A Marota escrita por Maria C Weasley


Capítulo 37
Epílogo - Reencontros




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Eu não sabia onde estava quando acordei, me lembrava vagamente de ter sido atingida pela maldição da morte e, portanto deveria estar morta, mas me sentia mais viva do que nunca. Ao me levantar notei que minhas roupas haviam sido substituídas por um vestido branco e meus cabelos negros estavam trançados e da onde estava podia observar um gramado que se estendia até onde a vista alcançava, como se eu estivesse em um imenso jardim, maior até mesmo que os de Hogwarts.

- Ravena! – Ouvi uma voz me chamar, uma voz que eu não escutava há anos.

- Mamãe? Papai? – Perguntei me virando na direção do som e lá estavam eles, parados lado a lado, exatamente como eu me lembrava.

- Você cresceu minha menina. – Mamãe falou abrindo os braços e corri para abraçá-los.

- Estamos orgulhosos de você Ravena, mas preferia que nosso encontro não fosse tão cedo. – Papai falou sem desmontar o abraço.

- Eu não tive escolha.

- Sabemos disso querida, mas terá ainda muito tempo para ficar conosco, por hora existe outras pessoas aqui que desejam lhe ver.

- James, Lily, Marlene, estão todos aqui?

- Sim e esperam por você Rave.

Eu deixei meus pais e comecei a correr na direção que eles me indicaram, mas durante o caminho notei que estava sendo seguida, não conseguindo ignorar essa sensação me virei para ver quem poderia ser e me deparei com uma mulher de cabelos castanhos escuros e cacheados e olhos ainda mais cinzas do que os de Sirius. Mesmo nunca a tendo visto, ao menos que recordasse, tudo nela despertava em mim uma sensação de segurança e familiaridade.

- Eu não devia ter feito isso. – Ela disse para si mesma, mas reconheci a sua voz.

- Você é Mirach Prewet minha mãe biológica, não é?

- Você... você lembra de mim? – Ela perguntou confusa.

- A única coisa de que me lembro é a sua voz. – Respondi simplesmente e notei que havia lágrimas em seus olhos.

- É tudo culpa minha, tudo pelo qual você e seus amigos tiveram que passar, o motivo por você estar aqui hoje, se resume ao fato de eu não ter conseguido impedir o seu pai.

- Agradeceria se não chamasse o desgraçado do Cara de Cobra de meu pai.

- Eu me esqueci, ninguém deve querer ter Voldemort como pai, não é mesmo Ravena.

- Ele é a pior pessoa em todo o mundo bruxo, não me sinto exatamente orgulhosa em dizer que o sangue dele corre em minhas veias. – Comentei só então notando um fato muito importante, ao menos para mim. – Você sabe o meu nome, quero dizer o nome que usei durante a minha vida inteira.

- É claro que sei, venho acompanhando seus passos desde sempre, sei tudo que aconteceu com você. Afinal eu prometi que lhe protegeria para sempre.

- Então era você, era a você que eu sentia quando olhava para as estrelas. Por isso sempre gostei tanto da que levava o seu nome.

- Agradeço a Merlin todos os dias por você ter nascido filha da lua e ter essa habilidade para compreender as estrelas. Não sei como faria para que você reconhecesse a minha presença se não fosse por isso.

- Não acredito que passou todos esses anos acompanhando toda a minha vida, houve momentos em que nem mesmo eu me agüentava.

- Ao contrário isso me permitiu ver o quanto você é forte, determinada e corajosa por enfrentar de cabeça erguida todos os desafios que se apresentaram para você. Você é uma verdadeira guerreira, minha criança, eu sei porque você acabou parando aqui e lhe garanto que foi uma causa muito nobre. – Ela falou sorrindo e desviei o olhar. – Você foi uma mulher muito melhor do que eu jamais fui, principalmente porque você nunca cometeu o mesmo que erro que eu, nunca se entregou ao amor.

- Está enganada, eu morri pelo mesmo motivo e modo que você, pelas mãos de alguém que eu amava mais do que minha própria vida.

