Somebody That I Used To Know escrita por Luke Lupin


Capítulo 7
“No matter gay, straight or bi”


Notas iniciais do capítulo

Born This Way - Lady Gaga



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Já era Junho.

Um mês tinha se passado desde que Marie e Thiago tinham visitado Henry e um mês fazia desde que tinha ficado com Billie pela primeira vez. No começo, todos seus amigos ficaram fazendo brincadeiras sobre o quanto aquilo fora previsível e que na verdade levou muito tempo, mas depois elas foram passando e agora era muito comum encontrar Henry e Billie juntos, pelo menos um do lado do outro, ou no máximo de mãos dadas, andando pela escola, sempre conversando.

Henry estava feliz. Sua relação com Billie era muito engraçada. Passavam a maior parte do tempo conversando (ou sozinhos ou com amigos) e agiam como se nada tivesse realmente acontecido, mesmo quando não havia ninguém perto, o que mais diferenciava aquelas vezes das outras é que, de vez em quando, Billie simplesmente parava de falar (ou o assunto acabava) e eles se beijavam, como se fosse algo corriqueiro e simples, depois voltavam a falar sobre a série ou o livro ou algum ator que os dois gostavam, ou começavam a debater um determinado assunto, ou faziam nada, um se aconchegava ao outro enquanto esperavam algum assunto surgir. Além de sua vida amorosa, sua vida social estava, também, muito aceitável; sua amizade com Bruno crescera bastante (mais do que com os outros) de forma que era muito comum encontrá-lo trocando ideias e risadas durante o almoço ou enquanto iam embora.

O resto do grupo também estava bem.

Mary-Ann e Lucia assumiram para todos (por todos leia: Murilo, Bruno, Henry, Billie e Larissa) que estavam juntas, mesmo que tal fato não fosse um segredo para eles, afinal, aquelas duas combinavam muito bem. Na verdade, elas quase que se completavam. Enquanto Mary-Ann era mais extrovertida e contente, Lucia era mais quietinha e na dela. Inicialmente, ninguém via muita coisa entre elas, apenas uma amizade no nível de colegas de classe, mas o tempo foi passando e indícios foram deixados para quem conseguisse pegá-los. Henry e Billie perceberam o que estava acontecendo bem antes de todos, quando as duas só tinham ficado uma vez; Murilo e Larissa perceberam quando Lucia começou a ficar cada vez mais parecida com Mary. Lucia era um gênio, aquilo era inegável, mas tinha medo de querer aparecer, tanto que os professores só sabiam dela por suas notas e seus amigos porque ela não tinha medo deles; a menina quase nunca falava em sala ou participava de debates com questões polêmicas, mas foi só Mary-Ann começar a estimulá-la que a garota perdeu o medo e mostrou do que era capaz; poucos daquela sala não admiravam a menina (poucos estes que deixavam bem claro a inveja mortal que tinham). O único que “não percebeu” foi Bruno, que só teve a ficha caída quando Murilo comentou o fato com ele e passou a observar.

Henry apresentara Pedro a Larissa e não sabia se aquela tinha sido uma boa ideia, mas, pelo menos, um mês se passara e nenhum dos dois lados saíra chorando ainda, o que era uma vantagem, pelo menos ao ver de Henry. Pedro acabou ficando mais íntimo do grupo também, não no mesmo nível que os outros, claro, mas já era um começo; todos o chamavam de Rudolph e mediam esforços monumentais para deixá-lo sem graça, quase nunca obtinham sucesso. Henry mantinha para si o segredo dessa técnica.

O caso mais curioso daqueles sete era Murilo. Ele estava lá e não estava ao mesmo tempo. Sempre ria e brincava com todos, prestava atenção nas aulas e tirava notas boas, mas parecia não querer se envolver emocionalmente (ou de qualquer outra forma) com eles. Os sete dividiam entre si o tipo de problemas que todo adolescente sofre, mas o único que não comentava qualquer coisa era Murilo, ninguém o pressionava, afinal, não era sua obrigação comentar qualquer coisa pelo simples fato de que os ouvia, mas todos percebiam e pensavam, mesmo que por alguns segundos, sobre o fato.

Embora o grupo estivesse mentalmente bem, estavam acabados fisicamente. Junho era o último mês de aulas antes do mês de férias e aquilo significava duas coisas: trabalhos e provas. Mais trabalhos e mais provas que o normal, sem contar o nível de dificuldade (e de pressão).

No começo, todos levaram o ritmo numa boa, não tinham muito com o que se acostumar e sempre conseguiam manter as lições de casa em dia, mas o tempo foi passando e a quantidade foi aumentando exponencialmente, aquilo não era humano. Num dado momento tinham tanta coisa pra fazer que não sabiam nem de onde tudo aquilo tinha surgido. Cada um lidava de sua maneira: Henry e Billie passavam muito tempo do final de semana juntos na biblioteca ou no parque fazendo lições; Lucia e Bruno faziam seus deveres em casa, mesmo que ninguém realmente entendesse como; Mary-Ann fazia o que conseguia (uma quantidade significativa) e o que não era possível, pedia para Lucia, que cedia sem reclamar; Murilo estava sempre fazendo alguma coisa, porque sempre descobria de última hora que tal coisa era para o dia seguinte, quando ele tinha se programado para fazer no dia seguinte, acreditando que era para a próxima semana.

