Digimon Beta - E as Cartas Acessórias escrita por Murilo Pitombo


Capítulo 39
De volta a Arena Quadrática




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Um grande silêncio se apodera do interior do vagão. Domadores e digimons seguiam fugindo do Continente Perdido enquanto assistiam a terrível batalha dos oito domadores contra o tiranossauro do nível Extremo inteiramente feito de metal. Da missão que os levaram até lá, apenas quatro cartas foram conquistadas, restando outras dezesseis espalhadas pelo Mundo Digital. A chegada do misterioso Mugendramon assustara a todos os presentes. Porém, João e seus amigos foram poupados, por alguma razão, da terrível batalha imposta por ele.

— Coloquem os cintos de segurança! - Grita Angler para todos em seu interior.

João fecha a janela e percebe que os demais estavam sentados ao lado dos seus digimons e usavam cinto de segurança. Angler corria muito, sua velocidade era impressionante, indo de encontro ao teto côncavo do Continente Perdido. Quando o velocímetro finalmente rompeu a barreira dos 300 km/h, um forte lampejo se apodera do digimon locomotiva e, em questão de segundos, ele se teletransporta.

Uma densa floresta surge do lado de fora do vagão, assustando a todos. Apesar de perder um pouco da velocidade conquistada, Angler seguia correndo por uma floresta. Seus trilhos continuavam surgindo e desaparecendo. Árvores, pedregulhos e outros obstáculos saltavam, como se tivessem vida, liberando o caminho para o Trailmon passar. Logo após sua passagem, eles retornavam aos seus devidos lugares. Angler segue apitando pela floresta e ganhando velocidade. Mais à frente, ele cruza um rio e, antes que pudesse atravessá-lo por completo, rompe à barreira dos 300 km/h e novamente outro lampejo acontece.

— Eu vou ficar cego com esse clarão! – Diz Terriermon pressionando suas enormes orelhas contra os olhos.

— Quieto! – Repreende Carlos.

Angler seguia se deslocando, a baixa velocidade, por uma avenida pavimentada. Chovia na grandiosa cidade repleta de enormes prédios, semáforos e placas de trânsito. Ao passar ao lado de uma praça repleta de árvores, o digimon para bruscamente e abre as portas do vagão.

— Chegamos ao nosso destino: A superfície.

Os domadores e digimons descem apressadamente por causa da chuva e se abrigam no ponto de ônibus mais à frente.

— Angler, muito bom viajar contigo! – Diz o garoto de barba cerrada. Trazia Betamon em seus braços. - Muito obrigado.

— Definitivamente, você salvou as nossas vidas. – Pontua o garoto ruivo, levando os demais a concordarem com um leve aceno de cabeça.

— Como disse anteriormente, é difícil eu sair do Continente Perdido. Não gosto de andar sem passageiros.

— Já ia me esquecendo – Diz o garoto de cabelos negros e sorriso largo erguendo o digivice na direção do Trailmon.

 

Trailmon Angler, um digimon no nível Adulto. Esse digimon pertence ao grupo dos digimons transportadores, únicos capazes de se deslocar por grandes distâncias sem grande perda de energia. Não possuem poderosas técnicas de ataque. Porém, detém o poder de se teletransportar assim que atinge 300kmh. Ataca seus inimigos com descargas elétricas.

 

 - Bem lembrado, Murilo! – Diz Flávia sorrindo. Lunamon ainda permanecia desacordada em seus braços. – Por pouco não recolheríamos informações dele.

— Por que você se chama Trailmon Angler? - Indaga Bárbara.

— Existem outros Trailmons, com habilidades locomotoras diferentes. Trailmons Angler são os únicos que podem se teletransportar. Os demais podem se locomover no subsolo, entre as chamas e as águas, e outros tipos de habilidades.

— Raramente encontramos Trailmons vagando pelo Mundo Digital. – Diz Patamon.