- Nos duas sabemos que os motivos que a levaram até tal ato foram muito mais nobres que os meus, mas você terá muito tempo para pensar e um dia entenderá o que eu digo. Deve ver seus amigos, vocês ainda tem muito o que enfrentar.

- O que você quer dizer com isso.

- Ravena, já deveria saber que certas coisas é preferível não se conhecer antes do tempo, mas lhe digo apenas que todos vocês deixaram algo para trás e por experiência própria sei que a parte mais difícil é observar sem poder fazer nada para ajudá-los.

Ela foi embora me deixando sozinha no meio do gramado, apesar de não ter convivido com ela era reconfortante saber que havia alguém olhando por mim afinal de contas, que no fundo eu não fora abandonada. Embora o comentário dela tenha me deixado alarmada, infelizmente não por mim, mas por aqueles de nós que continuaram vivos.

Voltei a andar e não demorei a avistar três pessoas sentadas em bancos de pedras, duas mulheres usando vestidos brancos como o meu, uma delas tinha o cabelo ruivo e a outra castanho, e ao lado delas estava um homem que eu conhecia quase tão bem quanto a mim mesma.

- James! – Eu gritei voltando a correr e os três se viraram na minha direção. – Lily, Marlene.

- Ravena. – Eles gritaram de volta e correram ao meu encontro, acabamos nos abraçado no meio do caminho.

- O que eu perdi? – Perguntei depois que nos separamos.

- Sirius foi atrás do Peter, mas aquele desgraçado explodiu a rua em que eles estavam e forjou a própria morte. – James falou com muita raiva.

- Agora Sirius está sendo culpado pela morte dele e por ter nos traído. – Lily começou, mas parou abruptamente.

- Ele está sendo culpado pela minha morte também, não está? – Perguntei já entendendo o que tinha acontecido.

- Não é exatamente isso, mas o ministro, Dumbledore e Remo acham que ele matou a nós três e acreditam que sendo assim possa ter feito o mesmo com você. – James me explicou e notei que tanto ele quanto a Marlene estavam chorando.

- Eu disse que devíamos ter contado ao Remo sobre a troca, mas o que não podemos mudar o passado, só nos resta agora sentar e esperar para ver o que irá acontecer com eles. – Falei calmamente e ao olhar em volta me lembrei de um detalhe. – Onde está o Harry?

- Meu Merlin, eu não acredito que não lhe contamos logo que lhe vimos, Harry sobreviveu Nix. – James falou com seus olhos brilhando de alegria.

- Como isso é possível? Ninguém nunca sobreviveu a uma maldição da morte ou nós não estaríamos aqui.

- Não sabemos, nem mesmo a Marlene que viu tudo conseguiu explicar. Tudo o que sabemos é que por algum motivo absurdo Dumbledore o deixou com os tios. – Eu entendia porque James estava com raiva, a irmã da Lily odiava os bruxos.

- Depois que James se colocou na frente dele para me dar mais tempo e ele o matou, Voldemort veio atrás de mim e de Harry, disse que me pouparia se eu deixasse o bebê, mas eu não sai implorando para que ele deixasse meu menininho vivo. Para me tirar do caminho ele me matou. – Lily contou como se ainda pudesse ver a cena.

- Eu só não entendi ainda porque ele estava disposto a poupar a Lily. – James comentou confuso e demos de ombro, embora eu de alguma maneira soubesse a resposta, Snape havia pedido que ele a poupasse porque no fim de tudo ele ainda a amava.

- Mas voltando ele lançou a maldição que ricocheteou o atingindo enquanto Harry saiu vivo com apenas uma cicatriz e tenho minha suspeitas que tenha ligação com a Lily ter morrido para salvá-lo.

- Acham que Voldemort se foi para sempre? – Lily perguntou esperançosa.

- Ele fugiu, franco, mas infelizmente vivo antes que alguém pudesse encontrá-lo. – Marlene explicou afinal fora a única de nós que virá tudo o que acontecera.

