Schyler escrita por Gi Carlesso


Capítulo 44
Sonhos e dúvidas


Notas iniciais do capítulo

Oii...
Então, eu estou meio decepcionada porque meus leitores simplesmente sumiram do mapa. Eu já estou acostumada com poucos comentários, mas nas duas fics que eu postei esses dias, as duas tiveram um número muuuuuito pequeno de comentários e isso me desanimou e me deixou um pouco triste. É, eu sou chata pra caramba, mas queria que vcs soubessem que eu gosto muito dos comentários, porque essa é uma das únicas coisas que me deixa feliz nessa época que eu to passando. Não queria dizer isso pq vão achar que eu to apelando e tal, mas é sincero.
Então, boa leitura e tomara que gostem.



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Havia uma brisa gelada vinda do mar que arrepiava os pelos de meus braços e nuca, fazia-me imaginar que estava em meio à uma sensação de terror. Meus olhos vagaram pela imagem a minha frente – as várias partes do deque do barco, as velas balançando com a brisa e o mar estendido por todos os lados belo e assustador. Por um momento achei estar sozinha no barco, mas então meus olhos encontraram Gabriel bem ao meu lado, além dele estavam Carrie e Bastian, ambos tinham uma expressão séria e indescritível no rosto, algo estranho e um pouco perturbador. Gabriel dizia algo, pelo o que percebi ao ver o movimento de seus lábios e que ele olhava em minha direção, entretanto, eu não o ouvia e muito menos entendia.

Passaram-se em minha mente perguntas do que estava acontecendo, eu tentava entender como fui parar no barco e principalmente por que estávamos apenas eu e eles ali. Onde estava todo o exercito de anjos caídos? Onde estava Tristan, Blair ou Gail? O que acontecera com eles?

Questionei-me se aquilo se tratava de um sonho ou eu estava imaginando tudo aquilo. Mas era tão... real.

Tudo se movimentava em câmera lenta, não conseguia ouvir qualquer som que fosse além do som do vento e da brisa gelada que me atingia como milhões de pregos em minha pele. Mas o som começara a se tornar mais alto, insurdecedor até que minha visão se tornou turva e meu olhar passou para o horizonte do mar – a antiga imagem de uma imensidão azul fora trocada por uma visão escura e avermelhada de criaturas andando por sobre as águas em direção ao barco. As criaturas possuíam asas ossudas e corpos disformes, as garras apontadas para mim como um aviso de que estavam chegando.

Entrei em desespero em meio à aquela cena e tudo só piorou quando o som de bater de asas fez com que minha atenção se voltasse ao céu, onde anjos com asas negras voavam sobre o barco lançando flechas e armas em minha direção. Meus olhos se voltaram para onde Carrie e Bastian estavam e agora, os corpos de ambos estavam caídos sobre o chão cobertos por uma mancha assustadora de um líquido vermelho. Estavam mortos bem aos meus pés, a mancha de sangue aumentando à cada movimento que o barco fazia ao tombar com as ondas.

O desespero tomou conta de meus pensamentos, os quais eu nem ao menos conseguia ouvir direito. Preocupada, olhei para Gabriel, quem ainda estava de pé bem ao meu lado, estávamos tão próximos e ao mesmo tempo tão distantes, os braços esticados na direção do outro tentando juntar nossas mãos.

Mas pouco antes que nossos dedos pudessem se tocar, minha atenção se voltou para o corpo que caiu de pé a minha frente – Aliha sorria, um sorriso ruim e malicioso como todos os atos que ela fizera contra mim.

Não ouvi nada, nem ao menos uma palavra, mas seu sorriso fora a última coisa que vi antes de tudo escurecer e eu sentir a lâmina fria ser cravada em meu peito.

Acordei num sobressalto segurando os cobertores ao redor do corpo enquanto tentava controlar a respiração ofegante. Meus olhos demoraram para se acostumar com a escuridão do quarto, onde eu apenas conseguia ver a cama ao meu redor por causa da luz da lua que refletia por entre a janela aberta. Meu coração parecia querer pular para fora de minha garganta e minha respiração entrecortada e rápida dificultava que eu pensasse claramente.

Foi apenas um sonho.

Apenas um sonho.

