Cirrus Quell - A Origem Do Massacre escrita por Norrie


Capítulo 4
Capítulo 5 - Your Problem


Notas iniciais do capítulo

Mais um, hohoho *U*
Reviews? Declarações? Recomendações? Xingamentos?



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A viagem de trem poderia ter sido mais curta, se Cirrus não tivesse que suportar Pandom e Merida em todo o seu caminho.

Começou a se irritar desde a Estação Ferroviária, onde aquele bando de lunáticos com câmeras e mais câmeras quase os deixara cego de tantos flashs. E o pior de tudo: Pandom o obrigara a parecer animado com tudo aquilo.

– Você é uma celebridade agora, Cirrus. Voluntários, principalmente de Distritos como o nosso não são passados despercebidos. Agora faça-me o favor de levantar esse queixo e sorrir um pouco! É deprimente, parece que está em um enterro.

É, no enterro de 23 crianças inocentes. Rebateu mentalmente, mas não foi ousado ao chegar ao ponto de dizer o mesmo alto.

Chegando no trem, socou-se em seu cômodo e passou o resto da tarde soterrado por lençóis de seda. Nunca havia se sentido tão confortável em toda vida do que naquela cama. Seria hilariante até mesmo compará-la com a do orfanato de Iskandar. O colchão duro. Os lençóis ou rasgados ou então encardidos. Não poderia nem rolar um pouco para o lado e já estava debruçado sobre o chão. A cama da capital parecia uma espécie de sonho com todos aqueles panos e rendas. Seria perfeita caso não fosse ela que havia acomodado seu primeiro pesadelo como um tributo.

Bestantes. Corpos se afogando em uma poça de seu próprio sangue. Risadas maléficas daqueles que queriam sua cabeça decepada. Demorou até perceber que quem ria não era seus inimigos de arena.

Era o povo da capital.

Acordou sobressaltado. Suando. A respiração desregulada. Os calafrios percorriam seu corpo aterrorizado, assim que ele ao menos imaginava as gargalhadas do povo que vibrariam com sua morte. Decidiu se levantar. Aquela cama só voltaria a ser usada de noite. Não queria arriscar novamente.

Foi ao banheiro e tomou uma ducha rápida. Era engraçado tomar banho de chuveiro. Parecia que estava debaixo da chuva, mas sem aquele mormaço que provavelmente lhe traria algum resfriado. Riu com a lembrança. Cirrus desde pequeno não perdia uma chuva. Saia correndo, descalço até o jardim do orfanato, com o resto das crianças. E eles ficavam lá, pulando, girando e chutando a água das poças em quem ficava na porta e não queria se molhar. Iskandar ficava uma fera. No outro dia, a maioria já tinha pego um resfriado.

Ah, o orfanato.

Parecia tão distante agora que a lembrança ao invés de lhe proporcionar alegria, o deixou deprimido. Por mais que aquele lugar tivesse todos os defeitos e contras do mundo, lá era sua casa. Ou foi, até agora. Decidiu que se voltasse da arena, daria um jeito de ajudar Iskandar com as crianças. Ou pelo menos tentaria.

Voltou ao quarto e vestiu uma bermuda comum e uma camisa de algodão. Saiu do quarto no mesmo instante que Merida atravessava o corredor.

– Ah, Cirrus! – Ela se alarmou, como se estivesse levado um susto – Estava indo exatamente te chamar. O jantar já está servido!

– Tudo bem.

Os dois caminharam pelos vagões em silêncio. Chegaram ao restaurante onde o jantar era servido. Pandom e Faye já estavam lá, se deliciando dos mais diferente pratos. Jovens de branco, iam e vinham com bandejas carregadas de comidas que ele nunca nem sonharia em consumir.

Se sentou ao lado de Merida, de frente á Faye que comia em silêncio seus frutos do mar. Imaginou que já tivera visto a garota pelo distrito. Ela era tão quieta e misteriosa. Mas não era nada de mais. Concluiu que possivelmente morreria no banho de sangue. Com sorte passaria do segundo dia.

Uma grande taça com suco, acompanhado á um prato de uma massa que nunca vira na vida, estacionaram na sua frente.