— Existem poucos digimons dessa espécie, - prossegue Fanbeemon – e quando o assunto se resume ao seu tipo, existem bem menos.

Angler cospe um apito de madeira de aproximadamente dez centímetros e preso a um cordão aos pés de Carlos, que se abaixa e pega o objeto.

— Se precisarem, dois silvos breve bastam. Até mais ver.

Os trilhos voltam a se materializar na frente de Angler. O digimon segue se deslocando, seguindo pela avenida até que mais à frente faz o contorno em uma rotatória e torna a seguir no sentido dos domadores. A chuva caia de maneira torrencial e Angler seguia apitando e desenvolvendo grande velocidade. Ao passar próximo aos domadores, um lampejo ofuscante acontece e Angler desaparece na frente de todos.

Lentamente Lunamon acorda.

— O que aconteceu, Fafá? Cadê as cartas? Onde estamos?

— Calma, Lunamon! – Pede a garota de voz rouca. – Aconteceram várias coisas enquanto esteve desmaiada. Assim que der, te contarei.

— Creio que seja melhor voltarmos para nossas casas. – Manifesta-se Davi.

— Depois de tudo o que aconteceu,- diz Verônica - precisamos de uma boa noite de sono.

João ergue seu digivice à frente do grupo, fazendo surgir um portal de luz. Calmamente, um a um segue caminhando e desaparecendo ao passar pela luz branca retangular que possuía uma contagem regressiva na parte superior. Assim que todos entram e a contagem iniciada em sete se encerra, o portal se fecha.

 

— Murilo, cadê as cartas que Patamon e Fanbeemon encontraram?

No dia seguinte, todos estavam reunidos na casa de João, mais precisamente em seu quarto. O garoto em questão estava sentado em frente ao computador, enquanto Murilo, Carlos, Flávia e Bárbara estavam sentados em sua cama. Verônica estava próximo à janela, distraída.

Plotmon e Fanbeemon seguiam conversando um pouco mais afastadas dos demais.

— Estão aqui. – Diz o garoto que as retiram do bolso, passando-as para as mãos de Carlos.

Patamon observava tudo debruçado sobre a cabeça do seu domador, assim como o Terriermon, que o imitava em todos os movimentos.

— Martelo Vulcão e Multiplicador.

— Agora temos quatro Cartas Acessórias. – Diz o garoto de barba cerrada.

— A que eu usei no Meramon foi a Asas Híbridas.

— Intangibilidade. Foi a que nos salvou ontem.

— Galera, - prossegue o garoto de óculos e cabelos bagunçados sobre a testa - isso tudo está muito estranho. - Carlos se levanta e começa a andar pelo quarto - E se for mesmo verdade o que o Lucas disse? E se o Culumon os escolheu para destruir nossos digivices?

— Acho que é blefe. Eles se aliaram ao Alex. Não há a mínima possibilidade de ser verdade.

— E se Blaze e Alex conseguiram, de alguma maneira, convencê-los de que eles têm o mesmo propósito? Fernanda está sendo manipulada pelos dois desde o torneiro. É possível que tenham conseguido dominar os calouros.

— Carlos, você trabalha muito em cima de dúvidas.

— E você quer que ele resolva encima de certezas? – Interfere a garota de cabelos cacheados e olhos fugitivos. - De soluções prontas?

— Quase isso, Bárbara. Primeiro: Culumon está desaparecido e raramente entra em contato. Segundo: esses calouros, quem os escolheu? Culumon mal sabia da existência deles. Terceiro: se Culumon mal sabia que eles existiam como que pode delegar missões aos mesmos?

O computador de João emite um sinal. Um e-mail havia chegado.

— Pessoal venha ver. Um e-mail de Antônio.

Murilo e Carlos se aproximam de João. Bárbara continua sentada, enquanto Verônica seguia próxima a janela.

 

Fala João, beleza?

