Digimon Beta - E as Cartas Acessórias escrita por Murilo Pitombo


Capítulo 38
Fuga Inesperada




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João e seus companheiros estavam em sérios apuros. Após descobrirem que os calouros haviam se unido a Blaze, Fernanda e Alex com o propósito de destruí-los, ver Lunamon momentaneamente fora de combate, e as Cartas Acessórias saírem em disparada para fora do mausoléu e se espalharem por todo o Mundo Digital, são surpreendidos com a notícia de o digivice de Davi fora destruído. Não podiam contar com o apoio de um digimon Extremo.

Possuindo como último recurso duas das vinte cartas que restaram, Carlos e João resolvem testar seus poderes. Os amigos passam as cartas pelos leitores dos seus digivices, fazendo os aparelhos brilhar intensamente.

Nas costas de Meramon surgem asas semelhante a asas de morcego, porém feitas de fogo assim como o digimon. Assim que se completou a transformação, o digimon de Carlos abre seus novos membros, exaltando sua enorme envergadura.

— Olha, Carlos! Agora eu tenho asas!

Shurimon, o samurai que possui estrelas ninja no lugar dos pés e das mãos, emite um forte brilho, porém nada acontece.

— Shurimon, - inicia o garoto de barba –sente algo de diferente?

— Por enquanto nada!

— Pelo visto a carta escolhida pelo João não surtiu efeito. – Brada Alex sorrindo.

— E também, - prossegue Fernanda – não será um mero par de asas que salvará vocês!

 

No grande salão oval inteiramente forrado por paralelepípedos, o ser que parecia controlar todo o local acabara de receber informações de um digimon tatu de casco dourado que estava em reverência no mesmo local onde estivera Orgemon antes de ser destruído. Revoltado com o que acabara de ouvir, o ser misterioso dispara uma enorme bola de fogo contra o pequeno digimon que lhe demonstrava lealdade.

— Como assim? Quer dizer que os Domadores Beta estão em desvantagem?

— Exatamente isso, senhor! O trio de domadores mais experientes se uniu aos novatos e se tornaram um grupo muito forte!

Um grande silêncio se faz até que o pequeno digimon escondido atrás do encosto da cadeira toma a seguinte decisão:

— Ordeno que mande um Extremo atacar os inimigos do grupo de João.

O digimon se espanta com a decisão tomada pelo seu líder, assim como os dois reféns presos à parede na região escura do salão oval em frente a cadeira acolchoada. Um deles começa a se agitar, tentando falar algo, mas sua boca estava amordaçada.

— Querem impedi-los de acharem as cartas. – Prossegue. - Eu preciso delas. Do maior número delas!

— Meu senhor, um digimon no nível Extremo é muito poderoso! O senhor ainda está fraco. Não terá forças para conter uma possível desobediência por parte dele.

— Guarde suas opiniões pra você, Armadimon! Sabe que minha fraqueza é momentânea. E se quiser continuar vivo, e ter poder, continue leal e faça tudo o que eu ordenar sem questionar.

— Desculpe, meu senhor. Nunca mais lhe afrontarei!

— Chega dessa ladainha e faça o que lhe ordenei, agora!

Armadimon sai às pressas do grande salão oval e deixa seu mestre a sós com os dois reféns que, apesar de estarem fracos, tinham perfeita consciência do que acontecia. Depois de muito tentar, o refém que se agitava consegue se livrar da amordaça.

— Seus dias estão contados! Como ousa colocar os domadores como adversários?

— Só aproveitei a situação. Nunca ouviu falar que a ocasião faz o ladrão? Humano imundo que não conhece os próprios dizeres criados pela sua raça. Preciso das tais cartas que o grupo do João irá recolher e os ajudarei da maneira que for necessária.

— O grupo de Blaze e Alex vai destruir os digivices deles antes que possam achar todas as cartas. Você não vai se apropriar de nenhuma delas!

— CALE ESSA BOCA! – Esbraveja o ser completamente irritado. - ESCRAVOS!

