Schyler escrita por Gi Carlesso


Capítulo 45
Uriel


Notas iniciais do capítulo

Heeey, minha gente! Credo, me senti uma caipira falando assim agora '---'
Então, eu sumi por um tempinho né? Culpem o cursinho e minha criatividade que resolveu tirar férias sem aviso. Ah, e eu já avisei vocês que depois que eu acabar de escrever, vou colocar Schyler para vender na Amazon né? Se eu não disse, lá vocês vão poder comprar o livro impresso e ter em casa com capinha e corrigido *---* espero que vocês gostem do plano, vai ser um sonho meu realizado.
Boa leitura, margaridas!



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Já estávamos próximas do local onde eu e Gabriel havíamos usado como porta para o Salão Negro, em que o anjo surgira do nada e nos levou até lá. Agora, Gail caminhava em silêncio ao meu lado guiando-me entre as baixas árvores provavelmente pensando o porquê de minha crise de loucura em pedi-la para me levar até lá. “Deve ter enlouquecido, de certo” eu tinha quase certeza de que era isso que Gail pensava enquanto me levava até o riacho, perguntando-se se eu queria morrer.

Talvez eu realmente estivesse ficando louca em vê-lo depois de nosso acordo com Miguel sobre ele nos ajudar secretamente na guerra. Porém, depois de minha conversa com Carrie sobre Blair saber algo a mais sobre a guerra e não querer nos contar, eu tinha quase certeza que Miguel estava metido nisso. Poderia ser apenas loucura de minha mente essa ligação estranha entre os dois, mas eu teria que tirar minhas dúvidas, eu precisava saber se Blair e Miguel de alguma forma estavam ligados.

Quando enfim chegamos ao riacho onde Gail poderia me levar até o Salão Negro, ela finalmente parou e me encarou por um longo tempo. Parecia procurar resquícios em meu rosto da resposta que ela não queria perguntar.

– Será que devo perguntar o porquê de você querer ir até lá? – perguntou ela chutando uma pedrinha à sua frente.

– Eu preciso tirar uma dúvida. – murmurei. – Mas só Miguel pode me responder.

– Devo contar a Gabriel?

– Mas não agora. Ele vai achar que enlouqueci e vai tentar ir atrás de mim e... bom, Miguel não vai responder se Gabriel estiver junto. É algo que preciso fazer sozinha.

– Não quer que eu vá com você então? – ela tinha uma expressão preocupada no rosto. – Sabe que, por mais que Miguel seja um arcanjo, ele não é totalmente confiável.

– É melhor não, Gail. Miguel vai me responder, mas apenas se eu estiver sozinha. Tem que ser apenas eu.

Ela assentiu ainda um pouco hesitante, porém fez o que tivera que fazer e logo um mínimo “portal” surgiu a nossa frente um pouco acima das águas do riacho. Do outro lado da abertura, pude enxergar a imagem do Salão Negro da mesma forma que o vi da última vez. Por um instante, achei que não deveria ir e desistir daquela história toda antes que eu me metesse em encrenca.

Porém, ao mesmo tempo em que eu sabia que aquilo era certo, algo me dizia que eu poderia descobrir algo que não era exatamente o que eu esperava.

– Boa sorte. – disse Gail antes de indicar com a cabeça para que eu fosse.

Virei-me em direção ao portal colocando meus pés para dentro da entrada não conseguindo conter o medo e a sensação de tudo desmoronar. Fechei os olhos assim que senti meu corpo passando pelo portal e enfim eu me encontrar dentro do Salão Negro, o qual continuava o mesmo – as paredes escuras, a parte muito parecida com os tribunais humanos e os quadros escuros espalhados por algumas das paredes. As longas janelas deixavam uma luz forte entrar para dentro do local, porém assim que me aproximei não pude destinguir o que havia do lado de fora, apenas uma luz forte e brilhante.

Caminhei até o centro do Salão em uma parte que provavelmente o julgado teria que ficar e me senti como se fosse um – exposta, sentindo o bile subindo por minha garganta e até mesmo uma certa tontura. Agora, eu realmente gostaria de nunca ser julgada ali.

– Eu deveria me acostumar com suas visitas, Schyler Jackson?