Quando Paulo, de biologia, marcou uma prova para o final do semestre em que o conteúdo era do semestre inteiro e quando Regina, de química experimental, disse que teriam uma prova prática individual, também no final do semestre, o mundo caiu e a sala inteira se desesperou, afinal, ambos podiam ser fantásticos professores, mas isso não significava que suas provas não eram fantasticamente difíceis e também não significava que os outros professores também não marcariam provas monstruosas como aquela.

— Não sobreviverei ao final do semestre. – Declarou Murilo, para surpresa de todos, no intervalo daquele dia. – Sério, os professores acham que a gente tem o quê? dez mãos e vinte cérebros?

— Concordo. – Disse Mary-Ann, sentando-se numa mesa e abrindo seu usual saco de pão para tirar uma maçã. – Eles acham que a gente realmente tem cabeça o suficiente para aguentar tudo que eles estão mandando sem enlouquecer.

— É real. – Concordou Lucia.

— Viu! Se a Lucia, que é a Lucia, concorda, como que os professores acham que eu, mero mortal, vou sobreviver? – Disse Henry, sorrindo de lado e piscando para a amiga, que começara a corar.

— Você fala isso, mas não precisa nem se preocupar com as matérias do técnico, você entende tudo tão fácil e faz tão rápido que eu fico me sentindo um incapaz perto de você. – Comentou, novamente para a surpresa geral, Murilo.

— No dramas, you drama Queen. Já falei que posso ajudá-lo se você quiser, é só pedir e parar de ficar chorando a solução derramada.

— Você e suas tentativas frustradas de fazer com que química fique menos monstruosa do que realmente pode ser. – Disse Bruno, fazendo com que todos rissem da piada ruim de Henry.

E logo o intervalo terminou. Logo já era o almoço. Logo já estavam liberados. Logo, mais perto estavam dos desastres do fim do mês.

Pelo fato de terem muita coisa pra fazer, simplesmente parecia que as horas dos dias não passavam, transmutavam-se em segundos de “seis da manhã” para “três da tarde” como se ninguém fosse reclamar da velocidade com que o dia acabava. Henry e Billie seguiram para a biblioteca, onde ficariam até às seis horas, como sempre; desta vez, entretanto, Bruno perguntou se podia ir com eles, não estava realmente com vontade de ir para casa, obviamente a resposta foi sim.

— Eu não vou segurar vela, né? – Perguntou Bruno, querendo brincar com os dois.

— Vai, claro que vai, Bruno. Passarei a te chamar até candelabro depois de hoje. – Responde Henry, dando uns tapinhas nas costas do amigo. – Relaxa aí que a gente não é desse tipo e você sabe disso.

— Sem contar que com o tanto de coisas que temos pra fazer, ficar se pegando na biblioteca não é, e provavelmente nunca será, uma das prioridades. – Comentou Billie enquanto entravam na biblioteca e viam que mais pessoas tiveram o desespero deles. – Mas por que porras essa galera não foi pra casa?, lord.

Pelo menos eles conseguiram acharam uma mesa em que se sentaram. Billie puxou um gráfico e uma tabela que tinha que terminar, enquanto Henry continuava a sua lição de geografia, que tinha começado dois dias antes e não estava perto de terminar, simplesmente porque estava com preguiça; Bruno conectou seus fones de ouvido ao celular, ligou na sua playlist com os rocks clássicos que mais gostava, debruçou-se em sua mochila, fechou os olhos e apenas ouviu, como se o mundo não acontecesse a sua volta. Não dormiu nem ficou acordado; ficou naquele estado menos que acordado e mais que dormindo, onde não importa o tempo que está passando, assim como não importa que horas são, onde se está e o que tem para fazer.

Bruno era uma pessoa curiosa. Magro e de altura normal, o que mais chamava atenção em seu físico eram os olhos incrivelmente escuros, quase de nanquim, que contrastavam muito com seu tom de pele, branco, muito branco, ele realmente lembrava um vampiro, assim, daqueles de verdade (até mesmo os caninos eram mais pontudos que o geral). O garoto era uma pessoa quieta, não falava muito e não comentava muito de nada com ninguém, exceto, talvez, Henry, principalmente depois daquele dia no shopping. Ele ria das brincadeiras que faziam, mas não brincava com ninguém; diferente de Lucia, que estava perdendo o medo de mostrar seu real modo de ser, Bruno parecia ter medo de se mostrar, de se aceitar completamente, parecia ter medo de viver ali, naquele corpo. Em parte, era entendível; porém em outra parte, não. A parte não entendível beirava o medo dele de ser ele mesmo no caso de o que falar, o que fazer, brincar ou não brincar com alguém, o menino parecia sempre estar medindo cada palavra antes de falar, quase nunca era espontâneo.