Um grupo formado por cinco Gazimons se aproximam.

— Joguem esses dois no cofre ao lado do cofre do outro refém. – Prossegue. - Já consegui o que queria com eles! Prenda-os lá que depois, quando tiver tempo, me livrarei deles.

Os servos fazem o que lhes foi ordenado e, ao desprender os reféns das amarras de ferro que os atavam a parede, o ser de silhueta humanoide que havia se livrado da amordaça continua a falar.

— Eu me libertarei e avisarei aos domadores tudo o que está acontecendo.

— TIREM-NO DAQUI DEPRESSA!

 

Os grupos de domadores seguiam se encarando por alguns minutos até que Blaze resolve se manifestar.

— Vamos tirar o sorriso do rosto desse idiota.

Antes que o garoto pudesse chamar seu digimon, Leon estende o braço, impedindo-o.

— Déjame. Exveemon es capaz de resolver este.

Meramon bate suas asas duas vezes seguidas antes de se libertar do chão e voar de encontro ao dragão humanoide de cor azul e asas brancas.

— Corte Duplo.

A técnica oriunda do seu peito atinge o Meramon, que tenta resistir ao impacto só que é lançado contra uma parede.

— Ajude-o, Shurimon!

Ao ouvir a ordem dada pelo seu domador e começar a girar a enorme shuriken presa as suas costas para poder voar, Monodramon, Leppamon, Lalamon e Grappleomon se preparam para atacar.

Yashamon, Ranamon e Digmon se aproximam do digimon ninja.

Instantaneamente, casulos de luz envolvem os dois digimons do nível Novato, que evoluem para suas formas Adultas, tonando-se Allomon e Sunflowmon.

Leppamon, o digimon raposa, tenta atingir Shurimon com sua calda em forma de lâmina, mas o digimon ninja desvia com um salto e é surpreendido pelo Allomon, que corre na sua direção com uma “Cabeçada Dinamite”. Surpreendentemente, Allomon não consegue atingir o oponente, atravessando seu corpo sem ao menos tocá-lo, como se o guerreiro das lâminas fosse um fantasma. Shurimon usa seus braços, espiralados como molas, e os prendem nas pernas do tiranossauro de couro azulado, fazendo-o cair. O digimon leão Perfeito corria na direção do digimon elemental capaz de controlar o metal quando é surpreendido por três torpedos em forma de brocas de furadeira, que explodem em seu peito.

Ranamon recebe o golpe “Calda de Cactus”, da digimon vegetal que tem a cabeça em forma de girassol, e se esbarra contra a parede. Rapidamente a digimon de Verônica contra-ataca com um “Míssil de Água”, atingindo sua oponente. Sunflowmon não se deixa abater pela investida e passa a fazer uma afronta corpo-a-corpo, tentando atingi-la com patadas, coices e golpes de calda. A pequena guerreira das águas conseguia se esquivas de maneira habilidosa, mesmo estando visivelmente cansada.

O espaço dentro do mausoléu se tornara pequeno diante de tantas batalhas.

— A gente tem que dar um jeito de sair daqui o quanto antes. – Diz Flávia aos demais. - Esse lugar não vai aguentar por muito tempo.

Pedaços de ladrilhos caem do teto devido as constantes explosões, aterrorizando ainda mais o grupo liderado pelo João. Seus adversários pareciam não perceber o risco que corriam.

— Não ordenarão que seus digimons ataquem? – Indaga Alex a Blaze e Fernanda.

— Calma, guri. – Diz Blaze, sorrindo. - Deixe que nossos mais novos companheiros de jornada demonstrem suas habilidades. E também, esse mausoléu não tem altura suficiente para a Valvemon e o Megalogrowmon.

Meramon golpeia Exveemon com socos e chutes, e rapidamente o segura pela perna esquerda e o gira no ar, arremessando-o em direção ao teto. O digimon de Leon não consegue controlar a inércia do lançamento e se choca contra o teto.

