— Como? – Balbucia Verônica, perplexa. - Eu não posso lutar com Bruninho logo de cara.

Após o surgimento de mais quatro domadores, que até então ninguém sabia da existência, e de que eles estavam à procura de um quinto integrante, Culumon resolve adicionar o nome dos domadores calouros à urna e realizar o sorteio das primeiras batalhas do torneio.

Entre os veteranos, o clima era de tensão por parte da grande maioria. Algumas batalhas prometiam ser mais emocionantes do que outras.

Blaze gargalha ao saber quem será seu oponente.

— Ah, Guilmon... Você lutará contra Kokabuterimon.

— Enfrentarei João. – O garoto de olhos rasgados sorri maliciosamente. - Muito bom!

Kau e Caio se cumprimentam com aperto de mãos.

— Nós dois logo de cara! – Diz Kau manifestando surpresa e alegria.

— Bacana. Não irei dar moleza pra você.

— Eu e Alex; Antônio e Blaze... – Balbucia João, incrédulo.

O domador natural de João Pessoa se aproxima.

— É, meu amigo, não tivemos sorte. Já to vendo a confusão armada.

— Só sei que não vou perder para aquele pirralho.

— Ainda bem que lutarei com Guilherme. – Manifesta-se o domador de cabelos desgrenhados e óculos de grau de armação preta. - Ele é sossegado!

Guilherme e Floramon se aproximam de Carlos. Terriermon os acompanha e sobe até o ombro do seu domador.

— Espero que nossa batalha seja a melhor de todas! E nada de ressentimento, ok?

— Ouvir isso de você me deixa aliviado.

— E esses fogos que formam nomes? – Questiona a garota loira.

— Sério? – Prossegue Bárbara, curiosa – Eu adorava vê-los.

— Deve estar rolando alguma coisa boa lá dentro.

— Sem minha presença, Murilo, acho impossível!

Murilo e Bárbara riem da piada feita pela moça e logo depois ela passa a rir também.

— Você é demais, Flávia! – Diz o garoto.

— É bom rir de vez em quando.

— Não vejo a hora de voltar pra casa. – Manifesta-se a garota de cabelos negros e cacheados com pesar.

— Não vejo a hora de voltar a ensaiar... – Pontua o garoto olhando os nomes no céu se dissolverem. - To até sentindo falta do meu diretor pegando no meu pé.

— Você é ator?

— Sou.

— Legal. Eu sou cantora. Fiz um show, ontem, lá na quadra do meu colégio.

— Eu to ensaiando um espetáculo pra estrear ainda esse semestre.

— Quer dizer que eu to rodeada de celebridades? – Interfere a garota de olhos inquietos.

Um Patamon surge voando e pousa sobre a gaiola.

— O que vocês estão fazendo presos? – Questiona o digimon hamster.

— Advinha. – Responde o garoto com ironia.

— Posso ficar por aqui?

— Pode! Acho que pode...

Alguns domadores se mostravam animados com o sorteio, outros apreensivos pelo que viria a acontecer. Em meio aos burburinhos sobre algumas batalhas, Culumon pede atenção a todos.

— Sortearei qual dupla será a primeira a batalhar.

Ainda utilizando-se da urna de acrílico, o deus-digimon cria novas esferas, agora com o nome de cada uma das duplas. Em meio a agitação das bolinhas, Culumon consegue agarrar uma das esferas e retirá-la da urna.

— E a primeira luta será entre Cláudio e Caio.

Os amigos tomam um grande susto ao escutarem seus nomes.

— Já? – Questiona o garoto de malhado, de pele morena, cabelos curtos e olhos verdes.

— Vamos nessa, Caio! – Manifesta-se o domador de Wormmon, o garoto de braço inteiramente tatuado e cabelo verde espetado. - Ou vai amarelar pra mim?

— Eu? Amarelar pra você, Cláudio? Nunca! – Sorri.

— Larga de ser chato, moleque! Não me chama de Cláudio!

Os dois domadores que iniciariam a primeira rodada das batalhas se dirigem para lados opostos da quadra. Enquanto isso, os demais domadores seguiam até a arquibancada para acompanhar o combate.

— Tenho outra surpresa pra vocês! – Brada o deus-digimon levantando voo do centro do campo de batalhas.

Instantaneamente, o chão se abre exatamente no meio e o imenso tablado branco segue se recolhendo até próximo da pequena semicircunferência onde estavam os domadores e os digimons que iriam batalhar. Logo abaixo do tablado, outro piso se revelava. Após o piso superior se recolher completamente, o piso que estava mais abaixo começa a subir até ocupar o local onde estava o anterior.