A voz de Miguel ainda era capaz de deixar-me completamente paralisada, não apenas pelo tom grave e um timbre poderoso, mas também porque parecia quase que familiar demais, como se eu já tivesse ouvido antes. Ele andava em minha direção lentamente, um passo atrás do outro sem pressa alguma, nem ao menos a incerteza do porquê de eu estar ali. Vestia como sempre uma armadura prateada com desenhos detalhados em símbolos que eu desconhecia e suas asas brancas e gigantescas agora estavam encolhidas atrás de seu corpo, porém prontas para qualquer movimento.

Ele caminhou até mim desviando das cadeiras do tribunal até estar bem a minha frente, provavelmente mais de 10 centímetros de diferença. Mas, apesar disso, eu não sentia medo algum de Miguel, não porque eu poderia colocar fogo naquele lugar ou jogá-lo contra a parede do outro lado do Salão, mas sim porque ele não parecia representar uma ameaça.

Pelo menos não agora.

– Talvez devesse. – eu disse me surpreendendo logo em seguida com a forma firme que minha voz saíra.

Ele arqueou as sobrancelhas negras.

– Você é mais impetuosa do que eu imaginava, Schyler. – disse. – Mas ao que devo sua visita? Espero que não seja para garantir que ainda temos nosso trato.

– Não. – murmurei. – Vim até aqui para fazer algumas perguntas que só você poderia responder, Miguel.

Isso pareceu despertar sua atenção, tanto que colocou-se em uma posição deixando quase que óbvio seu interesse por minhas perguntas, mesmo que ainda não as soubesse. Eu ainda me surpreendia com o quanto Miguel se parecia um pouco com Gabriel em seu interesse por coisas de caráter difícil e até mesmo na forma de falar, algo que me perturbava um pouco por estar diante da pessoa que eu ainda tinha... dúvidas.

– E quais seriam essas perguntas?

Tive que pegar um segundo para pensar exatamente como diria a ele algo como o que eu pensava, afinal, ele ainda era um arcanjo e eu poderia estar com problemas caso fizesse a pergunta de uma forma errada.

– O que sabe sobre Blair Cooper?

Assim que fiz minha pergunta, não soube bem como interpretar o rosto de Miguel – por um momento ele pareceu totalmente surpreso e no outro, quase que decepcionado ou nada surpreso, quase como se esperasse aquilo. Isso fizera com que minhas hipóteses só ficassem ainda mais próximas da verdade, pois caso ele respondesse o que eu esperava, bom, digamos que cabeças irão rolar.

Mas enquanto meus pensamentos rolavam, Miguel os interrompeu com uma risada.

– Blair Cooper? Schyler, minha querida, sabe quantas milhões de garotas têm esse nome? Não sou Deus, apenas seu porta voz, então não posso lhe responder não sabendo qual garota você se...

– A Nefilim, Miguel. – interrompi sentindo-me mais confiante. – Blair Cooper, uma Nefilim que pode ver o futuro e que sabe exatamente o que vai acontecer na guerra. Sei que você a conhece, então me diga o que sabe sobre ela.

Agora, Miguel parecia completamente surpreso. Seus olhos me estudaram por longos segundos tentando achar resquícios do que eu pensava, apesar de eu estar conseguindo os esconder muito bem com minha expressão totalmente indecifrável. Estava claro que ele sabia sobre ela ou não iria reagir daquela forma ao ouvir sobre ela saber uma Nefilim.

Enquanto eu esperava minha resposta, ele virou-se de costas para mim encarando o chão negro do local com uma expressão pensativa. Ele não mentiria, não teria coragem para isso, então podemos dizer que eu o havia colocado contra o muro e... bem, eu estava adorando isso.

– Neflins com poderes são uma verdadeira praga. – resmungou ele não se importando nem um pouco por estar bem à frente de um. – Ainda não entendo porque Deus não me deixa exterminá-los de uma só vez! Essa raça deveria ser extinta e todos os meus problemas estariam resolvidos!

Eu não pude impedir minha completa incredulidade ao ouvi-lo dizendo aquilo. Ele estava falando da minha raça, mesmo que eu nunca admitisse isso em voz alta e por essa razão, me ofendera diretamente.

