Um Irmão Para Se (Odiar) amar. escrita por Amizitah


Capítulo 14
Capítulo 14 - É muita emoção para uma noite só...


Notas iniciais do capítulo

Oiieee!!
Desculpe a demora, mas o motivo continua sendo o mesmo ^^, enfim, pelo menos consegui terminar esse capítulo faltando um minuto para as 6 KKKK. Beeem, não sei ao certo se está bom ou não... Dizer isso fica a critério de vocês! Bem, vou esperar por vocês enquanto respondo os Rivews!
Beijokas!
Ami ~



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July –


Depois de fazer aquela curva brusca, o taxista chegou ao aeroporto mais próximo em questão de cinco minutos. Tenho que admitir que eu senti muito medo durante o caminho, sendo que a estátua da tranquilidade ao meu lado desviava de todos os carros em alta velocidade como se estivesse andando de bicicleta numa pista deserta.

Tinha que ser norte-americano para ser maluco assim...

– Chegamos – Anunciou com um sorriso amigável, completamente inverso do meu rosto de espanto.

– V-Valeu... – Forcei um sorriso apesar do medo que sentia e sai do taxi para pegar minhas malas.

O tal de James, apesar de louco, foi gentil retirando as malas para mim em vez de jogar todas na minha cara como o idiota do meu irmão tinha feito. Quando ele retirava uma das minhas maiores malas, aproveitei para fazer “aquela” pergunta que me coçava a garganta.

– Er... James.

– Que foi?

Engoli em seco, pensando numa maneira “gentil” de perguntar aquilo.

– Você parecia ser muito ruim com a sua irmã...

– É – O cara fechou o porta-malas segurando minha bolsa e então se virou para mim – O que é que tem?

– Vocês se dão bem agora?

– Ah... Isso. Bem... Ela morreu há sete anos.

Que cena linda... Em vez de falar “eu sinto muito”como uma pessoa bem educada, eu fiquei encarando ele como uma doente mental enquanto um fio de baba escorria pelo canto da boca.

Quando uma pocinha de meio litro se formou no chão foi que eu me toquei de como estava.

– Ah! – Me exaltei, pegando minha mala da mão dele enquanto ficava vermelha para caramba – Desculpe, sério! Eu não sabia que... Awnn desculpe!

O cara apenas sorriu e abanou uma das mãos para que eu deixasse isso para lá.

– Tem nada não, já faz sete anos mesmo – Deu de ombros e então sorriu numa tranquilidade que me chocou – Mas sabe, é melhor você desculpar seu irmão. Quando minha irmã morreu, tínhamos acabado de ter uma briga feia.

“... Tínhamos acabado de ter uma briga feia” – Ecoou.

“... Uma briga feia”

“... Uma briga... Feia”

“... FEIA”

“... Ouviu July? Uma BRIGA FEIA”

SOME DAQUI ECO DOS DIABOS!! EU ENTEDI!

– Então, até mais – O taxista me tirou da briga mental para aquela maldita frase desaparecer de lá, e então eu corei de novo – Você já me pagou, então desejo boa viagem.

– Hã... Valeu – Agradeci tarde de mais, quando o cara já tinha entrado no taxi para dar a partida e me deixar perto da porta do aeroporto com milhões de malas nos ombros e na mão. Bufei, me certificando que minha cabeça tinha calado a boca (?) e então fui para o aeroporto ouvindo o rolar da mala de rodinhas – Isso deve ser macumba... Só pode.

Droga... Olha no que fui me meter. A essa hora preferiria estar em casa com a louca de pedra da minha irmã mais velha, mas nãããão, eu tenho que suportar as crises do Vinícius.

Maldita raça de irmãos chatos...

Maldita consciência...

Maldita historinha traumatizante que não sai da minha cabeça.


Vinícius –


– Chegamos? – Perguntei, grudando a cara no vidro como um bebezão peludo que quer ir ao parque de diversões.

– Quase lá – Respondeu Paul enquanto aumentava o som do rádio para abafar a explosão de buzinas e xingamentos que passavam.

Juntei as sobrancelhas, completamente impaciente e irritado com a pirralha. Mas numa estive tão motivado a resgatar a garota da sua escolha irracional como agora.

– Chegamos? – Perguntei de novo, meio perdido e zonzo pela bebida.

– Já disse que estamos perto.