Todos os domadores seguiam admirando as mudanças do campo de batalha.

— A cada batalha, - prossegue Culumon – o campo será modificado e representará uma das diversas regiões do Mundo Digital. E o primeiro local será a Planície Xadrez.

Por conta do clima pesado que pairava sobre o grupo dos domadores, os garotos e seus digimons acabaram se dividindo em três grupos. Em um dos lados da arquibancada encontravam-se Blaze, Guilmon, Alex, Leomon, Fernanda e Solarmon. Do lado oposto estavam João, Betamon, Verônica, Plotmon, Carlos, Terriermon, Antônio, Kokabuterimon, Guilherme, Floramon, Igor e Labramon. No meio dos dois grupos rivais estavam Will, Tentomon, Bruninho, Patamon, Pastreli, Dorumon, Victor, Agumon, Luiz Filipe e Gaomon.

Júnior, Kudamon, Lucas e Lalamon seguiam afastados dos demais.

— Eles se dividiram em três grupos! – Pontua o novato de cabeça raspada e óculos de grau.

— Pelo visto, Lucas, andaram se desentendendo. – Completa a digimon redonda que voa com pequenas folhas que giram como hélices de helicóptero.

— Espero que Kau e Caio saibam separar o pessoal da rivalidade do torneiro. – Manifesta-se o digimon furão sobre o ombro de Júnior.

— To muito nervoso por causa dessa batalha. Blaze virá com tudo.

— Relaxa, Antônio! – Manifesta-se o garoto de óculos de grau e olhos verdes. - Ele não pode exagerar durante a luta, se não será desclassificado.

— E você acha que ele está preocupado com classificação, Carlos? – Pergunta João.

A pequena lagarta verde e o dragão roxo com asas presas ao antebraço e poderosas garras caminham um de encontro ao outro no campo de batalha.

— Domadores prontos? – Questiona o deus-digimon.

— Sim! – Respondem os garotos em coro.

— Que comece a partida!

— Wormmon, avance! – Ordena Kau.

— Monodramon, acabe logo com isso! – Grita Caio do outro lado do campo de batalha.

A pequena lagarta verde seguia se rastejando, o mais rápido que podia, quando Monodramon seguia a passos largos já com um dos punhos cerrados e brilhando.

— Soco Vibrante.

O pequeno dragão de cor roxa acerta um soco em Wormmon, fazendo-o rolar, como uma bola de futebol, para fora do tablado. A plateia fica atônita ao ver a cena. O pequeno digimon rolava rumo a derrota, já que qualquer toque fora do tablado desclassificaria a dupla.

— Wormmon!

Ao ouvir o grito do seu domador, o digimon inseto, já fora do tablado e a poucos centímetros do chão, consegue se estabilizar e lançar uma teia, pela boca, na extremidade do tablado de onde havia caído, evitando de tocar o chão. Rapidamente, Wormmon consegue subir e se posicionar na frente do Monodramon.

Percebendo que sua primeira investida não surtira o efeito desejado, Monodramon novamente avança a toda velocidade no rival e, antes que pudesse desferir outro golpe, o digimon o Kau lança sua teia em um ponto fixo, na parte mais alta da cobertura da arquibancada, e sobe a toda velocidade por ela.

— Por que será que eles não evoluem? – Questiona o domador de barba cerrada.

— Vai ver eles querem treinar nesse nível. – Responde Carlos ao seu lado.

— Isso não vale, Cláudio!

— A regra é clara ao dizer que não pode tocar o chão, porém não diz nada sobre o espaço aéreo local. WORMMON!

A lagarta verde, que seguia presa a própria teia, se lança como um rolo compressor sobre o Monodramon. O pequeno dragão roxo não tem tempo de se defender e recebe um forte golpe na cabeça, ficando tonto.

Wormmon rapidamente se desfaz do formato redondo que adquirira e lança sua teia contra a cabeça do seu oponente, enfaixando-a por completo.

— Rápido, Wormmon! – Ordena o domador de cabelo verde e braço tatuado. – Finalize com o Rolamento Aleatório.

O digimon lagarta toma certa distância de Monodramon e, completamente enrolado em seu próprio corpo, avança no digimon dragão como um rolo compressor.

Faltando segundos para seu digimon ser atingido pelo ataque, Caio pensa numa solução.

— Monodramon, salte!

Sem questionar seu domador, e com a cabeça ainda envolta pela teia, o pequeno dragão roxo de poderosas garras salta, e se livra da técnica do digimon lagarta, que não consegue parar a tempo e rola, com uma velocidade ainda maior do que da primeira vez, para fora do tablado.

