Sasuke's POV.

Desde que Hinata começara a morar em minha casa, meus pensamentos sobre ela pareciam não ter fim. E eu odiava isso mais do que qualquer coisa. Tê-la perto de mim não ajudava nem um pouco, tanto quando se tratava do fato de estarmos morando na mesma casa, quanto quando se tratava do fato de estarmos trabalhando juntos. Eu tentava ignorar isso o máximo possível, mas, de alguma forma, esse pensamento sempre voltava para minha cabeça. Eu me sentia mais idiota do que jamais havia me sentido em toda a minha vida.

A semana, no geral, passou rapidamente, o que realmente me agradava, fazendo com que mais uma folga do final da semana aparecesse. Durante esses dias, meu contato com Hinata não fora tanto, na verdade, só conversávamos sobre coisas relacionadas ao trabalho, ou coisas fúteis, nada muito interessante. A manhã já havia chegado e eu já havia tomado meu banho, para que pudesse despertar, como em todos os dias. Quando acordei, ouvi a porta de casa bater, indicando que Hinata havia saído de casa por algum motivo e, a princípio, não me importei muito. Depois de me arrumar e tomar meu café da manhã, fui até a área em que costumava treinar. Meu dia se resumiu a treinamento, até que no fim da tarde, me senti cansado o suficiente para descansar, portanto, segui até minha casa para tal.

Ao adentrar a casa, percebi que Hinata ainda não havia voltado. Não estava na sala, nem na cozinha. A porta do seu quarto encontrava-se minimamente aberta, o que me permitia observar o interior do quarto e perceber que ela também não estava ali. Ignorei esse fato, fui até meu quarto, sentei-me em minha cama e comecei a ler um livro qualquer, mas não demorou muita para que fosse interrompido, quando ouvi alguém bater na porta. Suspirei, enfim, caminhei até a porta e a abri, revelando um loiro sorridente — Naruto.

— Ei, idiota, a Tsunade-baa-chan quer te ver no escritório dela. — O loiro disse, parecia animado. Eu não entendia de onde Naruto conseguia tirar tanta animação.

— Hn, tudo bem. — Concordei, e sem mais nada dizer, saí de casa.

Comecei meu trajeto até o estabelecimento da hokage, e felizmente — ou infelizmente — o loiro me acompanhou até o local. Ele parecia empolgado com a ideia dela ter me chamado, dizia que, provavelmente, era algo bom, afinal, eu não havia aprontado nada nos últimos dias. Eu o escutava pacientemente e apenas lhe dirigia acenos de cabeça ou palavras curtas, como meu habitual a cada coisa que ele dizia. Naruto já estava acostumado com isso. Finalmente, chegamos ao nosso destino, e o loiro fez uma cara emburrada quando foi-lhe dito que ele não poderia me acompanhar na sala da hokage. Bufou feito uma criança, criando um pequeno escândalo, típico de Uzumaki Naruto, não me surpreendia. Ignorei todas as suas atitudes infantis e adentrei a sala da hokage, deixando-o para trás.

— Uchiha Sasuke. — Tsunade proferiu, deixando seus papéis de lado e voltando sua atenção para mim. Eu não entendia essa mania dela de dizer o nome de qualquer um que ia até sua sala, era tão desnecessário.

— Pediu que me chamassem? — Perguntei, sem demonstrar muita animação em minha voz.

— Sim, tenho boas notícias. — A loira disse, com um sorriso no rosto.

— Ok. — Então Naruto não estava errado quando suspeitou que se tratava de algo bom.

— Você é tão animado. — Ironizou Tsunade, mas eu apenas ignorei, fazendo com que ela prosseguisse. — Bom, eu e os outros kages nos reunimos há dois dias atrás e chegamos a conclusão de que, em breve, você poderá realizar missões externas, só precisamos resolver algumas coisas, e assim que tudo estiver pronto, vou deixá-lo saber.

— Só isso? — Perguntei, virando-me de costas prestes a sair da sala.

— Sasuke. — Parei de andar e virei-me para ela. — É um voto de confiança, não desperdice.

