Gaara Sabaku estava no porto de Haruno, olhava ainda sem entender como haviam sobrevivido ao redemoinho, de algum jeito o Sombra do Vento escapou.

De algum jeito...

Claro que o navio precisava de reparos, muitos reparos. Mas ainda sim eles haviam sobrevivido.

Não sabia explicar um segundo estavam dentro do mar e no outro submergiam revividos.

Passou a mão no cabelo vermelho, estava nervoso e mais do que nervoso estava frustrado, não salvara seus melhores amigos, não capturara a pirata, não encontrara Arashi, fora salvo por uma mulher e ainda havia destruído um navio novo.

Estava tão absorto em seus pensamentos que não viu quando a jovem senhorita se aproximou.

Ino não disse nada apenas olhava os marinheiros tentarem consertar os estragos causados pela brincadeira de Arashi.

Gaara ao perceber sua presença, tossiu baixo tentando chamar a atenção da moça.

–Acredito que não tenha sido uma viagem agradável – Disse sem humor, tentando manter uma conversa.

–Uma mulher precisa ser forte se ela quiser sobreviver – Respondeu, ainda olhando os marinheiros tentarem consertar os estragos no Sombra.

O Sabaku ficou espantado, não era todo dia que se ouvia uma mulher dizer este tipo de afirmação, ainda mais uma nobre.

A moça percebendo o que havia falado abriu a boca para consertar o estrago da afirmação, ela era uma dama da sociedade, deveria fingir sempre ser doce, frágil e tola.

A moça só não contava com o meio sorriso que apareceu nos lábios do rapaz.

–Eu ainda devo pedir desculpas e lhe agradecer – Falou balançando a cabeça.

–Pelo que? – Se apressou a dizer a jovem.

O rapaz passou a mão bagunçando ainda mais seus cabelos desalinhados cor de sangue.

–A senhorita me salvou – Disse visivelmente desconfortável.

–O senhor também me salvou, então não temos dívida um com o outro – Respondeu.

E mais uma vez o Sabaku se surpreendeu.

–Em dívida? A senhorita é uma nobre e uma mulher, o meu dever era salva-la – Falou voltando a postura séria.

–Seu dever... Entendo. É um homem nobre em suas ações, percebo... – Havia um tom de decepção implícito na voz da moça.

Gaara naquele momento se sentia mais idiota do que Naruto, e se Sasuke ou o loiro estivessem ali, ririam dele e diriam o quão patético ele era.

–Digo... Obrigada por me salvar – Por pouco não gaguejou ao dizer isso, era humilhante, mas era verdade.

Ela o encarou com aqueles olhos azuis profundos.

–O senhor se machucou? – Perguntou, ignorando o pedido de agradecimento e percorrendo o olhar no rapaz, que estava com alguns curativos e algumas ataduras devido ao embate.

–Só o ego – Respondeu.

Então a jovem riu.

Ela tinha um sorriso bonito, iluminado.

–Eu devo ir agora, mas retornarei ao navio para voltar a Konoha – Disse a jovem.

–Esperaremos a senhorita – Respondeu voltando a postura séria.

Então ele a viu se afastar, os cabelos soltos loiros tão claros que quase chegavam ao tom de marfim dançavam com o vento e ele achou que ela era a mulher mais bonita que já havia visto.

–Tenho mais medo de mulheres bonitas do que de homens com espadas em punho – Disse uma voz masculina que chegara naquele momento.

–O que quer dizer Kakashi Hatake? – O ruivo arqueou a sobrancelha.

[...]

Ao fim da reunião apenas Neji Hyuuga continuava na cabine do capitão, quando Tenten Mitashi e Shikamaru Nara, adentraram o cômodo.

–Mandou nos chamar Capitão? – Perguntou o imediato.

–Sim, se acomodem – Respondeu com um leve movimentar de mãos.

O imediato se postou ao lado do Capitão e o navegador encontrou uma poltrona para se encostar.

Arashi olhou para o navegador e depois para o Imediato.

–Nós já temos um curso definido – Disse Arashi – Senhores, iremos para Sora.

O navegador arqueou a sobrancelha e o imediato lhe lançou um olhar rápido.

