OPERA Survivors escrita por Matheus HQD


Capítulo 15
É o fim, vamos pra casa - Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Então é assim que tudo acaba? Esse é realmente o fim? É possível dizer que uma história chega ao fim se ainda existem sobreviventes vivos? A jornada ainda pode ser longa, e as estradas traiçoeiras, mas é aqui que se acaba esse arco na vida dos OPERA Survivors.



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18 dias após o Dia-Z, em um posto de gasolina abandonado, uma pequena van escolar não parava de ser sacodida por uma porção de mortos que tentavam colocar suas mãos e dentes no grupo de sobrevivente que ali dentro começavam a se desesperar.

Yan não percebeu como seus olhos se mexiam de um lado para o outro muito rapidamente, ele estava tentando pensar, calcular, imaginar alguma forma de sair daquela situação, mas parecia não existir solução, ou pelo menos nenhuma em que todos sairiam ilesos dali.

Matheus também fez a mesma coisa, tão rápido, se não ainda mais veloz, que o líder não nomeado. Ele colocou a mão sobre o ombro de Yan, que ao se virar viu as feições serias do amigo.

— Não deixe eles saírem. — Matheus disse, e Yan soube o que ele estava prestes a fazer, queria impedi-lo, mas o moço tinha tomado sua decisão e ambos sabiam dos riscos e do que provavelmente aconteceria no fim.

O rapaz negro tirou seu revolver da cintura, foi para perto de Laís e beijou-lhe a bochecha, abriu a porta da van, puxou o gatilho duas vezes, dois zumbis caíram e ele saltou para fora. Todos ficaram tão perplexos que praticamente congelaram, Matheus estava quase fechando a porta da van quando algo entrou no caminho, um cabo de madeira, cabo do machado de Dark, que voltou a abrir a porta, seus olhos arregalados e vidrados, um sorriso assustador no rosto, ele também saltou para fora da van e ambos fecharam a porta.

Laís gritou por Matheus, Júlia deu um grito assustada. O alvoroço começou dentro da van, Matt e Larry já estavam querendo sair também, foi quando Yan, de cabeça baixa bateu a mão aberta contra a porta e disse:

— Ninguém vai sair daqui.

O som das vozes aumentava, as pessoas discutiam se deviam sair, alguns gritavam com Yan para sair da frente e abrir a porta, todos estavam tensos e com a adrenalina deixando todos agitados.

— EU JÁ FALEI QUE NINGUÉM VAI SAIR!

O grito fez todos se calarem, tudo que esses podiam fazer era observar pela janela, isso, é claro, depois de matar todos os infectados que batiam suas cabeças e mãos contra aquele vidro que mais cedo ou mais tarde cederia.

Matheus e Dark matavam tantos desmortos quanto podiam, em pouco tempo o local estava infestado deles, e nenhum dos sobreviventes nunca tinha visto tantos deles juntos em um só local.

Dark entrou em seu estado de loucura e psicose, entretanto, dessa vez ele não ria, sua histérica e assustadora risada não ecoava pelo lugar. O jovem era insano e adorava despedaçar zumbis, mas algo dentro dele, dizia que aquele momento poderia ser o ultimo, não só dele, como de Matheus e dos outros. Lembrou-se de um comentário que ouvira um dia, antes do mundo mudar, “todo começo tem um fim, mas todo fim cria um começo”.

Entre a legião de mortos-vivos que se aproximavam, Matheus conseguiu abrir caminho até a parte de trás da van, ali ele alcançou a bomba de gasolina, com uma mão ele segurava o gatilho da mangueira para encher o tanque do carro, com a outra disparava com o revolver, que depois de ser recarregado duas vezes já não possuía mais munição. Ele largou a arma e pegou seu cabo de ferro, tentava como podia derrubar os desmortos com uma só mão, precisava de ajuda, porem Dark estava um pouco distante matando os mortos que se aproximavam pelo outro lado.

