jamais o vi. Ele tinha os olhos fixos nas colunas de fumaça, como se detectasse os movimentos dos demônios que as causavam. – E esse é o plano deles. Vão insistir o máximo que puderem até conseguirem nos atrair até lá.

Tinha algo errado. Aquele poderia ser o plano mais bem montado de todos os tempos se não fosse por uma pequena brecha que ninguém mais conseguira notar além de mim. Não se tratava de uma armadilha para nos atrair para lá se eles sabiam muito bem que não o faríamos, os demônios poderiam ser bem mais espertos que isso já que conseguiam nos enganar diversas vezes. Usaram meu amigo Jonny uma vez, então poderiam estar usando outra coisa dessa vez para nos enganar.

Se nossa atenção estava voltada para a cidade sendo atacada por eles como um claro convite para nos atrair até lá, significava que estávamos inertes a outros pontos, como por exemplo, o próprio mar.

E foi então que percebi.

– Gabriel, estamos ferrados. – mal tive noção de minhas palavras no momento em que elas deixaram meus lábios. Ele me encarou de forma confusa tentando compreender o que eu quisera dizer com isso.

– Schy, o que....

E então, um som de algo caindo bem atrás de nós tomou conta do ar não deixando que Gabriel terminasse sua frase.

Lentamente, todos nos entreolhamos antes de virar para trás sem nenhum tipo de movimento brusco, apenas o de nossos pescoços e corpos girando na direção do som. Eu sentia meu coração pular no peito em direção a garganta, como se pudesse pular para fora a qualquer momento. Minhas pernas fraquejaram e por um instante, achei que fosse cair.

Mas assim que meus olhos captaram aquela imagem, meu mundo desabou sobre meus pés.

Havia centenas deles, todos empoleirados e agarrados às cordas que prendiam o barco e as velas num silêncio total e mortal. Alguns possuíam asas avermelhadas e disformes abertas indicando que poderiam levantar voo a qualquer momento, garras enormes e pontudas mantendo-os bem presos à madeira e às cordas do barco, as quais pareciam oscilar com o peso em excesso.

Meus olhos abaixaram na direção do que eles haviam deixado cair – o corpo de um dos anjos caídos desfalecia bem a nossa frente com um enorme buraco ensanguentado em seu peito, indicando que estava totalmente morto.

– Droga. – sussurrou Gabriel ao meu lado.

Engoli um seco.

Essa era a armadilha.

Os demônios poderiam ser criaturas grotescas, estúpidas e até mesmo desastradas apesar de sua maldade em excesso, mas sabiam muito bem que os anjos caídos sobre o barco jamais ficariam de olho no mar ao seu redor. A imensidão azul que os cercava poderia ser tanto uma arma de proteção, quanto uma armadilha sem fuga. E fora isso, que fez com que as criaturas demoníacas conseguissem chegar ao seu alvo vulnerável.

Lutando contra a areia, todos eles saíram de baixo do chão puxando seus membros para fora da terra molhada e pesada. As asas se prendiam às algas e membros pisavam em peixes e outros animais marinhos que não conseguiam fugir. A água intensa e salgada os deixava mais fraco lá embaixo, porém ignoravam a fraqueza e a fazia ser uma espécie de arma para o ataque. Seguiram pela areia do fundo do mar afastando os animais e sempre de olho em seu alvo – o barco navegando lentamente entre as baixas ondas.

Assim que avistaram as cordas que balançavam por conta da corrente, souberam que aquela seria a forma de chegar ao alvo.

Eu observava à aquela cena sem nem ao menos conseguir respirar. Foi como encarar o pior dos pesadelos bem a sua frente e não ter como vencê-lo, sem nenhuma chance de ao menos fugir. Eles haviam nos encurralado como ratos, pensaram em tudo de uma forma tão inteligente que mal pude acreditar ter sido feita por monstros demoníacos como aqueles.

Vendo que nenhum de nós se movia, como se assoprasse algo as criaturas se lançaram em nossa direção. Pularam sobre o convés fazendo com que o barco oscilasse com seu peso e alguns voavam em nossa direção com as garras afiadas apontadas para qualquer ponto de pele descoberta. Eram rápidos, muito mais do que qualquer outro demônio que eu enfrentara, até mesmo as Fúrias que conheci ao saber sobre a barreira entre o mundo mundano e o dos anjos e outras criaturas.

