Piratas Do Caribe: Um Novo Horizonte escrita por Tenebris


Capítulo 8
Capítulo 8: Rapto




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/314566/chapter/8

Jack despertou de um sono profundo. Estava recostado em uma cadeira no fundo do Bar em Tortuga. Seus olhos demoraram a acostumar com a claridade. Ele se levantou, pegando um copo d’água que estava no balcão. Seus olhos procuravam Senhor Gibbs, pois eles precisavam decidir o que fariam agora.

        Ele começou a caminhar pelo Porto. Algumas embarcações atracavam e outras deixavam o local, sempre muito movimentado. Repentinamente, Jack viu uma mão fina, branca e delicada voar em direção a seu rosto. Ele observou uma linda jovem morena diante de si.

        - Louise? – Ele perguntou. O segundo tabefe em seu rosto deixou claro que esse não era o nome.

        Senhor Gibbs apareceu do nada, andando apressado em direção a Jack. Jack ainda pressionava com os dedos o local do tapa, a pele estava amortecida.

        - Jack! Eu o estava esperando acordar! – Disse Senhor Gibbs energicamente.

        - Aqui estou, Senhor Gibbs. Qual é a próxima etapa do plano? – Jack abraçou Senhor Gibbs e juntos eles foram dando voltas pelo Porto, a fim de encontrar um Navio sobrando e uma tripulação de patifes servis.

        - Pegue o que puder!

        Senhor Gibbs lançou um olhar significativo a Jack.

        - Sem nada a devolver!

        E juntos, gritaram em uníssono:

        - TORTUGA!

        Entretanto, uma voz sombria e pausada irrompeu atrás deles.

        - Ora, ora... Jack... Sparrow.

        Jack deixou a bússola em sua mão cair. Ele não sobreviveria a mais chamadas dessa intensidade. E tenebrosidade.

        Elizabeth gritou.

        Era uma grande sorte, pensou ela. Justo naquele dia, atrasar-se um pouco e não chegar exatamente na hora do nascer do sol até o Baú da Morte. Ela agora estava descendo a montanha íngreme em direção à praia, quando notou um Navio que pertencia a Companhia das Índias Orientais se aproximar da Bahia. Depois de gritar, Elizabeth recostou-se a uma árvore, confusa. Não sabia de fato porque o Navio estava ali. Há muito tempo a Corte da Irmandade havia se desmembrado, portanto, não era atrás da Confraria que o Navio estava atrás. E também não era por causa do Baú.

        Elizabeth não dissera a ninguém.

        Ninguém sabia, além dela, onde o Baú da Morte estava enterrado. O Navio não podia estar vindo diretamente para desenterrá-lo. Entretanto, o que poderia haver na Bahia que interessasse tanto a Companhia? Elizabeth não teria tempo para ver a pergunta respondida.

        Ela precisava fugir.

        Os fatos ainda borbulhavam em sua mente de modo que ela mal podia pensar racionalmente. Foi até sua cabana, ainda de olho no Navio que se aproximava lentamente. Pegou rifles, armas, uma faca pequena e uma espada. Ao poucos foi anexando esses acessórios em sua roupa, com locais estratégicos para reunir armas. Elizabeth prendeu o cabelo em um rabo de cavalo, dando uma última olhada para a cabana e para a paisagem linda de um amanhecer lá fora.

        Sentiu que por muito tempo não veria aquilo outra vez.

        Então, disparou pela porta, trancando-a. Depois, embrenhou-se na floresta, procurando um caminho alternativo para fugir. Havia um vilarejo ali perto, que era a Cidade Naufrágio. Elizabeth planejou rapidamente em sua cabeça. Primeiro, ela desceria pela floresta a montanha íngreme até a praia e por lá seguiria até a Cidade, que ficava mais a leste. Desejou infinitamente ter a bússola de Jack, pois realmente queria achar uma saída.

        Depois de minutos na mata densa e verde, Elizabeth ouviu gritos. Provavelmente, os tripulantes daquele Navio já haviam atracado e agora desciam em terra, procurando algo. Elizabeth acelerou o passo, embora estivesse extremamente cansada. Ela tinha de continuar.

        - Procurem, seus desgraçados! Essa mulher não pode estar longe!

        Essas palavras assustaram Elizabeth. Então, procuravam uma mulher. Agora era questão de vida ou morte. A tensão no ar comprimia a respiração de Elizabeth, fazendo-a parecer sempre insuficiente.

        Dessa vez, prosseguiu correndo. Sua respiração continuava a falhar constantemente, pois a descida íngreme pela floresta era cansativa. Elizabeth continuou e, para sua infelicidade, deparou-se com algo que era seu fim.

        Um guarda da Companhia das Índias Orientais. Trajava fardas vermelhas e azuis, a espada desembainhada quando gritou:

        - Ela está aqui!

        E sem tempo para mais do que isso, Elizabeth perfurou-o com um golpe de espada ensinado por Will. O homem caiu morto do chão.  

        - Não está mais. – Ela sussurrou.

        Logo, seguiu adiante, correndo mais do que as pernas podiam agüentar.

        Cada metro transparecia a sensação de uma milha, Elizabeth pensava. Seu motivo para continuar era enxergar o mar logo adiante. Ela podia ouvir a brisa marítima e a imensidão esverdeada alguns metros a sua frente. As árvores densas e altas agora davam lugar a árvores pequenas e espaçadas, liberando a visão da praia. Elizabeth estava quase conseguindo. A praia estava perto. Se conseguisse chegar até lá, poderia seguir pela praia até a Cidade Naufrágio e de lá poderia fugir, com alguma sorte, encontraria Jack em Tortuga.

