Schyler escrita por Gi Carlesso


Capítulo 41
Quem seria você, Blair Cooper?


Notas iniciais do capítulo

Olá, margaridas ^^ eu prometi no meu ask que postaria de tarde, mas tive problemas com esse maldito notbook! Então consegui terminar o cap agora em que nossa queridinha ganhadora do concurso aparece! Quem está preparado para conhecer Blair Cooper?



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Tristan

Havia dois lados do fato de eu estar de volta. (1) Eu poderia estar perto de meus amigos de novo, principalmente Gabriel, quem eu considerava um irmão e claro, Schyler. Porém (2) eu também tinha que enfrentar os olhares tanto curiosos quanto desrespeitosos dos outros anjos por conta do episódio ruim com o demônio mentiroso. Então, por esses e outros motivos, estar ali na casa novamente fazia com que uma sensação contínua de perseguição se instalasse em minha mente a cada segundo que eu passava fora do quarto improvisado.

Gabriel bem que tentara me convencer de que eu estava pensando bobagens e de que os anjos não me encaravam de forma estranha como eu tanto insistia. Porém, apesar de receber um voto de confiança dela, ainda sentia que realmente precisa de um tempo para esquecer dos olhares.

– Tem certeza de que vai à cidade? – perguntou-me Gabriel pouco antes de eu realmente ir. – Sabe que pode ser perigoso nesse ponto.

– Sei disso, mas vou ser cuidadoso. – respondi. – Vamos ser sinceros, os demônios não irão atacar agora, devem estar se preparando para a guerra como nós.

– Não são os demônios que me preocupam. – murmurou Gabriel. – Aliha está furiosa, eu sinto isso. Ela é imprevisível, nunca podemos ter certeza do que ela fará a seguir.

Suspirei. Ele estava certo como sempre, Aliha era mais que imprevisível e por esse motivo, deveríamos ficar de olhos abertos para qualquer armadilha ou ataque surpresa que ela poderia aprontar.

– Eu vou para a cidade, mas ficarei longe de lugares isolados. – eu disse. – Assim vou evitar um ataque inesperado.

Gabriel assentiu.

– Tudo bem. Só não seja morto, amigo.

Depois disso, segui para Pequim voando até uma parte da cidade onde teria que esconder minhas asas e voltar a me passar como um humano normal. Mas claro, exceto pelo fato de não estar com minhas asas, as pessoas ainda me olhavam de forma curiosa, provavelmente perguntando-se se eu era um turista ou coisa parecida. Estranhei isso, pois os cidadãos de Pequim deveriam já estar acostumados com turistas.

Passei pelo famoso hotel abandonado onde encontrei Bastian e segui para qualquer lugar movimentado onde poderia me passar por um cidadão comum. Um bar perto do hotel com uma entrada chamativa e várias pessoas na porta acabou por chamar minha atenção, então segui até ali avaliando se seria uma boa opção.

Havia homens consideravelmente bêbados na porta do bar, rindo de forma alta e trombando em seus amigos ainda mais bêbados. Quando estava prestes a entrar, um deles me encarou de forma estranha e outro acabou por trombar comigo pouco antes de eu conseguir abrir a porta do local. Por um momento me senti enfurecido a ponto de uma briga, porém voltei a pensar melhor no que estava prestes a fazer e entrei logo de uma vez no bar antes que pudesse arrumar mais confusão.

Ao contrário da imagem ruim que se tinha do bar do lado de fora, já dentro pude ver que não se tratava de um lugar onde turistas e moradores de Pequim vinham se embriagar e sim, algo silencioso e com apenas um ou dois bêbados andando entre as mesas. Ignorando mais uma vez os olhares curiosos, segui em direção ao bar para arrumar alguma coisa para beber, como água ou algo parecido.

– Uma água, por favor. – pedi à garçonete na língua local.

Ela assentiu e desapareceu em uma porta próxima ao bar. Fiquei por ali algum tempo olhando em volta e observando a forma com que os humanos agiam uns com os outros, inclusive a garota sentada ao meu lado, que escrevia algo em uma folha de papel. Na verdade, depois de reparar bem, ela desenhava algo como um barco e ao lado um anjo.

Um anjo?