Esse tempo de abstinência me fez pensar em várias hipóteses e quero compartilhar contigo. Koka está dando muito trabalho! Não que ele seja desobediente, mas por causa do seu tamanho. Eu nunca tive o costume de trancar a porta do meu quarto quando saio de casa, e minha mãe acabou desconfiando. Ela o viu hoje pela manhã e quase teve um treco aqui. Aí, eu tive que lhe contar tudo. Ela ainda ta um pouco assustada, mas com o tempo vai se acostumar.

Mando-lhe esse e-mail não para contar isso, quero dividir com vocês, “A Nova Equipe Beta” (espero que curta minha denominação), algumas suspeitas. Culumon está muito diferente. Andei notando isso desde o torneio, lá da Arena Quadrática. Ele estava usando de um tom agressivo que não lhe é comum, fora que desapareceu quando Guilmon surrou Koka, e também durante o descontrole dos digimons de Pastreli e Luiz Filipe. Não interferiu e nem sequer os fizeram regredir como Verônica bem lembrou. Apesar de depois ter desclassificado os dois, o motivo causador foi o fato de terem atingido o nível Perfeito, e não por causa da briga sem motivos.

Ah, mais uma coisa. Não sei se notaram, mas atualmente é raridade o Culumon fala o seu famoso “culú, culú”.

Bem, no mais é só isso mesmo! Abraço!

PS1: Converse com a Verônica. Ela ta muito mal com isso tudo. Será melhor para os dois.

PS2: Koka manda avisar que deseja boa sorte a Betamon, Terriermon, Plotmon e aos demais novatos.

 

Verônica se assusta com o que ouve, mas finge não ter escutado.

— Como eu não percebi antes! Agora que Antônio disse, fica tudo mais claro.

— Será que tem alguém o dominando, Carlos? – Diz Flávia. - Esses tais ditadores que vocês tanto falam.

— Os ditadores foram destruídos há mais de seis meses e Culumon é o deus daquele mundo. Não acho que exista algo ou alguém que possa controlá-lo.

— Se formos analisar por esse lado, - interfere Verônica, atraindo as atenções para si - Culumon foi refém dos ditadores durante um bom tempo e estava bem debilitado.

— Pessoal, e Etemon? – Questiona Bárbara. - Onde entra nessa história?

— Etemon e aquele digimon que vive na sombra dele, Evilmon.

— Isso mesmo, Fafá!

— Acho que ele não tem nada a ver com isso. – Pontua Carlos enquanto limpava seus óculos na barra da camiseta que vestia. - É só um digimon louco.

— Vadermon! – Exclama a digimon semelhante a um cachorrinho de pelúcia. - Ele também disse que seguia ordens de Culumon.

— Bem lembrado, Plotmon. Ele estava lá por que alguém sabia que iríamos atrás das Cartas Acessórias. Mas, pelo visto, ele não impediu a entrada de Blaze e de seus amigos.

— A não ser que eles tenham entrado como nós saímos. – Diz a digimon abelha.

— Com ajuda de Angler? – Indaga Carlos esperando-a concordar com um leve aceno de cabeça. - Não mesmo!

— Minha cabeça dói só de pensar em tudo isso. – Diz João, angustiado. - A gente procura soluções e mais dúvidas aparecem. Quem criou essas cartas? Culumon está, ou não, fazendo jogo duplo? O que pretende com isso? Por que Vadermon nos atacou?

Flávia acrescenta rapidamente.

— E por que Mugendramon não nos atacou?

— Por um momento, - confessa Murilo - pensei em voltar para ajuda-los.

— Ajudar Blaze e sua patota? – Indaga o líder, incrédulo. - O cara que quer nos destruir?

— Não é por que ele é assim que iremos ser iguais. – Diz a garota loira de voz rouca saindo em defesa do colega.