— Ganhamos! – Comemora Caio, radiante.

— Não cante vitória antes do tempo, amigo! – Diz Kau de forma irônica. - Wormmon, evolução!

Alguns segundos antes de tocar o gramado que circunda todo o campo de batalha, a pequena lagarta verde é envolta pelo casulo de luz e evolui para o digimon humanoide de enormes olhos enormes na cor laranja e asas de libélula.

Verônica rapidamente recolhe informações da forma Adulta do Wormmon.

Stingmon, um digimon no nível Adulto. Esse grande digimon inseto é um excelente lutador que possui garras de metal no lugar dos dedos. Sua técnica é a “Ferroada Final”.

Stingmon voa paralelamente ao chão, a poucos centímetros de tocá-lo, e levanta voo.

— Monodramon! – Esbraveja o garoto moreno de olhos verdes, desesperado. - Tire essa teia do rosto agora! Ele acabou de evoluir.

Monodramon se desespera com a notícia dada pelo seu domador. Usando suas garras, o pequeno digimon de cor roxa se debatia para se livrar da teia, enquanto Stingmon ganhava altura. O digimon Adulto une os pés e mergulha como um torpedo, na direção do oponente.

— Acho que esse digimon não terá salvação! – Pontua o domador de bochechas rosadas ao Victor, Agumon e Tentomon.

— Falando em Monodramon, - inicia o pequeno tiranossauro de pele amarela – por onde será que Mateus tem andado?

— Eu gostaria, e muito, de ter notícias dele e de Albert! – Responde seu domador, o garoto loiro de cabelo curto.

— Rápido, Monodramon! – Apressa Caio, nervoso.

O garoto engraçado, de pele morena, corpo malhado e olhos verdes não sabia qual atitude tomar. Seu pequeno dragão roxo estava com sérias dificuldades para se livrar do emaranhado de teia que lhe tapava todo o rosto.

Segundos antes do digimon humanoide com grandes garras de metal, enormes olhos de inseto e asas de libélula atingir o alvo, Monodramon consegue retirar a teia do seu rosto.

— EVOLUA! – Brada seu domador erguendo o digivice na sua direção.

O digimon dragão rapidamente é envolvido pelo casulo de luz, que segue brilhando e ganhando volume.

O potente chute do Stingmon acaba atravessando o casulo de luz e atingindo o tablado com forte impacto, destruindo o local. O digimon inseto humanoide, então, alça voo e apenas observa seu rival completar o ciclo evolutivo.

Finalmente o casulo se desfaz, revelando a presença de um tiranossauro do mesmo tamanho que o os demais digimons tiranossauros. Sendo este de pele anil com listras laranjas e crina alaranjada com plumagens e acessórios indígenas.

— Vamos checar os dados desse digimon. – Pontua o domador de Leomon recolhendo as informações através do digivice.

Allomon, um digimon no nível Adulto. Esse tiranossauro de pele anil utiliza técnicas de fogo para atacar, além de possuir uma mordida muito poderosa. Sua técnica e a “Dino Explosão”.

Allomon urra como um predador antes de disparar uma poderosa rajada de fogo pela boca, forçando Stingmon a desviar. O enorme tiranossauro prosseguia com a investida, enquanto seu rival seguia desviando, demonstrando uma grande habilidade aérea.

— Stingmon é um digimon muito estiloso! – Manifesta-se o domador mais jovem dentre todos os presentes.

— Ah, xará, – inicia Bruno Pastreli sorrindo – larga de modéstia. Angemon, sim, é o digimon mais estiloso que existe!

— E eu, Pastreli? – Questiona seu pequeno dragão roxo de braços curtos e enorme calda.

— Raptordramon é o digimon dragão cyborg mais poderoso que existe, Dorumon!

O tiranossauro de pele anil e listras laranja seguia lançando jatos de fogo contra o Stingmon, que apenas se desvia.

— Stingmon! – Grita Kau. – Você precisa se aproximar!

— Não permita um contato corpo a corpo, Allomon. – Rebate Caio.

O digimon inseto de formato humanoide conseguia se aproximar do tiranossauro de Caio utilizando-se de agilidade aérea.

Allomon já demonstrava sinais de cansaço quando Stingmon finalmente consegue atingi-lo em um dos braços com uma joelhada, levando-o a cair. Com um rápido reflexo, o tiranossauro consegue golpeá-lo com um ataque de garras em uma das asas, fazendo seu rival também cair.

— Agora, Stingmon, lance-o para fora da Arena.

Stingmon acata a ordem dada pelo seu domador e caminha até o rival.