– Essa raça não existiria se você não expulsasse tantos anjos do céu! – esbravejei não hesitando. – Podem ser filhos de anjos caídos e humanos, mas ainda assim são pessoas! Eu nunca saberia o que posso fazer se tivesse continuado em Nova York sem conhecer Gabriel!

Antes que eu pudesse fazer qualquer movimento, Miguel praticamente voou sobre mim empurrando-me contra a parede com uma força que, se eu fosse uma pessoa comum, poderia ter quebrado todos os ossos de meu corpo. Assim que tive a noção do que estava acontecendo, ele estava com uma das mãos em torno de meu pescoço apoiando-me muito acima do chão. Eu sentia o ar lutando para sair de meu corpo, porém a força estava me sufocando, ardendo na região de meu pescoço como se ele fosse se partir.

– Não ouse falar comigo dessa forma. – disse ele quase que num sussurro mortal. – Você é uma filha bastarda, uma raça nojenta que deveria ser extinta. Então não ouse falar comigo como se eu fosse um de vocês. Eu sou um arcanjo! Posso acabar com você agora mesmo, Schyler Jackson.

Se eu dissesse que estava normal, estaria mentindo. A verdade era que a ameaça de Miguel fora capaz de me dar mais medo do que achei que sentiria. Por ser um arcanjo e líder, ele tinha esse poder assim como Gabriel, quem poderia agir daquela mesma forma sem dificuldade nenhuma. Porém, Miguel conseguia ser assustador e de uma forma além de qualquer coisa, tanto que eu só conseguia lutar por minha respiração depois de ouvi-lo dizendo aquilo.

– Me dê uma boa razão para não começar a extinção da sua raça agora mesmo.

Vendo que segurava minha garganta com muita força, ele afrouxou os dedos em torno de meu pescoço num ponto em que eu poderia falar e respirar.

– Você mesmo teria que se envolver na guerra... – tentei dizer com a voz entrecortada. – E... sofreria as consequências... de um envolvimento com demônios e anjos negros. E... você não tem permissão para matar minha raça...

Peguei você. Claro que agora ele, no mínimo, iria me soltar, pois meus motivos foram além do que até mesmo ele poderia imaginar. Mas, por mais que eu tivesse certeza que esse seria seu próximo ato, Miguel não me soltou e nem ao menos afrouxou suas mãos em torno de meu pescoço, as quais ainda eram usados para me erguer no ar contra a parede do Salão.

Agora, Miguel me encarava com os olhos escuros como se avaliasse suas opções, as quais se resumiam em me matar ou me deixar ir. Entretanto, mesmo que ele escolhesse a segunda opção, eu não iria embora até saber qual a ligação entre ele e Blair, afinal, ela sabia exatamente como a guerra acabava, então provavelmente sabia como Miguel nos ajudaria.

Ou se nos atrapalharia.

– Você é extremamente esperta, Nefilim. – murmurou ele sem tirar os olhos de mim. – Mais do que eu esperava.

Apesar de ainda estar sendo sufocada por ele, sorri de forma vitoriosa.

– Miguel, o conselho está se reunindo e... – do outro lado do Salão, onde Miguel entrara, um homem (provavelmente arcanjo) estava de pé com a expressão um pouco assustada por testemunhar aquela cena. – Ahn, o que está acontecendo?

Ao perceber que o homem havia perguntado à Miguel, ele e soltou rapidamente fazendo com que eu caísse sentada sobre o chão gelado do Salão. O baque de meu corpo atingindo o chão fizera um som alto que mascarara a risada quase que nervosa do arcanjo.

– Essa é... – sussurrou o arcanjo parado à porta apontando em minha direção. – Miguel, essa é Schyler Jackson!

– Uriel, cale a boca. – retrucou Miguel. – Sim, ela é Schyler.

O tal arcanjo Uriel era tão alto e forte quanto Miguel, porém ao contrário dos cabelos negros e curtos, ele tinha cabelos longos até os ombros num tom de castanho, olhos amendoados e traços fortes em seu rosto. Enquanto Miguel tinha uma postura ameaçadora, Uriel parecia tranquilo e gentil, porém parecia saber agir numa situação complicada. Ele caminhou lentamente até nós dois encarando-me de uma forma curiosa e até mesmo um pouco assustada, como se eu demonstrasse algum tipo de ameaça.

