A Marota escrita por Maria C Weasley


Capítulo 36
Adeus


Notas iniciais do capítulo

Eu sinto muito por não ter postado antes, mas tive tanta coisas para fazer da escola que não conseguia tempo nem para ligar o computador. Agora deixando minhas desculpas de lado, aí está o capítulo.



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A noite de Halloween começou como qualquer outra exceto pelo fato de ser a primeira vez que eu a passaria sozinha, afinal James e Lily continuavam escondidos bem como Alice e Frank, não via Peter há muito tempo e Sirius fora verificar se estava tudo bem com os nossos amigos e para piorar era noite de lua cheia o que quer dizer que Remo estava se transformando em lobisomem em algum lugar. Eu acreditava que seria uma noite calma e por isso estava sentada em frente à lareira com um livro, mas eu não tinha conseguido ler nem seis páginas quando a cabeça do Sirius apareceu na lareira e minha noite se tornou um terrível pesadelo.

- Ravena, James e Lily foram atacados por Voldemort. Eles estão mortos. – Sua voz me mostrava o quão desesperado ele estava ao me contar isso.

- Não pode ser. – Eu falei me ajoelhando em frente à lareira e podia sentir as lágrimas rolando pelo meu rosto. Antigamente eu nunca chorava, mas de uns tempos para cá, como já devem ter notado, isso acabou se tornando um habito bastante comum. – O que aconteceu?

- Eu não sei ao certo, fui à casa do Peter, mas não o encontrei lá e não havia nenhum sinal de luta. Fiquei preocupado e fui para a casa do James, quando cheguei aqui a casa estava queimada e a marca negra brilhava por sobre ela. – Ele me contou e pude ver que havia tantas lágrimas nos olhos dele quanto havia nos meus, afinal James era como um irmão, principalmente para nós dois. – Me desculpe Nix, você estava certa, você sempre esteve certa. Remo não era o traidor afinal de contas.

- Peter não teria feito isso conosco, Sirius, deve haver outra explicação. – Por mais que as provas estivessem na minha frente eu me recusava a acreditar que fomos traídos por um amigo.

- Rave, eles estavam sobre a proteção do feitiço fidelios, acha mesmo que James e Lily teriam dado o endereço para Voldemort e o convidado para o chá?

- Não Almofadinhas, é claro que eu não acho isso, mas talvez... quer saber esquece. – Falei soltando um profundo suspiro. – Sabe onde Peter está?

- Não, aquele rato desgraçado sumiu sem deixar pistas. – Sirius rosnou.

- Eu sei onde ele está. – Falei de repente me lembrando da última vez que o vira.

Passei o endereço da casa dos pais do Peter para o Sirius, da última vez que o vira ele comentara que os pais haviam deixado a casa para ele, se meu palpite estivesse correto ele estaria lá.

- Eu vou atrás dele.

- Encontro você lá, vou olhar a casa primeiro para ver se acho os corpos. – Sirius falou recomeçando a chorar.

- Está falando comigo da onde?

- Pele casa da Batilda. – Ele me respondeu e sua cabeça já havia quase desaparecido quando escutei as palavras. – Tenha cuidado Nix.

Eu peguei minha varinha e minha jaqueta, me lembrando de colocar um pedaço de papel no bolso da última, antes de aparatar. A casa estava escura e silenciosa como se não houvesse ninguém lá, mas meus sentidos estavam ampliados ao máximo devido a lua cheia e permiti que meu cabelo descesse solto por minhas costas, por esse motivo eu sabia mesmo antes de entrar que ele estava lá dentro. Minha última esperança de que tivéssemos entendido errado se esvaiu no minuto em que percebi isso.

Com a varinha em punho adentrei na casa preparada para ser recebida com diversos feitiços, mas o único som que escutei foi a voz de Peter as minhas costas.

- Rave? O que está fazendo aqui?

- Rabicho, eu estava tão preocupada com você. James e Lily foram mortos por Voldemort e como você é o fiel do segredo pensei que tivessem te matado também, mas graças a Merlin você está vivo porque... – Deixei a frase morrer no ar para que ele pensasse que eu estava realmente aliviada.

- Nix, não precisa se preocupar. Mas qual seria o porque? – Ele falou completamente convencido de minha ingenuidade, mas isso não me surpreendeu muito, ele nunca fora o melhor dentre nós para identificar o que havia por trás das palavras.