Talvez fosse apenas isso ou pelo menos era isso que eu esperava e queria acreditar. Mas apesar disso, fora algo real demais para um sonho – a brisa gelada, a lâmina sendo cravada em meu peito... tudo parecera mais real do que qualquer coisa que eu jamais sentira em toda minha vida.

– Schyler?

Ouvi a voz carregada de preocupação de Gabriel, quem agora estava sentado ao meu lado com as mãos sobre a pele exposta de meus ombros como se aquilo pudesse parar meus tremores. Seus olhos violeta se alternavam entre meu rosto e braços tentando entender o porquê daquilo e principalmente se havia algo de errado comigo.

– O que aconteceu? Diga alguma coisa.

Respirei fundo tentando controlar meus batimentos cardíacos.

– Um sonho. – sussurrei com a voz entrecortada. – Um sonho... a guerra.

Ele piscou diversas vezes até demonstrar alguma reação.

– Você teve um pesadelo com a guerra, está tudo bem. – disse passando os dedos em meus braços esquentando-me. – Isso é normal, você está ansiosa e com medo.

Assenti de forma negativa. Eu parecia perturbada, mas com razão para isso, afinal o sonho fora algo assustador e as imagens continuavam a repassar em minha mente – todo o sangue, os corpos de Bastian e Carrie mortos sobre o deque, eu e Gabriel sendo separadas por causa de Aliha, os demônios se aproximando. Parecera que eu estava vendo o que aconteceria em poucos dias.

– Não é isso. – eu disse finalmente conseguindo formar uma frase inteira. – Foi real demais, Gabriel. Como uma visão ou coisa parecida.

Ele pareceu pensativo depois de ouvir isso, como se estivesse tentando absorver a informação e entende-la direito.

– O que você viu?

– Estávamos no barco com Carrie e Bastian. Os demônios vinham pelo mar apontando na minha direção e depois os dois apareceram mortos no deque cobertos de sangue. Os anjos negros chegavam e Aliha nos separava cravando alguma arma no meu peito. – fechei os olhos. – Eu e você ficamos sozinhos e eu morro. Gabriel...

Só quando ele passou os braços ao redor de mim que percebi as lágrimas que rolavam por meu rosto. Eu não fazia ideia de como controlar os tremores que tomavam conta de mim por conta do medo – eu estava apavorada, na verdade, não apenas porque em meu sonho Aliha me matava, mas também porque Carrie e Bastian também eram mortos e de uma forma brutal. Não fazia sentido eu sentir aquele tipo de “solidão” quando vi o corpo dele completamente ensanguentado, porém, algo me dizia que eu ficaria desolada caso isso acontecesse.

E isso só contribuiu para que meu desespero aumentasse.

– Não foi apenas um sonho. – murmurou ele com a voz abafada por meu cabelo. – Não sei como isso é possível, mas se Blair é uma Nefilim e pode ver o futuro, acho que está acontecendo o mesmo com você.

Me distanciei de Gabriel apenas até uma distância em que eu podia ver seus olhos violeta, os quais praticamente refletiam uma dúvida que nem ao menos eu poderia responder.

– Não sei se quero ver o futuro como Blair. – resmunguei. – Seria muito...

– Previsível?

Gabriel riu de sua própria piada esquecendo-se por um instante o que estava acontecendo e em resposta, acertei-o na cabeça com um dos travesseiros próximos à minhas mãos.

– Ok, isso é apenas uma hipótese. – suspirei. – Mas não é isso que está me deixando confusa.

– O que é então?

– Eu só vi apenas eu, você, Carrie e Bastian. – meus olhos entraram em foco na lua brilhando no céu que pude ver pela janela aberta. – Então onde estavam os outros?

[...]

Do lado de fora da casa, os treinos já haviam começado com Blair, Tristan e Alec, quem se dividiam pelo campo em que coloquei fogo algumas semanas atrás em uma espécie de campo de batalha ou algo parecido. Alec, de acordo com Gail, havia lutado em muitas guerras em nomes dos humanos – por exemplo, na própria segunda guerra mundial causada pelo nosso querido Gabriel – e pediu para que fosse um instrutor para Blair e para mim, pois não tínhamos nenhuma técnica.