- Parece que não cabia a nós destruí-lo, mas sim ao Harry e a quem quiser que venha ajudá-lo. – Falei olhando para um tipo de espelho que no momento mostrava Harry dormindo. – Só podemos esperar de alguma maneira mostrar para ele que não está sozinho. – Naquele momento eu começara a entender o que minha mãe queria dizer.

- Ravena, você não precisava estar morta, sei que poderia ter matado o Peter no momento em que pisou naquela casa e sem nem recorrer aos poderes da lua. – James falou me encarando. – Por que então não o atacou?

- Você sabe a resposta tão bem quanto eu, Pontas.

- Nix, por favor.

- Não fui capaz de quebrar a promessa novamente, permiti que você morresse quando havia jurado mantê-los a salvo não podia fazer isso de novo. E por mais que Peter tenha nos traído eu sei que bem no fundo ainda há bondade e o menino que conhecemos, o Rabicho que foi nosso amigo ainda está lá em algum lugar. Se matasse naquele momento ele seria para sempre uma pessoa amargurada e nunca voltaria a ser o que era, então dei minha vida pela dele, como teria feito por qualquer um de vocês. – Falei virando para encarar meu amigo. – Assim espero que ele perceba os erros que cometeu e que se redima para que quando nos reencontrarmos possa olhar nos olhos dele e ver o amigo que sempre tive.

- Você tem que parar de acreditar no melhor das pessoas Rave porque elas podem te decepcionar. – Lily comentou e eu tinha certeza que ao dizer isso estava pensando no Snape.

- Eu não vou Lily porque eu sei, não errei quanto a Remo e não errarei quanto ao Peter, mas é claro que, novamente, somente o tempo poderá me dizer se estou certa ou se morri em vão.

- Eu aprendi a muitos anos que não se deve duvidar das suas palavras e recentemente cometi o erro de me esquecer disso. Você tem meu voto de confiança Nix embora continue a achar que tudo isso é muito improvável. – James falou colocando a mão sobre o meu ombro e nos sentamos diante do espelho, como minha mãe dissera tudo que podíamos fazer era observar.

E foi o que fizemos, pelos anos seguintes acompanhamos Sirius, Remo e Harry, um preso em Azkaban por um crime que não cometera, o segundo sozinho no mundo depois de perder todos os amigos e o terceiro convivendo com parentes que os odiavam. Vimos também Alice e Frank serem torturados até a loucura por Belatriz Lestrange. Foram longos e tristes anos, mas as coisas começaram a melhorar ou a piorar, dependendo do ponto de vista, quando Harry entrou para Hogwarts.

Lá ele conheceu Rony Wesley, ironicamente o dono do rato que conhecíamos por Rabicho, e Hermione Granger uma nascida trouxa, os dois viriam a se tornar os melhores amigos que meu afilhado poderia ter encontrado e embora ele tenha entrado para a Grifinória e se tornado o apanhador mais jovem do século aquele foi o mesmo ano em que Voldemort retornou tentando conseguir a pedra filosofal para recuperar as forças. No ano seguinte a Câmara Secreta foi reaberta e novamente Harry frustrou os planos de Voldemort.

O terceiro ano foi sem duvida o mais emocionante porque Sirius conseguiu a proeza incrível de fugir de Azkaban, bem como Remo começou a lecionar em Hogwarts e Peter finalmente foi revelado trazendo a tona a verdade sobre aquela noite. Mas foi apenas um fôlego porque dali em diante as coisas pioraram de vez, houve o torneio tribruxo do qual Harry acabou participando e no final do ano Voldemort retornou embora o ministro tenha feito de tudo para esconder esse fato. O que resultou na reabertura da Ordem e na criação por parte de Harry e Hermione de um grupo dentro de Hogwarts denominado Armada de Dumbledore e para finalizar Sirius acabou morrendo e se juntando a nós durante uma batalha no Ministério.

