Schyler escrita por Gi Carlesso


Capítulo 42
Como não ver o futuro


Notas iniciais do capítulo

Margaridas, eu demorei um pouco desculpem :( eu andei escrevendo as outras fics que fazem muito tempo que não posto! Então caso eu demore para aparecer de novo, é porque estou tentando atualizar as outras. Sabem, é muita história para uma pessoa só uhsuhsuhs



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A água estava congelante. Fora como deitar em um colchão de pregos que perfuravam minha pele à medida que eu afundava cada vez mais para dentro do lago. Talvez fosse apenas meu instinto de anjo da guarda ou fora outra coisa, pois no mesmo instante que vi o corpo de Blair atingindo a água congelante, senti algo muito parecido com o que eu sentia caso a garota que eu deveria proteger se metia em algo perigoso.

Tive que manter meus alertas mentais para trás enquanto nadava rapidamente tentando alcançar a garota que se debatia descontroladamente não conseguindo nadar até a superfície. A água parecia ficar ainda mais fria por estarmos mais próximos do fundo, então tentei ir o mais rápido possível até finalmente estar perto o bastante para esticar meu braço e tentar pegá-la pela mão.

Estique os braços, confie em mim.

Repeti essas palavras mentalmente como se ela pudesse ouvi-las e no mesmo instante, senti seus dedos tocando minha mão e assim consegui puxá-la para mim. Blair enrolou os braços ao redor de minha cintura e pudemos subir para a superfície.

– Blair, você está bem? – eu disse ofegante colocando-a sobre a grama ao lado do lago.

Ela cuspia água e tossia várias vezes enquanto balançava o corpo de um lado por outro tremendo de frio. Eu deveria estar da mesma forma, porém vê-la daquele jeito simplesmente deixou-me em alerta e não pude nem ao menos pensar no frio intenso que sentia. Com o tempo, Blair pareceu se acalmar e apenas tremia descontroladamente, porém não mais cuspia água ou tossia.

Vendo-a daquela forma, o casal e as crianças que estavam perto se aglomeravam perto de nós dois, mas não liguei para eles. Retirei o casaco que usava mesmo estando ensopado e o coloquei sobre ela ao ajuda-la a se levantar do chão. Blair era leve e isso facilitou para que eu a pegasse no colo e a levasse para longe de onde as pessoas estavam para levantar voo e leva-la até Gabriel e Schyler.

Ela precisava de ajuda.

[...]

Quando cheguei, tudo o que percebi além do olhar perdido e quase desmaiado de Blair, fora a confusão de Schyler ao me ver chegando com a desconhecida no colo. Gabriel e Gail vieram em seguida tão confusos quanto ela, porém ao ver o quão desesperado eu estava, simplesmente me ajudaram a levando para dentro da casa.

– Quem é ela? – perguntou Schyler indo ao meu lado até onde levavam Blair.

– Blair Cooper, uma Nefilim como você. – assim que ouvi minha resposta, Schy pareceu mais que assustada. – Eu sei, é confuso demais. Mas ela é e pode ver o futuro como Lieene e isso prova que está falando a verdade.

– Isso muda tudo... – murmurou ela ainda surpresa. – Tristan, isso muda a visão de Lieene.

– Eu sei. – soltei um longo suspiro. – É disso que tenho mais medo.

Gabriel a colocou deitada sobre uma das camas e Gail a enrolou com um cobertor quente o suficiente para esquentá-la. Temia que ela pudesse sofrer algo como hipotermia, mesmo sendo Nefilim, coisa que Schyler já provara poder sofrer. Mas agora, vendo que Blair parecia melhorar à medida que o calor a tomava, um meio sorriso surgiu em meus lábios.

O que está acontecendo comigo?

– O que aconteceu com ela? – perguntou Gabriel vindo até mim.

– Caiu em um lago. – a frase pareceu tão imbecil de repente, que senti vergonha de repetir o que acontecera. – Não tive tempo de segurá-la.

– Não importa o que aconteceu com ela, está viva. – interrompeu Schy. – O que está me deixando preocupada de verdade é ela ser uma Nefilim! Como isso é possível?