– Lasanha – Disse Pandom, engolindo um pedaço de pernil – É uma receita bem antiga, mas é bastante saboroso. Prove.

Cirrus queria empurrar o prato para fora da mesa, só para Pandom ter o senso de que ele não precisava lhe dar palpites. Mas não, achou que a atitude seria muito precipitada. E além do mais, a lasanha tinha uma aparência deliciosa. Colocou um pedaço na boca e sentiu o gosto exótico explodir em sua língua. Nunca comera nada tão bom.

– Depois eu quero mais desse – Disse, pondo para dentro o último pedaço, seguido por um gole do suco de uva.

– Não seria melhor experimentar os outros pratos? Temos uma variedade inacreditável á sua disposição – Merida mal tinha terminado de comer sua comida de pinto. Colocara uma verdadeira mixaria em seu prato e comia com tanta frescura de bons modos que até mesmo Faye a olhava com desprezo.

– Tanto faz – Cirrus engoliu o resto do suco e mais um prato lhe foi servido. Ao fim do jantar, já estava jiboiando. Comera tanto que parecia que iria explodir. Mas aquilo era bom. Dali pro começo dos jogos teria que ganhar mais massa corporal. As refeições capitalescas eram uma oportunidade perfeita para tal.

Todos se reuniram num vagão onde uma televisão imensa os aguardava. Se espremera na ponta do sofá, ao lado de Pandom. Não queria sentar com ele ao seu lado, mas o sofá já estava todo ocupado quando chegou. Assistiram as reprises da colheita em todos os distritos.

Ficara surpreso com a variedade de tributos daquele ano. Os carreiristas, como assim chamados os que residem nos distritos 1, 2 e 4, tinham como única exceção de perigo a garota do 1. Ela era pequena. Cabelos escuros e desgrenhados que cobriam parcialmente seu rosto. Deveria ter uns 14 anos. Não consiguia recordar-se de seu nome. Já os outros eram todos velhos. A maioria voluntários. Altos e musculosos. Arkon, também do Distrito 1, ficou preso na memória de Cirrus assim que os olhos letais do garoto o encaravam por através da tela. Ele estava olhando diretamente para a câmera, mas a sensação que dava era que ele estava olhando para Cirrus. Um sorriso demoníaco se formou no canto dos lábios do garoto antes da colheita voltar-se para o Distrito 2. Um loiro, não tão bombado quanto Cirrus achava que o Distrito costumava oferecer, mas havia algo nele que exalava perigo. Seu nome era Colm.

Distrito 3...

4. Mai e Talon. Pescadores, então devem ter experiência com lanças e facas. Provavelmente com armadilhas também. 5. 6...

Cirrus pediu pular para a do 8, mas Pandom insistiu tanto que tiveram que reviver aquele maldito dia. A reação dos locutores da capital foram imediatas. O que temos aqui? Um voluntário do 7! É, com certeza teremos uma edição emocionante este ano! Então veio o 8. E então...

O 9. Todos arquejaram ao verem o tamanho do garoto que fora sorteado. Mason Trumonty, se não falha a memória. Negro, alto e musculoso. Se não fosse pela apresentação em ordem de Distritos, qualquer um diria que o mesmo era algum carreirista. Então veio o 10. Nada de mais, mas Cirrus sentiu um formigamento na pele ao ver a garota. Cabelos cor de cobre e traços épicos. Havia algo na garota que o fascinava, só não tinha certeza do que seria. Então o programa se prolongou até o 11 e o 12. Nem assistiu direito. Esses dois últimos sempre eram os principais á morrer no banho de sangue. Fracos.

Se despediu sem fazer muita algazarra e voltou-se ao seu quarto. Faye se juntou á ele no caminho.

– Não consigo entender qual é o seu problema – Ela sussurrou.

– O quê?

– Escutar Pandom – Respondeu, já girando a maçaneta de seu quarto – Todo o Distrito sabe que foi ele que fez sua cabeça para se voluntariar – Antes de adentrar de vez no cômodo, Faye o olha com uma expressão indecifrável. Pena, talvez? Acusação? Incredulidade? – Me admira logo você ter lhe dado ouvidos.


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