Com o final daquela frase, voltei a caminhar, sem respondê-la. Eu sabia que, de alguma forma, ela confiava em mim, provavelmente por causa das inúmeras coisas que Naruto lhe contava a meu respeito. Isso era um motivo para agradecer ao loiro, já que facilitou muito as coisas para mim. Ao sair do escritório da hokage, deparei-me com a cena de um loiro emburrado me esperando ao lado de fora, encostado na parede com os braços cruzados, e, provavelmente, curioso. Assim que me viu, a primeira coisa que fez foi correr até mim desesperadamente.

— Ei, Sasuke, o que ela disse? — Perguntou, tão animado quanto sempre, mas também com um tom de curiosidade claramente presente em sua voz.

— Disse que logo vou poder realizar missões fora de Konoha. — Expliquei, voltando a caminhar em seguida.

— Eu disse que era algo bom! — Vociferou, com um sorriso presente nos lábios.

— Estou indo para casa. — Acenei para ele, já de costas para o loiro.

— Até, Sasuke. — Respondeu-me, animado.

Voltei para casa, e ao adentrá-la, percebi que Hinata ainda não havia voltado ainda. Foi naquele momento em que percebi que sentia falta dela, sentia falta até mesmo do silêncio entre nós. Eu tinha sentimentos pela Hyuuga que eu nem mesmo entendia. A falta dela, me fez perceber que algum dia, ela iria embora. Eu já estava quase sendo liberado de minha missão do exame Chuunin para que pudesse trabalhar em missões externa, e Hinata não moraria em minha casa para sempre, ela seguiria seu caminho e eu teria que seguir o meu separadamente. Pensar nisso fazia com que eu me sentisse, de certa forma, perdido.

Hinata's POV.

As estrelas brilhavam intensamente naquela noite, o que tornava o céu ainda mais encantador. Um sorriso encontrava-se presente em meus lábios conforme eu observava as constelações. Ao meu lado, estava minha irmã mais nova, Hanabi, observando o céu, tão encantada quanto eu estava. Surpreendentemente, naquele dia, meu pai, depois de uma conversa com Ko, concordou em me deixar dormir na casa do clã Hyuuga só naquele noite, por um pedido de minha irmã, que dizia sentir minha falta. Isso fazia com que eu quisesse voltar para casa, mas eu sabia, que querendo ou não, esse não era o momento, meu pai ainda não me aceitaria de volta.

— Hinata-nee-chan, o céu não está bonito? — Minha irmã perguntou, com um sorriso doce presente em seus lábios.

— Uhum, muito. — Concordei. — Não sabia que gostava tanto de observar o céu.

— Eu sempre gostei, fazia isso quando você treinava a noite e não podia brincar comigo. — Comentou, formando um sorriso nos lábios.

— É relaxante, não é? Eu também costumava fazer. — Falei.

— É mesmo. — Concordou, ainda sorridente.

— Mas é melhor entrarmos, está tarde e está esfriando. — Levantei-me, segurando as mãos de Hanabi para que ela fizesse o mesmo.

Levantamos juntas e fomos para o meu quarto, ela dormiria comigo naquela noite. Deitei-me em minha cama, e minha irmã em uma cama feita para ela no chão. Ela adormeceu rápido, ao contrário de mim. Eu estava perdida, envolta em meus próprios devaneios. Não avisei a Sasuke que passaria a noite fora, perguntava-me se isso o preocupada e me sentia levemente culpada por não ter, nem mesmo, deixado um bilhete. Por algum motivo, eu ficava repetindo a cena do abraço em minha cabeça. Já havia certo tempo que tinha acontecido, mas não conseguia esquecer a sensação de aconchego e proteção que me passara. Não sabia muito bem o que pensar, mas era inevitável me sentir bem ao pensar naquela cena. Sasuke me fazia bem.

Sasuke's POV.

Novamente amanheceu, o céu era tomado por um tom de cinza e encontrava-se coberto de nuvens, o que indicava que estava nublado e, em breve, começaria a chover. Não me importei muito com isso e saí para treinar como em qualquer dia normal. Ao caminhar pela casa, percebi que Hinata ainda não havia voltado, o que me causou certo espanto e nervosismo. Odiava pensar que algo ruim poderia ter acontecido com ela. Esperava que a Hyuuga voltasse na noite do dia anterior, o que não ocorreu e me deixava ainda mais aflito. Meu treinamento seguiu normalmente, tentei ignorar o fato da Hyuuga estar longe, mas mesmo assim, não conseguia me concentrar no que fazia. Era óbvio, eu tinha medo de perdê-la, embora não admitisse isso para mim mesmo.

