Argonautas I escrita por Argonautas


Capítulo 23
Julia Lamberti




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Estava no lago do Acampamento Meio-Sangue olhando para a água. "O que é Acampamento Meio-sangue?" você pergunta. Um acampamento para semideuses, meio mortais, meio deuses gregos.

Sim, deuses gregos, você leu certo, eles existem e estão por aí até hoje. "Quem é seu pai ou mãe?" Você pergunta novamente.

Minha mãe? Bom, ela era uma mortal, que me criou em Richland, Washington, até os 10 anos de idade. E meu pai? Bom, meu pai era o deus grego Apolo , deus do sol , da cura , etc. Você já deve ter ouvido falar nele.

Ah, antes que eu me esqueça: meu nome é Julia Lamberti , mas todos me chamam de July.

Olhei para o lago, pensando no passado. Por um bom tempo, lembranças antigas me ocorreram.

Eu estava na minha casa, em Richland. Eu tinha 10 anos de idade. Estava me arrumando para ir pra escola, mas ainda faltavam algumas horas para o ônibus escolar passar, então eu e meu irmão jogavam videogame.

Sim, eu tenho um irmão. Um irmão gêmeo. Seu nome é Oliver. Ele nasceu primeiro que eu, é claro, pois primeiro o rascunho e depois a obra-prima , como dizem os "filósofos" da internet.Nossas mochilas estavam em cima da mesa da cozinha. Minha mãe sempre arrumava nossas mochilas com exagero, botava uma muda de roupas extra, dois sanduíches e uma garrafa de água, o que deixava nossa mochila um peso completo.

– HEY! Você está roubando! Não vale! - Disse meu queridíssimo irmão enquanto eu o vencia no videogame.

– Ollie , só porque você está perdendo , não quer dizer que eu estou roubando. Eu não roubo sempre no videogame. - Disse, dando de ombros.

– Nem sempre, mas a maioria das vezes! - Disse ele irritado.

–Ah, tanto faz. - Falei, enquanto voltava a me concentrar no jogo.

Estava tudo indo bem, até ouvirmos um grito. O grito era da nossa mãe.

Fomos até a cozinha, onde ela estava, mas não nos atrevemos a entrar. Então ficamos agachados atrás da parede, vendo o que acontecia.

– Onde estão as crianças? - Disse um homem desconhecido, que encurralava minha mãe contra a parede.

– Eu... eu não sei. - Disse ela. E , por incrível que pareça , ela nos viu , mas logo desviou o olhar.

– Está mentindo. - Disse ele, e apertou o braço de minha mãe com mais força.

– N-não senhor... eles já foram para a escola. - Disse ela.

– Então porque as mochilas deles estão aqui? - Perguntou ele, desconfiado.

– Porque eles levaram a outra mochila, Embora fosse para levarem essas mochilas e as mochilas em cima do armário. - Disse ela, olhando na nossa direção. Eu e meu irmão nos entreolhamos. Aquilo era um sinal. Ele foi até o armário que tinha na sala, pegou as duas mochilas e entregou uma para mim. Precisávamos pegar a outra.

– Então vou esperá-los voltar. - Disse ele , indo se sentar.

– Não! Espere-os lá fora, você os verá mais fácil. - Disse ela. Ele a olhou desconfiado, mas assentiu.

– Mas você vai comigo. - Disse ele. Ele a puxou pelos cabelos e a guiou para fora, com uma faca apontada para seu pescoço.

Quando ele se afastou o suficiente, fomos até a mesa e pegamos as mochilas.

– Temos que fugir. - Disse Ollie - Esse cara quer nos matar.

– Sim, mas e a mamãe? - perguntei.

– Podemos tentar enganar o cara e salvá-la - Disse ele. Concordei e fomos para a varanda.

O sujeito estava lá, de costas sentado ao lado de uma árvore, que poderia ver que minha mãe estava amarrada.

Meu irmão pegou uma pedra, e jogou bem longe á esquerda da varanda. O ciclope se levantou e foi até lá ver o que era.

