Sasuke's POV.

Mais um dia chegou, levantei-me de minha cama, acostumando-me com a luminosidade do ambiente aos poucos. Estava cedo, eu tinha o hábito de acordar cedo, e comparado com o dia anterior, eu já me sentia melhor, o que não me impedia de ir treinar naquele dia. Tomei um banho, gostava de tomar banhos de manhã, eles sempre me despertavam e me deixavam bem dispostos — ou quase isso — para começar o dia. Vesti um a típica roupa do clã Uchiha. A bermuda tinha um tom cinza, levemente escuro, enquanto a camisa adotava um tom fechado de preto, com o símbolo do clã em sua manga direita, como grande parte das outras camisas.

Saí de minha casa e segui até a área em que costumava treinar, local onde Hinata havia me encontrado no dia anterior, em meio a pequena floresta ao lado das casas. Treinei alguns jutsus simples, nada muito elaborado, embora me sentisse melhor, era fato que eu não estava perfeitamente bem, já que sentia algumas dores, mesmo que leves, pelo corpo. Apesar de tudo, isso realmente não me impediria de treinar. Fiquei ali por volta de uma hora, até que finalmente decidi que era hora de parar, portanto me afastei e voltei para minha casa. Ainda não havia visto Hinata naquele dia.

Não havia tomado café da manhã ainda, então optei por comer uma fruta — mais especificamente, uma maçã. Depois de tomar meu café da manhã, subi até meu quarto, não tinha muito o que fazer e havia adquirido o hábito de ler. Caminhei até a estante que havia próxima a janela do quarto, procurando por algum livro que me interessasse, mas acabei pegando um livro qualquer, cujo tema era o armamento ninja. Enquanto seguia para minha cama, parei na janela, observando, na casa que ficava de frente para onde me encontrava, Hinata, regando as plantas do pequeno jardim que havia ali. Ela era realmente delicada em tudo o que fazia. Desviei meu olhar dela, por mais que ela não pudesse me ver, não havia motivos para observá-la daquela forma, então fui até minha cama e comecei a ler.

A manhã passou razoavelmente rápida enquanto eu lia, parei para que pudesse almoçar, ramen, como na maioria das vezes, já que minhas habilidades culinárias não eram das melhores. Eu já estava acostumado. Tudo o que eu fiz depois disso foi voltar ao meu quarto e ler um pouco mais. Certo tempo se passou, logo ouvi alguém bater na porta, me perguntava se Naruto e Sakura já haviam voltado da missão, embora eu acreditasse que não, o que me fazia chegar a conclusão de que era Hinata. Levantei-me, suspirando, odiava ser interrompido, mesmo que não estivesse fazendo nada de interessante. Abri a porta e encostei na lateral, encarando os olhos perolados da Hyuuga em minha frente, que segurava meu casaco em suas mãos.

— Sasuke-san, está se sentindo melhor? — Um sorriso se formou nos lábios dela enquanto me olhava com certa expectativa.

— Hn. — Disse primeiramente, permanecendo a fitá-la, ela fazia o mesmo, ainda esperando que eu dissesse algo, acabei suspirando e respondendo-a em seguida. — Estou.

— É bom ouvir isso. — Proferiu, ela realmente parecia aliviada, mas ignorei isso. — Ano... Eu vim devolver seu casaco, sinto muito por não ter devolvido antes, eu o lavei também. — Estendeu o casaco em direção a mim.

Peguei o casaco das mãos dela, permaneci olhando-a por mais alguns segundos, até decidir dizer algo.

— Só isso? — Indaguei, ainda fitando-a.

— Sim, me desculpe por atrapalhá-lo. — Falou, antes de se virar, em seguida, começou a caminhar em direção a outra casa.