Meu treinamento se resumiu a alguns movimentos e a toda minha mente voltada em um só objetivo — Hyuuga Hinata. Toda aquela aflição estava me deixando irritado. Voltei para a minha casa no horário do almoço e comi um ramen, como naturalmente fazia. Depois disso, tomei um banho, algo que fazia com que me sentisse melhor depois de um treino, livrando-me de parte do cansaço que sentia. E mesmo depois daquele tempo, nenhum sinal de Hinata. Meu pensamento, mais uma vez, voltava-se para a menina de olhos perolados, e eu me perguntava se algo de ruim havia acontecido com ela. Pensava de havia possibilidade daqueles caras terem reaparecido e feito algo a ela.

O sentimento de preocupação tomou conta de mim, fazendo com que eu saísse de casa em busca da Hyuuga. Primeiramente, segui até o local do exame Chuunin, na esperança de encontrá-la, mas para minha frustração, ela não estava presente lá. Depois disso, fui até a casa de Kiba, que curiosamente, encontrava-se com Shino. Perguntei-lhes se haviam visto Hinata, mas a resposta que obtive foi um não. Deparei-me com Naruto no caminho em que me encontrava, e fiz-lhe a mesma pergunta, recebendo outra resposta de caráter negativo. Não sabia mais por onde procurar, então pensei em um único lugar — a área do clã Hyuuga. Iniciei o trajeto para aquela região, e não demorei muito a chegar. Surpreendentemente, não foi muito difícil adentrar o local. Procurei pela casa principal com total cuidado, não queria ser visto, e por ser a maior, e mais chamativa entre todas as casas, não demorou para encontrá-la.

O pai de Hinata não se encontrava em casa, o que tornou mais fácil para que eu adentrasse o local, deparando-me com o primeiro cômodo, perto da porta de entrada, a sala. Próximo a sala, havia a cozinha, de onde podia ouvir alguns sons. Aproximei-me do cômodo, foi quando deparei-me com Hinata, que encontrava-se próxima ao fogão, observando a comida ficar pronta. Encostei-me levemente na porta da cozinha, ainda sem fazer barulho. A Hyuuga parecia tão destraída e envolvida em seus próprios pensamentos, que não me notou.

— Você deveria tomar mais cuidado. — Proferi, no meu tom frio habitual. Hinata, por sua vez, pareceu acordar de seus pensamentos e voltou seu olhar para mim, um pouco surpresa.

— S-Sasuke? — Ela disse, surpresa. Mas logo sorriu. — D-Desculpe, eu não deveria. — Redimiu-se do próprio erro.

— Hn. — Emiti um som qualquer. — E o que faz aqui? — A pergunta soou tão tediosa quanto eu queria que soasse.

— Eu vim visitar a minha irmã. — Mais uma vez, um sorriso terno tomou conta de seus lábios. — Ko conseguiu convencer o papai a me deixar dormir aqui só por essa noite, já que Hanabi insistiu, ele não conseguiu ignorar o desejo da filha mais nova e acabou cedendo. — Explicou-me. — Me desculpe, eu não tive como avisar.

— Hn... Tudo bem. — Respondi, sem muito ânimo.

— E-Eu o preocupei? Me desculpe. — Embora eu soubesse a resposta daquela pergunta, recusei-me a respondê-la, o que nos rendeu alguns segundos de silêncio.

— Hinata-chan, quem é esse? — Uma voz disse ao fundo, virei-me para ver quem era, deparando-me com a irmã de Hinata. — Ah, Uchiha Sasuke. — Ela disse, despreocupada. — Ouvi dizer que minha irmã está morando com você, obrigada por cuidar dela. — Falou, dirigindo-me um sorriso enquanto adentrava a cozinha.

— H-Hanabi-chan! — Hinata disse, envergonhada pela fala da própria irmã.

— O que foi? Não posso agradecer ao cara que está cuidando da minha irmãzinha? — Indagou, inocentemente.

— Tudo bem. — Dei de ombros, percebendo que a mais velha parecia incomodada sobre o assunto.

— Sasuke-kun, se quiser, pode almoçar conosco. — Hinata começou, voltando sua atenção para a panela que estava no fogão. — O papai só volta a noite.

