TRES SEMANAS DEPOIS.

Acordei com o sol batendo no meu rosto, primeiro dia de fevereiro hoje, meu pai me ligou ontem que minhas aulas começariam 10 dias antes, então teria que volta bem antes do planejado, exatamente daqui sete dias estou embarcando de volta a Porto Alegre, estou triste irei deixar a Le, o Fred, e até o Gus, por mais estranho que seja, não sei se irei vê-los tão cedo novamente, pois ainda não resolvi se vou vir morar pra cá, não conversei com meu pai ainda, mas por um lado seria bom, não iria mais ver a cara do meu ex, ele realmente me magoou muito, essa seria mais uma vantagem, mas eu também ficaria com muita saudades do meu pai, não tem como ele largar bom emprego que ele tem lá pra vir junto comigo, e os pais dele que já estão numa certa idade, critica digamos.

Olhei pro relógio era dez horas, nossa como eu durmo muito, minha mãe volto a trabalhar, então eu mesmo terei que fazer meu café da manha se eu quiser comer, nesse tempo que ela ficou de férias nós nos reaproximamos bastante, agora sim podemos ser chamadas de mãe e filha, eu saia com ela pelo menos três vezes na semana, entre mim e a Le não aconteceu mais nada, às vezes ela ia lá em casa conversa e só, ou nós saia com o Fred e o Gus, as vezes até aquele Arthur que também é brasileiro ia com nós nas baladas, mas desse Arthur eu não consegui ficar muito próxima, não sei, não gostei muito dele desde o começo.

Resolvi parar de enrolar na cama, então levanto e vou tomar um banho, coloco a água mais quente possível por que estava mais que hiper frio, eu vou congelar, apenas isso que acredito, depois que crio coragem pra entra não consigo mais achar ela pra sair, por isso acabo demorando bem mais que o suficiente, saio e vou correndo pro quarto, já tinha deixado o aquecedor ligado, mas mesmo assim, por eu estar molhada ainda era frio, as vezes sinto saudades daquele mega calor que fazia em Porto Alegre, coloco uma roupa super quente, sem mentiras, acho que coloquei uns quatros casacos grossos, agora estava com calor, acho pelo fato do aquecedor estar ligado.

Desço e vou assistir TV, só sei que não quero preparar nada pra mim comer, e decido ir almoçar sozinha, estava com saudades já daquela comida brasileira, daquele churrasco gostoso, só de pensar já me da água na boca, então peguei meu notebook e fui procurar se tinha algum restaurante brasileiro ou churrascaria mesmo.

Acabei encontrando um restaurante brasileiro, na descrição falava que tinha churrasco, então está perfeito, era um pouco longe de casa, mas eu nem vou trocar de roupa, vou desse jeito mesmo, só subi e peguei minha bolsa com minha carteira e meu celular, tinha um ponto de taxi que era a uma quadra de casa, como não tinha o numero tive que ir até lá, tranquei a casa e fui em direção ao ponto. Cheguei lá e pedi para o homem se ele poderia me levar a tal restaurante, tinha aprendido a pedir em holandês já, então ficava mais fácil, cheguei lá vinte minutos depois, paguei o taxi e entrei no restaurante, estava cheio, restava duas ou três mesas vazia, me sentei na mais afastada, no canto do fundo, não gostava de pessoas me olhando enquanto eu comia, logo fui me servir no bife e realmente tinha tudo quanto é tipo de comida brasileira, nunca fui muito fã dessas comidas, mas quero ver ficar mais de um mês sem comer, faz muita falta querendo ou não, me servi de tudo, eu optei por rodízio de carne, assim eles vão levando na mesa todo o tipo de carne, assim é bem melhor, tem mais opção e está sempre quentinha.

– Oi moça – me fala um menino, cujo acabei levando um susto quando veio falar comigo, já que eu estava muito concentrada na minha comida, ele falava em português, por sinal um ótimo português, o que diria que ele também é do Brasil.

– Oi – respondo meio tímida.

– Então, não tem mais mesas vagas, será que eu posso me sentar aqui com você? – ele me pergunta, meio que sem jeito.

– Ah, claro que sim, fique a vontade – tava achando estranho eu sendo simpática com estranhos, nunca sou.

– Como é teu nome? – ele me pergunta.

– Valentina e o teu?

– Henrique, mas me chame de Rick ok.