Sua relação em casa com a família também não era muito aberta para todos, repetindo que, claro, assim como Murilo, não era necessário que fosse; mas as expressões dele quando todos comentavam o que tinha acontecido em casa representavam medo, se não repulsa, do que ele mesmo tinha vivido. Impossível de saber o que era, mas sempre querendo ajudar, Henry tentava se aproximar do garoto, mas era complicado. Aquele menino era uma muralha, e ultrapassá-la estava entre uma das coisas mais complicadas. Sempre que Henry tentava tocar em assuntos pessoais, saindo daquela mesmice irritante que anda de mãos dadas com assuntos escolares, Bruno fingia que não ouvia e terminava de falar o que tinha para começar a falar de outra coisa muito parecida ao assunto anterior, evitando qualquer tipo de interação emocional. Com os poucos conhecimentos psicológicos que tinha, Henry concluiu que aquilo era medo, e se esse medo era forte o suficiente para que uma muralha daquele nível fosse erguida, o trabalho de escavação seria árduo, mas algo que ele estava disposto a fazer, porque imaginava encontrar alguma coisa muito mais interessante do que aqueles blocos de medo colados uns nos outros por uma argamassa de desconfiança.

O relógio bateu seis horas antes que Henry conseguisse terminar completamente sua lição de geografia de novo, Billie já tinha terminado sua tabela e seu gráfico e estava fazendo seu resumo de biologia quando a hora de ir embora chegou. Os dois guardaram os materiais e levantaram, Henry bagunçou o cabelo de Bruno para dizer que estava na hora ir. Os três seguiram para a saída. Na porta, Billie deu um selinho de despedida em Henry e um beijo na bochecha de Bruno depois foi para o seu ponto. Bruno e Henry seguiram a rua até o final, viraram na primeira direita e tiveram sorte de encontrar o ônibus deles parado no ponto e o semáforo fechado.

— Você tá bem, cara? – Perguntou Henry se sentando ao lado de Bruno; o garoto não tinha aberto a boca desde que entraram na biblioteca, às três da tarde. Bruno não falou nada, apenas encarou o outro e segurou o olhar pela maior quantidade que conseguiu antes de abraçar Henry do nada, meio surpreso, este retribuiu. O outro não largou, e começou a chorar. Henry só percebeu quando Bruno se afastou e desviou o olhar. – Que foi? – a voz de Henry nunca pareceu tão preocupada. Bruno voltou a encarar Henry, uma lágrima percorria a bochecha esquerda e seus olhos transpareciam desespero, parecia que ia morrer de medo, continham um traço de tristeza, duas emoções que Henry achou que não veria em Bruno tão cedo. – Ok, não precisa falar. Só não chore mais, por favor, não consigo lidar muito com meus sentimentos quando vejo alguém chorando. Saiba que vou estar aqui para o que precisar.

— Obrigado. – Sussurrou o outro em resposta, depois afundou o rosto na mochila e ficou lá, até quando chegaram ao ponto de descida.

Henry queria ajudar, só que não tinha ideia de como. Desconfiava de qual fosse o motivo, mas os olhos desesperados do garoto entregaram a ideia de que ele não queria conversar sobre aquilo, pelo menos não naquele momento. Durante todo o percurso do ônibus, Henry achou melhor não tentar forçar nada, o garoto realmente parecia precisar apenas de alguém ao seu lado, não necessariamente falando ou aconselhando ou tentando colocar pra cima. Quando chegaram onde tinha que descer, Henry apenas cutucou o amigo e se levantou, viu que estava sendo seguido e desceu.

— Ok. Ânimo nessa vida, Bruno. Sai dessa energia ruim que não te faz bem. – Segurou os ombros dele e forçou-o a encarar seus olhos azuis incisivos. – Eu não sei porque você tá assim, mas eu acho que não dá pra continuar, de verdade. Tudo bem ficar triste, mas você tá nesse estado desde o começo da semana e já é quarta-feira. – O menino se surpreendeu com a declaração. – Sim, eu percebi, e não fui só eu. A gente se preocupa com você, queremos que fique bem, esperamos que saiba disso. He made you perfect babe. – Bruno sorriu, abraçou Henry de novo e depois começou a falar novamente, não do que estava sentindo, realmente fugia desse assunto, mas sobre as amenidades de sempre.

Então, o caminho até em casa foi tão normal quanto sempre, Henry agradeceu a si mesmo e esperou ter ajudado. No ponto de descida do amigo, abraçou-o mais uma vez e o deixou ir, depois se recostou ao banco e esperou o seu ponto, desceu, foi para casa, não conseguia parar de pensar que tinha muita coisa pra fazer. Planejava fazer pelo menos uma parte em casa.