— E o meu irmão? – Brada a garota cega, já com a voz embargada. - Eu tenho que acha-lo! Minha mãe está desesperada. Ele nunca passou tantos dias fora de casa. Ela acha que ele fugiu de casa. Tento demonstrar tranquilidade em sua presença, só que por dentro eu to mais desesperada do que ela.

— Você tem certeza de que ele ta no Mundo Digital?

— Absoluta, Murilo. Fomos sugados juntos.

— Nós fizemos buscas por boa parte daquela região. – Diz Carlos, agora com a voz comedida. Era visível sua preocupação em escolher as palavras mais adequadas. - Não é possível que ele tenha ido muito longe. Ainda mais em um lugar repleto de digimons selvagens. É pouco provável que um humano simples sobreviva no Mundo Digital por tanto tempo.

— EU TENHO QUE ACHÁ-LO COM VIDA!

 

— Por favor, Blaze, me leva pra casa!

Bento estava na casa de Blaze, mais precisamente em seu quarto.

— Mami deve estar preocupada comigo e com Bárbara. Você prometeu acha-la e não fez nada, até agora.

Sujo, bastante ferido e muito fragilizado, Bento começa a chorar. Blaze estava bastante machucado por conta da batalha no Continente Perdido. Guilmon dormia no chão ao lado da cama.

— Eu não acredito que ele morreu... – Balbucia o garoto de cabelos castanhos e cacheados. - Se acontecer o mesmo a minha irmã naquele lugar eu me mato.

— Agora você compreende por que insisti que você ficasse escondido na superfície e não fosse conosco? Tudo é muito perigoso! Ainda mais pra você que é um humano simples.

— Pensei que nenhum humano pudesse morrer. Aquilo não é um mundo digital? Um mundo virtual?

— É. Só que lá não é um jogo em que podemos voltar e fazer tudo novamente quando bem entendermos.

Bento continua a chorar e Blaze o conforta abraçando-o.

— Blaze, ta tudo bem ai dentro? – Questiona uma voz feminina vinda de fora do quarto com pouca luz. - Tem mais alguém contigo, filho?

— Para de encher o saco, mulher! – Esbraveja o garoto branco e corpulento.

— Não fale assim com ela! – repreende o irmão de Bárbara. - Ela é sua mãe! Por alguns instantes eu, sinceramente, achei que o Blaze que conheci na internet tinha voltado. Pelo visto, me enganei profundamente.

— Desculpa, guri. Você não sabe o quanto foi bom te conhecer pessoalmente. Mesmo que nessas circunstâncias.

Blaze segura Bento pelo rosto e aproxima o seu rosto do rosto do garoto, que fecha os olhos suavemente.

 

Os demais domadores haviam acabado de ir embora da casa do líder dos domadores. Ainda era possível ouvir as risadas e conversas entre Murilo, Bárbara e Carlos do lado de fora do quarto. Flávia aguardava na porta, abraçada a Lunamon, enquanto Verônica pegava sua bolsa, que estava sobre a cama e caminhava em direção à saída quando João a segura por um dos braços, assustando-a.

— Precisamos conversar.

 A domadora de Plotmon fita João, estática, por alguns segundos. Flávia continuava parada, olhando o casal de amigos, até que tem uma leve impressão de estar atrapalhando.

— É... – gagueja a garota de voz rouca. - Acho melhor ir andando. Quer um bonde amiga?

— Não precisa se preocupar não, Fafá. Eu me viro.

— Eu a levo em casa, pode ficar tranquila.

Flávia fecha a porta, antes de sair.

— Resolveu ouvir o conselho de alguém?

— Do que você ta falando? Do e-mail de Antônio?

Flávia grita atrás da porta.

— É claro que é do e-mail!

— Tchau, Flávia. – Brada João, expulsando-a.

— Tchau, chato!

João e Verônica permanecem em silêncio até que ouvem os passos de Flávia pela escada e a voz dela cumprimentando os pais dele.

— Tem raiva de mim? – Questiona ele.

