Digimon Beta - E as Cartas Acessórias escrita por Murilo Pitombo


Capítulo 40
A Evolução Conjunta




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João estava abismado com a história contada por Blaze. Os relatos da intensa batalha contra Mugendramon, que resultou na morte de Caio, um dos calouros, o deixara com um leve sentimento de culpa. Porém, o que mais o impressionara seria dito de forma sutil pelo domador de Guilmon logo depois.

— Eu senti o que é, realmente, ser importante nesse exato momento.

João relutava em aceitar. Não poderia ser verdade.

— Quer dizer que Guilmon...

— Exato! – Diz o digimon interferindo na resposta do seu domador. - Eu e Blaze somos um só desde aquela batalha.

— Vocês só podem estar blefando! Isso não pode acontecer...

— Comigo? – Interrompe-o. - Só por que não sou um dos Domadores Beta? Só por que eu não era o preferido de Culumon há seis meses?

— Você está delirando e eu não tenho saco e nem cabeça pra te suportar! Toda minha cota foi gasta contigo.

 João dá meia-volta e caminha em direção a saída com Betamon.

— Guilmon.

O digimon Novato dispara uma bola de fogo na direção de João.

Betamon salta e acaba levando o ataque.

— Chega, Blaze! – Brada o garoto de barba cerrada. - Eu não vou mais tolerar suas infantilidades.

João rapidamente saca seu digivice e a carta das lâminas, passando-a pelo leitor do seu aparelho.

— Evolução de Dados! – Brada o líder dos Domadores Beta.

Um tornado de folhas e pequenas shurikens se apodera do pequeno digimon redondo que possui uma barbatana laranja nas costas, crescendo logo em seguida. Após, o tornado se desfaz, revelando a presença do ninja que possui lâminas em formato de estrelas de três pontas no lugar de pés e mãos, braços e pernas espiralados e finos como chicotes, além de vestir um quimono branco, máscara de tecido e uma capa, que lembra folhas, sobre os ombros. Presa as costas, uma estrela ninja bem maior que as demais, porém de quatro pontas.

João saca outras duas cartas: “Asas Híbridas” e “Intangibilidade”.

— Agora você terá o prazer de ver a extremidade de Guilmon.

O digivice de Blaze brilha de maneira surreal. Digimon e domador são envoltos pela mesma luz da evolução e seus corpos tornam-se um só. Uma grande ventania ofusca a visão de João e de Shurimon. Grãos de areia e pequenas pedras são movidos pela força do vento gerado pela evolução conjunta, algo que nem a mais fértil imaginação humana poderia supor. Os segundos passam devagar. João olhava para a grande esfera de luz da evolução, algo comum para ele, mas que dessa vez atiçava sua curiosidade. A esfera se desfaz e o garoto nota uma evolução de Guilmon nunca vista antes por ele. Um digimon com aparência semelhante à de um cavaleiro medieval, com armadura em tons dourados e prateado por todo o corpo. Escudo, sabre e uma longa capa vermelha finalizavam o visual do imponente digimon humanoide que estava parado a sua frente.

Blaze havia desaparecido da Arena Quadrática.

Temeroso por ser essa a forma Extrema do seu rival, João saca seu digivice.

— Quem é esse, João?

A pergunta causa espanto no garoto, que não esperava por outro domador naquele lugar. Murilo, que acabara de chegar a arena com Patamon sobre seu ombro, estava ao seu lado e igualmente impressionado com o digimon que estava à sua frente.

— Esse digimon destruiu Mugendramon. – Diz o garoto que nem se dá ao trabalho de interroga-lo com perguntas usuais, como: Como você me achou? O que está fazendo aqui? Vivenciara algo que jamais desejaria. Pelo menos não nas atuais condições em que se encontrava.

— Tem certeza?

— Acho que sim.

— Murilo, cheque as informações dele. – Pede seu pequeno hamster.

 

Dukemon, um digimon no nível Extremo. Esse cavaleiro medieval é fiel aos seus aliados e capaz de tudo para defendê-los, além de ser dotado de extrema agilidade e sabedoria. Sua principal técnica é o “Sabre Real”.

 

— Era o que eu temia.

 

 Carlos está em seu quarto discando um número no seu celular.

Terriermon observava, curioso.

— Alô. Aqui é Carlos. João está? ... Ok! É que eu não to conseguindo ligar no celular dele. Ta dando fora de área. ... Certo. Tentarei falar com ela. Tchau.