– Muitos Nefilins nascem todos os dias, Schy. – disse Gabriel. – Há uma chance de isso mudar a visão de Lieene sobre você ser a chave para ganharmos a guerra e o que o demônio disse sobre salvar a terra, mas isso é apenas uma hipótese. Não podemos nos agarrar à essa “tese” sem ter certeza de nada. Schyler está mais poderosa a cada dia, isso quer dizer que há muito mais chances de ser você.

Schyler suspirou. Ao mesmo tempo em que parecia com medo de toda essa situação, tive o vislumbre de um pequeno sorriso em seus lábios, como se o fardo de não ser a tão esperada Nefilim tivesse a deixado feliz. Bom, eu não havia como negar que para alguém que enfrentara tudo de uma vez, certamente a notícia parecia boa.

Depois de um tempo, Blair pareceu estar melhor, com as bochechas mais coradas e se mexia lentamente acordando do desmaio. Quando seus olhos se abriram, aconteceu quase que o mesmo quando saí do lago – ela se levantara de uma forma alerta, quase como alguém se protegendo de um ataque. Seu olhar confuso e assustado alternou em todos no quarto até finalmente chegar a mim e como algo de repente, ela sorriu de forma aliviada.

– Onde eu...

– Está no esconderijo dos anjos caídos recrutados pelo ex arcanjo Gabriel e da Nefilim que coloca fogo em tudo que vê. Eu sou uma anjo caído como Gabriel e como a maioria daqui e você caiu num lago e desmaiou. Tristan a encontrou e trouxe você para cá.

Todos encararam Gail de forma um tanto surpresa.

– O que? – ela deu de ombros. – Eu só quis ser mais direta.

Blair pareceu confusa com o discurso de Gail, porém não disse nada, apenas encarou a todos ainda com um grande ponto de interrogação em sua mente. Ela parecia ainda mais bonita que da primeira vez que a vi, provavelmente porque agora suas bochechas estavam coradas por conta da atenção massiva sobre ela.

– Então, Blair – disse Gabriel quebrando o silêncio. – Tristan disse que você teve uma visão sobre a guerra e que desenhou um barco quando se conheceram. Você é uma Nefilim como Schyler e como vê o futuro, preciso que me diga se viu alguma coisa a mais, como...

– Fiquem tranquilos, eu não sou a chave da guerra e muito menos mudarei o mundo. – disse ela de uma vez e ao ver que todos a encaravam de forma confusa, ela sorriu. – Eu os ouvi falando quando estava acordando. Acreditem, eu não sou nada disso, sou uma Nefilim sem muitas utilidades além de ver o que vai acontecer.

– Quer dizer que...

– Não, eu não vi nada sobre eu ser alguma coisa importante. Sério, vocês não vão querer saber exatamente o que vai acontecer e muito menos quem vai morrer. – ela suspirou. – Tudo o que quero dizer é que vai ser horrível.

Engoli um seco. Aquela frase com certeza havia perturbado todos ali dentro, principalmente Schyler, quem encarava Blair boquiaberta. Provavelmente não fora isso que ela esperava ouvir sobre a guerra.

– Horrível? – perguntou Schyler. – Acho todo mundo aqui sabe que vai ser uma coisa horrível, mas eu quero saber o que vai acontecer de verdade. Se você viu um de nós morrendo, eu preciso que me conte porque quero proteger essa pessoa nem que seja preciso perder minha vida! Eu sei que é alguém que um de nós aqui ama, ou você contaria.

Schyler estava quase que desesperada, a voz mostrava uma dor que ela conseguira fazer todos ali sentirem. Já Blair, a encarava de uma forma solidária, o olhar pedindo por socorro para ela não contar e possivelmente magoar Schyler.

– Eu não... é melhor não, Schyler. Você vai proteger a pessoa e vai lutar muito por ela, mas se souber, todo o futuro irá mudar e não irá mais acontecer a mesma coisa. Isso pode prejudicar outra pessoa.