Eu havia almoçado um pouco mais cedo do que o de costume naquele dia, e depois disso, ainda saí para procurar Hinata por vários lugares, ou seja, eu já estava com fome e não recusaria uma comida que não fosse ramen.

— Ok. — Concordei.

— Sente-se, por favor, já está quase pronto. — A mais velha falou sorridente.

Assim o fiz, sentei-me em uma das cadeiras ali presentes.

— Ele é sempre expressivo assim, Hinata-chan? — Ironizou Hanabi. Fiquei em silêncio, ignorando a fala da Hyuuga mais nova.

— Hanabi-chan! — Repreendeu Hinata. — Sasuke-kun é uma boa pessoa. — Eu, sinceramente, não entendia como ela podia pensar isso de mim depois de tudo o que eu fiz, não só em relação a ela, como também em relação a vila. Talvez fosse por isso que a inocência dela se tornasse um caráter admirável.

— Tudo bem, eu acredito em você. — Concordou, sentando-se em uma das cadeiras da mesa, mais precisamente, em minha frente.

— Está pronto! — Hinata proferiu, animada.

Fazia tempo que eu não a via tão feliz, o que deixava claro a falta que ela sentia de sua própria casa ou de sua família. Ela serviu o almoço rapidamente sobre a mesa. Nós três degustamos a refeição tranquilamente. A comida estava boa, pelas refeições feitas por ela que já havia esperimentado, diria que ela era boa quando se tratava de culinária, ao contrário de mim.

— Sasuke-kun, eu vou voltar a noite, tudo bem? Quando o papai chegar, eu vou embora, não quero deixar Hanabi sozinha até lá. — Explicou-me.

— Ok. — Concordei, em seguida, me retirei do cômodo.

Sair daquela área foi tão fácil quanto entrar, ou seja, não obtive nenhum problema. Iniciei o caminho até minha casa, quando surpreendentemente, deparei-me com um loiro, que corria até mim animado. Sakura também corria, mais especificamente, atrás de Naruto, e não surpreeendentemente, parecia irritada, provavelmente com o loiro. Quando finalmente conseguiu alcançá-lo, ao vê-lo parar em minha frente, deu-lhe um tapa na parte de trás da cabeça, fazendo com o que o mesmo resmungasse sobre o que estava acontecendo.

— Mas eu não fiz nada! — Naruto disse, fingindo-se de inocente.

— Me chamar de feia na frente do pessoal é não fazer nada? — Sakura dizia, aos berros.

— Vocês dois, menos. — Falei em tom tedioso, fazendo com que os dois notassem que eu estava ali.

— Sasuke-kun! — Sakura disse animada, sorrindo.

— E aí, conseguiu encontrar a Hinata? — Indagou Naruto, expressando certa preocupação.

— Sim. — Proferi, sem explicar os detalhes.

— Eu falei que ia conseguir, 'ttebayo. — O loiro disse, sorridente.

— Por quê? Ela tinha sumido? — Sakura perguntou, desinformada.

— Sasuke estava procurando por ela mais cedo. — Naruto explicou, fazendo com que eu não precisasse desperdiçar palavras.

— Está tudo bem com ela? — A rosada insistiu em pesquisar.

Eu simplesmente concordei com um aceno de cabeça, indicando que estava tudo bem.

— Que bom. — Ela sorriu, aliviada. — Ah, Sasuke-kun, ouvi dizer que logo vai poder voltar a fazer missões conosco.

— É, isso não é legal? — Naruto proferiu, animado, dirigindo-se a Sakura.

— Sim, muito! — Sakura disse, com um sorriso animado presente em seus lábios.

Eles pareciam mais felizes com tal informação do que eu mesmo.

— É verdade, falei com Tsunade. — Confirmei para ela, já que Naruto já tinha conhecimento do acontecido.

— Vamos voltar a ser o antigo time sete! — Naruto vociferou, mais animado do que nunca. — Eu disse que conseguiria, não disse?

— Uhum. — Concordou a rosada também com um aceno de cabeça.

— Tsc. — Resmunguei, como se estivesse entediado com toda aquela conversa.

— Ah, qual é, Sasuke?! — Sakura disse, aproximando-se de mim. — Confessa que está animado. — Me deu leve cotoveladas, em seguida, uma piscadela.