Depois de entrar e jogar sua mochila na sala, tomar banho e sair só de cueca do banheiro, Henry foi arranjar alguma coisa pra comer. Para variar, nada pronto. Abriu a geladeira e correu os olhos. Teve uma ideia. Pegou a manteiga, tomate, cebola e o alho; foi até o armário e pegou o pacote de macarrão espaguete, o sal, o azeite, manjericão e orégano. Passando os olhos pela fruteira viu três maracujás, pegou dois e depois abriu novamente a geladeira, tirando água gelada e pegou gelo no freezer, aproveitou e tirou a salsinha também.

Pegou duas panelas, encheu uma delas com água e colocou para esquentar, deixou a outra sobre a boca maior do fogão. Retirou a tábua de cortar e uma faca bem afiada, cortou e picou a cebola e o alho e jogou na panela que estava vazia, acrescentou um pouco de azeite, refogou e abaixou o fogo, rapidamente, cortou os tomates em cubos e tirou as sementes, jogou na panela e mexeu junto com o resto, acrescentou água e aumentou o fogo. Enquanto esperava o molho atingir o ponto e a água ferver, pegou o liquidificador e colocou a poupa dos maracujás lá dentro, acrescentou um pouco de água e gelo, muito gelo, ligou e deixou batendo. Enquanto tudo se realizava na cozinha, foi até seu quarto e pegou o notebook, voltou, ligou-o e colocou em cima da mesa da cozinha, enquanto esperava-o carregar pegou um prato, um copo e um garfo. Desligou o liquidificador e diminuiu o fogo da panela com o molho de tomate, adicionou orégano, manjericão e salsinha, mexeu mais um pouco e desligou, uma parte já estava feita. Abriu o liquidificador e viu que precisava de mais gelo, foi até o congelador e o pegou mais, era a última forma, esperava ser suficiente, colocou-a e pôs o aparelho para funcionar. Sentou-se a mesa para mexer no computador enquanto esperava. Abriu as páginas usuais e o site de busca, tinha que fazer um trabalho. O barulho de água fervendo atingiu os ouvidos de Henry e ele se levantou, pegou o pacote de macarrão e colocou metade dele dentro da panela, diminuiu o fogo e desligou o liquidificador, cinco minutos eram necessários para que o ponto do macarrão se acertasse. Voltou para o notebook, digitou o tema no site, era um trabalho de história, passou os olhos pelos links que apareceram pela página e selecionou cinco deles, começou a ler o primeiro quando os cinco minutos foram atingidos. Desligou o fogo e tirou a água do macarrão. Pegou uma frigideira e acrescentou a manteiga, um pouco de cebola e alho, ligou o fogo baixo e esperou a manteiga derreter, virou todo o macarrão lá dentro e usou o cabo da panela para movimentá-la junto com o que estava dentro, o cheiro de manteiga derretida dava água na boca. Com um concha acrescentou à mistura duas porções do molho de tomate, aumentou o fogo e esperou este secar. Colocou a mistura toda num prato, o suco no copo e foi para a sala. Incrível como cozinhar dava mais fome.

Sentou-se ao sofá e ligou a TV num canal aleatório, comeu e bebeu calmamente enquanto repassava mentalmente as coisas que tinha pra fazer. Ao terminar, voltou para a cozinha, guardou as coisas que tinha usado e lavou toda a louça, pegou seu notebook e foi para o quarto, deixou-o em cima da mesa para que conseguisse pegar seu material na sala, aproveitou e desligou a TV.

O trabalho era sobre Idade Média, Henry por si só já sabia bastante coisa daquilo, então enquanto digitava o trabalho colocava experiências pessoas, além de colocar partes dos links que tinha encontrado, acabou o trabalho em menos de uma hora. Puxou seu caderno de físico-química para terminar a lista de exercícios que precisava enquanto checava seu e-mail. Estava esperançoso de ter recebido a resposta de um antigo amigo seu, havia enviado para ele um pedido para que ele fizesse certa coisa, enviara junto um desenho, esperava que ele tivesse conseguido entender.

05 de Junho

Olá, Henry, recebi seu e-mail e demorei a responder porque resolvi fazer o que pediu antes de enviar qualquer tipo de resposta. Espero que tenha ficado como desejado. Assim que responder, mandarei por correio a encomenda. Segue em anexo uma foto.

Abraços.

P.S.: Quando virá nos visitar outra vez?

Henry clicou para fazer o download do arquivo e seu coração disparou, tinha mandado aquele e-mail há duas semanas e ainda não tinha tido resposta, toda vez que ligava o computador, sempre checava a caixa de entrada, mas nunca encontrava o que queria. Até aquele dia. Assim que a foto carregou, ele sorriu, estava perfeito.

05 de Junho

Jonas, seu lindo, está perfeito aiugnciohaisnhfocaiushcfnoasiuas de verdade, muitíssimo obrigado, está do jeito que imaginei, pode colocar no correio e junto diga quanto eu te devo.

Abraços e obrigado novamente.

P.S.: Cara, nem eu sei, no final do ano, talvez, tá tudo tão corrido aqui.

Clicou em enviar depois foi terminar sua lição.