- Expeliarmos. – Eu gritei antes de continuar e seus olhos miúdos me encaram atônicos. – Porque isso significa que podei acabar com você com as minhas próprias mãos seu traidor desgraçado. Não somos burros a ponto de não sermos capazes de juntar dois mais dois e, por favor, nem tente me convencer que estava sendo controlado pela maldição impérios porque nós dois sabemos que isso não é verdade.

- Nix, você tem que entender que o Lorde das Trevas tem muitos meios de conseguir o que quer o que esperava que eu tivesse feito?

- Eu esperava que você tivesse morrido ao em vez de condenar uma família inteira em seu lugar, eu esperava que não tivesse deixado a culpa de uma traição cair sobre um amigo inocente. – Eu gritei completamente furiosa. – Era o que teríamos feito por você, nunca teríamos colocado sua vida em perigo para proteger a nossa e porque é isso que os amigos fazem.

- Como se vocês quatro tivessem algum dia sido meus amigos de verdade. – Ele gritou de volta. – Nunca ligaram realmente para mim, sempre se julgaram superiores.

- Te acertaram na cabeça, Peter? Por que se contar nossos maiores segredos e estar dispostos a confiar em você e dar nossas vidas para salvá-lo não forem provas de amizade o bastante então eu realmente não sei que provas poderíamos ter lhe dado.  Além do mais nos dois sabemos que você só andava conosco porque queria se sentir descolado e protegido, mas tinha medo de nós. Tinha medo do meu poder, medo das transformações do Remo, medo das pegadinhas de James e Sirius, mas no fundo Peter, no fundo você sempre quis se exatamente igual a nós.

Enquanto gritava notei pelo espelho que estava perto de mim que meus olhos não estavam mais azuis ou pratas, mas sim de um preto perigoso que eles nunca haviam adquirido até aquela noite.

- Você é um covarde. É um traidor. Não sei o que o chapéu seletor tinha na cabeça quando o colocou na Grifinória, você não merecia aquela casa seu rato miserável.

- Agora já chega. – Ele disse pausadamente. – Eu cansei de brincar com ela. Já podem aparecer.

Assim que ele disse isso sete figuras encapuzadas me cercaram, Comensais da Morte, esse maldito que um dia eu chamei de amigo estava trabalhando para o outro lado esse tempo todo. Perdemos amigos por conta daquele rato e mesmo assim eu custava a acreditar que tudo isso estava mesmo acontecendo.

- Expeliarmos. – As sete vozes falaram juntas e não havia magia que tivesse parado esse feitiço conjunto.

- É só isso que sabem fazer? – Eu perguntei sarcástica, Peter sempre fora burro hoje não seria diferente. De todas as noites ele escolhera exatamente a única em que não podia me atacar.

Diversos feitiços voaram em minha direção, a maioria teria me matado no mesmo instante, mas a barreira que criei me protegeu deles. Os comensais sorriam achando que tinham acabado comigo, eles ainda não tinham ideia do que eu era capaz.

- Foi bonitinho. – Eu disse aparatando atrás do Peter. – Mas um aluno do primeiro ano teria feito melhor.

- Como... vo...cê... so... breviveu? – Ele perguntou gaguejando da mesma maneira que fazia quando tínhamos onze anos.

- Você é tão ingênuo Peter, realmente não sabe que dia é hoje? – Perguntei calmamente. – Sabe eu realmente nunca gostei das noites de lua cheia, principalmente depois do terceiro ano, mas acho que hoje eu posso abrir uma exceção.

- Você está blefando.

- Estou?

Seus olhos se arregalaram em uma expressão de dúvida e pude ver ele espiando pela janela tentando decidir se eu realmente blefava ou não. Os comensais me encaravam se entender absolutamente nada, principalmente como eu podia ainda estar viva. [Malfoy com certeza não estava entre eles ou alguém já teria notado o perigo que eu representava]

Enquanto Peter ainda tentava decidir se eu falava a verdade ou não concentrei meus poderes para atacar os comensais, foi nesse momento que meu antigo amigo se virou quase se borrando de medo e se deparou com todos os seus comparsas suspensos no ar.

- Você não vai fazer isso, morrerá se tentar. – Ele falou convencido de que encontrara a falha do meu plano, mas eu me limitei a sorrir.

- Se depender de você vou morrer de qualquer jeito, mas pelo menos vou levar o maior número de pessoas comigo.

Minhas mãos tremiam enquanto deixava minha magia retirar a força vital dos sete comensais, eu jamais usara esse feitiço, mas devido às circunstâncias era matar ou ser morta. Eu também sabia que gastara muito mais energia com isso do que me seria aconselhável, mas eu não cairia sem lutar.

