Invisible escrita por leilane


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

heey sexy leitoras, novo capítulo... e eu queria pedir pra Natalia Cardoso excluir (de novo) uns e-mails daqui, pq eu nao consigo me comunicar com vc!!!! espero que gostem do capítulo



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Charlotte on

Passamos pela porta e eu já fiquei com vergonha. Todos olhavam para nós. Uns cumprimentavam os meninos, outros só encaravam. Queria me enterrar de tanta vergonha. Chegamos em nossos armários e começamos a arrumar. Pegávamos sempre os mesmos, lado a lado. Porta da sala de música, para a direita, Carter, eu, Leo e Annie. Já era tradição. Leo estava fazendo brincadeirinhas com seu armário, como sempre. Quando eu viro pra falar com ele, sinto bater em alguém e acabo caindo.

- Olha por onde anda, quatro olhos.- falou Jay, zoando de mim, como sempre também.

Ótimo, pensei, começar o ano sendo zoada. Como ficar pior?

- De-de-desculpa.- tentei falar enquanto Carter me ajudava a levantar e pegava meus livros para sairmos dali o mais rápido possível. Fiquei de pé, peguei minhas coisas com Carter e olhei em volta. Todos estavam nos olhando, e eu vi Connor e Mason ali, com meus outros vizinhos, junto com Jay.

- O que? Não ouvi. Além de cega também é muda?- Jay continuou provocando

- Cara, nós não queremos encrenca.- falou Leo, se metendo na minha frente antes que Jay pudesse fazer alguma coisa.

- Encrenca? Ninguém aqui quer encrenca. Só quero que ela me peça desculpas por ter esbarrado em mim.- falou com cara de inocente.

- Ela já pediu desculpas, cara. Deixa isso pra lá e vamos.- falou Mason, segurando o braço e tentando tirar Jay dali. Meigo sua atitude.

- Me larga Mason, não se mete. Meu assunto é com a Coisa aqui.- falou apontando para mim.

- Jay, ela não tem nada o que falar pra você que ela já não tenha dito. Então esquece isso e vamos para a aula.- falou Carter calmamente, mas seu tom de voz dizia que se Jay insistisse naquilo, ele pularia no pescoço dele. Jay ia se manifestar de novo quando o sinal tocou.

Me virei para fechar meu armário e Jay bateu em meus livros, derrubando-os.

- Isso é pra você aprender a me pedir desculpas, entendeu?- e começou a andar.

Me abaixei para pegar os livros quando vejo Connor abaixando também.

- Precisa de ajuda?- ele perguntou com um pouco de pena na voz.

- Sua?- disse olhando em seus olhos- Não, essa eu dispenso.

Levantei e vi sua cara de surpresa.  Acho que ele não estava acostumado a ser dispensado. Me virei e segui para a sala com a Annie e o Leo. Como Carter era o capitão do time de futebol e do grêmio estudantil, tinha que passar na secretaria para pegar os formulários e coisas que ele não explica direito. Entramos e sentamos, eu na parede e Leo e Annie me "cercando", para garantir que ninguém venha me incomodar. Entrou a professora de História e assim o ano começou.

(...)

- Então, quem pode me dizer uma civilização antiga que era politeísta?- perguntou a Sra. Levesque. A sala ficou em silencio. - Srta. Kane, poderia nos falar uma?

Fiquei nervosa. Eu sabia, claro que sim. Sempre sabia tudo o que os professores costumavam perguntar. Mas odiava quando me pediam pra falar na frente da turma.

- Grécia.- falei, mas acho que ninguém ouviu.

- O que disse? Fale mais alto, compartilhe seu conhecimento com a turma.- incentivou Sra. Levesque, com um tom de voz dizendo “ninguém mais sabe, me ajude!”.

- Grécia.- falei, dessa vez um pouco mais alto, mas ainda baixo.

- O que essa Coisa muda disse? Desculpa, mas eu acho que não sei fala “coisês”...- falou Jay, fazendo a turma rir.

- Sr. Summers, se o senhor se manifestar de novo sem eu pedir, irá se manifestar com a coordenadora.- ele levantou as mãos num gesto de rendimento.- Agora, por favor, repita mais alto, Srta. Kane.

- Grécia...- falei, tentando falar alto, mas meu tom de voz desacostumou.

- Grécia, professora. Ela falou Grécia!- disse Annie me salvando. Nota mental: agradecer a ela eternamente.

- Sim, está certo. Obrigado senhoritas. Continuando...