Corremos para a árvore onde mamãe estava amarrada. Ollie pegou uma pedra e começou a tentar arrebentar o nó com ela. Quando estávamos quase conseguindo, ouvimos uma voz dizendo: - Ah , aí estão vocês. - Olhamos e era o sujeito desconhecido. Ele tirou o chapéu que usava, e podemos ver seus olhos. Olhos não, olho. Olhei para meu irmão que tinha uma cara de quem estava quase enfartando de medo.

– enfim, a janta. - Disse o ciclope. Ele tirou seu casaco, puxou um machado que estava preso na suas costas e atirou em nossa direção. Eu e meu irmão nos abaixamos, mas minha mãe não pode fazer isso. O machado a atingiu na cabeça.

– Mãe... - Falei , meio que sussurrando. Ergui a mão para tocá-la, ou ajudá-la, mas meu irmão puxou minha mão e me arrastou para longe. Corremos muito, nem ao menos sabíamos se aquele ciclope ainda nos perseguia. Chegamos até o centro da cidade e pegamos um táxi para nos deixar na divisa com o estado de Idaho.

Ficamos algumas horas no carro, eu remexia na bolsa que pegamos em cima do armário. Achei 600 Dólares , um cartão de crédito e outras coisas que não sei para quê serviam. Vi um papel que deveria ser uma carta. Queria lê-la, mas não com um taxista no banco da frente ouvindo Juke Box Hero e cantando super desafinado. Teria que esperar até estarmos somente eu e meu irmão. Quando chegamos, entreguei uma nota de 50 para o taxista, ele agradeceu e descemos. Andamos mais um pouco até eu achar uma praça, com muitas árvores e muito bonita e sentamos ali.

– Mamãe deixou uma carta nessa bolsa. - Falei

– Que carta? Você leu? - Disse ele.

– Não, mas lerei. - Disse. Peguei a carta e comecei a ler em voz alta.

"Caros July e Ollie,

Se estiverem lendo isso, é por que possivelmente fomos atacados por monstros.

Sim, monstros.

Vocês sempre se perguntaram quem era seu pai, certo? Bom, isso pode parecer bizarro, mas ele era um deus grego. Sim, deus grego, dos mitos antigos. Eles existem e vivem até hoje. Seu pai era Apolo, o deus do sol, da cura, da música, entre outras coisas.

Existe em New York , um acampamento para crianças como vocês. Filhos de mortais com deuses. Fica em Long Island. No fim desta carta terá o endereço completo. Vocês devem ir até lá. Mas, alerto-os: Não peguem um avião. Zeus não gosta de mim, disse que atrapalhei muito no desempenho de Apolo em seu trabalho enquanto estava com ele. Ele deixou claro que se eu ou vocês ousássemos entrar em seu território, ele não nos pouparia. Viagem por terra. Nessa bolsa, encontrarão 600 dólares para sobreviver, e um cartão de crédito com uma poupança da família, caso o dinheiro acabe. Tem também Néctar e Ambrosia, alimento dos deuses, que ajudam semideuses a se curarem, mas só comam em casos de extrema urgência, como se um de vocês estivesse ferido. Sabe o cordão e a pulseira com um símbolo de uma nota musical que vocês têm? Bom, foi um presente de seu pai, ele disse que se transformam em um arco e flecha, mas não explicou como, isso terão que descobrir sozinhos. Então, guardei aqui duas facas de prata. Não sei se será eficaz, mas acho que ajuda. Não coloquei roupas aqui, então vocês terão de comprar novas.

Beijos,

Mamãe"

– Eu li , e já estava chorando. Olhei para Ollie , e ele estava bem triste , também. Mexeu na bolsa e tirou uma faca de prata , e colocou no bolso de sua jaqueta. Tirei uma faca da minha também , coloquei no bolso do meu casaco. Ele se levantou , e falou:

– Bom, acho que é melhor começarmos a viajar então. -

******************

Havia três meses que viajávamos. Encontramos alguns monstros, mas despistamo-los. Por incrível que pareça, já estávamos em Ohio. Estávamos perto de nosso destino. Tínhamos acabado de desembarcar de um ônibus de viagem, e estávamos em uma lanchonete de estrada devorando alguns x-bacons.

