Acordei no hospital. Não sabia o que estava acontecendo, nem lembrava do porquê de estar ali, quando minha mãe disse:

— Amy, minha querida, você está melhor?

— Mãe, estou bem, o que aconteceu?

— Dylan me contou que vocês brigaram, e você desmaiou no meio da rua. Ele está lá fora desesperado.

— Desesperado porra nenhuma, aquele infeliz deve estar contente por dentro por eu estar aqui numa cama de hospital. Manda ele ir embora porque eu não nunca mais quero vê-lo na minha vida.

— Calma, Amy. Ele me contou tudo que aconteceu, e acho que você se precipitou ao se estressar... Ele que te trouxe pra cá.

— Ah, é? Pois fala pra ele que ele devia ter me deixado morrer no meio da rua, assim eu não teria que ouvir o nome desse babaca outra vez, e ele estaria livre pra ir ao cinema com a Gaby e ficar aos beijos com ela pro resto da vida.

— Amy, não é o melhor momento pra você ficar de ironia.

— Por que você ou o papai não me contaram que Dylan fumava?

— Como você descobriu? — disse minha mãe, depois abaixou a cabeça

— Levantei de noite pra beber água e ouvi vocês conversando... Deviam ter me contado.

— Eu ia te contar, mas seu pai preferiu que você descobrisse sozinha, pra não achar que queremos estragar seu namoro.

— Namoro? Aquilo nunca foi um namoro, Dylan me escondeu seu maior segredo, e pra mim, em um namoro de verdade não há segredo algum. Eu odeio cigarros, e ele sabe disso. Se ao menos ele tivesse me contado... Eu não ia impedi-lo de fumar, beber ou o caralho a quatro, só ia pedir para que ele me respeitasse e não fizesse essas coisas na minha frente, igual a senhora faz com o papai...

Desabafei com minha mãe e adormeci. Quando acordei, estava Allie sentada na minha cama, segurando minha mão.

— Allie!!! Como é bom te ver! Estava morrendo de saudade, passei tanto tempo com aquela praga do Dylan que mal tive tempo de te ver, me desculpa!!!

— Calma, Amy. Eu te entendo. Quando comecei a namorar o Ben foi a mesma coisa, lembra?

— É, mas o namoro de vocês andou pra frente, e o meu com Dylan acaba aqui. Você acredita que ele me escondeu que..

— Sim, Amy. — interrompeu — Todos nós já sabemos, ele nos explicou detalhe por detalhe... Ele se arrepende de não ter te contado.

— Ah, como se não bastasse minha mãe, agora minha melhor amiga também! Não acredito que vocês estão caindo na dele, cara. — fiz um pouquinho de drama

— Amy, sou sua melhor amiga, sua irmã, lembra? Acredita em mim, eu não estaria dizendo isso se soubesse que você iria sofrer depois. E também, sua mãe concorda comigo, e ela é bem mais velha que nós, entende bem da vida. Por favor, Amy. Conversa com o Dylan, ouve o que ele tem a te dizer, sem xingar ele, sem criticar, sem falar por impulso, ok?

— Allie, chama o Dylan por favor.

Lá foi ela. Allie sabia sempre como me confortar e me fazer ficar bem, não importa o que tinha acontecido. Ela era a melhor amiga que alguém poderia ter.

— Amy!!! Você está bem?? Fiquei desesperado quando te vi cair dura no chão!

— Oh, olá Dylan... Acordei melhor, obrigada.

— Me desculpa por ontem, Gaby me agarrou quando viu que você estava vindo.

— Eu odeio aquela garota. Ela é uma vadia. — Disse, enquanto meu tom de voz ia ficando cada vez mais baixo, e minha visão embassada.

Do nada adormeci. Dylan saiu gritando pelo corredor chamando o médico. Minha pressão estava muito baixa e eu fiquei pálida, foi o que disse minha mãe depois. Eu não sabia o que estava acontecendo comigo, só sei que me senti muito mal, como nunca antes na minha vida. Senti uma dor muito forte na cabeça e fiquei tonta. Quando acordei, o médico e a enfermeira estavam no quarto. Eu não conseguia falar, então preferi ficar somente ouvindo o que eles tinham pra me dizer.

— Olá, Amy, ainda bem que você acordou!

— Temos uma má notícia para te dar.

— Diagnosticamos um tumor no seu cérebro... Ele foi causado pelo impacto da sua queda no chão, por isso a sua forte dor de cabeça.

Naquela hora meu mundo parou. Minha voz estava intalada na garganta, e enfim, consegui dizer alguma coisa.

— E por que eu fiquei tonta e caí no chão?

— Provavelmente, um estresse muito grande.

Quando ela disse "estresse muito grande", revi aquela cena na minha mente. Dylan beijando Gaby. Aquela cena não sairia da minha cabeça nunca mais. Os médicos saíram e Dylan entrou.

— Eu vou ter que operar?

— Os médicos disseram que sim... Mas vai dar tudo certo.

— Eu vou morrer, Dylan. Meus pais não têm dinheiro pra pagar a cirurgia.

— Fique tranquila, Amy. Vai dar tudo certo. — disse ele pegando na minha mão.

Naquele momento eu soube que estava fazendo o certo. Allie e minha mãe tinham razão ao falar para eu dar uma chance a Dylan. Eu estava cansada, então Dylan me deu um beijo na testa e me deixou descansar um pouco. E, pela primeira vez na minha vida, eu me senti realmente protegida.