E assim foi, mas eu não prestei mais atenção. Percebi que esse ano Jay estava disposto a transformar minha vida num inferno. Assim foi a manhã. Tivemos ainda aula de Literatura, Geografia e Matemática antes do almoço. Quando bateu o sinal, tinha uma massa de alunos nos corredores, se encaminhando para a cantina ou para as quadras que tinha ali. Fui lentamente com Annie para nossos armários pegar dinheiro e guardar os livros. Estávamos caminhando lentamente para a cantina, não tínhamos pressa. Chegando lá, Carter e Leo já tinham marcado uma mesa e estavam comendo. Annie sentou e tirou de sua bolsa um sanduíche e uma pêra. Ela era meio contra comidas de cantinas também. Dizia que engordava e não sabíamos se era feita em boas condições.

- Vou lá comprar o meu. Já volto.- falei

- Vou com você.- disse Carter já levantando, quando eu fiz ele sentar de novo

- Acho que isso eu posso fazer sozinha.

Ele acentiu e eu fui para a fila. Não demorou muito e chegou minha vez. Peguei uma pizza, um suco de laranja e mousse de chocolate. Amo chocolate. Quando estava voltando para a mesa, passei pela mesa do Jay e dos meninos, cada um com uma líder de torcida. Tentei passar despercebida, mas parece que não consigo mais.

- Ora, ora, ora... se não é a quatro-olhos- disse ele e eu iguinorei. Eu tentei continuar andando, mas Jay botou o pé na frente do meu caminho e eu tropecei, derrubando meu almoço no cabelo da Rachel, a “chefe das líderes de torcida e rainha do colégio”.

- Olha o que você fez como meu cabelo, sua...sua...monstrenga.

Nota mental: o cabelo loiro oxigenado dela ficava melhor cheio de molho e suco. Só achei um desperdício de chocolate.

- Me de-de-desculpa. E-e-eu não...- tentei falar, mas ela me cortou

- Não quero saber. Como eu vou ficar o resto do dia assim?- ela estava desesperada e todas as suas amiguinhas juntas ali, “sofrendo” junto com ela.

Percebi que os meninos (Connor, Mason e os vizinhos-que-eu-não-sabia-o-nome) estavam se segurando para não rir. Achei isso estranho, porque eles então sempre juntinhos, parecendo como “namorados”. Eles deveriam ter ficados brabos, defendido elas, seilá. Não sei como funciona essas coisas. Nunca tive um namorado. Tive, um. Mas quando eu era pequena, namoro de criança. Não conta, e ele nem se lembra disso.

- Você vai pagar, Charlotte Kane. Vai desejar não ter feito isso.- Rachel falou e todos ficaram me olhando.

Saí correndo, largando a bandeja pelo chão mesmo. Chegando na mesa que estavam Carter, Leo e Annie, cheguei do lado da Annie e sussurrei em seu ouvido.

- Annie, compra uma maça e me encontra no Confort.- terminei a frase e saí correndo para fora do refeitório.

Corri o mais rápido que eu pude, tentando não esbarrar em nada. Claro, esbarrei em muitas coisas e quase caí umas três vezes, mas continuei correndo até chegar na biblioteca. Ah, como eu amo esse lugar. É o melhor lugar do colégio. Abri a porta e cheguei na Sam.

- Oi Sam, quanto tempo. Você sabe para onde eu estou indo. A Annie daqui a pouco chega também.

- Tudo bem, vai lá!- ela falou e eu fui em direção ao “Arquivos Antigos”.

Sam era muito legal de nos deixar ficar lá, desde o primeiro dia de aula da minha primeira vez nesse colégio. Sam tinha seus 35 anos, alta, bonita, seu cabelo era preto como a escuridão de um quarto, cheia de sardinhas e lindos olhos azuis. Ela era muito gentil conosco, porque, acho eu, que éramos umas das poucas pessoas que iam à biblioteca com frequência. Também estávamos sempre ajudando a arrumar os livros e a manter tudo em ordem. Por isso, Sam me adorava, e a Annie também.

Abri a porta e vi o que estava com tanta saudade. Simplesmente o meu lugar favorito no mundo, depois da minha casa na arvore. Dentro dessa sala, existia um janelão que abria para um jardim de inverno, cheio de arbustos, flores e uma mini-pitangueira que a Annie tentava cultivar. Só tentava. Bem no meio, tinha um banquinho branco. Fui até ele e sentei, observando a fonte com os dois peixinhos. Chamávamos eles de Josh e Logan, porque eram nossos nomes masculinos favoritos. Pensei em porque minha vida não poderia ser mais fácil, porque todos implicavam comigo, porque o Connor decidiu me ajudar hoje. Ele nem lembrava da minha existência até hoje de manhã, como se nada tivesse acontecido... Também não me importava ele. O que importava é que a Annie sempre esteve aqui.

- Charlie? Posso entrar? Claro que posso, esse lugar também é meu.- falou Annie, passado pela janela e vindo sentar do meu lado.- Ai mulher, o que aconteceu com você? Saiu correndo e nem me deu uma explicação razoável.

- Você trouxe a maça que eu pedi?- perguntei e ela me entregou uma bem madurinha.