– Que droga Paul! Você está muito lerdo! – Grunhi, colando mais o rosto no vidro.

– Paciência, se eu for mais rápido é possível que precisemos fugir da polícia em vez da sua mãe – E é quase tão ruim quanto.

Soltei um resmungo, pensando nas maneiras que eu torturaria a July para que ela não seja mais capaz de passar pela porta do apartamento.

– Desse jeito ela vai conseguir pegar um voo.

– Duvido – O cara falou com pura segurança e então virei o rosto para ele.

– Duvida é? É a July de quem estamos falando.

– Mas ela está na minha cidade. Não vou permitir que saia.

Torci os lábios, abanando as mãos para afastar a aura melosa que se expandiu ao redor dele.

– Ei, idiota, nesse momento a July também está chateada com você. Lembra que o Matt deixou bem claro que você usou ela?

– Eu não usei ela.

– Ah! Então agarrar uma guria no meio da rua para se livrar do exercito de loiras que te seguem não é usar?

Sabe, uma das raras coisas que vejo no Paul, tipo aquelas que ocorrem uma vez a cada dez anos, se formou na minha frente naquela cara irritada.

Paul irritado... Interessante.

– Eu não usei a July.

Revirei os olhos e encostei a cabeça no banco.

– Então oque diabos você fez naquela hora? Ficou com pena por ela ser uma virgem BV de dezoito anos e fez um pequeno favor? – Pelo menos eu fiquei quando soube.

– Também – Admitiu – Mas eu não usei a July.

Ri, achando graça por aquilo ser tão contraditório.

– Ai ai Paul, isso ficaria mais hilário se você dissesse aquela frase gay, tipo: “Eu fiz isso porque no fundo eu estou apaixonado pela pirralha feiosa apesar de ter todas as californianas aos meus pés sujos” – E então dei uma gargalhada divertida, mas a criatura ficou muda ao meu lado.

Parei na hora que vi o Paul ficar sério como ele nunca fazia... Parecia até que ele...

Ah não!

AI MEU DEUS DO CÉU NÃO PODE SER!

Praticamente pulei do banco e enfiei meu indicador na cara dele quando disse:

– QUE DROGA! VOCÊ ESTÁ APAIXONADO PELA JULY!

No segundo seguinte apenas senti a prazerosa sensação do meu rosto se quebrando no vidro do carro no momento que eu fiquei com a bocona aberta para falar mais alguma idiotice.

– Chegamos – Paul falou numa voz meio seca quando havia virado bruscamente o volante numa vaga do aeroporto e então passou o freio de mão.

– Merda... – Resmunguei numa voz tremula de susto, e então descolei meu rosto do vidro babado – Sabia que você anda muito violento hoje...?

– É culpa sua por só estar fazendo asneira – Paul me mostrou um sorriso, parecendo voltar ao normal e então desafivelou o cinto – Limpa essa baba e coloca seus dentes de volta na boca para você ir atrás dela.

Teria dado uma bronca no idiota por falar aquilo, mas eu fiquei subitamente surpreso.

– Perai, você não vai? – Massageei meu maxilar enquanto perguntava, mas ele continuou tranquilo e com aquele sorriso idiota de volta.

Deu de ombros.

– Sua irmã, seu problema.

– Se é meu problema, então para de beijar a garota como se fosse sua – Resmunguei saindo do carro na certeza que o sorriso idiota dele afrouxou.

Quando pisei o pé naquele aeroporto, eu senti o efeito do álcool de novo, me induzindo a tropeçar e meter o rosto em outro lugar que não fosse a janela do meu carro, mas é claaaro que não iria cair num momento tão nobre.

– Pirralha, lá vamos nós.


July –


A sensação era como ser uma formiga no meio de uma selva inteira. Todas as pessoas pareciam desesperadas em sair de onde estavam para algum lugar que não me interesso, e eu estava ali, com malas e mais malas enquanto erguia a cabeça para encarar o televisor enorme que indicava os voos. Em meio de toda uma confusão de palavras escritas em inglês, ali estava que eu conhecia de longe: Brazil. E o mais legal, o voo estava marcado para partir em menos de uma hora.

Apesar de eu estar feliz por eu ter uma excelente oportunidade de voltar para o calor do meu próprio país, algo inexplicável passou por mim e me prendeu ali no lugar como se meus pés tivessem raízes.