A estrutura, já danificada pela ação do tempo e potencializada pelos recentes impactos e explosões, não resiste e começa a desmoronar. João, Verônica, Carlos, Bárbara, Murilo, Davi, Palmon e Flávia, que carregava Lunamon desacordada em seus braços, estavam distantes da porta e não conseguiriam sair a tempo. Os digimons do grupo rival, ao verem que seus domadores corriam para fora da construção e eram protegidos pelas enormes mãos da digimon robô, rapidamente cessam a batalha e avançam para fora da construção através de vidraças e aberturas no teto já em desmoronamento. Os cinco digimons elementais que batalhavam se aproximam dos seus domadores, protegendo-os com seus corpos. Shurimon é o último a se aproximar e alongar seus braços finos e espiralados ao redor do enorme amontoado formado pelos digimons numa tentativa de salvar os seus domadores.

Blaze e os demais seguiam presos dentro da proteção formada pela Valvemon com uma das mãos, quando ouvem um enorme estrondo.

Alguns segundos se passam de completo silêncio. O garoto de cabelo verde e que possui um dos braços inteiramente tatuado, seguia confortando a pequena lagarta verde que estava em seus braços.

— Fernanda, peça para a sua digimon que nos deixe sair! – Pede o garoto de corpo musculoso, pele morena e olhos verdes. – Quero notícias do Allomon.

— Todos os nossos aliados estão bem. – Responde a enorme digimon, nível Perfeito da Solarmon. – Porém, para a segurança de vocês, é melhor que fiquem debaixo das minhas garras. A poeira da explosão está muito densa, mas segue se dissipando em grande velocidade.

— O que aconteceu com os outros domadores? – Indaga Júnior, preocupado.

— Estão soterrados!

Blaze começa a rir descontroladamente após ouvir as palavras dita pela Valvemon.

Alex esboça um leve sorriso.

— O que? – Indaga o garoto de cabelo verde, perplexo. – Você tem que ir ajuda-los.

— Creio que não há nada a ser feito.

— Eu quero sair daqui, Valvemon! Me deixe sair! – Esbraveja o garoto alto e magro.

— Pra que esse nervosismo? – Pergunta Alex fingindo não entender o desespero do garoto.

— Não o ouviu, Valvemon? – Diz Fernanda visivelmente perplexa. - Deixe-nos sair!

Lentamente a digimon robô ergue suas garras do chão, já que havia enterrado alguns centímetros delas no solo como forma de proteger os humanos. O cenário da destruição estava completamente instaurado a alguns metros do grupo. Os seus digimons estavam logo atrás do gigantesco tiranossauro vermelho cyborg e da digimon de Fernanda. No local que antes existia a antiquíssima construção, agora havia apenas um amontoado de pedras, vergalhões retorcidos e restos do que era o mausoléu do Continente Perdido.

Júnior, Caio, Kau, Leon e Lucas se movimentam para ajudar na busca pelos domadores que estavam soterrados atirando-se em meio aos escombros junto com seus digimons.

— Por que ordenou sua digimon a nos liberar?

— Não enche, Blaze. A situação é grave.

— O que vocês querem fazer? – Pergunta Alex, incrédulo.

— Não recebemos ordem para acabar com a vida de ninguém! - Grita o líder dos calouros, que acompanhado de Caio, se esforçava para erguer um grande e pesado entulho. - Até por que se a sua intenção for essa, eu to fora!

Sunflowmon e Allomon pegavam grandes pedaços de parede e os jogavam longe. Leppamon cavava com suas patas dianteiras, semelhante a um cachorro.

— Eu não acredito que estou ouvindo isso.

 Júnior para de remexer nos escombros e caminha nervoso na direção de Blaze.

— Eu é que não acredito no que estou ouvindo. Eu que pensei que estivessem seguindo ordens do Culumon.

— Júnior, pessoal, olhem isso!