– Você precisa parar de causar brigas e ameaçar anjos e Neflins, Miguel. – disse ele agora bem a minha frente. – Não importa o que você faça, sempre existirá um ou dois Neflins.

– Não importa, continuam ser uma raça que merece ser extinta do planeta. – esbravejou ele.

– Mas e essa garota? – ele apontou para mim. – Soube o que ela pode fazer?

Uriel parecia... surpreso e até mesmo fascinado pelo o que eu poderia fazer, que no caso, eu não sabia como eles haviam descoberto. Provavelmente, Miguel mandara algum tipo de espião para vigiar cada um de nossos treinos e movimentos, algo que não me surpreendia nem um pouco.

– Como sabem tanto sobre mim? – atrevi-me a perguntar. – Quero dizer, eu não...

– Como? – Uriel abriu um sorriso largo. – Desde a expulsão de Gabriel e as novidades espalhadas sobre a guerra, você é uma Nefilim muito famosa por aqui. Bom, não é bem uma fama boa, porque a guerra é mal vista e alguns dos que lutarem sofrerão as consequências, mas ainda assim você é muito bem conhecida. De acordo com alguns anjos, é conhecida como a chave para a salvação do mundo.

Exatamente o que Lieene dissera. Não poderia ser apenas uma coincidência, não agora que até mesmo os anjos do céu diziam isso sobre mim. Lieene, a anjo caído que podia ver o futuro estava certa e eu... seria a chave. Agora não havia mais como fugir da verdade e talvez eu realmente deveria aceitar isso de uma vez por todas.

A chave para a salvação do mundo”...

– O que quer dizer eu ser a chave? – murmurei não conseguindo controlar a voz entrecortada.

– Ninguém sabe ao certo, apenas que você vai fazer isso. – disse Uriel. – É por isso que muitos têm medo de você.

– Basta! – esbravejou Miguel colocando-se entre nós dois. – Uriel, volte para o seu posto e avise à todos que chegarei em alguns minutos para a reunião do conselho.

Sem questionar ou dizer qualquer coisa, Uriel assentiu e abrindo as asas, abriu voo para fora do Salão Negro.

– E você, - Miguel se virou para mim. – Vai voltar para o seu “esconderijo”. Infelizmente ainda temos um trato, mas não nos falaremos mais. Não posso deixar que nosso segredo se espalhe ou posso perder meu cargo e... acontecer algo pior.

Antes que eu pudesse dizer algo a mais, o portal abriu-se entre duas das altas janelas do Salão, onde do outro lado eu podia ter a visão perfeita do riacho perto da casa onde eu e os anjos caídos estávamos.

– E Schyler, - chamou-me ele pouco antes de me deixar atravessar o portal. – avise o anjo Tristan que, estou sendo paciente e muito bom com ele, então se continuar me testando, irá sofrer o que o amigo dele sofreu.

Engoli um seco com a ameaça, apesar de não ser para mim. Obviamente, Miguel se referia a Gabriel, então a ameaça fora sobre expulsar Tristan caso ele continuasse na guerra. Droga, Tristan! Isso me apavorou mais do que deveria, mas continuei calma daquela forma apenas para que pudesse enlouquecer longe dali e de seu olhar.

Estava pronta para atravessar de uma vez o portal, quando algo me veio a mente.

– Miguel, você não respondeu minha pergunta sobre Blair.

O arcanjo sorriu, mas um sorriso sarcástico e inusitado.

– Você saberá sobre ela quando for a hora certa. Tudo o que posso dizer é que a garota sabe demais se tiver ouvido o que eu disse, saberá que as consequências para ela serão muito maiores do que as de Tristan.

E com isso, atravessei o portal vendo o Salão Negro e Miguel desaparecendo entre as águas do riacho.


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Notas finais do capítulo

Miguel, eu já disse que quero te dar uns tapas por ser tão estúpido? Cara, que bicho chato! O que acharam? Espero que tenham gostado ^^
Beijocas xx



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