Dei uma mordida, e que delícia. Eu amo frutas. Me lembram momentos bons, com a minha mãe...

- Pode começar a explicar, mocinha. - ela falou me interrompendo do momento nostalgia.

Contei para ela desde a parte que Connor tentou me ajudar, à parte que Jay me fez desperdiçar comida no cabelo da Rachel. Ela só prestava atenção, ouvindo tudo com cara de pena. Odiava essa expressão. Já tinha visto muito para mim, quando minha mãe morreu.

- Nossa Charlie, o Jay está pior esse ano. Temos que fazer alguma coisa.

- “Temos”, você quer dizer você e os meninos. Eu não me atrevo a encarar o Jay, não para piorar tudo.- falei com lágrimas nos olhos.

Olhei para baixo, na esperança de Annie não ver elas. Mas, como melhor amiga, me conhecia como ninguém.

- Não Charlie, não chora.- falou afastando meus cabelos do rosto e pondo para traz da orelha- Charlotte Kane, te proíbo de chorar!- comecei a rir

- Sim, mamãe!- falei, e uma parte de mim quebrou. Há quanto tempo não falava essas cinco letrinhas.

- Falando em “mamãe”, por que você tirou seus brincos?

Parei de respirar no mesmo instante.

- Mas eu não tirei meus brincos. Nunca tiro.- falei olhando para Annie.

- Mas uma orelha está sem.- ela disse tocando no furo vazio.

Me desesperei. Levantei, rodei o Confort inteiro, mas nada de encontrar esse brinco.

- Calma. Charlie, você deve ter deixado cair em casa.

Parei e pensei na possibilidade.

- Não, logo que acordei e fui tomar café, ainda estava com ele. E quando cheguei também.

- Ta bom, então vamos procurar fora daqui.- ela disse e eu concordei.

Saímos do Confort e fomos em direção da saída da biblioteca.

- O sinal já bateu. Vocês deveriam estar no ginásio há 15 minutos.- falou Sam, nos fazendo parar.

- Não se preocupe. Só estávamos resolvendo uns probleminhas.- Annie e sua habilidade de sempre saber o que falar.

- Está tudo bem? Precisam de alguma coisa?- Sam disse, preocupada com a minha cara pálida.

- Sim, está. Obrigado por tudo.- falei, tranqüilizando-a.

Saímos dali e começamos a rodar o colégio. Chegando na curva que vai para nossos armários, Annie parou.

- O que foi? Ainda não achamos o brinco.- disse puxando sua mão, mas ela parou de novo.

- Espera. Tive uma idéia. Eu vou no campo chamar o Leo e o Carter para ajudar a procurar, enquanto isso, você vai no seu armário ver se não ficou preso no seu casaco. Nos encontramos lá depois. Pode ser?

- Pode, mas corre. Temos que achar logo, antes que bata o sinal e esses corredores encham de alunos.- falei e ela saiu correndo.

Fui até o meu armário e vi folhas pelo chão. A porta estava escancarada. Alguém arrombou meu armário, e pior, rasgou um livro meu. “Jogos Vorazes”, para ser mais exata. Me desesperei mais do que já estava e comecei a juntar as folhas, que estavam numa trilha. Não demorou até eu recolher todas e chegar até onde estava a capa. Mas ela estava em um lugar proibido para mim. A piscina. Eu não sei nadar, e ainda tenho trauma de água em grande quantidade. O livro é mais importante, pensei. E entrei. Tinha algumas páginas lá, mas estavam molhadas, então nem me prestei a pegar. Fui indo em direção a beirada da piscina. Meu coração acelerava cada vez mais. Mesmo tendo cuidado, eu era estabanada e isso significa que eu posso cair na piscina, mesmo estando a 30 metros dela. Estava me aproximando da capa. Sentia que alguma coisa ia dar errado. Quando me abaixei para pega-lá, meus sentidos se confirmaram. Rachel, agora com um chapéu vermelho ridículo, se aproximou de mim, com Jay e suas amiguinhas atrás.

- Olha quem veio buscar o livrinho. Eu disse que teria vingança, Kane. Você vai se arrepender de ter estragado meu cabelo.

Só consegui ficar quieta e recuar. Até que escuto vozes atrás de mim.

- Rachel, para. Já chega. Não vale a pena.- reconheci a voz do Mason. Hoje ele queria me ajudar mesmo.

- Não se mete, Masy. Isso é uma coisa entre mim e a quatro olhos.

 Ela segurou meu braço com força e sorriu.

- Agora aprende.

Só deu tempo de ouvir Mason e Connor gritarem. Caí na água como um tijolo. Tentava chegar na superfície de novo, mas a cada movimento, parecia que eu afundava mais. Comecei a engolir água. Senti alguém me agarrar pela cintura e me puxar para cima.


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Notas finais do capítulo

espero, realmente, que vocês estejam gostando :)



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