O garoto apoia o celular ao lado do digivice, sobre a cama.

— João não está em casa, Terriermon!

— Vai ver ele foi atrás das cartas que faltam.

— Sem nos comunicar?

— E desde quando ele te deve satisfação do que faz?

O garoto de olhos verdes e que usa óculos de armação negra, olha para seu digimon, que estava deitado em sua cama, enraivecido pela resposta ignorante, mas prontamente muda seu semblante após refletir um pouco.

— Você tem razão!

O digivice de Carlos emite um sinal sonoro e o assusta. Flávia havia lhe mandado uma mensagem.

 

— O mais corrupto dos Domadores Beta. Sempre se colocou acima de tudo e de todos.

Dukemon falava de maneira irônica, provocando João. Shurimon seguia ao seu lado, assim como Murilo e Patamon.

— Isso é o que você diz! - Responde no mesmo tom.

— Por que vocês não salvaram Levi?

Murilo se assusta com o que acabara de ouvir. Sempre soubera que Levi, seu amigo de longas datas, fora morto durante uma batalha contra os ditadores. Por que, então, lhe esconderam esse detalhe? Será que seu amigo morreu por negligência dos demais domadores?

— Levi nos forçou a deixar a batalha. Sempre foi muito corajoso. Ajudou-nos em tudo! Ele teve personalidade.

O garoto de barba cerrada para por alguns instantes, fitando Dukemon.

— Blaze sim, - prossegue, com ar jocoso - merecia morrer no lugar dele!

Os olhos do cavaleiro medieval saltam de raiva. Dukemon rapidamente ergue o sabre acima da cabeça e logo o baixa, apontando-o na direção de João.

Shurimon se põe na frente do seu domador.

— Retire o que disse imediatamente.

— Há de concordar que seu domador não está com o juízo perfeito. Ficou com sequelas depois da forte pancada que levou na cabeça. Você, mesmo, presenciou tudo!

O descontrole de Dukemon se torna visível. O digimon berrava e, após o sabre e o escudo se dissolverem das suas mãos, segurava a cabeça como se fosse acometido por uma forte dor.

— Murilo, vá procurar ajuda. – Diz João cochichando para o companheiro sem desviar o seu olhar do digimon.

O garoto magro, domador de Patamon, titubeia por alguns segundos. Ainda tentava digerir a notícia dada pelo Dukemon.

— Anda logo! – Grita João.

Murilo se assusta, retornado à realidade, e corre. Porém, mais à frente ele nota que a Fernanda estava no portão de acesso, sorrindo.

Dukemon volta a falar, ainda transtornado.

— Culumon podia ter livrado ele do acidente. Podia me ter feito evoluir. Culumon ressuscitou seu digimon e não fez o mesmo pela Antylamon.

Dukemon cai de joelhos, ainda sentindo uma forte dor.

— Ele salvou o meu digimon porque era preciso que os seis Digimons Beta estivessem reunidos para destruir Beelzebumon. Se não fizesse isso, todos estariam mortos e nem quero imaginar o que aconteceria com o Mundo Real.

Fernanda caminha na direção de Murilo acompanhada de Solarmon e de digivice em punho. O domador intimida-se e caminha de costas até se esbarrar em João.

O digimon Extremo se recupera instantaneamente do acesso de raiva que tivera e torna a materializar o sabre e o escudo em suas mãos. Após, ergue seu sabre na direção de João.

— Sabre Real.

Um imenso raio de luz parte da extremidade do artefato do digimon, avançando na direção dos seus inimigos.

Fernanda, que estava na linha do ataque, corre com Solarmon pela direita.

João escolhe uma das cartas em sua mão.

— Adição de Dados – Intangibilidade.

Shurimon se lança sobre João, Murilo e Patamon, fazendo com que todos se tornassem intangíveis por alguns momentos.

A poderosa técnica atravessa o corpo dos domadores e do pequeno digimon e avança na direção onde instante antes se encontrava Fernanda, atingindo a arquibancada. Uma enorme explosão acontece, pulverizando toda a região da construção que fora atingida.

Os domadores e os digimons se levantam aos poucos.

— Carta Maldita!

— Murilo, vamos lutar. – propõe o seu pequeno digimon voador.

— VÃO PROCURAR AJUDA!

Dukemon avança na direção de Shurimon e tenta atingi-lo com seu sabre. Shurimon, mesmo possuindo a intangibilidade momentânea, se desvia das investidas de maneira acrobática, alongando e encolhendo seus membros de forma espiralada.