Soltei um resmungo.

– Porque diabos eu estou parada aqui?

– Provavelmente está indecisa – Respondeu uma voz do além.

– É, mas eu não devia estar, tipo, eu odeio o meu irmão e não suporto mais as crises dele, então eu devia sair daqui.

– Talvez não. Sei que pode parecer difícil, mas acho que você ama seu irmão.

Bufei para a voz do além.

– Eu? Amar ele? Há! Eu rio na cara del... – Me engasguei quando meus neurônios voltaram a ativa e então fiquei branca como papel.

EU TENHO UM DOM SOBRENATURAL!

– July? Tudo bem com você? – Uma mão tocou meu ombro e eu dei um pulo, mais branca ainda de medo.

Mas a anta não se liga que mortos não podem tocar pessoas. Quando resolvi olhar a criatura que falava comigo, TCHARAAAM! SURPRESA INESPERADAMENTE INESPERADA!

– Matt?!

MATT?!

– Sou eu – Ele sorriu, mostrando dentes impecavelmente brancos.

VOCÊ?! WTF?!

– Mas...?! Você....! A festa...! POR QUE...?!?! – O nervosismo era tamanho que era difícil organizar as informações para falar pelo menos um inglês decente.

Matt fez um rosto tristonho para mim e coçou a nuca.

– Eu sou tão assustador assim? – Perguntou com um sorriso pouco disfarçado no meio do bico que ele fez.

Engoli o seco e respirei fundo para mandar oxigênio parte para minhas pernas moles e outra para o cérebro.

– S-Sério Matt... Oque você faz aqui?

Ele desfez a cena fofa e voltou a dar um sorriso.

– Vim te resgatar.

WTFFF?!

– Como? – Repete criatura porque isso não pode ser sério.

– Vim te resgatar – Repetiu sem problemas e então me liguei que o problema não era o meu inglês ou meu cérebro, era ele mesmo – Sabe, não tinha como não ouvir você berrar que ia para casa esta noite, então resolvi vir aqui te impedir.

Nossa, isso faz todo o sentido meu bem.

– A que custo? Também não pude deixar de ouvir você dizer que é totalmente impossível gostar de mim.

E OQUE TE FAZ PENSAR QUE ELE GOSTA DE VOCÊ SUA ANTA?! NÃO PASSOU PELA SUA CABEÇA QUE ELE DEVE TER BEBIDO CACHAÇA ANTES DE VIR?!

– É, pois é. Aquilo foi maldoso não foi? – Ele pressionou os lábios, mas eu continuei encarando ele com olhos completamente duvidosos.

– Está sendo difícil de engolir, sabe? E, acho que agora estou disposta a pegar minha passagem, então, com licença? – Rolei minha mala para o meu lado e fiz sinal para ele sair do caminho, mas pareceu que ele tinha ficado surdo o bastante para não obedecer – Er... Eu falei “Com licença” sabe?

– Sei, mas quem disse que sou tão fácil de se livrar? – Ele aproximou um passo e eu prendi minha respiração – Eu vim por um motivo e não saio até cumpri-lo.

Dei uma risada instintiva e cobri minha boca com a mão livre.

– Desculpe, mas se não me engano, nos conhecemos há apenas algumas horas. Não perca seu tempo, sério.

Matt deu um suspiro meio decepcionado e então se focou no meu rosto.

– Hm, pensei que você compreenderia. Você é fã de romances, certo?

Hã?

– Como assim?

– Já deve ter lido muitos livros a respeito do clichê “amor a primeira vista”.

– Eu não acredito nisso por mais que pareça legal – Realmente, isso só acontece em “Crepúsculo” e livros melosos.

– Hm, se sabe, então deveria perceber que esta é uma perfeita cena clichê – Ele transformou seu sorriso num simples meio sorriso e deu mais um passo, mas meus pés se negaram a afastar – Uma garota sozinha num aeroporto, e um cara popular que poderia ter todas, mas gosta do perigo o bastante para se interessar na irmã do cara que seria capaz de matar.

É mesmo, é bem clichê esta historinha ai... Mas...

Espera um pouco... Tem alguma coisa errada aqui.

– P-perae Matt... Você...? – Me calei no momento que vi AQUILO.

Isso ai. Era o Matt, o MATTHEW quem estava erguendo a mão para o meu rosto sem um motivo coerente, no mínimo racional para explicar oque diabos oque estava acontecendo.