– Não enfrentaremos humanos, então pode-se dizer que isso faz com que tudo fique um pouco mais difícil. Demônios são simples de atacar e muito previsíveis, eles sempre acharão uma forma de mostrar o próximo ataque. – disse Alec. – Já os anjos negros, temos que ter um cuidado redobrado, principalmente quanto à Aliha. Eles são rápidos, não pensam muito antes de atacar e possuem técnicas muito superiores à qualquer militar humano.

Engoli um seco ao ouvir aquilo.

– Então, se preferirem atacar algum desses dois lados primeiro, sugiro exterminar de uma vez todos os demônios. – continuou. – Será rápido, apesar de alguns deles serem fortes e mais espertos. Mas eles são sempre mandados por um líder e juram a vida demoníaca por esses líderes. Então mate um líder e conseguirá mata-los com muito mais facilidade.

O primeiro treino do dia, seria uma espécie de luta em dupla, onde dois dos nossos teriam que se enfrentar. Claro, me colocaram por primeiro contra Alec, já que eu seria uma “arma secreta” e precisaria estar mais preparada para enfrentar a todos.

– Lembre-se do ódio, das lembranças do passado e tudo do que seu padrasto disse. – me disse Gail antes de eu enfrentar Alec. – Canalize o ódio e encontrará o fogo.

Assenti e caminhei até o centro do campo, onde Alec me mandou ficar para que pudesse me treinar.

– Eu quero ver como você “ativa” as chamas. – disse ele fazendo aspas com as mãos para a palavra ativa. – Então irei atacar de repente e você precisa saber como ativá-las sem aviso.

– Mas eu não...

E antes mesmo que eu pudesse terminar minha frase, Alec deixou que as asas cinzentas dele que antes estavam escondidas se abrissem por completo e ele voasse rápido em minha direção. Na verdade, ele se lançara como um projétil no ar ameaçando me atingir a qualquer segundo, mesmo que eu estivesse ali parada sem fazer a menor ideia de como agir.

Então, surgiu uma ideia em minha mente. Deixei que ele ficasse o mais próximo possível e desviei pouco antes de seu corpo de atingir, fazendo com que o projétil fosse de encontro ao chão fazendo um som alto e que terra se erguesse.

Quando a poeira abaixou, ele tentou se levantar com a expressão em seu rosto num misto de surpresa e dúvida, porém não deixei que nem ao menos ele levantasse seu tronco, lembrei-me de algumas palavras de meu padrasto e logo senti meus braços esquentando e as labaredas amarelas surgiessem até a região de meus cotovelos. E não conseguindo evitar um sorriso vitorioso, lancei sobre ele as chamas, as quais derrubaram mais uma vez Alec sem feri-lo.

– Por que estou treinando ela mesmo? – brincou ele sorrindo de uma forma quase que orgulhosa. – Estou impressionado, você que deve treiná-los, Schyler.

Ele se levantou da cratera que seu corpo fizera no chão quando o atingiu enquanto limpava suas roupas da sujeira e terra que o cobriam quase que por completo. Não parecia que eu o feri como imaginei, nem ao menos um pouco de suas roupas estavam queimadas ou algo pegava fogo. Era como se eu tivesse conseguido lançar as chamas apenas como uma forma de defesa e não ataque.

E bom, essa era nova.

– Bons reflexos depois de sobreviver à tantos ataques de demônios de anjos negros. – brinquei dando de ombros. – Mas não sei bem como fiz isso. Se fosse como nos outros treinos, eu teria colocado fogo nas suas roupas.

– Você está ficando mais experiente e mais forte. – disse ele indo até mim. – Por isso os treinos contínuos serão importantes. Seus reflexos ficarão ainda melhores e você ficará ainda mais poderosa, o mesmo que espero de Blair.

Ele apontou para a garota magra e morena que quase que se escondia atrás do corpo grande e alto de Tristan no canto do campo. Ambos estavam de pé encarando a mim e Alec como se tivessem percebido que estávamos falando dela.

– Ela sabe o que vai acontecer daqui alguns dias. – sussurrou Alec apenas para mim, porém seus olhos estavam fixos na direção de Blair. – E apesar de não ser tão forte como você, ainda é uma Nefilim. Não estou sendo preconceituoso contra sua raça, mas Neflins são perigosos, Schyler, ainda mais uma que não conhecemos à nem mesmo uma semana.