— Raiva é uma palavra muito pesada. Eu só quero entender o que se passa na sua cabeça.

— Acho que o encanto do nosso namoro acabou.

— Desgastou! – Atalha.

— Que seja.

— Vamos dar um tempo?

— Precisamos. E a amizade?

— Continuará como era antes de namorarmos.

Um breve silêncio se apodera do quarto.

Betamon e Plotmon os olhavam com os olhos saltados. Há dias seus domadores se estranhavam, mas não conseguiam acreditar que tudo se resolveria daquela maneira.

— Vou te levar em casa. - Diz o garoto sem ter certeza do que estava falando.

— Não precisa. Eu sempre me virei bem sozinha. Plotmon.

— Mas Verônica...

— Não se intrometa, Plotmon! Venha logo aqui.

Visivelmente triste, Plotmon salta para os braços de Verônica, que simplesmente dá meia-volta e sai caminhando.

— João, vá atrás dela.

— Não, Beta! Melhor assim. Precisamos de um tempo!

 

Algumas horas haviam se passado.

João caminhava com Betamon próximo a Arena Quadrática.

— Foi aqui que o pesadelo começou! – Diz o garoto olhando a suntuosa construção.

— Eu me lembro perfeitamente. Nós iríamos lutar contra Alex e Leomon, no torneio.

— O que será que está acontecendo? Por que Culumon não nos diz nada de interessante?

— Eu queria poder evoluir para Seadramon, Megaseadramon e Metalseadramon.

— Fique tranquilo, meu amigo, que logo, logo conquistaremos suas evoluções.

Domador e digimon seguem caminhando em direção ao portão principal da Arena Quadrática, e entram no local.

Ao chegarem ao tablado onde ocorreram algumas batalhas, João e seu digimon réptil, percebem que havia um garoto sentado na extremidade oposta do tablado. O domador e seu digimon nada dizem e seguem se aproximando, até que um pequeno tiranossauro vermelho surge com um grande salto sobre o tablado, ao lado do garoto. Seus olhos estavam amarelos de raiva.

— Guilmon?

— Gostou da surpresa, João? – Diz o garoto após se levantar e revelar sua identidade. Possuía diversas escoriações pelos braços, canelas e rosto.

— Nada que vem de você me surpreende mais. Cadê seus capachos? Não vieram?

— Eles estão esgotados. Lutamos pra valer ontem. Ah, me esqueci por alguns instante que você e seus amiguinhos fugiram como covardes da pior espécie.

— Eu tinha um fio de esperança de que ele fosse resolver o teu problema. Não faz mal, haverá outra oportunidade de ir ao Continente Perdido, e ele estará te esperando.

Blaze ri com a indagação de João.

— Aquele digimon foi destruído! – Brada o garoto cheio de si.

João e Betamon não acreditam no que ouve.

— Isso mesmo que você acabou de ouvir, João. Sua única esperança de nos destruir foi jogada fora.

— Não pode ser verdade! Como que vocês conseguiram. Antes de sair eu vi o Mugendramon atacar o seu digimon. Ele caiu ferido. Todos haviam perdido. Você estava desesperado!

— Fiz uma descoberta, João. Tenho certeza que a notícia não será tão boa pra você quanto foi pra mim.

— O que foi que você descobriu?

— Antes de lhe mostrar, quero te contar tudo o que aconteceu. Mugendramon estava atacando nossos digimons e derrotando um por um sem muita dificuldade, afinal ele é um Extremo. Estávamos em oito domadores, tínhamos sete digimons lutando, e mesmo assim não éramos fortes o suficiente. Mugendramon parecia uma máquina de matar. Ele se fixou em nós de tal maneira que tentávamos fugir e não conseguíamos. Aos poucos os digimons foram perdendo e nossas esperanças foram se esgotando. Um por um os digimons iam caindo, não tínhamos mais forças para resistir, eu e Megalogrowmon estávamos fracos. Até que algo nos surpreendeu.