MATT! AONDE VOCÊ ESCONDEU A PINGA?!


Paul –


Estiquei os braços até tocar o teto do carro e senti os ossos estalarem.

– Ah... O que a gente não faz pelos outros hoje em dia... – Murmurei e então soltei um bocejo enquanto me endireitava no banco do motorista.

Tudo oque eu mais desejava era a minha cama naquela hora, mas eu não tinha outra escolha se não sacrificar meu belo rosto até que o Vinícius voltasse com a garota.

Soltei mais um bocejo monstruoso e apoiei o queixo no volante enquanto dava uma olhadinha no lugar atrás de uma pequena distração feminina. Não foi tão difícil encontrar alguém, rapidinho vi uma mulher apressada correr para um táxi como se estivesse sendo perseguida pelo maníaco do saco. Fico rindo baixinho enquanto vejo ela deixar um dos sapatos esquecido no meio da corrida no mesmo momento que sua mala cai logo na porta do táxi.

– Mulheres... – Murmurei enquanto via o taxista oferecer ajuda para a pobre que logo voltou para recuperar o salto.

Fiquei olhando por mais um tempo até que ela entrasse no taxi e o motorista dele retirasse o carro da vaga. Quando o carro saiu, a traseira do carro que estava na frente dele ficou exposta e então observei pouco interessado para ele, mas assim que vejo a placa da santa maquina é que eu dou um pulo no banco.

Podem me chamar do que quiser, mas ninguém é tão bom em memorizar coisas que eu, e tenho certeza que conhecia aquela placa tão bem como conhecia meu rosto no espelho.

– Merda! – Bati o punho no volante e então me apressei em sair daquele carro com um humor estranho.

Fui até aquele carro preto para conferir se eu não estava louco, mas tive certeza que era realmente “dele” quando vi um amassado discreto na lateral do carro que eu tinha feito muito tempo atrás numa farra daquelas.

– Maldito Matt – Resmunguei e de modo até instintivo, me coloquei a correr para dentro do aeroporto.

Se fosse mesmo aquele idiota, tenho certeza que o bêbado do Vinícius não se conteria em dar um murro na cara dele já que sei muito bem oque ele pretende.

Muuuito bem.

–-----------------

Depois de ser encarado por todo mundo do aeroporto, encontrei o Vinícius meio perdido entre a multidão. Atropelei todo mundo e toquei o ombro do cara bêbado.

– Vinícius! – O bêbado virou o rosto para mim, meio perdido, mas logo se tocou que era eu.

– Paul? Que diabos você está fazendo aqui?

Dei um suspiro de alivio no momento que vi o rosto confuso dele.

O cara percebeu nada ainda.

– Esquece isso, olha, eu acho que o Matthew está aqui – Falei logo de uma vez e então os olhos do cara ficaram enormes.

– Matt? Ele está na festa numa hora dessas.

– Então porque “por acaso” o carro dele está estacionado bem de frente ao nosso? A festa é em algum avião agora?

Vinícius fez cara de quem estava cheio daquilo e então resmungou algo que não entendi antes de falar comigo.

– Tem certeza disso? A coisa pode ficar feia, você sabe.

– Absoluta – Confirmei e então o cara virou as costas e saiu atrás da garota.

Bem, agora que eu fiz minha parte, é bom que eu fique perto dele para ninguém acabar na delegacia por causa de uma briga. Se tiver uma, eu juro que cato a July e deixo os dois aqui. Devia ser fácil capturá-la já que um dos braços não está tão legal.

Fiquei quieto enquanto o cara soltava a fumaça pelas narinas atrás da pobre da irmã, mas para a sorte de todos, eu fui o primeiro a encontrar ela.

Ou melhor, os dois juntos.

Mas, pera... Porque o Matt está tão perto dela? E porque diabos ela está vermelha...?

PERAE! ELE NÃO DEVE ESTAR QUERENDO...!

Pela primeira vez em milênios, não foi o Vinícius que teve vontade de meter um soco na cara dele, e claro, eu.

Corri e passei pelo Vinícius na direção dos dois para evitar oque estava prestes a acontecer ali antes que fosse tarde de mais. No momento que o maldito já ia tirar a pureza dos lábios dela, eu peguei a garota pelos ombros e puxei ela na minha direção, mas quase que eu ensurdeço quando ouço o grito que ela soltou.