Voltei ao meu quarto, guardei o casaco em uma gaveta qualquer da cômoda — de cor tabaco — que havia em meu quarto e voltei a ler, não havia mais nada para fazer naquele dia, e queria me recuperar por completo antes de voltar a treinar como costumava fazer nos dias de folga. Tudo estava calmo, até eu jurar ter ouvido um barulho ao lado de fora da casa, olhei pela janela, não vi nenhum movimento, nada fora do normal, então apenas dei de ombros, as pessoas não costumavam se aproximar da casa do traidor, Uchiha Sasuke, e eu havia me acostumado com isso, era melhor do que eu imaginava, para quem gostava de silêncio, era quase a coisa perfeita. Mais uma vez, caminhei em direção a cama e voltei a ler.

Ouvi um grito vindo de fora da janela, era feminino, o que indicava apenas uma coisa, era Hinata. Não pensei duas vezes antes de correr até a outra casa do clã, abrindo a porta com facilidade, o que indicava que não estava trancada. Adentrei a casa rapidamente, assustando-me ao me deparar com a Hyuuga, jogada no chão com alguns cortes pelas pernas e pelos braços, senti um nó em minha garganta e no mesmo momento um aperto no coração de modo que nunca havia sentido antes. Pretendia seguir até ela, até notar que ela fazia sinal negativo com a cabeça, provavelmente queria me alertar sobre algo. Seus lábios se moveram, enquanto ela tentava dizer algumas palavras que não consegui identificar. Até finalmente sentir a presença de alguém atrás de mim, acabei dando um sorriso de lado, um sorriso sarcástico, enquanto sentia a ponta de uma kunai tocar minha pele.

Não seria difícil me livrar daquilo. Habilmente, virei-me, tomando a kunai das mãos daquele homem, que usava uma máscara para esconder o próprio rosto e ameaçando machucá-lo com ela, até ouvir o grito da Hyuuga mais uma vez, o que fez com que automaticamente eu me virasse para ela, segurando o outro homem pelo braço com força e a kunai contra seu pescoço. Hinata encontrava-se na mesma situação do homem o qual eu segurava. O homem que segurava Hinata também usava uma máscara.

— Solte ela. — Disse em um tom seco, ao mesmo tempo demonstrando um pouco de raiva. — Ou seu amiguinho morre. — Indiquei o mesmo com a cabeça, embora fosse óbvio. — E você também morre.

O homem nada disse, talvez quisesse preservar sua voz, para que eu não a reconhecesse, não tinha certeza, e não me importava com isso, teria que arrumar um jeito de sair daquela situação. Voltei meu olhar para Hinata enquanto o silêncio se instaurava no ambiente. Os ninjas não pareciam muito fortes, mas Hinata provavelmente havia sido pega desprevenida ou algo do gênero, e apesar dos cortes em seu corpo, ela deveria tomar uma iniciativa, ou eu não conseguiria ajudá-la. Ela provavelmente entenderia isso devido a situação em que nos encontrávamos, afinal, eu não poderia ferir o outro homem ou Hinata acabaria sendo ferida também, não tínhamos outra escolha.

Surpreendentemente, vi a Hyuuga usar seus punhos gentis, o que foi a oportunidade perfeita para machucar o mascarado que eu segurava e seguir até o outro enquanto ela se afastava, parecia fraca. Esperei que ela saísse dali, não queria machucá-la, porém o homem foi rápido o suficiente para pegar seu parceiro machucado e deixar o local. Embora as coisas não tivessem saído exatamente como o planejado, eu estava aliviado por ela estar viva. A Hyuuga parecia assustada e surpresa ao mesmo tempo, seus olhos perolados estavam marejados, tinha certeza de que seus últimos dias não haviam sido fáceis para ela. Segui até ela, que, surpreendentemente, me envolveu em um abraço, ela não era do tipo de pessoa que faria isso, talvez isso tivesse acontecido porque ela realmente precisasse. Impulsivamente, acabei envolvendo-a em meus braços também. Foi naquele momento que eu finalmente entendi que embora eu negasse de todas as maneiras possíveis, eu me importava com ela, eu me preocupava com ela. Eu só não queria aceitar isso.

— S-Sasuke-kun. — Não deixei de notar a mudança de sufixo novamente, o que fez com que eu me sentisse realmente bem. — O-Obrigada.