Um deles voou diretamente em mim esticando as asas para me prender numa espécie de casulo lotado de espinhos, que no caso seriam garras maiores que qualquer membro de meu corpo. Porém assim que as asas ossudas me tocaram, senti o calor se espalhando por meus braços até se tornar chamas intensas que colocaram fogo na criatura.

Livrando-me do corpo fumegante e jogando-o ao mar, procurei por Gabriel ou algum de meus amigos encontrando o ex arcanjo lutando contra dois demônios. Gabriel já tinha uma linha escarlate cobrindo-lhe a bochecha esquerda, mas parecia mal se importar para o ferimento já que em um dos braços segurava o pescoço de um demônio enquanto outro tentava lhe morder o pescoço.

Concentrando-me no maior ódio que senti em toda minha vida, criei novamente as chamas e as lancei contra o corpo do demônio que tentava morder Gabriel, fazendo com que o mesmo fosse atingido e caísse sobre o convés. Assim que se viu livre do monstro, Gabriel quebrou o pescoço do que já segurava, lançando o corpo sem vida no mar.

– Você está bem? – perguntou ele olhando-me de cima abaixo. – Se machucou?

– Não. – eu disse limpando seu rosto com minha blusa. – Mas você sim.

– Eu estou bem, Schyler. – Gabriel olhava para todos os lados, provavelmente procurando por qualquer um dos outros que pudesse precisar de ajuda. E pelo olhar que lançou atrás de mim, pareceu que encontrou. – Blair!

Virei-me na direção que ele olhava encontrando Blair caída sobre a madeira do convés lutando contra um demônio sobre ela tentando-a matar. Ele usava a ponta de suas asas ossudas como arma, fincando-a na madeira centenas de vezes tentando acertar o corpo de Blair. Ela gritava por ajuda empurrando o demônio e se debatendo tentando livrar-se dele.

Porém quando nos aproximamos para ajudar, Tristan pareceu surgir do nada arrancando o demônio de cima de Blair e fincando uma espada bem no peito do monstro.

– Nunca. Mais. Toque. Nela. – ele disse cada palavra lentamente de forma tão ameaçadora que por um momento não achei que aquele fosse o Tristan que conheci.

Antes que o monstro pudesse se mover, Tristan arrancou a espada de seu peito e a usou para cortar as asas do demônio fora e jogá-lo ao mar como eu e Gabriel fizemos.

Todos se moviam rápidos, ágeis e de forma violenta transformando a superfície do barco em um banho de sangue por conta da luta entre anjos caídos e demônios. A preocupação tomou conta de mim enquanto via à aquela cena imaginando o que aconteceria em seguida, pois ainda faltava o terceiro lado da guerra, o qual seria mil vezes pior do que já estava sendo.

Logo os anjos negros chegariam.

Interrompendo meus devaneios, senti o braço de Gabriel tirando-me do caminho e colocando-me atrás dele pouco antes de um demônio voar sobre nós e tentar nos atacar. Gabriel segurou suas asas impedindo que as pontas afiadas pudessem nos atingir e causar um estrago maior, algo que agradeci, pois me deu a oportunidade de apenas tocar no monstro e observá-lo pegando fogo aos poucos.

Apenas com isso percebi o quão aterrorizante tudo estava. Era como estar preso a um filme de terror sem fim onde eu fugia de um assassino sanguinário. Era como...

Estar numa guerra.

Mal tive tempo de absorver o que acabara de acontecer quando vi uma imagem que chamou-me a atenção – Blair e Tristan, quem pareciam bem até alguns minutos atrás estavam de pé sobre uma das laterais do barco de mãos dadas com centenas de demônios aproximando-se deles.

– Blair, Tristan! – gritei correndo na direção deles apesar de entender o que eles tinham em mente. – Não!

E antes que eu pudesse chegar, ambos pularam na água.


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Notas finais do capítulo

Olhem, estou com saudade de responder comentários, podem me ajudar com isso? Eu ficaria muito feliz, vocês sabem como isso significa pra mim :(