Confuso, balancei a cabeça numa forma de ignorar as milhões de perguntas que surgiram em minha mente sobre a garota ao meu lado. Eu deveria estar enlouquecendo, afinal, ela é uma humana e humanos costumam gostar de anjos.

Bom, pelo menos alguns.

Depois de um tempo, a garçonete voltara com minha água e a entregou a mim colocando sobre o balcão a minha frente. Enquanto eu bebia a água, observei novamente a tal mulher se dirigir para dentro de uma espécie de sala.

– Você demorou, sabia?

Demorei pelo menos alguns segundos para perceber que a garota ao meu lado falava comigo.

– O que? – perguntei confuso.

– Você demorou, Tristan. – a tal garota agora estava virada em minha direção com o desenho sobre seu colo escondido de minha visão. Havia um grande sorriso largo estampado em seus lábios. – Eu estava o esperando.

Apenas agora com seu rosto virado em minha direção pude ter uma noção de como ela era – longos cabelos castanhos caindo em cachos um pouco bagunçados até a região das costelas, olhos castanhos profundos, tão escuros quanto as asas de um anjo negro. A pele tão branca quanto a de Schyler, apenas com um certo bronzeado quase que invisível. Havia uma espécie de serenidade em seu rosto, como se ela nunca se estrasse com facilidade, porém ao mesmo tempo, havia um quê de irônica, como se a serenidade fosse apenas um detalhe.

Ela deveria ter uma idade entre 19 e 25 anos, algo assim. Mas também havia algo mais velho nela, como se aquela garota sentada bem ao meu lado fosse ainda mais sábia que eu.

– Quem é você e como sabe meu nome? – perguntei não conseguindo não parecer curioso, desconfiado e principalmente assustado.

Ela sorriu ainda mais abertamente.

– Meu nome é Blair Cooper. – respondeu ela. – Pode parecer estranho, mas eu soube seu nome há poucos segundos atrás antes de conversarmos. Acho que... seria melhor se conversássemos em um local mais isolado, porque a garçonete está nos encarando como se eu fosse louca.

Isso acabou por me causar risos.

[...]

Por fim, acabamos por ir a um parque próximo ao bar, porém algo mais silencioso e muito menos frequentado. Para mim era um completo absurdo saber que as pessoas não andavam por ali, afinal, aquele era um dos poucos locais de Pequim com uma grande quantidade de árvores, inclusive uma das espécies mais bonitas, a cerejeira.

Blair caminhava ao meu lado lentamente sem nenhuma pressa sequer e vendo como ela ficara interessada nas cerejeiras, cheguei a pensar que havia esquecido nosso objetivo ali, mesmo que já tivera me contado algumas coisas como o fato de ela saber meu nome e o desenho do barco.

– Então você vê o futuro como Lieene. – murmurei para tentar quebrar o silêncio entre nós. – E é uma Nefilim?

– Sim, mas posso ver o futuro de uma forma ainda mais clara. Na verdade, posso ver exatamente o que vai acontecer enquanto ela vê apenas sinais. Ah, e minhas visões tem imagens do futuro que podem mudar, ou seja, quando eu estava desenhando o barco, significa que o que eu vi com certeza pode mudar. E sobre eu ser Nefilim... não gosto de comentar sobre isso, minha mãe não fora exatamente a melhor anjo caído que já existiu.

Suspirei. Eu deveria estar tendo a mesma sensação que Schyler teve ao conversar com Lieene da primeira vez e descobrir que previsões do futuro existem de verdade. Agora, eu entendi o quanto isso parecia confuso e ao mesmo tempo assustador.

A parte em que ela era um Nefilim deveria ter me importado mais, principalmente depois da história que o demônio contara de Schyler ser uma espécie de salvadora do mundo. Mas isso quando pensávamos que existia apenas Schyler como Nefilim, agora, existia mais uma.

Blair Cooper.

– E por que disse que demorei para aparecer?

A pergunta pareceu deixa-la um pouco sem graça, tanto que desviou os olhos para fingir estar observando as cerejeiras ao redor. Era como se Blair estivesse fugindo de minha pergunta, como se tivesse algo escondido atrás disso que ela preferia não dizer.

– Ei. – toquei de leve uma de minhas mãos sobre seu ombro e isso pareceu chamar sua atenção, tanto que ela se virou novamente em minha direção. – O que foi?

