No capítulo anterior...

Vi um caminhão logo atrás de nós e ele parecia desgovernado. O caminhão tombou, mas bateu na traseira do carro em que estávamos. Nós gritávamos desesperados. Eu puxei bastante ar para poder me salvar no mar[...]. Eu fui soltando o ar aos poucos. Entrei no carro e peguei Yuri. [...]Eu já havia soltado todo o ar que eu tinha. De repente, tudo ficou escuro.

POV Thales

Abri os olhos e percebi, aos poucos, que eu estava em um quarto de um hospital. Meus pais e Fernanda estavam sentados em um sofá que fica à frente da maca e abaixo de uma pequena TV na qual passava-se um noticiário.

– "Nessa mesma serra, um caminhão tombou e encostou na traseira de um carro a ponto de fazê-lo cair ao mar. Foi isso o que declarou o motorista deste caminhão, que teve leves ferimentos. Os menores que estavam no carro estão no hospital. Um deles, Yuri, se encontra em estado grave por ter ingerido grande quantidade de água. O outro jovem, Thales, está em estado estável e não corre risco de vida."

Pedro deve estar pensando que sou um traidor por não tê-lo esperado para fazer o favor que ele me pediu. Espero que ele tenha visto o noticiário.

– Thales? - A Fernanda abriu os olhos. - Gente, ele acordou. - Ela acordou meus pais.

– Vocês estão aqui há muito tempo?

– O dia todo, meu amor. - Minha mãe disse.

– E há quanto tempo estou dormindo?

– Há umas seis horas.

– Yuri está bem?

– Como consegue pensar nisso sendo que ele fez tanto mal assim a você? - Meu pai disse.

– Quem te contou isso?

– Tivemos que saber de alguma forma porque saiu de casa e entrou no carro desse rapaz, não é?

– Foi a Fernanda, não foi, pai?

– Thales, agora tudo está normal. Pode voltar para Eduarda. - Ela lia algo no celular.

– Quer que Yuri morra?

– Não, mas ele não mexerá mais com você. - Ela digitava algo.

– E por quê?

– Eduarda viu o noticiário e perguntou se ela podia vir te visitar. Eu respondi que sim. - Ela sorriu.

– É tudo por culpa dessa moça, não é, filho?

– Nem tudo, pai.

– É sim, pai. Eles se amam mais do que tudo. E olha que só ficaram juntos por umas duas semanas há bastante tempo.

– Voltando àquele assunto: os pais de Yuri estão aí e disseram que vão colocá-lo em um psicólogo assim que ele sair daqui.

– Ele precisa, mãe.

Ficamos conversando sobre assuntos aleatórios.

***

– Com licença. - Eduarda bateu na porta.

– Vamos lá para fora, queridos pais. - Fernanda empurrou meu pai e a minha mãe lá para fora. Eduarda sorriu, timidamente.

– Acho que temos muito para conversar. - Ela disse e se sentou na maca, na ponta, perto de meus pés.

– Senta perto de mim. - Eu sorri. Ela ficou em pé, ao meu lado.

– Me explica tudo. Por que saiu num carro com Yuri?

– É uma longa história.

– Eu tenho tempo.

– Eu...

– Thales, me fala.

– Por que quer tanto saber?

– Porque eu... - Ela procurava as palavras certas. - Porque eu queria saber a verdade. - Não era isso que ela queria dizer, mas resolvi prosseguir. - Continue.

– Então, eu terminei com você porque Yuri me chantageou.

– Yuri te chantageou?

– Thales! O Pedro foi preso! - Fernanda entrou no quarto aos berros, chorando.