Hinata era um pouco mais baixa que eu, o que fazia com que as poucas lágrimas que escorriam de seu rosto, molhassem minha camisa, mas naquele momento, eu realmente não me importava. Não a respondi, pela primeira vez, não era para preservar meu orgulho, era porque tudo o que eu queria fazer naquele momento era confortá-la, isso já seria o suficiente para mim. Depois de alguns segundos de silêncio, ela se afastou de mim, formando um de seus doces sorrisos em seus lábios.

— Me desculpe, eu estou sempre trazendo problemas para você, não é? — Proferiu, abaixando o próprio olhar. — Eu vou me mudar, você já tem que lidar comigo no trabalho, é o suficiente. — Por mais que eu tivesse certeza de que ela não tinha outro lugar para ficar, seu tom de voz era calmo, como se já tivesse uma solução.

— Tsc. — Minha feição era inexpressiva. — Até que não está errada, vai se mudar. — Hinata voltou seu olhar para mim, como se estivesse confusa. — Você vai ficar na minha casa, se alguém vier novamente, eu dou um jeito. — Falei, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo, mas no mesmo tom frio habitual.

— M-Mas... — Parecia realmente surpresa, dei de ombros e caminhei até o quarto dela, pegando uma de suas malas, que a julgar pelo peso, parecia ter coisas dentro, provavelmente roupas.

— Você não tem outro lugar para ficar, tem? — Perguntei, mas sabia que ela não responderia. E realmente não o fez.

Comecei a caminhar até minha casa, enquanto a Hyuuga andava atrás de mim, mesmo que com certa dificuldade, provavelmente por estar machucada na perna. Olhei para ela rapidamente, seu olhar se voltava para o chão, ela parecia desanimada, o que era de se esperar. Abri a porta da casa e esperei que ela entrasse para fechá-la logo depois. segui até um quarto que havia vazio, colocando a mala dela lá, ela adentrou o pequeno cômodo e enquanto eu me virava para sair, surpreendi-me ao ser chamado por ela.

— Sasuke-kun! — Chamou-me, me virei novamente para ela. — Obrigada por tudo.

Saí do quarto rapidamente, mas não fechei a porta, isso porque eu voltaria. Ela não parecia surpresa com o fato de eu tê-la ignorado, ou melhor, de não tê-la respondido. Fui até o armário do banheiro, onde peguei algumas gazes e esparadrapo, logo em seguida, voltei ao quarto dela, cuja porta permanecia aberta. Adentrei o ambiente, entregando-a tanto as gazes quanto o esparadrapo para que ela pudesse fazer um curativo.

— Eu não sou muito bom fazendo curativos. — Dei de ombros e voltei a me retirar do quarto.

— Obrigada. — Ela murmurou baixinho, consegui ver um sorriso em seu rosto enquanto virava levemente meu próprio rosto para que pudesse vê-la.

Dei um sorriso de lado, achei que isso seria o suficiente para uma resposta, em seguida, caminhei em direção ao meu quarto. Peguei o livro que lia mais cedo, e embora eu tentasse me concentrar, não conseguia. Tudo o que eu conseguia fazer era repetir a cena do que havia acontecido hoje mais cedo. Não sabia o motivo daqueles dois homens terem feito aquilo, o que de certo modo me despertava curiosidade. Decidi deixar todos os meus pensamentos de lado e, pelo menos por um tempo, não queria pensar no que havia sentido no momento em que nos abraçamos, ou nos meus próprios sentimentos, já que mesmo que eu realmente sentisse algo, o traidor de Konoha nunca seria bom o suficiente para a Hyuuga.

Algumas horas se passaram e a noite chegou, eu estava com fome, portanto fui até a cozinha para que pudesse preparar minha janta. Surpreendi-me ao me deparar com Hinata na sala, local pelo qual passei antes de ir para a cozinha. Aproximei-me dela, que estava sentada no sofá, mas ela não parecia ter notado minha presença, afinal, ela estava de costas para mim, não a culparia. Andei até a frente dela, foi quando notei que ela estava dormindo, o que me deixou ainda mais surpreso. Pensei em acordá-la, mas não queria atrapalhá-la, ela devia estar muito cansada, ou algo do tipo, o que fez com que eu chegasse a conclusão de que o melhor seria deixá-la dormindo no sofá mesmo.