Um a um os comensais foram caindo mortos aos meus pés e notei que Peter tentava fugir, mas com um último apelo à magia da lua, sem que esta me mata-se, bloqueie as aparatações e convoquei minha varinha.

- Isso é entre você e eu, “amigo”. – Falei colocando bastante ênfase na última palavra. – Ou eu deveria dizer traidor?

Você não tem mais magia especial para usar contra mim, duelaremos apenas com as habilidades de um bruxo normal.

- Acredita mesmo que pode me vencer em um duelo? Francamente, não me faça rir.

- Eu tenho consciência de que não tenho sua habilidade Rave, mas você jurou que não deixaria nada acontecer conosco.

- Bom por sua culpa eu tenho quebrado muitos juramentos ultimamente, mais ou menos um não fará muita diferença.

- Eu não tenho medo de você. – Ele gritou e não sei a qual de nós dois ele tentava convencer.

- Você é um tolo Peter, no que isso lhe ajudou? Não consegue ver que perdeu tudo? Sua dignidade, sua honra, seus amigos e sua palavra. Só não perdeu o que realmente devia seu ego e seus medos.

- Não ouse falar de mim.

- Nós pensamos que era nosso amigo e você nos apunhalou pelas costas. – Eu gritei o ignorando, agora ele teria que me ouvir até o fim. – Você matou James, Lily, que sempre te ajudou, e Harry? Por Merlin ele era só uma criança indefesa e estão todos mortos por sua causa.

- Você será a próxima. – Ele falou reunindo a pouca coragem que possuía para me encarar nos olhos.

- Quando vai aprender que ao contrario de você eu não tenho medo da morte? Eu a receberei de braços abertos quando chegar à hora, mas eu sinto pena de você. Porque se jogou em um poço sem saída. Você é uma vergonha para o mundo bruxo, uma vergonha para os marotos. – Eu falei e minha raiva era sentida em cada palavra.

- Eu sou uma vergonha para os marotos, Nix? Acho que você que entendeu tudo errado.

- Não me chame de Nix, apenas meus amigos têm o direito de usarem esse apelido e acho que já concordamos que você não é mais meu amigo.

- Que seja, Ravena, mas se não falha a memória nosso lema não era o seguinte? Juro solenemente não fazer nada de bom.

Meu sangue gelou na veia, o uso da citação do mapa me assustara mais do que eu gostaria de admitir. Claro que eu sabia perfeitamente bem que éramos jovens quando criamos essa frase, mas ao vê-la agora sendo usada como justificativa para um assassinato foi que finalmente percebi o quanto fomos imprudentes ao criá-la.

- Accio varinha. – Peter gritou se aproveitando de meu momento de distração e pela segunda vez naquela noite vi minha varinha se arrancada de minhas mãos.

- Então esse é o fim não é? – Perguntei vendo a varinha dele apontada para mim. – O fim de tudo que construímos? Os Marotos, nossa amizade? O fim de Aluado, Rabicho, Almofadinhas, Pontas e Nix? – Eu continuei a perguntar, mas ele obviamente não me respondeu e apenas segurou a varinha com ainda mais força, o momento se aproximava e eu sabia disso. – Então que assim seja.

Peter hesitou por um momento, se por se lembrar de nossa velha amizade ou por se finalmente perceber que eu não temia a morte, mas o que posso fazer? Depois de tudo pelo que passei sei perfeitamente bem que ninguém pode escapar da morte para sempre e eu já tivera uma cota muito grande de fugas para uma vida.

- Mal feito, feito. – Ele falou me despertando de meus devaneios e voltando a apontar a varinha para mim.

- Adeus rapazes, vejo vocês do outro lado. – Disse para o nada, mas de alguma forma eu sabia que eles me ouviriam. Coloquei minha mão, a mesma que trazia no pulso a pulseira que os quatro haviam me dado em meu aniversário de quatorze anos, dentro do bolso da jaqueta onde segurei com força o papel que colocara lá dentro.

Essas foram minhas últimas palavras antes de ouvir as fatídicas palavras vidas de meu ex melhor amigo.

- Avada Kedavra. – Ele disse com sua voz esganiçada e um raio verde veio em minha direção, só tive tempo de segurar o papel com mais força antes que fosse atingida.

POV terceira pessoa.