– Bonito nome – sorrio de canto pra ele.

– Então, você também é do Brasil?

– Sou sim, você também é? – pergunto.

– Claro, que lugar você é?

– Sou de Porto Alegre e tu? – falo com entusiasmo, sempre tive orgulho do meu Rio Grande.

– Sou de Uruguaiana, coincidência nunca tinha encontrado nenhum gaucho por aqui, tu és a primeira – ele sorri pra mim.

– Eu também não – apenas sorri e voltei a comer.

– Então, você mora aqui? – ele volta a puxar assunto comigo.

– Não, não, estou só visitando minha mãe, ela mora aqui, e você ta fazendo o que aqui?

– Legal, acabei de me mudar pra cá, não faz duas semanas, resolvi fazer a faculdade aqui.

– Hum, minha mãe também quer que eu faço faculdade aqui, mas ainda não sei, acho que deve ser muito complicado, sendo que nem falo holandês, e muito menos inglês.

– Entendo, mas olha, meu inglês e holandês é bem fluente, se quiser eu posso te ajudar um pouco até você voltar para o Brasil, sem segundas intenções ok! – deu para perceber que ele ficou meio tímido, mas achei meio que jogado de mais, afinal tinha acabado de lhe conhecer.

– A claro, isso seria ótimo – eu resolvo aceita, afinal não é todo dia que se recebe uma oferta como essa.

– Ok então, poderia me passar seu numero – ele me entrega o celular e digito meu numero.

– Prontinho – lhe entrego de volta – então Rick, acho que já vou indo – me despeço dele – tchau, me liga ok!

– Pode deixar, tchau.

Sinceramente comi de mais, deu pra matar a saudade um pouco, paguei e fui pra casa, de tanto comer estava me dando sono, mas eu não queria dormir, queria aproveitar esse tempo que resta desde que estou aqui nunca fiz um passeio pelos canais de Amsterdã, como eu pude não ir, queria chamar a Le, mas ela demoraria muito pra vir, por que conheço ela, e também por que ela pode achar coisas, já que esse passeio é um tanto quanto romântico digamos assim, mas eu ficava me lembrando do Rick, daquele sorriso perfeito dele, aqueles olhos azuis, chega me dar um calor só de pensar nele.

O passeio de barco estava mais que perfeito, já passava das quatro, então eu resolvo ir pra casa, estava cansada, e com fome, voltei a pé mesmo, era perto da minha casa, aproveito e passo no supermercado eu estava morrendo de vontade de comer nuttela, então vou e pego um pote grande, programa perfeito pra hoje a noite, filme e nuttela, pra que mais?

Chego em casa e vou tomar um banho, não demoro muito, me visto e me jogo na cama, quando estou quase dormindo chega uma mensagem.

“Oi, só avisando que esse é meu numero, beijos Rick”

“Já salvei” respondi a ele.

“Então vai fazer o que amanha a tarde?” ele me pergunta.

“Nada, por quê?” me faço um pouco de difícil.

“Queria saber se não quer por em pratica nosso combinado?”

“Claro, seria perfeito, aonde?”

“Encontramos-nos lá no restaurante as quinze horas, pode ser?”

“Perfeito, então até amanha, beijos”

“Beijos, até” ele apenas responde para finalizar o assunto.

Deito novamente, e agora perdi totalmente meu sono, do nada a Le me veio na cabeça, da primeira vez que eu a beijei, da primeira vez que eu a toquei, da primeira vez que eu fiz amor com ela, eu queria muito ligar pra ela, mas algo me impede, acho que é orgulho, mas não tem pelo que ter orgulho, não me entendo, eu sei que as coisas estão meio que estranho, e eu também precisava lhe contar que daqui a sete dias estou indo embora, então resolvo a chamar pra sair, vou mandar mensagem, acho melhor, nunca gostei de falar em telefone.

“Oi Le”

“Ooi!” ela responde só isso depois de uns dez minutos.

“Vai ta ocupada hoje a noite?”

“Não, por quê?”

“Vem aqui então? Preciso lhe conta uma coisa”.

“Tudo bem, as oito ta bom pra você?”

“Esta perfeito, então até mais tarde, beijos”

Ela não respondeu mais, então só o que me restava era dormir, como o sono tinha passado peguei meus fones de ouvido e comecei a ouvir Lana Del Rey, e quando vejo adormeci.