Fui até meu quarto rapidamente, pegando um cobertor de cor branca, já que estava razoavelmente frio em Konoha, e voltei até a sala, cobrindo Hinata com ele. Eu me perguntava o motivo dela estar ali, mas acabei ignorando isso e segui até a cozinha, já que ainda estava com fome. Foi quando deparei-me com uma vasilha na mesa. Hinata havia preparado o jantar, provavelmente era por isso que ela estava na sala, me esperando, já que eu passaria por ali também. Abri a vasilha, era uma sopa, semelhante a que ela havia feito quando eu estava doente. Não demorei para jantar, lavei a louça quando terminei, e iniciei o caminho para meu quarto em seguida. Enquanto passava pela sala, acabei parando por alguns segundos, notei que a Hyuuga ainda estava ali, na mesma posição de quando a encontrei.

— Boa noite, Hinata. — Murmurei em um tom baixo e voltei a caminhar para o meu quarto.

Coloquei uma roupa mais confortável para que pudesse dormir, uma calça larga e de tom cinza. Voltei a ler meu livro, mas também não demorou muito para que adormecesse. A manhã chegou, soube disso quando senti os raios de sol atrapalharem meu sono. Abri meus olhos, e me levantei assim que me senti apto para isso. Seguindo até o banheiro para que pudesse tomar meu banho. Arrumei-me, colocando uma bermuda de tom branco e uma camisa de tom azul marinho com o símbolo do clã Uchiha nas costas, como grande parte das camisas. Fui até a sala para ver se Hinata estava lá, ela realmente estava, mas já estava arrumada para sair.

— Não precisa ir hoje se não quiser. — Disse, sem demonstrar muita emoção, ela acabou voltando seu olhar para mim, não havia me visto ainda.

— Ah, Sasuke-kun, bom dia. — Formou um sorriso descontraído nos lábios, parecia estar melhor do que ontem. — Eu estou bem.

— Hn. — Dei de ombros.

Caminhei em direção a porta, por consequência, ela fez o mesmo, agora, ao invés de caminharmos juntos apenas na volta, provavelmente iríamos acabar indo e voltando juntos todos os dias. Começamos o percurso, no início o silêncio habitual reinava entre nós, o que realmente não me incomodava. Parte do caminho foi silenciosa, até que eu pude ouvir a voz, mesmo que baixa, da menina de olhos perolados.

— Obrigada por me cobrir essa noite. — Disse, em um tom de voz baixa. Nada respondi, e nem mesmo olhei para ela. — E me desculpe por ter dormido lá, eu não quis, eu só queria mostrar a janta que havia preparado e não queria te atrapalhar. — Explicou.

— Tsc. — Não conseguia perder esse hábito que saía de minha boca mesmo que eu não quisesse, era quase que automático. — Está sempre se desculpando e agradecendo por tudo. — Mantinha meu olhar distante dela, olhava para frente, para o caminho que seguíamos.

— Estou me desculpando por estar te atrapalhando tanto, eu realmente não queria. — Olhei para ela rapidamente após ouvir sua fala. Ela batia os indicadores, um contra o outro, uma mania que Hinata tinha. — E agradecendo porque o Sasuke-kun está me ajudando muito, mesmo que não se importe, é uma boa pessoa.

"Mesmo que não se importe." Aquilo se repetiu em minha mente enquanto eu analisava aquela frase que deixara de ser verdade. Talvez no início eu realmenten não me importasse, mas as coisas estavam mudando. Eu não podia negar que me importava com ela, mesmo que eu tentasse dizer isso para mim mesmo, esse conflito interno me irritava. Eu não gostava de ficar pensando sobre isso, portanto afastei-me de meus devaneios.