–Capitão, a cidade de Sora fica a mais de um mês de viagem – Falava o imediato incerto.

Arashi deu um sorriso de canto.

Shikamaru sabia que algo grande estava prestes a acontecer, era sempre assim, quando Arashi decidia algo, nunca voltava atrás.

–Me diga Senhor Nara, qual é a menor distância entre dois pontos? – Perguntou o Capitão, andando em direção a um pequeno armário com portas de vidro que ficava no canto da cabine.

Tanto imediato quanto Hyuuga olhavam do Capitão para o navegador.

Shikamaru suspirou.

–Uma linha reta – Respondeu sem ânimo.

O sorriso de Arashi se alargou, ela segurava um mapa em suas mãos.

–Exato – Disse.

O Capitão esticou o mapa sobre a mesa, ele era grande cobria toda a extensão do móvel, já estava amarelado devido ao tempo, porém o que chamava a atenção eram os desenhos e as inscrições.

Todos olharam para Arashi que pousou o dedo em cima de uma rota específica.

O espanto era visível em seus rostos, enquanto Arashi parecia se divertir com a situação.

–Isso é loucura – Falou o Nara, com os olhos fixados no mapa.

O Capitão permaneceu em silêncio, mas estava visivelmente relaxada.

–Capitão se nós formos por essa rota, passaremos pela Baía da Espuma, e esse não será o maior dos nossos problemas, ainda teremos o Cemitério... – Falou a Mitashi incerta.

–Essa não é só uma rota arriscada, é suicídio navegar por essas águas – Se pronunciou o Hyuuga, ele parou para por um momento e depois continuou – Ainda teremos de lidar com fato de Orochimaru estar em nosso encalço.

Tenten pensou um pouco.

–Não só ele, Jiraya também foi convidado para a festa – O imediato disse, encarando o mapa.

Arashi ainda mantinha uma postura relaxada sustentando um sorriso de canto.

E dessa vez o navegador se pronunciou.

–Vocês dois são muito ingênuos – Suspirou o Nara – Uma linha reta... O que vocês acham que o Capitão deseja?

Tanto imediato quanto Neji Hyuuga, não entenderam o que o navegador queria dizer.

Então o sorriso de Arashi se alargou e sua voz saiu assustadoramente melodiosa e hipnótica.

–O Cemitério de Névoa é um desfiladeiro cheio de navios naufragados, a névoa que cobre o lugar torna-o mórbido e assustador. Poucos navegam por aquelas águas, qualquer cálculo mal feito e um navio poderoso ficaria preso nas pedras ou afundaria de uma vez naquelas águas escuras.

A postura do Capitão mudou, havia uma chama cruel em seu olhar e ela voltou a falar.

– Me digam senhores, o Cemitério da Névoa não seria um lugar perfeito para encurralar os meus dois maiores inimigos?

Os três se entreolharam e então entenderam que Arashi era assim, não importavam as consequências nem os riscos. Se Arashi Haruno decidia algo, estava decidido.

Não havia volta ou segunda opção.

O Capitão era o pilar de um propósito, ele não hesitava, ele seguia em frente, e se não houvesse caminho, criava um.

–Não vão me responder, senhores? – Perguntou o Capitão, com uma postura altiva e convicta.

–Posso guiar o Vingança, por qualquer rota – Respondeu o Nara.

–Assim que chegarmos ao porto, iremos efetuar os reparos e reforçar o Vingança, então estaremos prontos para uma viagem longa Capitão – Tenten falou com confiança.

Até mesmo Neji que chegou a duvidar foi convencido por Arashi e por suas palavras.

–Excelente! Não esperaria menos de vocês – Falou o Capitão.

Tudo estava indo conforme os planos de Arashi e logo os dois maiores inimigos de seu pai estariam mortos.

Ela jurou vingança e ela cumpriria seu juramento.

Quando os três já haviam saído da cabine, ouviu-se batidas na porta, tirando Sakura de seus pensamentos.

Sasuke Uchiha estava lá parado a encarando, com seus olhos ainda mais negros do que de costume.

Havia convicção no olhar do rapaz e Arashi soube ali que ganhara um aliado poderoso.