Peter ficou olhando enquanto o corpo de Ravena era atingido pelo raio verde e caia sem vida no chão, os cabelos negros abertos em um leque perfeito e em seu rosto um largo sorriso era exibido. Ela partira feliz.

Pela janela a luz da lua entrou com força total recobrindo apenas o corpo da mulher e deixando o resto na mais completa escuridão, a lua estava de luto pela morte de sua filha e as estrelas também pareciam ter diminuído seu brilho de maneira a honrar a memória da parente perdida.

 Ele não agüentava mais olhar aquilo, apesar do que dissera a Ravena, apesar do que insistia sua mente egoísta, ele sabia no fundo do seu coração que ela estava certa, afinal Ravena sempre estava. Ele sabia que havia tomado a decisão errada, também sabia que não havia como voltar atrás agora, entretanto Peter sabia que poderia conviver com a culpa enquanto ainda estivesse dessa maneira, vivo, afinal era isso o que importava no final das contas. Ou ao menos era o que ele queria acreditar naquele momento.

Ele realmente tentou passar longe do corpo da mulher ao sair da casa, mas isso era impossível e ele não pode deixar de parar para observar as expressões dela, tão serenas e sorridentes, como se ele de algum modo tivesse lhe feito um favor. Intrigado ele analisou melhor a ex melhor amiga e percebeu sua mão dentro do bolso da jaqueta. Com cuidado, embora tivesse certeza de que ela estava realmente morta, ele colocou a mão junto à dela e retirou com certa dificuldade o papel que ela segurara tão fortemente em seus últimos momentos de vida.

Uma súbita vontade de vomitar o invadiu quando viu o conteúdo do papel, um enjôo de si próprio e do que fizera, e largando rapidamente o papel Peter saiu correndo para fora da casa, para longe daquela imagem, do corpo de Ravena e das memórias que foram despertadas.

A lua aumentou o alcance de seus raios de modo a cobrir também o papel como se soubesse que a filha só estaria feliz perto dele. Na manhã seguinte o mundo bruxo vivia momentos de alegria e pesar, pois de um lado Voldemort fora derrotado, mas por outros grandes heróis haviam sido mortos como o casal Potter e a senhorita Wikiman. Ravena havia sido encontrada naquela mesma noite por Alvo Dumbledore, que ao chegar na casa “abandonada” encontrara o corpo da jovem.

Ele não sabia quem realmente a havia matado nem porque ela estava ali. Nenhuma ligação com Peter fora feita, afinal como poderia? O único que sabia a verdade estava sendo injustamente acusado de matar três dos seus quatro melhores amigos. Apesar da tristeza Dumbledore sorriu ao vê-la, pois reconheceu a menina que conhecera nos tempos de Hogwarts, a mesma menina que mais de uma vez havia se mostrado mais sábia do que a idade fazia acreditar. E esse reconhecimento não se devia ao sorriso que fora tão presente em seu rosto durante a juventude e que não a abandonara nem mesmo em sua morte, mas sim a foto de cinco estudantes que se encontrava ao seu lado.

Um menino de cabelos pretos espetados, olhos castanhos e óculos redondos; outro também de cabelo preto, olhos cinzas e um sorriso travesso; um com as feições pálidas, cabelos claros e olhos escuros que mostravam cansaço; um pequeno e gordinho, com olhos escuros e miúdos e cabelos que se assemelhavam a palha; e apoiada nos dois primeiros havia uma única menina de cabelos negros como a noite e olhos azuis prateados como ela própria os descrevia. Todos eles sorriam para a câmera e pareciam tentar fazê-la cair no chão, as suas costas era possível ver o Salgueiro Lutador e ao longe o castelo de Hogwarts.

Mesmo depois de todas as traições, de todas as brigas e de todos os problemas, mesmo assim Ravena estava com todos eles na hora da sua morte exatamente como se lembrava deles na melhor fase de sua vida. Nos velhos tempos onde não havia Voldemort, traições, perigos, desconfiança e uma guerra na qual lutar. Um tempo onde a maior responsabilidade era passar de ano e não ser pego durante uma pegadinha.

E foi por isso que ela partiu feliz.


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Notas finais do capítulo

Sei que provavelmente estão querendo me matar agora, mas peço que ao menos deem uma chance ao epílogo, que será postado amanhã.
A maioria não queria que a Ravena morresse, mas eu sempre quis me manter fiel a história do Harry que conhecemos e ela não teria acontecido daquela maneira se a Rave tivesse permanecido viva.
Espero que apesar disso tenham gostado do capítulo.