 

Alex, Fernanda, Júnior, Lucas, Caio, Leon estavam próximos dos seus digimons, que estavam bastante feridos. Blaze e Megalogrowmon resistiam.

— Blaze, você tem que tirar a gente dessa enrascada! - Kau estava próximo dele e com Minomon nos braços.

— AGORA! – Berra Blaze, completamente transtornado.

O tiranossauro cyborg reúne o pouco da energia que restava em seu “Canhão Atômico” e dispara contra Mugendramon, que desaparece como um espectro e torna a aparecer no mesmo lugar.

Dos grande canhões alojados sob seus ombros, um grande clarão de energia surge, ofuscando a visão dos domadores. Megalogrowmon tenta se proteger cruzando os braços a frente do corpo. Cada um dos domadores se agarram ao seu parceiro digimon, numa irracional tentativa de se proteger e protege-los. Blaze permanecia de pé, logo atrás do seu digimon.

Um grito arrepiante é escutado por todos.

O digimon Extremo havia atingido o chão a poucos metros do garoto de pele morena e olhos verdes, e seu digimon dragão. Todos olhavam estupefatos para o que acabara de acontecer.

— CAIO! – O grito de Júnior ecoa por todo o Continente Perdido.

Os bits que formavam o corpo de Monodramon já haviam se desprendido pelo céu enquanto o corpo de Caio descrevia uma parábola no ar, antes de tocar o chão sem vida.

Os calouros não se conformam com a trágica cena que acabaram de presenciar. Um nó trava a garganta do Júnior, que não conseguia expressar o que está sentindo. Kau corre até o corpo do amigo. Fernanda, Lucas, Leon e seus digimons choravam completamente inertes. Alex e Leomon observavam sem demonstrar nenhum tipo de sentimento. A mente de Blaze, que permanecia de pé, faz uma retrospectiva se recordando da morte de Levi e Renamon.

Megalogrowmon perdia bits por várias partes do corpo e suas lâminas, presas ao antebraço, haviam se partido assim como seu colete de metal. O digimon Perfeito, que até então resistia, vai ao chão e regride.

O garoto alto e de olhos verdes corre até seu digimon e se lança ao chão, abraçando-o. Os domadores ficam temerosos pelo fim que todos levariam. Não havia nenhuma possibilidade de fuga. Não havia ninguém para ajudá-los. Blaze olha para Mugendramon e em sua mente vem à imagem dos seis Domadores Beta e seus digimon na fase Extrema. Todos sorriam e demonstravam confiança, porém o sorriso de João o tirava completamente do sério.

Mesmo ferido, Blaze se põe de pé e afronta Mugendramon de punhos cerrados.

— O que você vai fazer, Blaze?

— Eu não posso morrer sem tentar! Prefiro a morte a ter que viver como um domador medíocre e que nunca foi capaz de alcançar seus objetivos.

Guilmon também se põe de pé com muita dificuldade.

— Blaze, - diz o pequeno tiranossauro vermelho - eu te perdi uma vez e não quero te perder de novo.

— Nós estamos juntos, Guilmon.

Aos poucos o digimon Extremo seguia acumulando energia em seus canhões, para desespero geral.

— Canhão Infinito. – Brada o digimon robô de voz mecânica.

Uma grande avalanche de energia avançava de encontro aos domadores.

— BLAZE! – Berra Fernanda, agarrada a sua digimon e ao seu digivice.

Blaze e Guilmon continuam um ao lado do outro mesmo com a aproximação da técnica.

 

— Eu senti o que é, realmente, ser importante nesse exato momento.

João relutava em aceitar. Não podia ser verdade.

— Quer dizer que Guilmon...

— Exato! – Diz o digimon interferindo na resposta do seu domador. - Eu e Blaze somos um só desde aquela batalha.

 

Continua...


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