Agora Schy parecia atormentada, nem ao menos disse nada, apenas deu às costas para nós e saiu correndo pela casa para algum lugar que não pude ver. Gabriel a seguiu gritando para que parasse, mesmo que isso não fosse ajudar em nada. Estava mais do que óbvio a frustração, porém eu concordava com Blair sobre o futuro, afinal isso realmente se tratava de algo perigoso e poderia mudar seja lá o que for que ela tenha visto.

Blair deixou que sua cabeça caísse contra o travesseiro e fechou os olhos. Ela parecia tão exausta quanto Schyler, quem tivera que enfrentar o mundo em suas costas por tanto tempo e agora, corria porque não conseguia saber quem morreria na guerra.

– É tudo minha culpa. – sussurrou Blair ainda com seus olhos fechados.

– Não é sua culpa. – eu disse. Gail estava ao meu lado sentada em uma cadeia, sua expressão parecia confusa e até mesmo um pouco assustada, de uma forma que eu nunca a vi. – É melhor que ela não saiba.

– Eu sei, mas...

– Se culpar não vai ajudar. – interrompi. – Schyler vai ficar bem, ela só sente um pouco culpada por tudo que está acontecendo. Ela e Gabriel têm um fardo muito grande para aguentar.

Blair soltou um longo suspiro após minhas palavras, porém não dissera mais nada. Por um momento achei que fosse dizer mais alguma coisa, algo como “por favor, chame Schyler, eu preciso me desculpar” ou simplesmente “eu sou culpada disso tudo, porque não deveria ver o futuro”. Bom, como Lieene havia dito, o futuro realmente é algo incerto e não importa se alguém consegue realmente vê-lo, de alguma forma ele irá mudar.

Gail se levantou de sua cadeira de forma repentina e se dirigiu para fora do quarto sem dizer absolutamente nada. Eu a encarei de forma confusa por um instante até vê-la fazer um sinal com a cabeça na direção de Blair.

E bom, eu entendi.

Assim que estivemos sozinhos, segui até onde ela estava e me sentei na poltrona localizada ao lado da cama. Só pude perceber o quanto era macia ao me deixar afundar entre as almofadas ali. Isso me relaxou por um tempo, mas assim que tive que me virei na direção dela percebi que seus olhos castanhos me fitavam de forma curiosa.

– O que? – perguntei fingindo estar irritado.

– Você quer dizer alguma coisa.

Não era uma pergunta.

– Deixe-me adivinhar... – resmunguei. – Você teve uma visão de que eu queria dizer alguma coisa.

Blair riu de uma forma divertida e só continuou quando o riso acabou.

– Sou capaz de ver quando alguém quer dizer alguma coisa, mas não consegue. Não preciso de minhas visões para saber, . – mais uma vez ela riu. – O que é?

Suspirei. Entretanto, não fora um suspiro cansado e sim algo relacionado ao fato de que eu não fazia a menor ideia do que dizer, apenas queria estar ali sentado ao lado dela tentando esquecer os acontecimentos dos últimos dias. Talvez isso fora o que eu queria dizer. Não, eu não queria contar a ela que gostava de estar ao seu lado, não agora no mesmo dia que nos conhecemos.

Isso soaria estranho.

– Nada. – eu disse simplesmente. – Vamos esperar as coisas se acalmarem e Gail e Alec vão retomar aos treinos para a guerra.

Eu estava decepcionado comigo mesmo, afinal, não era aquilo que eu deveria dizer a ela, mas fora o que saíra e agora não havia mais volta. Sentia seu olhar quase que também decepcionado seguindo-me para fora do quarto e fora apenas isso que me fizera parar antes de sair.

– A propósito, sou eu quem irá treiná-la. – tentei esboçar um sorriso e espero que ele tenha saído como pensei. – Nos vemos depois, Blair Cooper.


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Notas finais do capítulo

Tenho duas surpresas para vocês:
1 - no próximo cap terá um momento Schyel (finalmente kk)
2 - o invés de "O garoto da camisa 9", eu vou publicar na amazom "Schyler" quando eu acabar! Isso ae, vocês vão poder ter em casa uma versão mais arrumada e lindinha de Schyler :O
Que tal? :) x



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