Cara! Eu estou salvando sua vida, NÃO GRITE!

– Que droga... Me solta! – A garota se afastou de mim bruscamente e então ficou me encarando com o rosto vermelho, mas logo ela pareceu me reconhecer.

– Ora, Paul? – A voz dos infernos soou do meu lado e então virei o rosto para ele.

– Matt - Respondi, encarando ele – O que você pensa que está fazendo com ela?

– Eu? – Matt entortou a boca, apontando para ele mesmo – Que é isso Paul, eu só estava sendo gentil com ela.

Que droga de gentileza exagerada é essa maldito...

– Pelos sete infernos – Dessa vez foi a July quem falou – Se você está aqui... Isso quer dizer que o tapado do Vinícius também...?

– Tapado o caramba.

FINALMENTE! O VINÍCIUS CHEGOU!

O cara estava meio zonzo ainda, mas o rosto dele estava um horror graças a careta que fazia.

– Você tem noção do quanto eu sofri para vir atrás de você?! Devia agradecer por ter um irmão tão legal – Ele parou de olhar para ela e virou a cara para o senhor inocência ao nosso lado – E que merda Matt, porque você está aqui?

Ele enfiou as mãos nos bolsos e deu de ombros.

– Eu vim levar sua irmã de volta também.

Vinícius deu uma risada sinistra.

– Sim, claro. Você só tinha a intenção de vir aqui “amigavelmente” e levar a garota para o apartamento? – Bufou – Corta essa. Você só faz esse tipo de coisa por uma garota quando algo te interessa de verdade.

– E se eu realmente estiver interessado? July é uma garota bem interessante.

Matt seu louco! Quer morrer cedo?!

– Então pode levar você e seu interesse para fora daqui. Já basta o Paul que já está falando coisas estranhas por causa dela, isso é um mau sinal.

– Eu estou normal – Me defendi imediatamente. Até parece...

– Vinícius, por favor, me poupe disso – July ressurgiu e então me encarou, Vinícius e depois o Matt – Estou nada disposta a perder meu voo com mais uma das suas poses de machão.

Matt ignorou a nos dois e olhou para ela.

– Vai mesmo? Você parecia indecisa agora a pouco...

– Eu me decidi – Respondeu de pronto, corando ao ver ele – Ver o meu irmão dando chilique me lembrou do porque de eu querer ir.

Engraçado, eu até mesmo ouvi a voz do Vinícius na minha cabeça gritando com ela por isso, mas percebi que foi só minha cabeça quando vi o rosto sério dele. Prendi meus olhos nele, estranhando completamente a forma com que a carranca dele relaxou.

– Eu só quero acabar logo com isso e te levar para casa. Sabe como a mãe vai ficar “p” da vida comigo – Me afastei um passo quando ouvi a voz natural dele.

Era até legal sem os gritos...

– Estou nem ai, você merece.

AI MEU PÂNCREAS!

– Não foi você quem começou tudo afinal? Sendo sincera, eu acho que não devo ter cara de masoquista para ficar com você naquele apartamento.

Caramba, e ele ainda não perdeu a paciência.

Ah! Efeito do Keep Coller.

– Ela é esperta Vinícius – O louco do Matt voltou a enfrentar a morte – Vendo desse lado, até apoiaria a decisão dela sair do país.

– Ninguém pediu seu comentário – Grunhiu para ele e então voltou para a July – Tudo bem July, o que você quer de mim? – Jogou as cartas – Pode falar que talvez eu não grite.

Ela deu de ombros, olhando para um canto qualquer.

– Com certeza, nada que você consiga me dar nem em mil anos.

– Fale – Pediu sem hesitar

Ela voltou a olhar ele, erguendo uma sobrancelha com ar de duvida.

– Qualquer coisa mesmo? Não tem problema se eu falar?

– Fala logo antes que eu mude de ideia – Pediu outra vez e então eu e o Matt pregamos os olhos nela.

CARA! É A SUA CHANCE! FAÇA ELE PAGAR POR TUDO DE RUIM QUE ELE FEZ PARA VOCÊ!

Sei que não sou assim tão mau, mas acho que ele merece.

– Certo – Ela afastou um fio do rosto com o braço livre. O braço machucado – Quero que você me abrace agora e fale com todas as sílabas “July, por favor, não vá embora. Por mim”. Talvez eu pense no seu caso se fizer isso.