Como todos os dias, as horas voaram. Assim que o relógio marcou meia-noite, Henry achou melhor desligar tudo, arrumar seu material e ir dormir. Assim o fez. Dormiu mais rápido do que esperava e acordou de um jeito tão simples que até ele duvidou da simplicidade da coisa.

Uma quinta-feira nunca se transformou em sexta tão rápido.

Normalmente, sextas-feiras são esperadas durante toda semana, porque é um dia antes do sábado, o que significa que depois da aula ninguém necessariamente precisa fazer alguma coisa, apenas aproveitar o descanso até que a próxima semana chegue. Mas aquela sexta-feira estava, em especial, um saco. Assim como o resto da semana.

Henry chegou à sua sala, sentou-se e, como sempre, puxou um caderno X porque precisava fazer uma interminável lição de casa. Simplesmente não aguentava mais. Todos estavam assim, sem ânimo para continuar, escrevendo com um garrancho que lembrava muito letra de médico. Para comprovar a desgraça daquele dia, Billie chegou e se sentou sem dar oi a ninguém, nem mesmo o usual selinho em Henry, e Bruno largou o lápis, disse que não aguentava mais ver números em sua frente e soltou sua cabeça na mesa.

— Uai, mas você não tava em dia com as coisas? – Perguntou Murilo, virando seu rosto para o lado, sorrindo sínico e tentando tirar uma com a cara do amigo.

— E por que você acha que eu estou cansado de números? – Respondeu Bruno, levantando a cabeça e encarando Murilo, que tirou o sorriso do rosto e olhou para frente, meio encabulado.

Henry, ignorando o ocorrido, levantou-se e foi falar com Billie.

— Hello, sweetie – Disse, dando um beijo em sua bochecha. – O que há?

— Há o que há com todos nessa sala. – Respondeu a garota, meio irritada, olhando para sua lição de sociologia. Henry começou a fazer uma massagem na menina, o índice de tensão nos ombros dela estava alarmante.

— E claro que ficar descontando em todo mundo que sabe pelo que você está passando, e provavelmente sofre do mesmo, é o mais coerente a se fazer. – Comentou Henry, com uma pontada sarcástica na voz, sabendo que aquilo provavelmente irritaria a garota.

— Ok, desculpe. – Respondeu Billie, olhando pra trás e dando um selinho no garoto. – I Just can’t, that’s all. – O sotaque de Billie, que ainda carregava pesados traços do inglês americano, misturado com partes do abrasileiramento que sofrera durante os anos, estava entre as coisas que Henry mais gostava de ouvir.

— Nossa, mas essa semana está um saco. – Incrivelmente ou não, quem falou isso foi Clara, a professora de Literatura, que acabava de entrar na sala se abanando com seu usual leque cor creme, que no dia de hoje combinava com seu cinto fino. – Eu realmente não aguentava mais tudo isso, acho que essa semana foi muito carregada, vou pedir para a Dalva dar um pulo aqui, energias pesadas demais, a última aula é dela, não é? – Ninguém realmente respondeu a pergunta. Depois de cinco meses de convivência com Clara, os alunos aprenderam duas coisas cruciais: ela era genial, mas era louca também. Assim, os alunos aprenderam quais perguntas tinham que responder e quais não, o melhor jeito de se ensinar perguntas retóricas para alguma sala. – Aula passada nós corrigimos os exercícios de gramática, então estamos dentro do cronograma. Uma salva de palmas para nós. – e ela começou a bater palma, toda entusiasmada, sendo seguida pelo resto da sala gradualmente. A verdade é que o primeiro G ainda não lidava muito bem com esses lapsos de humor da professora.

“Bom, vamos relaxar. Vamos escrever”.

Era incrível como Clara tornava a experiência de escrever tão boa. Qualquer que fosse o gênero, qualquer que fosse o assunto, ela fazia com que todos escrevessem e, sem desanimá-los, falava o que estava errado gramaticalmente, o que poderia mudar no contexto ou no uso de palavras, pontuação e diálogos. Assim, quando ela falava “vamos relaxar” todos já sabiam que iam escrever e se animavam pelo fato.

— Vamos escrever poemas hoje. – Declarou a professora, se levantando e encarando a sala. – Bom, eu passei pra vocês, na nossa segunda aula do ano, todos os movimentos literários que existiram na língua portuguesa, junto com suas características principais, apenas para introduzir o que estudaremos ao longo dos três anos do Ensino Médio. Assim, quero que vocês consultem aquela lista e vejam qual movimento mais combina com suas características pessoais, podendo, claro, escolher mais de um. Não precisam seguir regras dessa vez, podem ser versos livres, apenas escrevam e me mostrem, não coloquem o nome de vocês. – Depois que explicou, entregou a cada um uma folha branca pautada. – E vão escrever nessas folhas, porque depois quero fazer uma brincadeira.

Escrever poemas era algo um pouco complicado, porque sempre é difícil organizar sua ideia em versos, sem que, na verdade, pareça uma narrativa que vai pulando linhas, ou ainda não tenha fim, ou perca o sentido durante sua extensão e, no final, nada realmente faça sentido. Mas, aos poucos, as pessoas foram se levantando, foram tirar dúvidas, pedir dicas, ouvir críticas. Logo que Henry terminou, também foi até ela.