Alec saiu do meu lado e caminhou em direção à Gabriel e os outros para conversar algo sobre a guerra. Por mais que eu quisesse ainda me concentrar no treino, minha atenção ainda estava voltada à Blair e Tristan do outro lado e uma dúvida surgiu em minha mente.

Minha visão mostrava apenas Carrie e Bastian, quem eram mortos de forma brutal e eu e Gabriel, onde sobrávamos apenas nós dois e éramos separados com Aliha me matando. Entretanto, onde estavam Blair e Tristan no sonho/visão? Por mais que ela tenha chegado apenas agora e eu confiasse o máximo nele, parecia muito estranho o fato de eles não estarem ali. Como se... como se alguma coisa estivesse tentando me avisar de que poderia acontecer algo que poderia mudar tudo.

Ou eu apenas estivesse ficando maluca.

– Ei, Schy. – chamou-me Carrie interrompendo meus devaneios. – Eu estava pensando numa coisa.

– E você sabe pensar? – brinquei.

Em resposta, Carrie me deu um tapa de leve em meu ombro.

– Idiota. – disse. – Eu andei pensando sobre Blair e essa história de ela ser uma Nefilim como você. Quero dizer, isso não faz sentido nenhum, mesmo que seu namorado-ex-arcanjo-anjo-caído-magia-perfeito tenha falado que existam muitos Nefilins. Pense nisso, por que ela chegaria de repente justo nessa época dizendo que sabe como a guerra vai acabar e não dizer a ninguém?

Franzi o cenho.

– Porque se ela contar pode alterar o futuro e não adiantar nada.

– Ok, mas nem ao menos um detalhe? Como quem vai atacar primeiro e tal? Pense bem, ela poderia contar pelo menos um detalhe sobre a guerra, mas não conta por algum motivo.

– Um de nós morre. – resmunguei mais para mim do que para Carrie. – Blair sabe quem irá morrer, acho que é por isso que está nos poupando de detalhes.

Carrie soltou um urro de insatisfação, deixando-me confusa e até assustada.

– Schyler, você não está entendendo onde quero chegar! – esbravejou ela. – Blair pode muito bem contar alguns detalhes da guerra que não farão diferença nenhuma no futuro, mas não conta porque tem algo segurando a língua dela! Ou ela sabe de alguma coisa além disso tudo.

E foi assim que minha ficha caiu.

Juntei todos os fatos, tudo o que acontecera nos últimos meses desde até a primeira vez que vi Gabriel em minha vida. E assim, cheguei ao dia em que Miguel dissera que nos ajudaria de alguma forma durante a guerra, porém apenas no dia para não levantar suspeitas do céu de que ele estava ajudando anjos caídos numa guerra. Depois, pensei no que Carrie dissera sobre Blair que poderia saber de algo a mais além do que ela contara até agora.

Havia uma conexão.

– Carrie, você é um gênio. – murmurei empurrando-a com mais força do que eu pretendia. – Droga, você está certa!

Corri em direção à casa onde eu poderia encontrar quem precisava para me ajudar a tirar uma dúvida. Eu ainda não tinha certeza alguma de que minha hipótese poderia ou não estar certa, mas precisava tentar e conseguiria a resposta nem que essa fosse a última coisa que eu faria.

Tudo o que eu sabia até agora era que Blair sabia de algo a mais ou apenas estivesse escondendo um detalhe importante. Então, apesar de não ter nada contra ela, Blair não era completamente confiável.

– Gail? – chamei encontrando-a logo em seguida procurando por água na cozinha da casa.

– O que é? – perguntou enquanto despejava água sobre um copo na pia. – Se alguém estiver me chamando para algum treino, diga que eu quero que essa pessoa vá para o...

– Não é isso, preciso da sua ajuda. – interrompi fazendo-a parecer confusa.

– Ok... do que precisa?

– Preciso que me leve até o Salão Negro para ver Miguel.


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Notas finais do capítulo

Bru, minha lindinha, não fique brava por a Blair talvez aprontar ok? kk
Qual o palpite de vocês sobre o que a Blair sabe?
Tomara que tenham gostado, até o próximo xx



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