Já suado e se questionando sobre seu ato de bravura e estupidez, pensava que mais cedo ou mais tarde uma mão não seria o suficiente, ou a barra de ferro pareceria mais pesada devido ao cansaço, e seus pensamentos foram interrompidos quando uma bala passou próxima a seu rosto e o som ressou em seu ouvido. Olhou para trás e viu seus amigos de dentro da van, atirando pela janela, ajudando como podiam a impedir que os zumbis se aproximassem.

As balas cruzavam pelo ar até atingirem seus alvos moveis lentos, burros e famintos. O som continuaria atraindo cada vez mais deles, mas se o a gasolina estivesse na van, eles não estariam mais nem perto dali quando as criaturas chegassem.

Subitamente uma ideia surgiu na cabeça de Matheus, e sem demora ele arrancou o cinto de sua calça e amarrou envolta do gatilho da mangueira de gasolina. Estava com a mão livre e agora podia combater os zumbis com mais facilidade. E foi o que fez, esmagou, amassou, pisoteou, chutou e rachou cada crânio que via a sua frente.

Dark também estava em seu momento de matança exterminando cada infectado que via pela frente, decapava as criaturas, esmagava seus crânios com o cabo do machado, além de aleijar e arrancar braços. Ele já estava coberto de sangue necrosado, e não se importava, ele nem se importava com quantos ainda havia para serem mortos, pois ele mataria cada um deles.

Foram os poucos minutos mais longos da vida de todos, Matheus já estava pronto para voltar para a van assim todos poderiam partir. Ao olhar para o lado viu Dark com pelo menos duas dezenas de mortos-vivos indo para cima dele. Ele partiu em direção ao parceiro, mas antes de chegar na metade do caminho ele viu que aquele bando de comedores haviam se amontoado, parou um instante pensando se o assassino de zumbis número um sobreviveria aquilo, parou por menos de três segundos, e quando decidiu que iria tentar resgatar o colega mesmo que ele já tivesse sido mordido, que foi quando Matheus sentiu uma mordida.

Os dentes que pareciam, presas afiadas arrancaram fios de pano, pele e um pouco de carne. Matheus gritou enfiou a barra de ferro naquele morto-vivo, a criatura sem uma das pernas se arrastou até o jovem negro e acabou passando despercebida a todos. Matheus voltou a olhar para aqueles zumbis amontoados sobre o lugar onde estava seu amigo, olhou então para sua perna e por fim para o veiculo.

Ali dentro todos estavam boquiabertos, olhavam para aquele que se sacrificou, mas por pouco não sobreviveu e foi embora com eles. Yan e Matheus falaram ao mesmo tempo, um de dentro da van e o outro fora, um em tom de liderança, e o outro também.

— VAMOS EMBORA!

— VÃO LOGO!

Nada podia ser feito por Matheus, e todos sabiam, sabiam que ele e Dark cairiam lutando e não deitados em uma cama queimando em febre, Matheus baixou a cabeça, enquanto Matt ligava novamente o motor da van escolar, e quando ele acelerava e se afastava daquele local o afrodescendente que ficava ali deu um ultimo grito.

— LARRY O RIFLE!

O gritou quase não pode ser ouvido, mas Larry entendeu, pela voz que parecia um sussurro e pelo movimento dos lábios, não que ele soubesse ler lábios, mas entendeu muito bem a palavra “rifle”. E sabia o que tinha que fazer.

Larry se lembrou por um instante de seu ultimo natal, do cheiro de carne e plástico queimando. Deixou as lembranças de lado quando já estavam a um quarteirão de distancia do posto, ele olhou pela mira sniper do rifle e viu Matheus ao lado da bomba ainda lutando pela vida contra os mortos-vivos, ou o que restava dela, em seus últimos segundos. Mesmo sendo esquentando e nervoso Larry não queria que nenhuma daquelas pessoas morresse, mas as coisas eram diferentes nesse novo mundo, a cada instante parece que o fim se aproxima. Larry puxou atirou uma vez, a bala acertou uma poça de gasolina no chão que deixava um pouco de rastro até eles, não muito, era da mangueira que continuava a bombear graças ao cinto de Matheus preso, o outro disparo foi direto na bomba.