Allomon, aproveitando um descuido de Stingmon, usa sua cauda e acerta a perna do digimon inseto, derrubando-o mais uma vez. Rapidamente, o tiranossauro anil com listras laranjas pelo corpo fica de pé e imobiliza Stingmon pisando sobre seu peito.

— Dino Explosão.

O digimon lança uma rajada de fogo que queima o digimon inseto. Stingmon, mesmo ferido por conta das chamas, se livra do oponente e alça voo, esperando uma boa oportunidade para contra-atacar.

— Stingmon, agora é tudo ou nada! Mergulhe e o acerte com sua melhor técnica.

— Allomon, ao primeiro sinal de ataque, lance o seu melhor Dino Explosão.

Stingmon, depois de muito observar, faz surgir uma espécie de ferrão de luz vermelho sobre a parte superior das duas mãos.

— Ferroada Final. – Brada o digimon evoluído a partir de Wormmon, posicionando os punhos lado a lado antes de mergulhar com os braços esticados na direção do Allomon.

— Dino Explosão.

Uma grande labareda avança na direção de Stingmon. A chama era tão intensa que aumentou a temperatura do lugar, causando um desconforto geral. O digimon inseto humanoide, munido do ferrão de luz que surgia da parte de trás da sua mão, avança a toda velocidade, como um torpedo, em direção ao Allomon. Mesmo sentindo uma grande dificuldade, avançava em meio às chamas da técnica do seu rival. O tiranossauro também sentia dificuldade, apesar de estar usando toda sua força contra Stingmon, o digimon conseguia se aproximar cada vez mais.

Um intenso brilho ofusca a visão de todos os domadores e digimons, seguido de uma forte explosão com deslocamento de massa de ar.

Ao final, Stingmon e Allomon encontravam-se em pé, um de frente para o outro, ambos ofegantes, mas sem nenhum sinal de desistência.

— Como esses dois lutam! – Brada Fernanda, impressionada.

— Principiantes. – Responde o garoto magro, baixo e de olhos rasgados, sorrindo. - Mal posso esperar para destruir João.

— Vai com calma, Alex!

— Isso mesmo, meu amigo. – Incentiva Blaze. - Acabe com a crista daquele frangote.

— Se eu fosse você desistiria, Cláudio. Allomon é osso duro de roer.

— Meu Stingmon também é, Caio. E você sabe muito bem disso. Afinal, não é a primeira vez que lutamos.

Allomon e Stingmon se encaravam, estavam ofegantes e irredutíveis. Esperavam pelo mínimo sinal de desistência por parte do outro. Alguns segundos de profundo silêncio se fazem presente na Arena Quadrática, até que Allomon não resiste e desmaia, regredindo.

Após a confirmação da vitória, o garoto que tem o braço direito inteiramente tatuado vibra de alegria. Stingmon, o seu digimon, regride, desmaiando logo em seguida.

Kau corre até Wormmon e o segura no colo.

— Você lutou bravamente.

O garoto retira Wormmon do campo de batalha e Caio faz o mesmo com Monodramon, deixando o local juntamente com seu amigo e rival de batalha.

— Gostei da batalha. – Manifesta-se Bruninho da arquibancada. Patamon cochilava em seu colo. - Os calouros sabem lutar.

— Sabem mesmo...

— Will, - diz Tentomon interrompendo a fala do seu domador - você não está ansioso por ter que lutar contra um domador novato?

— Estou sim! Nunca vi o cara lutando. A digimon deve ser bem forte.

— Vamos saber, agora, quem serão os próximos a batalhar. – Diz Culumon pegando uma das bolinhas de luz que se agitavam dentro da caixa de acrílico. - E a próxima dupla a disputar mais uma vaga na próxima fase será... Antônio e Blaze.

Um grande silêncio se faz presente entre os domadores.

— Koka, você está pronto?

— Lógico que eu to, Tonho! Vamos humilhar ele!

— Antônio, toma cuidado! – Adverte João. - Blaze não está pra brincadeira, e ele não vai respeitar regra nenhuma.

— To ligado!

— Vamos ficar daqui observando Alex. – Completa Carlos.

— Valeu!

Antônio desce os degraus da arquibancada em direção ao campo de batalha, que aos poucos se abre ao meio, como anteriormente, e revela um novo campo de batalha: A Praia. Ao subir no tablado, o domador de braços e pernas fortes avista Blaze e Guilmon olhando de forma desafiadora na sua direção. Antônio engole a seco.

— Que comece o show! – Diz o garoto corpulento de olhos verdes sorrindo e estalando todos os dedos da mão.

Continua...