– Só isso?! – Exclamei para ela, meio decepcionado, mas o Matt não pareceu nada decepcionado.

– Paul, pense comigo, quantas vezes você viu o Vinícius abraçando ela? – Matt perguntou. Uma pergunta retórica, claro, e então eu entendi o desafio por trás do pedido.

O Vinícius é uma pedra fria em relação a irmã dele. Ver um abraço ao vivo e em cores é inimaginável.

Olhei para o Vinícius, mas o cara tinha uma expressão indecifrável no rosto. Ficamos esperando ele falar por uns momentos até que ele coçou a nuca, mostrando que estava vivo ainda.

– Você sonha alto heim irmã.

Sabia que ele não aceitaria.

– Você disse qualquer coisa! – Justificou a mal-amada.

– Na verdade eu quis dizer qualquer coisa que eu pudesse fazer em vida, July.

– Então se vire com a mãe – Nem deu tempo de eu ver a expressão que ela fez, a garota apenas virou as costas e se misturou à multidão de pessoas que andavam ali e logo sumiu.

Eu e o Matt vimos ela sumir e então viramos a cara para o ser frio que se chamava de gente.

– O que foi? – Perguntou numa cara mais mal lavada que a do Matt.

– Você só pode estar de sacanagem. Qual é o mau em abraçar a guria?!

– Ela é a minha irmã – Respondeu com tranquilidade – Mas não se preocupe, eu vou levá-la a força se preciso.

Caramba... Eu sei que eu ando estranho hoje, mas é muita asneira para um ser que não é eu.

Peguei o cara pela gola da blusa e arrastei a criatura comigo para dentro do mar de gente, com o Matt seguindo atrás tranquilamente.

– PAUL! ME SOLTA CARAMBA! – O cara voltou a ficar furioso, mas eu me forcei a ignorar.

– Nem pensar, você vai ser um homem de verdade nem que eu te force a isso.

– Olha quem fala... – Matt comentou atrás, mas de algum modo pude ignorar ele.

Se bem que tinha um pouco de verdade no comentário, mas vamos ignorar. É o meu momento de heroísmo!

– QUE SE DANE! ME SOLTA AGORA!

Quando encontrei a garota indo para o balcão pedir uma passagem, larguei o cara na minha frente e encarei ele. Ele arrumou a camisa e apontou o indicador na minha cara.

– Eu não vou obedecer a um pedido idiota desse. Não MESMO.

– Ok, então você vai esperar oque para fazer isso?! É apenas isso que ela quer de você, será que não percebeu? – Eita cara difícil...

– Deixa ela ser fresca do jeito que quiser. Não vou me forçar a abraçar alguém como ela.

Já ia falar algo mais, mas o Matt surgiu do nada e tomou a frente.

– Ótimo Vinícius, então vai esperar sua irmã morrer para fazer algo do tipo?

O Vinícius parou de reclamar assim que ele falou e então eu fiz um rosto chocado.

– Do jeito que sua irmã está não duvido que ela possa fazer uma besteira, e então, sofrer algum tipo de acidente. Vai esperar mesmo ela estar morta para pensar no que ela disse?

Vinícius abaixou o facho, mas continuou um pouco irritado.

– Para de dramatizar. Ela não...

– Então que ela morra.

MATT SEU MALUCO!

Mas já era, o Vinícius já havia agarrado a camisa dele para dar um soco.

– OQUE VOCÊ MERDA VOCÊ ACABOU DE DIZER?! REPETE NA MINHA CARA E ENTÃO EU TE MATO!

– Oque foi? Agora você se importa que ela morra ou não?

– CLARO QUE EU ME IMPORTO!

– Mas que é que tem ela morrer? Não é um problema a menos para você?

Vinícius apertou o punho que ia socar ele, mas em vez de meter o punho na cara feia dele (como eu bem desejava) ele soltou a camisa dele e se afastou.

– Seu babaca... Eu seria um merda de irmão se me sentisse bem com isso. Ela é minha irmã caçula e eu me importo.

MEU DEUS UM MILAGRE ACABOU DE ACONTECER!!

Matt arrumou a gola da camisa e então apontou para a garota.

– Então vai dar a droga do abraço e acaba logo com isso.