— Sabe quem eram aqueles caras? — Indaguei, com o único objetivo de mudar de assunto, aquele já havia me incomodado o suficiente.

— Não. — Respondeu, enquanto acenava negativamente com a cabeça.

— Tsc. — Resmunguei. —Eles disseram algo? — Perguntei, tentando não demonstrar que estava curioso, mantendo o tom frio em minha voz.

— Sim... — Ela suspirou. — Disseram que finalmente haviam achado alguma coisa que poderia machucar o traidor de Konoha e que como prêmio conseguiriam o byakugan. — O desânimo era perceptível em sua voz. — Mas Sasuke-kun, tudo bem, eu sei que eles estavam errados quanto a isso, não foi sua culpa. — Tentou explicar.

Talvez eles não estivessem completamente errados, talvez se algo acontecesse com ela, isso realmente me fizesse mal. O que estava acontecendo comigo? Eu não fazia ideia, e também não tinha a mínima vontade de admitir. Não poderia. E embora não quisesse, eu me sentia culpado pelo que havia acontecido com ela. Só haviam ferido ela para me ferir. Deixei um suspiro escapar, acho que nunca havia ficado tão confuso quanto a mim mesmo quanto aquela menina de olhos perolados me fazia ficar. Suspirei, sem a mínima vontade de continuar aquela conversa.

— Hn.

Foi tudo o que eu disse, e foi o suficiente para terminar aquela conversa. Não demoramos para chegar ao local do trabalho e seguimos para a área em que deveríamos trabalhar. A manhã passou rápido, com isso, o horário de almoço chegou. Surpreendentemente, ao adentrarmos o restaurante, nos deparamos com o trio InoShikaCho, Naruto e Sakura dentro do local. Suspirei, me preparando psicologicamente para a loira escandalosa, o loiro animado e irritante e a rosada bipolar. Meu olhar voltou-se para Hinata rapidamente, que tinha um pequeno sorriso nos lábios, provavelmente estava feliz em poder ver seus amigos.

— Sasuke! — Vociferou Naruto, fazendo com que grande parte das pessoas no restaurante olhassem, os olhares críticos já não me incomodavam mais.

— Para de gritar, imbecil. — Proferi, levemente irritando. Em seguida, sentei-me e pedi um dos pratos do menu do restaurante.

— Sasuke-kun! — Ino aproximou-se, segurando um de meus braços e sentando-se na cadeira ao meu lado. — Como está, uh? Espero que bem. — Eu realmente não entendia o motivo dela gostar tanto de me atormentar, isso a tornava mais irritante do que Sakura.

— Ino, solta ele, não vê que ele não quer que o segure assim? — Finalmente Sakura havia dito algo com que eu concordava.

— O que disse, testuda? — A loira retrucou.

— INO! — Vociferou a rosada. — Sua idiota! — Disse, ainda em tom alto, chamando a atenção das pessoas ao redor. Mal podia acreditar que aquilo estava acontecendo, elas eram tão irritantes.

— Ano, meninas... — Hinata disse, tentando chamar a atenção delas, que logo olharam para a menina dos olhos perolados. — Olhem ao redor. — Praticamente todos do restaurante olhavam para nós, graças a Sakura e Ino.

Shikamaru parecia estar com preguiça de mais para falar qualquer palavra, enquanto Chouji comia. Às vezes eu me perguntava como Shikamaru aguentava Ino e Chouji, daí eu me lembrava que eu aguentava Naruto e Sakura, então ele fazia isso, provavelmente, pelo mesmo motivo. Não demorou muito para que Ino e Sakura começassem a discutir novamente. Ignorei toda a discussão enquanto me alimentava. Naruto tentou intervir algumas vezes, o que lhe rendeu tapas, tanto de Sakura quanto de Ino. Hinata estava quieta, também comendo, de vez em quando olhava para a situação em que se encontravam e acabava dando pequenas risadas. Quando terminamos de almoçar, nos despedimos de todos e voltamos ao nosso local de trabalho, realizando nossas tarefas.

Hinata's POV.