— Tanto faz. — Dei de ombros, parecendo não me importar.

— Nossa, mas você não muda mesmo! — A rosada disse, em seguida me deu um tapa fraco no ombro direito.

— Ele está feliz, só não quer admitir. — Naruto começou. — Você sabe, sentimentos não são o forte dele. — Riu baixinho das próprias palavras. Mas não estava errado, eu me sentia feliz por saber que em breve poderia trabalhar com eles, e, certamente, sentimentos não são meu forte.

— Estou indo para casa. — Disse, virando-me, prestes a continuar meu caminho.
— Adeus, Sasuke-kun. — Fui capaz de ver Sakura acenando, ao virar levemente meu rosto.

— Tchau, idiota! — Naruto disse, no mesmo tom animado de sempre.

Continuei meu caminho até minha casa, havia pouca gente na rua, portanto, não tinha muita gente me encarando, o que fez com que, por um lado, eu me sentisse aliviado. Cheguei em casa rapidamente, segui para meu quarto, como sempre fazia, e peguei o livro encontrava-se na escrivaninha ao lado da cama, abrindo-o na página marcada e começando a lê-lo de onde havia parado.

O tempo passou rápido, o que fez com que a noite logo chegasse, e com isso, também minha fome. Fui até a cozinha e peguei um dos pacotes de ramen que havia no armário, logo começando a prepará-lo. Como naturalmente, não demorou para ficar pronto, e isso era uma das coisas que eu mais gostava naquela comida. Era simples, não exigia habilidades culinárias, boa e não demorava para ficar pronta, basicamente, era o suficiente para uma pessoa não morrer de fome, no caso, era bom o bastante para mim. Coloquei a comida no prato, em seguida, peguei um pouco de suco, e logo sentei-me em uma das cadeiras que encontrava-se em volta da mesa, iniciando minha refeição. Não demorei a terminar, então logo fui lavar a louça usada na janta.

Iniciei meu caminho de volta para meu quarto, porém fui interrompido enquanto estava na sala, ao observar a porta se abrir. Deparei-me com uma cena que esperava nunca ter que ver em minha vida, algo que fez meu coração se apertar como nunca. Hinata adentrava a casa, mas não era apenas isso. Sua respiração estava ofegante, o que indicava que ela havia corrido para chegar até aqui, as bochechas coradas, indicando o mesmo, e seus olhos, por algum motivo desconhecido, lacrimejavam. Ela olhou para mim, um pouco surpresa ao perceber que eu me encontrava na sala, eu mantinha a minha expressão a mais neutra possível. Hinata nada disse, tal como eu.

Aproximei-me dela, parando quando julguei estar perto o suficiente, olhando para seus olhos perolados, ainda com algumas lágrimas escondidas. Minhas mãos, impulsivamente, seguiram até seu rosto, limpando as poucas lágrimas que escorriam de seus olhos, enquanto ela permanecia parada, sem tomar nenhuma atitude, estava surpresa demais para tal. Minhas mãos permaneceram repousadas em seu rosto, passando a acariciar sua pele tão frágil. Naquele momento, tive certeza de que não aguentaria mais me segurar. Aproximei ainda mais os rostos, fazendo com que ambos ficassem próximos o suficiente para que conseguíssemos sentir a respiração um do outro, seus olhos indicaram certa surpresa assim que percebeu o que estava acontecendo, mas isso não fez com que eu me afastasse.

— S-Sasuke-kun... — Ouvi Hinata murmurar em um tom baixo, mas já era tarde demais.

Nossos lábios, por fim, se tocaram, dando início a um selar que logo se transformou em um beijo. Hinata fechou os olhos e envolveu-me com seus braços em volta de meu pescoço, sinais que indicavam que ela, finalmente, havia se entregado. O beijo durou alguns longos segundos, porém logo a soltei, afastando-me dela e deparando-me com uma feição rubra com a qual se encontrava. Ela estava corada por minha causa, o que rendeu-me uma pontada de felicidade, estava linda. As mãos de Hinata seguiram até seus próprios lábios, escondendo-os, e seus olhos permaneciam a indicar uma surpresa completamente evidente. Estava incrédula. A verdade era que depois de tudo aquilo, não haveria volta, eu tinha a beijado.