Vinícius franziu a boca, mas eu quase não acredito quando ele começou a andar na direção dela.

– Você tem coragem... – Murmurei enquanto via ele ir até ela.

– É... Eu vi um cara fazer isso num filme e lá deu certo, então... – Ele deu de ombros.

– Retiro que eu disse, você é apenas um idiota – Revirei os olhos, mas abri um sorriso.

Parece que vai acabar dando certo mesmo...

Matt sortudo.


July –


Estava quase na minha vez e nada de Vinícius. Caramba... Se ele demorasse mais o meu plano não daria certo.

– Ele deve me odiar profundamente mesmo – Entortei a boca, pensando se não podia ter pedido algo ligeiramente mais leve.

E para piorar tudo mesmo, aquela história do taxista não saiu da minha cabeça e isso me deixava cada vez mais enraivecida com o Vinícius e comigo mesma por ter perguntado aquilo para o James.

– As vezes eu penso que deve ser muito legal ser aquele macaquinho de bunda azul que ele tem – Resmunguei, vendo mais uma pessoa ser atendida no balcão.

Quando eu penso que finalmente chega a minha vez, do nada alguém puxa minha mão e me afasta da fila para longe.

QUE DROGA! OQUE ESSE POVO VÊ EM MIM PARA FICAR ME PUXANDO TODA HORA?! DEVO SER UMA GRINGA DA HORA!

– July – Esqueço tudo que pensei quando ouço a voz do boco me assombrar – Droga, olha para mim.

Viro o rosto para ele, e então do de cara com o rosto estranhamente natural dele, mas parecendo um pouco chateado ainda.

– O que foi? Vai me amarrar e me obrigar a ficar naquele lugar com você?

– Não.

– Vai me ameaçar talvez?

– Não...

– Está bêbado?

– Sim, mas esse não é o caso – Revirou os olhos e então não evitei uma risada baixa por ele mesmo admitir – Eu vim pedir... Desculpas, mesmo.

Ergui uma sobrancelha para ele.

– É, você está bêbado mesmo.

– É sério! – Ele fez uma cara feia para mim, mas logo a desfez – Me desculpe por ter falado tudo aquilo. Eu fui um pouco sem noção.

Limpei a garganta.

– Como? Só “um pouco”?

– Tá legal! Eu fui um completo sem noção! Satisfeita?!

– Não, você sabe.

– Claro que você não desistiria tão fácil... – Ele respirou fundo, parecendo juntar toda a força do mundo para fazer o que eu queria.

Ai meu pai... Tenho até dó da criatura.

– Vinícius, quer saber? Deixa isso para lá. Eu desisto, ok? Eu vou com você então não precisa fazer esse sacrifício por mim.

Por um momento tive certeza que ele tinha ficado super feliz por dentro quando arregalou aqueles olhos meio puxados de espanto.

– Sério? Fácil assim?!

– Eu não tenho escolha – Admiti – Mesmo que você faça o que eu pedi, não ia gostar de algo forçado. Quero que de algum jeito você tome coragem de me abraçar de verdade, e outra coisa... Minha mãe também descontaria toda a sua raiva em mim se eu voltasse, e provavelmente voltaria ao Brasil por minha causa já que nada saiu como ela queria. Eu tenho que te suportar até o fim dessas férias e vice-versa.

E também não quero correr o risco de passar pela a mesma coisa que o James por mais improvável que seja.

Vinícius cortou meus pensamentos com um suspiro pesado e então olhou para mim.

– Você realmente quer a droga do abraço, não é?

– Lógico. É ruim quando você não tem um durante três anos – Revirei os olhos.

– É... Faz sentido.

– Mas esquece, não precisa mais. Posso viver sem isso – Dei de ombros e me preparei para sair daquele lugar – Vamos logo antes que leve mais socos que levou hoje.

Sim, eu percebi que o rosto dele estava com mais marcas de tapas e socos que antes.

– Droga... QUE SE DANE TUDO! – Vinícius deu outro piti e então voltou a me puxar pela mão.

Encarei ele com um bico enorme.

– Dá para parar de puxar o meu braço?! O MEU OMBRO ESTÁ DUENDO PRA CARAM... – Calei a boca no instante que senti a aproximação do Vinicius.

MEU DEUS! MEU DEUS! MEU DEUS! MEU DEEEEEEUS NÃO PODE SER VERDADE!