Caio consegue atrair a atenção de todos para a grande montanha de entulho no exato momento em que o grupo de João saía debaixo dos escombros, caminhando, sem nenhuma dificuldade. Todos andavam como se fossem fantasmas. Seus pés tocavam o chão e seus corpos atravessavam os entulhos. Seus digimons haviam retornado a fase Novato e estavam feridos, com exceção de Shurimon que seguia voando em pé, rente ao chão. O garoto de barba cerrada segurava um pouco acima da lâmina esquerda de Shurimon. Flávia seguia com Lunamon nos braços e segurava o João pelo ombro e assim, mantendo um contato físico, todos os domadores deixavam o local do desmoronamento sem nenhuma escoriação.

Blaze não acreditava, assim como os demais, como aquilo era possível.

João sorri e mostra-lhe a carta.

— Está escrito aqui: Acessório de Intangibilidade. Shurimon não pode ser tocado por nada enquanto estiver sobre efeito dessa carta. Tudo o que ele toca também se torna intangível.

Júnior observava os garotos com certo alívio. Com certeza não se perdoaria se algo de mais grave tivesse acontecido com eles. Após respirar fundo, o garoto diz:

— Olha, João. Não vejo necessidade de batalharmos dessa maneira. Me entreguem seus digivices, só estamos seguindo ordens do...

— Ordens do Culumon? – Interrompe, Carlos, completando sua fala. - Francamente.

Lentamente Grappleomon e Megalogrowmon cercam o grupo.

— Culumon nos mandou procurar por essas cartas. - Carlos para, confuso, por alguns momentos. - Será possível que o Culumon esteja fazendo jogo duplo? A troco de que faria isso?

Um grande tremor acontece, assustando a todos. Bárbara se segura com força no braço direito do Murilo. João olha para todos os lados a espera de alguma surpresa desagradável.

Blaze, Alex e Júnior também fazem o mesmo que João.

— O que é isso? – Pergunta Bárbara desesperada.

Os tremores voltam a acontecer de forma sequenciada e num espaço de tempo idêntico. O barulho de árvores caindo e se quebrando evidenciava a aproximação de um digimon muito grande.

Um robô de grandes dimensões, com dois canhões alojados próximo aos ombros, um braço em forma de pinça e vários fios e tubos interligando as partes do seu corpo, surge pelo lado direito do amontoado de entulho.

— Que monstro é esse? – Pergunta Lucas, assustado.

O digimon máquina olha para o grupo do João. Sua visão é em escala de cinza. Um círculo vermelho percorria seu campo de vista, como um alvo, e, a cada rosto focalizado e identificado com nome, idade e qual digimon domava, o nome PROTEGER surgia. O digimon move a cabeça na direção do Blaze, que estava acompanhado pelo Alex, a Fernanda e o Junior. O círculo vermelho focalizava os rostos, identificava-os assim como os demais e o nome DESTRUIR surgia.

Fernanda rapidamente saca seu digivice e, assim como todos os domadores presentes, rastreia informações do digimon.

 

Mugendramon, um digimon no nível Extremo. Esse digimon é uma máquina da destruição em massa desprovida de sentimentos. Sua mais poderosa técnica é o “Canhão Infinito”, que tem o poder próximo ao da bomba atômica.

 

— Ele é um Extremo! – Diz João aos sussurros, temendo despertar a ira do digimon.

Carlos e Murilo confirmam a notícia dada pelo garoto de barba cerrada.

O enorme tiranossauro inteiramente mecanizado seguia rastreando um por um dos aliados do Blaze, e classificava-os como DESTRUIR.

Após completar o rastreamento de todos os humanos, Mugendramon fica estático, sem fazer nenhum movimento. Um grande silêncio se apodera da situação. Ninguém, entre humanos e digimons, fazia ou falava absolutamente nada. Instantes depois, o digimon move a cabeça de modo mecânico. Um ruído característico é emitido pelo movimento. Repentinamente seu braço em forma de pinça avança na direção de Blaze e dos demais humanos como uma lança.

Megalogrowmon rapidamente voa na direção do seu domador e barra o ataque, segurando a garra de ferro com ambas as mãos.