Clara leu o poema e, quando terminou, não disse nada. Apenas encarou Henry e sorriu, sincera.

— Gostei da ideia, principalmente de todas as referências. Eu só tentaria mudar essas palavras aqui, e diminuir esse verso. – Comentou, apontando o que achava que tinha que mudar. – Aliás, gostei do neologismo – Cochichou para o aluno, antes que esse voltasse para seu lugar.

Com uns problemas para conseguir mudar o que a professora sugerira, simplesmente porque não conseguia pensar em sinônimos, nem em como diminuir aquele verso, Henry demorou, mas conseguiu, entregou para a professora e se sentou, esperando os outros terminarem, coisa que não demorou meia hora.

— Bom – começou Clara, juntando todas as folhas num bloco, levantando-se de sua cadeira e olhando para a sala toda – Agora, cada um de vocês vai receber um poema, vocês vão ter que ler e entregar para a pessoa e esperar até receber o seu próprio. Só serão liberados da minha aula quando todos tiverem entregado para todos. Caso fique muito difícil, venha falar comigo que daremos um jeito.

Clara sempre surpreendia. De acordo com os alunos das outras séries, ela nunca mantinha o mesmo cronograma, ou ainda as mesmas provas, listas de exercícios ou dinâmicas durante a aula. E daquela vez não era diferente. Quando ouviram o que tinham que fazer, ficaram meio tensos. E se não conseguissem identificar as pessoas com que conviviam a maior parte do tempo? E se julgassem uma pessoa de um jeito de tal forma que ela nunca fora? E se...?

— Podem começar.

Henry leu a sua, cujo título era: Romanticamente atual.

Não idealizo índios,

não procuro por um herói,

mas idealizo pessoas,

procuro por alguém.


Não morreria por uma paixão,

mas sofreria ao perdê-la.

Dificilmente seria Byron,

mas humanamente lido com meus sentimentos.


Não procuro a abolição dos escravos,

mas luto pela liberdade de ser quem sou.

Não quero uma república mentirosa,

quero meus direitos iguais ao de todos os outros.

Henry sorriu. Tinha quase certeza de quem era aquele poema. Antes de entregar para a pessoa, virou a folha, pegou seu lápis e escreveu, em letras de forma, ocupando o verso inteiro: “Just love yourself and you're set”, então foi até a cadeira de Bruno e sorriu para o amigo, depois piscou com o olho.

— Será o destino? – Esticou a mão e deu o poema para o garoto. O amigo sorriu e enrubesceu. – Tem uma mensagem pra você atrás, cara. – Avisou antes de voltar para seu lugar e esperar pelo seu poema. O qual demorou.

Todas as pessoas ao seu redor estavam sendo encontradas pelos seus poemas, mas nada para Henry, e já tinham se passado quinze minutos. “Porra, será que é tão difícil achar meu poema? Ou ligá-lo a mim?”. Billie tinha pegado Laura, uma das meninas com quem ela tinha feito grupo no primeiro dia de aula, mas que hoje só se cumprimentavam. Bruno tirou Murilo, Lucia ficou com Larissa, Larissa com Mary, o grupo deles já tinha acabado; Henry aceitou o fato de que, talvez, poucos pudessem entender o que ele quis dizer ao escrever. E poucos ainda poderiam ligar o poema a ele. O garoto também começara a duvidar do quão aleatória realmente tinha sido a distribuição dos poemas pela sala.

Não demorou e restaram poucos. Sete, na verdade. “Why does it have to be me all the fucking time?”

— Olha só. Sete. Uma para cada horcrux do Voldemort – Disse a professora, olhando para os alunos que tinham ido falar com ela, que estavam numa fila, na frente da lousa, olhando para a sala, meio assustados. – Bom, faremos assim. As pessoas que estão aqui na frente vão ler os poemas que tem em mãos e depois, quem souber o autor, levanta a mão e fala, veremos se está certo, faremos isso até todos serem chamados. O correto deverá vir aqui pegar seu poema. – Henry escorregou um pouco para baixo da carteira, não conseguia acreditar no que estava ouvindo, até puxou seu celular para ver se não estava ficando vermelho. – Pietro, comece, por favor.

Pietro era um dos meninos que Henry só se lembrava de seu nome porque Billie sempre o cumprimentava e, de vez em quando, puxava assunto; ele era o único menino do grupo de Billie no primeiro dia de aula. Cabelo liso, ruivo e um pouco comprido, olhos verdes escuros, magro, usava quase sempre calça jeans e um Vans preto, suas camisetas variavam muito, dependo do dia, Henry tentava achar um padrão, e seriamente apostava nas fases da Lua misturado com a claridade do Sol. Já cogitara a ideia de perguntar para ele sobre isso, mas ficou com medo de ser invasivo demais.