Em seguida descobrimos que Voldemort havia criado uma maneira de se manter vivo através das Horcrux e foi a vez de Dumbledore se juntar a nós. A partir da aí foi como se voltássemos ao nosso passado e consequentemente a guerra que ocorria enquanto Harry, Rony e Hermione tentavam achar e destruir as Horcrux e no meio dessa busca eles acabaram sendo pegos e levados até a Mansão Malfoy onde minha teoria se mostrou correta quando Peter se arrependeu de tudo que fizera e salvou a vida de Harry infelizmente pagando isso com sua própria vida.

Não vou mentir e dizer que foi fácil aceitá-lo de volta, mas acabamos conseguindo e Remo finalmente seguiu em frente se casando com Tonks com quem teve um lindo menino. Ele era o último maroto vivo, mas me dói dizer que não viveu muito tempo para aproveitar esse título.

- Ravena, você sabe que não podemos mudar o que irá acontecer. – Dumbledore falou sentando ao meu lado no gramado, eu havia deixado de observar quando a batalha em Hogwarts começara.

- Eu sei e é por isso que não posso assistir, eu sinto que Remo irá morrer em algum momento dessa noite e que essa guerra chegará ao fim seja para o bem ou para o mal.

- Como pode saber?

- Essa guerra já durou tempo de mais, e além do mais é já tempo de os marotos se unirem novamente.

- Ravena, Remo e Tonks foram mortos. – Marlene me gritou.

- Eu disse. – Falei me levantando com um sorriso cansado no rosto, não era fácil saber o que o futuro nos reservava.

Eu continuei a observar a guerra que se desenrolava, na verdade os meninos foram os primeiros a ver que ele acordava e correram em sua direção, Peter mais atrás como se o peso do que ele fizera finalmente tivesse o atingido e eu permaneci parada no topo da colina os observando, foi preciso um precioso tempo para que Remo pudesse entender que o Peter voltara a ser o nosso Rabicho.

- Nix. – Os quatro gritaram se virando para me procurar.

Eu tinha lágrimas nos meus olhos enquanto descia para me juntar a eles e foi quando a coisa mais surpreendente aconteceu, eu não os via mais como homens feitos, mas como quatro adolescentes de quatorze anos trajando as vestes da Grifinória e sem parar a corrida olhei para mim mesma e percebi que parecia menor e que minhas roupas também havia mudado para o uniforme da escola, meu cabelo, antes preso, voava solto pelas minhas costas. Eu me joguei em cima deles em um forte abraço como não fazíamos desde que deixamos Hogwarts.

- É uma pena que só tenhamos voltados a sermos nós mesmos depois de mortos. – James falou pesaroso.

- Podíamos estar vivos se não fosse por minha causa, eu sinto muito. – Peter falou recomeçando a chorar.

- Não era nosso destino enfrentar aquela guerra juntos porque ela não era nossa e se tivéssemos continuado unidos teríamos tentado fazer algo que não cabia a nós.

- Todos nós cometemos erros naqueles últimos anos, por isso acabamos parando aqui.

- E o que importa se estamos aqui ou lá? Estamos juntos de novo, não entendem? Não importa a onde estamos porque são nossos amigos que constituem o nosso lar.

- Eu estava com tanta saudade de ver você filosofando. – Remo comentou fazendo todos rirem.

A guerra havia nos separados, a mesma que estava prestes a ser encerrada pelo filho do nosso melhor amigo, mas nossa amizade era mais forte do que isso e agora, depois de tantos anos, estávamos juntos novamente. Não éramos mais James, Sirius, Remo, Peter e Ravena, éramos um só. Éramos a alma e a mente que completava um ao outro.

Porque nós éramos, somos e sempre seremos: MAROTOS!!


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Notas finais do capítulo

Quero agradecer a todos os leitores que acompanharam a minha fic, deixando comentários ou apenas lendo. Graças a vocês minha motivação para escrever foi crescendo a cada dia.
Não sei quando postarei uma nova fic, mas estou trabalhando em uma, também não garanto que voltarei a escrever com a Ravena embora isso possa acontecer algum dia.
Novamente quero agradecer do fundo do meu coração a todo o apoio e carinho com que receberam a minha fic, muito obrigada e até a próxima.
Abraços
MariaWesley