Os humanos se afastam às pressas.

— Canhão Atômico.

— Destruidor Extremo.

— Perna Ciclone.

As técnicas dos Perfeitos atingem Mugendramon gerando uma grande explosão.

Caio, Kau, Lucas e Leon correm até os amigos. Seus digimon também se aproximam.

— É a nossa chance. – Diz João aos demais. - Vamos sair daqui.

— Não vamos ajudá-los? – Indaga a garota loira de voz rouca.

— Se quiser morrer, Flávia, esteja à vontade.

O digimon Extremo dispara dois raios dos seus canhões, atingindo o Megalogrowmon e a Valvemon, para desespero dos seus domadores. João, Verônica, Carlos, Davi, Murilo, Bárbara e Flávia seguem correndo na direção oposta à batalha, que tomava grandes proporções. Mugendramon não se importava com a fuga do grupo do e isso causava certa intriga no Kau, que observava tudo próximo dos seus amigos com o Minomon nos braços. Leppamon tenta atacar com o seu “Redemoinho de Lâminas”. Mugendramon o prende com seu braço em forma de pinça. Allomon investe na direção do inimigo com uma cabeçada quando é atingido por Leppamon, que fora lançado de encontro a si. Grappleomon corre a toda velocidade na direção do enorme robô e salta na direção do seu joelho, seguido de outro impulso, se lança para o ombro e de lá o ataca com seu “Soco Ciclone”. Mugendramon libera um raio laser pelos olhos, atingindo o leão humanoide em cheio e levando-o a regredir.

João e os demais observavam a batalha a uma certa distância. O desespero dos digimons em proteger seus domadores era visível e isso comovia alguns dos domadores aliados ao João.

— Eu preciso voltar! – Diz Murilo, decidido.

— Vou contigo! – Manifesta-se Flávia. - Não posso ver isso.

— Nem pensar! – Diz João de maneira firme. - Vamos continuar aqui.

— Nos ouçam. Temos experiência com digimons desse nível. Não temos chance alguma. E, além do mais, nossos parceiros estão esgotados.

— Temos que voltar para superfície o quanto antes.

— Não dá, Bárbara. Nós estamos do lado oposto ao túnel por onde entramos. Se quisermos sair daqui, vamos ter que passar pelo local de batalha.

Um forte apito soa a alguns metros de onde estavam.

— Um trem? – Pontua Bárbara, incrédula.

 

Mugendramon seguia irredutível. Leppamon, Allomon e Exveemon já haviam regredido e estavam inconscientes. Megalogrowmon, Valvemon, Leomon e Sunflowmon continuavam as investidas, sem sucesso.

Blaze estava de pulsos cerrados, assim como o Alex.

Sunflowmon recebe um chute do digimon máquina e cai de encontro ao chão, sendo arrastada por alguns metros até regredir aos pés do Lucas.

— Lalamon! – Exclama o garoto de óculos pegando-a em seus braços.

— Blaze, o que vamos fazer? – Pergunta o garoto alto e magro com certo desespero na voz.

— Vamos bater em retirada. – Prossegue Lucas. – Não vamos resistir por muito tempo.

— EU NÃO FUGIREI FEITO UM COVARDE! – Berra Blaze num misto de desespero e ódio.

 

O apito ficava mais alto à medida que os domadores se aproximavam da pequena estação construída nos moldes antigos e próxima ao mar subterrâneo. Um trem estava parado. Este, possuía a locomotiva azul com detalhes em laranja e uma antena que estava envergada à sua frente, com uma lâmpada na extremidade, e mais três vagões, sendo os dois primeiros destinados aos passageiros e o último ao transporte de cargas. O veículo continuava a apitar. Chegando à plataforma de embarque, os humanos observam e digimons que as portas dos vagões estavam fechadas.

— Teremos que arrombar. – Propõe João.

— Acho que um bilhete resolveria o seu problema!