Dessa vez, ela suspirou.

– Você sabe, eu tive uma visão de você naquele bar e tive a sensação de que teria de estar ali. – respondeu ela quase que tímida por nossa aproximação. – Mas... têm certas coisas sobre essa parte da visão que prefiro não contar. Sabe, melhor deixar as coisas acontecerem naturalmente.

Fiquei ainda mais confuso quanto a isso, porém ao retomar meu olhar sobre o dela, percebi que não deveria mais tocar no assunto então me mantive quieto.

Continuamos nossa caminhada silenciosa entre as cerejeiras encontrando casais, pessoas desacompanhadas andando por ali sorridentes, crianças brincando perto do lago com a água quase que congelada e muitos outros. Parecia que estávamos de onde eu vim, no céu, digamos assim, e por isso me sentia tranquilo absorvendo a energia positiva que o lugar exalava. Blair, pelo contrário, caminhava sempre um pouco distante de mim e com o rosto agora um pouco sério. Questionei-me mentalmente várias vezes se deveria perguntar o que acontecera, porém lembrei de nossas últimas palavras e achei melhor não.

– Acho que Schyler e Gabriel ficarão felizes em conhece-la. – murmurei vendo que agora ela se virara em minha direção. – Schy vai gostar de você.

– Vocês são...?

– Amigos. – respondi rápido demais, algo que arrancara dela uma risada. – Ele e meu melhor amigo estão juntos.

– Ele é o antigo arcanjo Gabriel, certo? – interrompeu ela com um ar de dúvida.

– É, ele mesmo. – suspirei. – Ele aprontou muito no passado, mas agora Schyler o colocou na linha.

Blair riu de minha piada e só assim notei o quanto seu sorriso era lindo, na verdade, um dos mais bonitos que já vi em toda minha vida de anjo. O pensamento me fez franzir o cenho e isso pareceu chamar a atenção dela.

– Bom, Tristan, vou dar um apelido a você. – disse ela de forma brincalhona enquanto caminhava com os braços cruzados atrás do corpo e as pernas balançando livremente. – Que tal “cara amarrada”?

Isso me fez rir alto, tanto que as crianças olharam em nossa direção e um casal de velhinhos fizesse um sinal de silêncio.

– Ok, eu sou o cara amarrada agora. – disse fazendo com que ela me acompanhasse no riso. – E você, qual seria seu apelido?

– Humm... – ela olhou em volta. – Que tal “Srta. Cerejeiras”?

– Perfeito! – falei vendo-a quase que saltitar na direção das cerejeiras próximas ao lago. – Então, Srta. Cerejeiras, que tal ir comigo para onde os anjos caídos estão? Você precisa...

Quando me dei conta, olhei na direção de Blair andando livremente muito na beirada do parapeito da calçada na margem do lago. Ela se equilibrava apenas com as mãos e andava lentamente rindo como se aquilo não se passasse de uma diversão, porém a água estava congelante por conta do frio e isso era mais que perigoso, mesmo que ela fosse uma Nefilim.

– Blair... acho melhor sair daí. – eu disse indo em sua direção enquanto a via apenas sorrir e fazer um sinal de “quieto” em minha direção. – Estou falando sério, a água está congelante.

– Eu não vou cair, cara amarrada. – disse rindo. – O máximo que pode acontecer é...

– Ei, garota, saia da beirada!

Fomos surpreendidos por uma espécie de policial que estava parado próximo a nós com as mãos apontando na direção de Blair. Ele tinha um olhar preocupado, provavelmente muito parecido com o meu.

– Está tudo bem, policial, ela já...

Fui interrompido pelo som alto de água, como se algo tivesse acabado de atingir o lado. Temi que fosse o que estava pensando, entretanto assim que me virei percebi que Blair não estava mais ali e sim se debatia freneticamente na água congelante de forma desesperada.

Não pensei duas vezes e pulei na água.


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Notas finais do capítulo

Belo jeito de se conhecer não? Dar uma nadadinha numa água congelante para chamar a atenção de alguém.... hahah
Vocês vão ver bastante cerejeiras nas minhas fics, porque eu amo cerejeiras com todas as minhas forças!! ;) x



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