— João, - diz o garoto passando-lhe duas cartas - acho que isso pode ajudar.

Murilo passa suas duas cartas ao João, que havia esquecido da existência delas. Agora, ele possuía quatro cartas.

O digimon híbrido continuava se esquivando de Dukemon, ao passo que tentava golpeá-lo com suas lâminas. Porém, a poderosa armadura protegia o rival das suas investidas.

— Adição de Dados - Martelo Vulcão.

A lâmina da mão direita do digimon ninja se transforma num poderoso martelo de aço. Shurimon avança em Dukemon, que tenta feri-lo com seu poderoso sabre.

— Martelo Vulcão. – Brada o digimon batendo com o martelo no chão.

Uma grande descarga elétrica, oriunda o impacto na nova arma contra o chão avança no digimon de Blaze, eletrocutando-o.

Dukemon cai de joelhos no chão.

— Shurimon, agora!

O digimon ninja salta e, com um rápido movimento, lança a shuriken da suas costas no cavaleiro medieval de capa vermelha. A poderosa lâmina girava a uma incrível velocidade, enquanto brilhava sob efeito dos últimos raios de sol que iluminavam o Mundo Digital, na direção de Dukemon.

O digimon Extremo de Blaze nota a aproximação da lâmina e posiciona seu escudo, fazendo com que a lâmina se chocasse contra ele e retornasse ao seu dono. Dukemon levanta voo e vai ao encontro de Shurimon.

— João, a outra carta. Rápido!

O garoto procura entre as três cartas e percebe a carta qual Murilo se referia.

— Adição de Dados – Multiplicador.

Mais quatro Shurimons se desprendem do digimon já existente, confundindo Dukemon, que para de avançar em pleno ar. O digimon verdadeiro e suas três cópias avançam no oponente com o seu “Martelo Vulcão”, pronto para atacar. O guerreiro estende seu sabre na direção do digimon e suas réplicas e avança como um torpedo na direção de cada um, atingindo-os com sua arma. Uma a uma, as cópias seguiam desaparecendo no céu como fumaça, restando apenas o digimon original, que já lançava as lâminas dos pés e das mãos na direção do inimigo, que se vê obrigado, mais uma vez, a se proteger com seu escudo.

— Isso é o melhor que pode fazer? – Indaga o digimon de Blaze, sorrindo.

Fernanda seguia mais afasta, ao lado da digimon engrenagem, observando a batalha.

Antes que João e Shurimon pudessem pensar em um contra-ataque, o digimon Extremo avança na sua direção e passa a disferir socos e chutes. O digimon que tem o poder de controlar o metal não consegue se desvencilhar das investidas, que é finalizada com um poderoso chute.

O digimon ninja cai verticalmente, já desacordado. Ao tocar o tablado que servia de palco para as lutas do torneio com forte estrondo, Shurimon regride para Betamon.

João, Murilo e Patamon voa na direção do digimon réptil, que havia causado uma enorme depressão no chão.

— Beta, como que você está? - O digimon nada responde.

— Ele vai ficar bem.

Dukemon calmamente pousa ao lado dos domadores.

— João, você não passa de um domador qualquer sem a extremidade do seu digimon. Cadê a força dos tão estimados Domadores Beta?

Murilo não titubeia em sacar sua “Carta da Madeira” e passa-la pelo digivice.

— Evolução de Dados já!

Uma caixa de madeira envolve o pequeno Patamon e cresce, adquirindo o mesmo tamanho que o Dukemon e o Shurimon. Logo após a caixa se desfaz, revelando a presença do guerreiro da madeira.

— Vocês não sabem a hora de desistir!

Yashamon corre na direção do digimon Extremo, que simplesmente alça voo, sorrindo.

— João, me passe as cartas. – Pede o garoto magro.

Rapidamente o líder dos domadores entrega as quatro cartas que possuía nas mãos ao Murilo, que logo escolhe uma para poder adicionar uma nova habilidade ao seu digimon.

— Adição de Dados - Asas Brancas.

Asas, semelhante às asas que brotaram nas costas de Meramon, brotam nas costas do Yashamon. A única diferença é que as asas dele são azuis, da cor da sua pele.

Yashamon levanta voo na direção de Dukemon.

— Elísio Final. - As inscrições presente no escudo do cavaleiro medieval brilham e uma poderosa rajada de energia é lançada na direção de Yashamon.