— Literariando – Começou o menino. Sua voz grossa e um pouco rouca meio que desmentia seu corpo e seu porte, por isso chamava a atenção da sala inteira, prendia-os, os olhos vidrados. Continuou.

Ironizo,

satirizo,

sou trovador moderno das cantigas de escárnio.


Não sou vicentino,

muito menos dramaturgo,

mas critico com humor.


Não escrevo sonetos

(não tenho o dom camoniano),

só que racionalidade é meu segundo nome.


Fujo do cultismo

e conceptismo me dá ânsia,

mas o excesso de drama sempre aparece.


Aproveito o dia,

gosto de lugar ameno,

troco o inútil.


Não valorizo meu eu,

mas defendo minha pátria,

defendo minha liberdade.


Gosto de observar,

de ver padrões,

de escrever sobre eles.


Descrevo,

mitologia é meu vocabulário,

mas nada de palavras frescas.


Misturo sentimentos,

fundo-Os,

a vida é Uma sinestesia.


Fujo dos padrões,

como fugi aqui,

sem falar de uma pedra.


Sou um pouco de tudo,

tenho um pouco de cada.

Quando terminou de ler, levantou os olhos e observou a sala toda quieta. Um silêncio constrangedor, tanto que Pietro estava começando a olhar desesperadamente para a sala, da visão geral para a professora, e fazendo isso de novo.

— Querem que eu leia... De novo? – Tentou quebrar o gelo, fazendo com que a atenção voltasse para a professora, que estava se abanando enquanto olhava para a sala inteira, perguntando, com sua expressão facial, “o que vocês querem que eu faça, eu já disse o que devem fazer”.

Três pessoas levantaram a mão.

Fascinating – Disse Clara, misturando o sotaque britânico com francês, fechando seu leque e se levantando ao mesmo tempo, foi em direção à Lucia, bateu com o leque fechado três vezes na mesa – Por favor.

— Henry. – Respondeu a menina. “É, se não fossem esses três, acho que não seria ninguém mesmo”, pensou Henry, cogitando a ideia de não levantar para pegar o poema, simplesmente porque sua vergonha não permitia. Pietro encarou-o e sorriu de lado, Henry olhou de volta, torceu para não ter ficado vermelho e se levantou lutando contra as forças da vergonha, foi até a frente, pegou a folha que lhe pertencia, ouviu o outro dizer algo, mas não conseguiu identificar. Voltou para seu lugar e evitou olhar para o resto da sala. “Mas por que porras todo mundo sempre me encarava com esse olhar meio assustado meio curioso?”

— Por que você tem tanta vergonha de que ouçam seus textos? – Perguntou Billie, enquanto ela e Henry seguiam para o portão da escola, depois da última aula. Henry demorou a responder. Aparentemente, Clara realmente falara com Dalva e ela sacrificara sua genial aula de geografia para acalmar todos os ânimos e liberar as possíveis energias ruins que rondavam o primeiro G, o garoto estava leve demais.

— Bom... – Disse, com o olhar vago, como se tivesse fumado algum tipo de droga minutos antes. – Digamos que eu coloco muito sentimento nos meus textos, qualquer um deles. Não coloco com um monte de coisas românticas ou coisas que pareçam óbvias, coloco-os do meu jeito. Não quero que eles sejam lidos por qualquer um para outros quaisquer. Claro que provavelmente ninguém entende muito bem como meus sentimentos estão ali, mas quando eu os ouço de uma voz não familiar com eles, sinto como se estivessem sendo lidos errados e ouvidos de forma mais errada ainda. Mas é claro que eu fico feliz quando – então parou em frente de Billie e segurou sua mão – as pessoas com quem eu me importo entendem o que eu quero dizer. – Então beijou-a, de repente, sem nem pensar. Raramente beijava Billie na frente de todos, principalmente na hora da saída, mas naquele momento não se importou. Envolveu-a num beijo com sentimento, devagar, segurou-a com as mãos e deixou-se levar. Ninguém soube dizer quanto tempo ficaram nisso. Afastaram os rostos e Henry sorriu, meio que pedindo desculpas, sabia que a garota também não gostava daquilo na frente de todos, depois segurou sua mão, novamente, e andou até o portão. Esperaram pelos outros.

Aos poucos, os grupo se uniu no lugar habitual perto do portão de saída, conversaram e, lentamente, foram se despedindo para irem às suas casas, felizes porque finalmente aquela sexta-feira, estava com cheiro de sexta-feira.

— Vamos ao parque amanhã? – Perguntou Henry antes de se despedir de Billie. – Só pra relaxar, sem ter que fazer nada e tals, acho que a gente meio que merece. Até a Dalva acha...

— Dalva está certa. Vamos sim. Te espero no portão um às 10, quero andar pelo sol, preciso sintetizar vitamina D e fazer com que minha melanina trabalhe um pouco. Agora, see you, boy. – Deu-lhe um selinho, depois um abraço em Bruno e saiu.