O garoto de barba cerrada se assusta com a voz rouca que interferiu. Os demais humanos e digimons procuravam, ao redor, o possível digimon que havia dito aquilo.

— Quem está falando?

— Sou eu! Angler.

— Você é um Trailmon? – Pergunta o hamster laranja de orelhas semelhantes a asas de morcego voando até a parte dianteira do trem, sendo seguido pelos demais.

— Exatamente!

Os humanos se dão conta de que aquela enorme locomotiva tratava-se de um simpático digimon máquina, possivelmente integrante do grupo dos transportadores. Seu único e enorme olho, localizado na parte frontal, logo abaixo da antena que funcionava como farol, lacrimejava excessivamente.

— Engraçado... Eu nunca vi outro Trailmon da sua espécie.

— Quer dizer que eu sou o único? Pra falar a verdade raramente saio daqui. Passo os dias apitando, só pra não perder o costume.

— O que aconteceu com seu olho? Por que você está chorando?

— Alguma coisa caiu nele e eu não to conseguindo me livrar.

Patamon voa próximo ao olho do Angler, sendo seguido pela digimon abelha, até que percebe a causa do terrível incômodo:

— Murilo, uma carta! Tem uma carta no olho do Trailmon Angler.

— Uma não, duas! – Corrige Fanbeemon.

Os domadores acham engraçado o fato das cartas terem atingido o único olho do Trailmon solitário. Patamon e Fanbeemon, após alguns minutos de choros e apitos esganiçados do Angler, conseguem retirar as cartas. Aos poucos o Trailmon Angler volta a enxergar com clareza e percebe que além de digimons, existiam os famosos humanos ao redor dele.

Patamon entrega as duas cartas ao seu domador.

Todos se assustam com outra grande explosão.

— O que são essas explosões? – Pergunta Angler.

— Mugendramon está lutando contra alguns digimons e humanos e ele quer nos destruir também. Precisamos voltar à superfície.

— Eu costumo exigir bilhetes. Mas como vocês me ajudaram, irei ajuda-los em retribuição.

Os domadores e digimons comemoram.

— E que fique bem claro: Somente dessa vez!

Angler abre as portas do primeiro vagão e todos embarcam, sentando nas poltronas próximas as janelas. Murilo analisa as cartas encontradas que estavam presas ao olho de Angler. A primeira possuía três imagens iguais, silhuetas humanoides, sendo a imagem do meio mais nítida. Já a segunda possuía a imagem de um grande martelo de aço.

Trailmon fecha as portas e três longos apitos soam. A medida que se deslocava, trilhos se materializavam a sua frente e desapareciam logo atrás, sempre mantendo uma distância de três metros, tanto pra frente quanto pra trás. Enquanto o trilho se formava a sua frente e desaparecia atrás, Angler adquiria velocidade. O digimon trem faz um contorno na frente da estação e segue apitando. Sua velocidade seguia aumentando. Outra explosão é escutada. Os trilhos de Angler se formam em direção ao mar e ele passa a andar sobre as águas, indo em direção à parede côncava que delimitava o “Continente Perdido”. O trilho novamente faz uma curva e Angler torna a se movimentar em direção ao continente. Sua velocidade estava impressionante. Os trilhos seguiam se formando e desaparecendo mais rapidamente. Ao chegar próximo à estação, os trilhos ganham angulação, projetando-se no ar. Angler continuava a toda velocidade e cada vez mais ganhava altura, saindo da terra firme. Dez, vinte, trinta metros de altura. Os domadores e digimons se prendiam as poltronas com os cintos de segurança. Uma mistura de medo e curiosidade os dominavam. Outra explosão é escutada, agora bem mais forte. João olha pela janela e vê, lá embaixo, que o Mugendramon havia derrotado quase todos os digimons. Megalogrowmon perdia bits por várias partes do corpo e suas lâminas, presas ao antebraço haviam se partido e seu colete de metal possuía uma profunda rachado. Estava com graves escoriações. Escoriações essas que assustara o líder dos Domadores Beta.

 

Continua...


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