Foram pouquíssimos segundos de fogo, e então o chão tremeu de leve, pedaços de corpos voaram, sangue se espalhava e o som da explosão ecoou por todo lado, e o clarão que durou um segundo iluminou o rosto de todos dentro da van, feições tristes e desoladas.

Alguns quarteirões depois e eles podiam ver a fumaça negra que subia da direção de onde dois sobreviventes haviam tombado, pelo bem de todos.

***

Durante o por do sol, todos estavam se abraçando e se consolando, estavam tristes pelos eventos que ocorreram, mas também estavam felizes, a van embora pequena e apertada passava pelas ruas com mais velocidade e tranquilidade.

***

Júlia pegou em um dos bancos a AK-47 que Larry deixara ali dentro. A morte daqueles dois tocou profundamente a jovem, ela era a novata do grupo, mas queria se integrar aquele grupo, fazer parte da equipe, não para preencher o espaço dos que morrerão naquela jornada, mas porque ela se deu conta que aquelas pessoas morreriam por ela, e ela também estaria disposta a fazer o mesmo.

Raquel sentada junto de Laís tentava acalmar a camarada que chorava. Larry e Gohu estavam de cabeça baixa, se falar nada, totalmente imersos em seus próprios pensamentos. Yan sentado do lado do passageiro ao lado de Matt olhava pela janela, pensativo, ou contemplativo, de qualquer forma, não notou algo grande, que fez Matt cutuca-lo e dizer a todos.

— Ei pessoal... da uma olhada ali.

Já era noite e as estrelas brilhavam no céu, eles estavam saindo da cidade e entrando em uma rodovia, as luzes do farol do carro iluminavam um grande outdoor, nele estava escrito em grandes letras brancas.

C.A.S.A. (CENTRO DE AMPARO EM SITUAÇÕES APOCALÍPTICAS)

Acompanhado de um grande mapa do lado inferior esquerdo, com uma vista de cima, um ponto vermelho no centro e diversas rodovias que seguiam, ou partiam, daquele ponto. Em letras menores ao lado do mapa, abaixo do nome do local, descrição mais especifica da localização do Centro, distancia e alguns pontos de referencia.

Eles realmente seguiam pelo caminho certo, e finalmente encontraram um dos sinais que indicavam a localização da CASA, aquele local que parecia mais uma lenda realmente existia, e o grupo seguiria para lá.

Todos sorriram ao ver aquilo, não importa o quanto estavam chateados ou deprimidos, todos sorriram, seus olhos brilharam, eles sabiam que era hora de descansar, pois já estavam chegando ao fim de sua luta pela sobrevivência, eles se dirigiam para um lugar seguro, e aquilo era tudo que todos queriam desde o começo.

O carro estava parando e todos leram todas as informações e Yan anotou em um papel que achou no porta-luvas da van, com uma caneta que também encontrou ali dentro. E então o carro seguiu caminho, vagando pela autoestrada, com um objetivo e uma direção, as luzes dos faróis e o brilho da lua eram as únicas coisas que iluminavam a rodovia, e os sobreviventes suspiravam aliviados sob aquela noite fria, pois eles estavam próximos, e estavam vivos.


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Notas finais do capítulo

É isso pessoal, espero que tenham gostado.
Agradeço a paciência de todos que acompanham essa história desde o começo, demorei, eu sei, mas espero que tenha valido a pena.
Obrigado as críticas construtivas que me foram dadas, eu ouvi todas atentamente e refletia a respeito para criar essa história.
Isso é tudo, obrigado por ler, e cuidado, os maias podem ter errado, mas os mortos podem estar a espreita. =D