Henry e Bruno seguiram, usualmente, para seu ponto de ônibus, depois seguiram para o caminho de sempre (que foi muito menos emotivo desta vez) e se separam na estação esperada.

Depois do caminho já decorado pelos seus pés, Henry chegou em seu condomínio, ao passar pela portaria, perguntou se havia alguma encomenda para o seu apartamento, e havia. Pegou-a e subiu para casa, tomou banho, saiu como sempre, jantou e sentou-se em sua cama para assistir séries, assistiu-as sem parar até as três da manhã, quando foi dormir, pretendia acordar às oito, para sair de casa às nove e encontrar Billie. Já estava tão acostumado com aquela rotina de sexta para sábado que nem se importou com a hora. Deitou-se e dormiu, pensando o quão bom realmente seria aquela ida ao parque.

Seu relógio biológico era certeiro, acordou às oito horas e se arrumou, tomou leite, comeu pão e algumas bolachas, estava pronto para sair meia hora antes do que havia planejado. Foi até seu quarto e olhou o embrulho que havia deixado intocado desde o dia anterior, abriu-o e sorriu. Era exatamente o que tinha imaginado, sem tirar nem por, simplesmente perfeito. Pegou o que estava dentro do embrulho e colocou uma parte dele no pescoço e a outra no bolso. Estava preparado para sair quando ouviu alguém tocar na porta.

Ficou chocado.

Estava parado em sua frente, com os olhos cheios de lágrimas, a boca sangrando, a bochecha e os olhos com hematomas grandes, os braços vermelhos e também com hematomas, suas pernas tremendo, seus cabelos desarrumados, a camisa branca manchada de sujeira e suas mãos fazendo um esforço grande para carregar uma mochila, Bruno.

— Mas... – A voz de Henry quebrou, não conseguia formular nada que expressasse o que queria dizer. Esticou a mão para tentar tocar o amigo, mas, antes de conseguir tal feito, desistiu, o corpo do garoto estremeceu. A única coisa que fez foi dar passagem para o garoto entrar.

— Pai. – Foi a única coisa que Bruno disse, depois de se sentar no sofá, encarando o amigo. Seus olhos pretos mostravam a maior pureza de desespero que Henry já presenciara, o choro que segurara até ali caiu, enterrou seu rosto em suas mãos e chorou, nada muito alto, nem tão estridente quanto era de esperar, mas quieto (não calmo), seguidos por profundas puxadas de ar e suspiros que eram de partir o coração.

Henry conseguiu (sem saber direito como) sair do estado estático para ir até a cozinha pegar gelo.

— Coloque no seu rosto para aliviar a dor, talvez diminuir esses machucados. – Disse, depois de voltar da cozinha com gelos envoltos num pano, sentando-se ao lado do amigo, tomando cuidado para não tocá-lo. – Vou ficar aqui com você.

— Não. Por favor, vá se encontrar com a Billie...

— Bruno, não vou te deixar aqui sozinho, não com você assim.

— Por favor, eu já me sinto mal por estar assim, não quero que você não vá ver Billie por minha causa. Eu vou ficar bem aqui, de verdade, quando você voltar eu te conto tudo direito.

— Vou fazer chá pra você. – Disse Henry, levantando-se e ignorando qualquer forma de protesto. Na cozinha, colocou água para ferver e depois puxou seu celular e enviou uma mensagem para Billie.

Henry: Rose, vou me atrasar, aconteceu um imprevisto aqui, chegarei meia hora depois, te explico tudo lá, é mais fácil. Digo desde já que não é nada comigo. Até mais.

Depois discou um número e esperou ser atendido, quando foi, desligou. Rapidamente digitou uma mensagem para aquele mesmo número, recebendo um OK como resposta.

A água ferveu e Henry colocou-a numa xícara com um sachê de Chá Verde, colocou duas colheres de açúcar e levou a xícara para Bruno. Que pegou sem reclamar. Henry sentou-se, fazendo com que Bruno o encarasse.

— Só saio daqui quando quem eu chamei chegar, tudo bem se você não quiser falar, mas eu vou ficar aqui. E quando eu sair, você não ficará sozinho. – Um suspiro de derrota foi o que Bruno fez. Depois reclinou-se e deitou, apoiou sua cabeça num dos braços do sofá.

Meia hora se passou e nem Henry nem Bruno falaram. A única ação que ocorreu foi Henry se levantar para pegar mais gelo e trazer para o amigo, até que a campainha tocou, novamente. Bruno se ajeitou no sofá, sentando. E o outro foi atendê-la.

— O que foi? – Disse uma voz conhecida da porta, Henry estendeu o braço e, ao mesmo tempo, convidou a outra visita a entrar e apontou para Bruno. A visita entrou, vestido de bermuda preta e camiseta verde clara, tinha mochila em suas costas.

Era Murilo, que ficou parado, olhando para o sofá, incrédulo.

Henry saiu, fechando a porta e deixando os dois sozinhos, afinal, sempre cumpria o que falava.

O coração de Bruno disparou.

E o de Murilo também.


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Notas finais do capítulo

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