Nosso ônibus ficaria na cidade por quatro horas, então resolvemos dar uma volta. Estávamos andando tranquilamente, quando ouvimos uma voz que não ouvíamos há três meses.

– Ora, Ora, se não são os pivetes de Richland.- Disse o ciclope.

Viramos e vimos ele e um outro ciclope , que provavelmente seria seu amigo.

– Ah, Refeição. -Disse seu amigo.

Os dois tiraram a jaqueta e pegaram um machado que estava preso em suas costas, e vimos que usavam um colete com algumas facas de caça.

Um dos ciclopes atirou o primeiro machado. Desviamos facilmente e tiramos a faca de prata do bolso. Olhei para minha pulseira, esperando que pela primeira vez ela virasse um arco, mas não aconteceu.

O segundo ciclope atirou seu machado, e novamente desviamos. Então, começou.

Os dois ciclopes pegaram cinco das facas de caça cada um e atiraram contra nós. Desviei com dificuldade, uma passou raspando pelo meu ombro, mas desviei. Olhei para Ollie , e ele olhava para mim , ele também tinha desviado. Só que outra faca vinha em sua direção, e ele não percebia.

– Ollie! - Gritei, mas só deu tempo de ele virar a cabeça, e a faca o atingiu em cheio no coração, e ele caiu. Morto.

Senti as lágrimas vindo.

Ao ver meu irmão morto uma onda de fúria caiu sobre mim repentinamente. Virei para um dos ciclopes, e sem pensar ergui a mão. Não sei como , mas um raio de luz saiu dela e o atingiu , pulverizando-o. Eu tinha convocado um Raio Solar.

Virei para o outro ciclope, ainda com a mão erguida, mas não funcionou. Ele, que esperava o ataque, percebeu que não funcionou e moveu a mão em direção ao colete para pegar mais facas.

Antes que ele pudesse sequer atirar uma, aconteceu. A pulseira na minha mão virou um arco, e meu colar virou uma aljava de flechas, que estava presa em minhas costas. Peguei uma flecha, encaixei-a no arco e disparei. Não sabia como, mas tinha uma ótima mira. A flecha o atingiu no olho e ele virou pó. Virei em direção ao meu irmão, que estava caído morto , e corri até ele.

– Ollie... - Sussurrei, mas não obtive resposta, ao invés disso , ouvi uma voz dizendo:

– Uau , como você soltou aquele Raio solar? - Virei-me e vi um garoto, loiro de olhos cinza me olhando fascinado. Ele usava uma camiseta escrita "Acampamento Meio-Sangue" , o que queria dizer que ele era de lá.

– Você... é um semideus? - Perguntei confusa.

– Sim, e você pelo visto também é. Sou Patrick, filho de Hermes. E você é...? - Ele perguntou, erguendo a mão para um cumprimento.

– July, filha de Apolo. - Disse, apertando sua mão.

– Você nunca foi ao acampamento, né? Eu forneço Coca-cola clandestinamente para o pessoal do chalé de Apolo , e nunca te vi lá. - Disse ele.

– Não, nunca fui. Mas, estou percorrendo metade do país para ir. - Disse.

– Não seja por isso, pegue suas coisas e venha comigo. - Ele falou, apontando para um cavalo alado que puxava algo tipo uma carroça, acho que o nome certo era biga.

Peguei minhas coisas e as coisas de Ollie , e subi na biga.

Enquanto voávamos, falei:

– Patrick, você poderia não comentar nada sobre aquele Raio Solar? - Falei.

– Bom, ok , você que sabe. - Disse ele.

Foi assim que eu descobri ser semideusa e vim para no Acampamento.

Hoje faz dois anos que meu irmão morreu e que conheci o Patrick.

_ July, está na hora da aula de Esgrima, você não vai? – Disse meu irmão Rick, Conselheiro do nosso Chalé.

Ele me estendeu a mão e eu levantei da cama, para mais um dia de treinamento.


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