O horário de trabalho demorou um pouco para terminar, talvez o silêncio passasse essa sensação de demora. Tudo parecia mais longo, mas já me estava acostumando com isso. Esperei que Sasuke terminasse o que estava fazendo para que pudesse acompanhá-lo até sua casa, onde eu também estava morando temporariamente. Eu não podia negar que embora, a princípio, ele tivesse um temperamento difícil, era uma boa pessoa, pelo menos para mim. Começamos a caminhar em direção a área do clã Uchiha, e como em grande parte das vezes, o caminho era silencioso.

Chegamos na casa dele rapidamente, apesar do silêncio, talvez porque não fosse tão longe. Fui até meu quarto, e peguei um livro qualquer para que pudesse ler. Eu gostava de ler, mas acabei me perdendo em meus próprios pensamentos sobre como as coisas haviam mudado nos últimos meses, não que fosse de todo ruim, mas as coisas realmente estavam diferentes. Eu não estava mais morando com o papai ou com a Hanabi, embora eu realmente sentisse falta deles. Eu namorei o Naruto-kun, do qual eu tanto gostava quando era mais nova, mas meus sentimentos já não eram mais os mesmos, embora ele fosse uma boa pessoa. E quanto ao Sasuke-kun, haviam tantas coisas. Ele tinha uma personalidade difícil, não podia negar, mas por algum motivo, eu realmente me sentia bem quando estava perto dele. Embora falássemos pouco e embora ele tenha sido um pouco rude comigo, eu gostava de conversar com ele e havia me sentido segura em seus braços mais cedo. A verdade é que eu gostava de estar com ele e que apesar de tudo, ele havia se tornado minha melhor companhia nesses últimos dias, mesmo que às vezes só fiquemos em silêncio, de alguma forma, eu conseguia entendê-lo, às vezes o silêncio era reconfortante.

Acordei de meus próprios pensamentos e levantei-me, caminhando até a cozinha, onde acabei deparando-me com Sasuke. A princípio, apenas abri um sorriso, pelo visto iríamos jantar no mesmo horário, já que ele estava preparando o ramen que quase sempre comia. Pensei em começar a preparar algo para comer, não sabia exatamente o que, mas antes que pudesse pegar qualquer ingrediente, escutei a voz grave de Sasuke.

— Pode comer um pouco do ramen. — Proferiu, a julgar pelo tom de voz, ele não parecia se importar muito.

— Obrigada, Sasuke-kun. — Agradeci, sorrindo mais uma vez e acabei sentando-me em uma das cadeiras em volta da mesa.

— Hinata. — Parecia ter me chamado contra sua própria vontade, mas mesmo assim, surpreendi-me ao ouví-lo me chamar e voltei meu olhar para ele. — Está melhor? — Desviou seu olhar para a panela de ramen.

— H-Hai, obrigada por perguntar. — Gaguejei, de tão surpresa que eu estava. As vezes eu tinha a impressão de que ele se preocupava comigo, e eu realmente gostaria que isso fosse verdade, embora fosse praticamente impossível.

Ele não disse mais nada depois daquilo, apenas serviu a comida para nós dois. Eu o agradeci e comecei a comer, não demorei muito para terminar, julgando que não comia muito. Levei minha louça até a pia e a lavei, um hábito que eu tinha. Sasuke terminou enquanto eu lavava a louça e estava me esperando terminar para fazer o mesmo. Afastei-me da pia, caminhando para fora da cozinha, mas antes de sair, virei-me para o Uchiha.

— Boa noite, Sasuke-kun. — Falei, voltando a me virar.

— Boa noite, Hinata. — Embora ele não visse, um sorriso automático tomou conta dos meus lábios. Gostava de quando ele me respondia.

Fui até o banheiro, troquei de roupa, colocando uma calça e uma blusa, ambas um pouco mais largas para que fossem confortáveis o suficiente enquanto eu dormisse. Os cortes em meus braços e pernas ainda doíam um pouco e eu estava cansada, então acabei me deitando e adormecendo mais rápido do que eu mesma esperava.