As malas que eu segurava com a outra mão caíram no chão tamanho o choque e então fiquei parada como uma pedra ali enquanto a criatura insensível me abraçava.

– V-V-Viníciu-us... – gaguejei como uma doida, e então ele apertou mais o abraço esquisito.

– Me abraça logo antes que essa sensação de culpa acabe e eu te largo aqui mesmo – Falou em voz baixa e então me forcei a obedecer apesar de ser muito louco para ser verdade. Abracei o Vinícius com certo medo de que ele me largasse, mas nada disso aconteceu.

CARA É MUITA EMOÇÃO PARA UM DIA SÓ!

A sensação dele me abraçando era tão estranhamente agradável que eu apertei ele pra caramba, enfiando meu rosto no peito dele por ser mais alto que eu e do nada, assim sem aviso mesmo, uma lagrimazinha de emoção se formou num dos meus olhos.

– Pirralha, eu não vou dizer toda aquela frase melosa nem mesmo agora – Falou ele perto do meu ouvido, e continuou – Mas mesmo assim... Pelo amor de Deus, não pensa em fazer uma coisa dessas de novo. Se aquele táxi tivesse batido eu juro que iria até o inferno e te mataria uma segunda vez para você deixar de ser maluca.

Dei uma risada apesar de tudo e apertei mais o abraço.

– Idiota... Como pode dizer com tanta certeza que eu iria logo para o inferno?

– Porque eu precisaria de companhia para quando minha mãe me matar e eu ir para lá. Eu já te disse alguns anos atrás que te arrastaria para o inferno comigo se me metesse nele.

– Lindas palavras – Revirei os olhos e então o cara me soltou bem rápido, afastando cinco passos de mim para nem ao menos me olhar nos olhos.

– Ok, a culpa já acabou! Espero que tenha aproveitando porque vai ter que esperar mais três anos para ter outro. Nem venha chorar que pelo menos dessa vez eu estou avisando que vai demorar.

Mordi o lábio para não rir quando percebi que o rosto dele estava vermelho pra caramba.

– Ah, não fala isso se gostou de me abraçar.

– GOSTAR O CARAMBA! VOCÊ É SÓ UMA PIRRALHA MELEQUENTA E NÃO VAI PASSAR DISSO – Ele limpou a garganta e se apressou em pegar as malas que deixei cair para se afastar com pressa – Agora vem. Você tem um preço muito alto comigo por eu ter feito isso.

Franzi o cenho.

– Desde quando se paga por um abraço idiota?!

Ele parou de andar e então virou para mim com um olhar demoníaco.

– Abraço idiota?! EU ME ESFORCEI PRA CARAMBA NISSO E VOCÊ CHAMA DE ABRAÇO IDIOTA?!

– Vindo de um idiota só pode ser chamado assim...

Vinícius voltou a se aproximar e me encarou com um ódio mortal.

– Você vai pagar muito caro por isso pirralha, que fique bem claro. Suas férias se tornaram um infeno!

– Ai que medo! – Tremi os braços para provocar ele e óbvio que funcionou.

Do nada o olhar demoníaco dele ficou um pouco mais maligno e então ele ergueu a minha mala mais pesada.

– Essa é a sua mala de livros certo?

– Sim... Por que?

– Se ferrou – Ele abriu um sorriso do mal e então saiu correndo de mim como uma criança peluda e sedenta por vingança – PAUL! TEM UM ESQUEIRO AI?!

MERDA!

– SEU RETARDADO VOLTA AQUI! – Sai correndo atrás dele com o desespero nos olhos – OS MEUS LIVROS! NÃO TOQUE NELES!!

Vinícius dá uma gargalhada doentia, atraindo uma centena de olhares amedrontados e passa direto pelo Matt e pelo Paul.

FILHO DA MÃE! VOCÊ PEDIU!

O idiota deixou uma das minhas malas cair bem nos pés do Paul e com a ira de mil hormônios enfurecidos, peguei ela com o braço bom assim que passei por ele e mirei bem na cabeça dele.

– MORRAAA!! – Gritei assim que joguei ela exatamente onde queria.

Agora o resto? Bem... Isso é história.

Ninguém mandou tocar nos meus livros.


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Notas finais do capítulo

Quem acha que eu mereço Reviews pelo abraço levanta a mão!! \\o/o/o/o//