Estamos no ano novo de 2015 para 2016. Faz três anos que o Rafael veio falar comigo naquela festa, e que tudo começou. Tantas coisas aconteceram que parece que isso foi até em outra vida, com outras pessoas. Hoje, somos pessoas completamente diferentes, que seguiram caminhos opostos.

Após aquele beijo, algo mudou, não sei dizer exatamente o que, mas já não éramos mais os mesmos. Nós acabamos namorando, mas não era como antes. Quero dizer, a amizade não era como antes. Antigamente, contávamos basicamente tudo um para o outro, sem poupar detalhes. Durante o namoro, nós deixamos isso morrer, não sei bem em que momento foi isso, mas aconteceu.

Depois de mais ou menos um ano namorando, nós resolvemos que tínhamos que dar um jeito naquilo. Sentar e conversar, sobre tudo que estava acontecendo com nós. Perguntamo-nos onde tínhamos errado, como chegamos ali, e o que iríamos fazer. Nada parecia ter resposta. Ele me disse que apesar de tudo, ainda me amava, mas eu não podia dizer o mesmo. Não que eu não o amasse, amava-o muito, mas doía, e não era como antes. Era como se ele fizesse flores crescerem no meu pulmão, e apesar de elas serem lindas, eu não conseguia respirar. Antes, era como se nada pudesse me parar, o céu era o limite. E eu perdi essa parte de mim, e com isso, acabei me perdendo. E sinto que com ele também era assim, eu, mesmo que sem querer, tirei um pedacinho importante dele. O que adiantava ter um ao outro senão podíamos ter a nós mesmos?

– O que vamos fazer? – ele me perguntou.
– Eu não sei. Qualquer um diria que poderíamos dar um tempo, mas acho que nem eu nem você acreditamos nessa de “dar um tempo”. Ou um ponto final, ou uma vírgula.
– Temi tanto por esse momento. – ele disse. – Mas acho que já acabamos... Só não tivemos coragem de falar isso. Você foi e sempre será meu primeiro amor, e mesmo que isso tenha nos destruído, eu nunca me arrependerei de você. Mas agora é a hora de te deixar ir.
– Eu amo você. E queria que tivéssemos sido melhores, que as coisas tivessem funcionado. – eu disse, e nos abraçamos.