– Epílogo -

Brasília DF – Brasil

– Pirralha?

A criatura sonolenta na cama se mexeu um pouco e logo depois enfiou a cara no travesseiro, tentando abafar o som, mas ele se repete como que para provoca-la:

– Pirralha!

Mais um resmungo e mais uma remexida depois, ela já havia enfiado a cabeça debaixo do travesseiro, mas o som volta e bem mais impaciente no pé de seu ouvido:

– Droga! July acorda!!

Então ela acorda, levantando a cara com uma juba selvagem e um rosto em fúria encarando o ser irritante ao seu lado.

– OQUE É CARAMBA?! – Mas assim que olha o sorriso sacana e os olhos meio puxados do seu irmão bocó, ela desfaz o rosto irritado e encara com a expressão parecida com “Que merda é essa?!”.

– Aleluia, achei que nunca fosse levantar – Ele aumenta o sorriso idiota, com os braços apoiados na beira da cama.

– Espera... – A garota da juba pisca algumas vezes e olha ele melhor – Vinícius?

– Não – Zomba, mas antes que pudesse se irritar, assim que pisca de novo o rosto do Paul assume o lugar do bocó e os tão característicos olhos divertidos a observam com um sorriso – Já é hora de acordar, não July?

– Hã...? – Franze o cenho – Mas eu já estou...

PÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉWWW

– AAAAAAAAAAAAAAA! – Levanto da cama como se satanás tivesse vindo do inferno e tivesse gritado no meu ouvido, mas assim que olho para o lado quase me borrando de susto, vejo nada mais que o maldito despertador escandaloso que ganhei de natal e fiz o favor de “esquecer” quando fui à Califórnia.

Quando praticamente esmurrei a pobre caixinha retangular que era o “berrador” matinal ouço nada menos que passos desesperados do lado de fora do meu quarto e logo em seguida a minha porta é praticamente arrombada e jogada num canto por uma garota morena e baixinha armada com uma lixa.

– OQUE É?! OQUE ACONTECEU?!

– Cersei...?

– ONDE ESTÁ O MALDITO ESTRUPADOR QUE ENTROU AQUI?

– O que?! Não tem nenhum...!

Então outra criatura igualmente morena, mas careca como o santo buda aparece com tanta violência na porta que joga a garota na parede do quarto.

– ESTRUPADOR?! QUEM É O DESGRAMADO QUE ESTÁ ABUSANDO DA MINHA FILHA?!

– Pai...? – Falei com ele, mas sinceramente estava mais preocupada com a pobre jogada no chão.

– JULY! – E para completar a palhaçada, a minha mãe surge na porta e corre até mim como se eu tivesse acabado de voltar da segunda guerra sem uma perna – Minha filha! Você está bem?! Fala comigo!!

– Mara! Se afaste! Ele ainda pode estar aqui!

– ELE QUEM MEU DEUS?! - Berrei, na tentativa de ser ouvida por alguém da minha família.

– O cara que te atacou!

– Ai meu Pai... – Enfiei a mão no rosto e então apontei para a criança semimorta no chão do meu quarto – A única criatura que foi atacada nesse quarto foi a Cersei, E ELA ESTÁ MORTA NO CHÃO DIACHO!

– AI MEU DEUS! CERSEI! – Minha mãe saiu de cima de mim e correu para a Cersei e levantou ela pelos ombros – Fala comigo Cersei! – Quando a cabeça da pobre caiu para trás, a minha mãe se virou para o meu pai e quase chorou quando disse – A Cersei foi atacada Leo!

– Meu Deus, esse doente pegou minhas duas filhas...!

– FOI VOCÊ QUEM MATOU A GURIA!

Mas desde quando alguém me ouviu aqui?

– Mara! Leve ela para a sala, eu vou chamar a Polícia! – Meu pai correu até mim, e me puxou até eu cair no seu ombro como um saco de batatas – July! Eu vou te proteger!

– PAI, ME OUVE!

– Calma filha! Não precisa dizer mais nada, eu sei que está assustada! – Então ele correu para fora, com minha mãe puxando a pobre da Cersei com ela e fechou a porta do meu quarto – CORRA MARA! ELE PODE ROUBAR ALGUMA COISA!

– AH! O CORDÃO UMBILICAL DA JULY! TEMOS QUE PEGAR O POTE ANTES QUE ELE ROUBE.

– MÃE, QUEM DIABOS VAI ROUBAR UM CORDÃO UMBILICAL?!

– Awn minha filha, mas ele é tão lindinho...

– É SÓ UM PEDAÇO APODRECIDO DO MEU CORPO!

E assim que tínhamos chegado na sala, depois de ser chacoalhada pelas escadas até lá, claro, a porta da frente se abre e um sorridente garoto de cabelos pretos pra caramba entra com uma mochila um tanto pesada nas costas.

– Bom dia pessoal, a July está em casa...?

– Daniel?! – Exclamei, chocada em ver meu melhor amigo tão cedo, e na minha casa.

– ESTUPRADOR! – Meu pai berra assim que vê o pobre do Daniel – CORRA JULY, SE ESCONDA! – E então o desnaturado do meu pai me joga no chão e fecha a porta.

Minha mãe, que havia acabado de colocar a Cersei no sofá, olha para mim com um rosto preocupado e cutuca meu pai.

– Leo...?

– O que foi?! Ele voltou?!

– Não... Acho que matamos nossa filha.

– O que...? – Então o homem olha para o ser imóvel no chão e pira logo em seguida – JULY!

Cara...

Eu tenho que por minha família a venda.

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Continua...