O digimon que usa uma máscara branca desvia da técnica, que atinge o chão com grande impacto, lançando Murilo, João e Betamon longe, e segue na direção do seu oponente. Ao se aproximar, o digimon une suas espadas, lançando um poderoso raio elétrico, que é desviado pelo escudo do digimon Extremo.

— Não sou idiota ao ponto!

Dukemon voa de encontro ao Yashamon e, antes que o digimon pudesse desferi outro ataque, desaparece de sua frente e surge por trás.

— Atrás de você!

Murilo tenta procurar a carta da intangibilidade em meio às demais, só que não havia mais tempo. Yashamon cai como Shurimon depois de levar um chute de Dukemon, que fez um giro completo no ar antes de acertar o golpe no digimon de Murilo.

O guerreiro da madeira cai no tablado, quicando por duas vezes antes de regredir.

— Vejo que não tem saída.

Dukemon observava João e Murilo com seus respectivos digimons nos braços, enquanto pousava.

Patamon se debatia, numa tentativa de se livrar.

— Fica quieto. Eu não vou te largar.

— Eu preciso lutar, Murilo. Me solta!

— Você é muito corajoso, pequenino. Por causa da sua bravura quero que você e seu domador se aliem a mim. Pouparei a vida de vocês.

— Isso nunca, Dukemon. Tenho meus princípios e se Murilo resolveu apoiar João e os outros, irei até o fim com ele.

— Não queria fazer isso contigo.

O cavaleiro medieval que usa capa vermelha caminha na direção dos domadores.

Fernanda, que a todo o momento observava a batalha mais afastada, interfere:

— O que pretende fazer?

— Que pergunta mais idiota. Vou acabar com eles.

— Não será melhor que deixe João viver? Acho que a morte é pouco pra ele. – Diz a garota enquanto sorria na direção de João, que apenas a olhava com raiva.

— Até que não seria má ideia. Mas, pensando melhor, não se deve perder uma chance dessas.

Uma forte dor de cabeça novamente leva Dukemon ao chão, de joelhos.

— Tem certeza de que quer matá-los? Acho minha ideia mais viável. – Insiste.

— Eu sei o que fazer! Não preciso de seus conselhos. – Diz o digimon de Blaze com muita dificuldade, enquanto comprimia sua própria cabeça entre as mãos.

— Murilo, essa é a nossa chance. – Propõe o domador de Betamon. - Vamos sair daqui!

Fernanda continuava a conversar com Dukemon, que seguia sentindo suas fortes dores de cabeça. Preocupada, a garota, acompanhada da sua digimon engrenagem, se aproximam do digimon.

Murilo e João, que estavam com os digimons nos braços, seguiam se afastando lentamente, para não chamar a atenção de Dukemon e, principalmente, da garota de cabelos ondulados e lábios carnudos.

Fernanda já caminhava sobre o tablado quando, ao olhar para o local onde estavam os garotos, percebem que os mesmo não estavam mais ali. Rapidamente seu olhar corre em direção à saída da Arena Quadrática, fazendo-a ver a fuga dos domadores.

— Dukemon! Eles estão fugindo.

O grito da garota atrai a atenção de João e Murilo, que olham para trás e a veem sozinha, apenas acompanhada da Solarmon, sobre o imenso tablado branco. Ao tornarem olhar para frente, eles percebem que o Dukemon estava em frente ao portão, completamente recuperado da dor que sentira a pouco.

— Agora chegou o fim de vocês!

Dukemon corre com sua espada em punho, cruzada próxima ao peito, a fim de destruir os garotos com um único golpe. Murilo e João não veem saída. Haviam tentado de todas as formas possíveis combate-lo. As Cartas Elementais e as Cartas Acessórias não fizeram nenhum efeito contra o digimon Extremo. O domador novato agora entendia perfeitamente o real motivo que fizeram João, Carlos, Verônica e Davi fugir quando se depararam com Mugendramon. A força de um digimon Extremo é surpreendente.

Fernanda olha tudo com uma expressão de impotência.

Por um momento de descuido do Murilo, Patamon consegue se livrar de seus braços e voa de encontro ao Dukemon. O garoto magro de sorriso largo sente que poderia perder seu digimon com um simples golpe do inimigo. Seu coração acelera. Ele não sabia qual atitude tomar.

— PATAMON!

O digivice de Murilo brilha de uma maneira já conhecida pelo João.

 

Continua...

 


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