        Mas seus sentidos não obedeciam mais aos seus comandos. Elizabeth corria e com isso sobrecarregava seu corpo. Quando pisou firmemente na areia, foi forçada a parar.

        Ela desabou no chão, cansada; enxergando por último um cerco de guardas, todos com espadas apontadas em direção a ela.

        Enquanto seus olhos se fechavam, incapazes de permanecer por mais tempo abertos, ela ouviu alguém balbuciar:

        - Excelente. Ela caiu na armadilha, como planejávamos. Mal pode esperar para saber o que lhe aguarda.           

        Por fim, desmaiou. Ao som de risadas sombrias, gélidas e metálicas. Sem senso de humor algum.

        - Com medo... Jack?

        Tia Dalma sorriu para Jack e Senhor Gibbs, que deviam parecer extremamente assustados.

        - Calipso? – Bradou Senhor Gibbs, fazendo o sinal da cruz com as mãos em direção ao rosto de Tia Dalma.

        - Calipso não! – Retrucou ela, balançando as mãos.

        Jack sentia-se apreensivo. Apesar de estarem naquele Porto, com muitas testemunhas por perto, ele receava que a deusa Calipso ainda estivesse presa em Tia Dalma, pronta para matá-los.

        - A Deusa Calipso foi expulsa de dentro de mim pela Corte da Irmandade. Agora, ela e eu estamos livres. – Continuou ela, olhando diretamente para Jack e sorrindo.

        - Ah, olá Tia Dalma. – Disse Jack, recuando um passo.

        - Você corre perigo Jack! – Ela falou furiosamente, avançando para Jack e apontando-lhe um dedo também cheio de anéis em forma de caveiras. Jack revirou os olhos, buscando uma saída. Por fim, falou pausadamente:

        - Não me diga!

        Tia Dalma fez um sinal com a cabeça que indicava que ela queria que eles a seguissem. Assim, chegaram até uma parte mais afastada da praia. Tia Dalma mostrou uma fogueira em brasa, embora fosse dia. Ela se sentou no chão de frente para eles.

        - Sentem-se, rapazes.

        Senhor Gibbs olhou desesperado para Jack, buscando claramente algumas orientações. Jack sentou-se também e olhou para Gibbs, que fez o mesmo.

        - Jack. – Chamou Tia Dalma. – Willian. Willian Turner corre grave perigo. E com ele, sua amada, Elizabeth Swann

        Jack e Gibbs trocaram um olhar nervoso.

        - O Holandês precisa ter um Capitão! – Falou ela, tropeçando nas próprias palavras. – Parte do Navio e Tripulação. Não é mesmo?

        - Não sabia que ainda podia fazer previsões. Como voltou a si, depois que Calipso foi liberta da forma humana?

        Jack indagou. Seus olhos negros e penetrantes encararam Tia Dalma, que se limitou a sorrir, embora seu olhar fosse mais forte e expressivo que Jack.

        - Não me lembro. Apenas sei que depois que Calipso foi solta, eu estava desacordada em uma praia perto daqui. Acordei esses dias, sentindo-me tonta. Não me lembro de como, nem porque, mas estou aqui. Creio que Calipso passou muito tempo em forma humana, eu devo ter absorvido parte de seu poder. Ainda posso fazer previsões, pois continuo com seu poder como antes.

        Ela fechou a expressão, cerrando o sorriso numa linha fina.

        - E desde então, tenho tido sonhos freqüentes. Todos sobre a mesma coisa. E a solução que apontam, era encontrar você, Jack Sparrow.

        - Que tipo de sonhos? – Perguntou Gibbs.

        - Um Baú. E um coração. Querem esfaquear o coração, mas o Holandês precisa ter um Capitão, e o seu coração toma o lugar. – Os olhos de Tia Dalma eram vagos e a fala parecia decorada de um roteiro. – Vejo uma morte. Uma morte próxima, que vai separar o inseparável. E você Jack, é o único que pode ajudá-los.

        Jack encolheu os ombros, concluindo:

        - Suponho que o amor de Willian Turner e Elizabeth Swann esteja em risco. A vida deles corre perigo, tanto faz. Mas porque eu deveria salvá-los? Não há lucro pra mim nessa história.

        Tia Dalma olhou Jack fixamente por alguns segundos, depois, sua voz endureceu, tomando um tom de condenação:

        - Porque sua vida é ligada a deles, Jack! Se eles correm perigo de vida, você também corre! Quem acha que vão perseguir primeiro, se o Holandês tiver outro Capitão?

        Jack silenciou. Sabia a resposta. Caso a Companhia das Índias Orientais ou qualquer outro tomasse o Holandês, viriam atrás dele primeiro. Não tinha escolha senão salvar Elizabeth e Will. Salvá-los de algo que nem mesmo ele sabia do que se tratava.

        - Me convenceu. – Disse Jack, cedendo.

        Senhor Gibbs olhou ao redor freneticamente, como sempre fazia quando estava assustado. Ele perguntou com a voz trêmula:

- Mas que tipos de perigo?

- A minha previsão não é completa. Eu vejo os fatos futuros. Não suas causas.

- Ora, então, suponho que vá nos ajudar a encontrar o Holandês Voador para salvarmos nossa pele... Digo, para salvarmos Will e Elizabeth.

Tia Dalma sorriu sinistramente. Era um sorriso psicodélico. Seus dentes careados misturaram-se aos cabelos e a pele negra. Ela tirou umas conchas e um tabuleiro de dentro de uma bolsa, depositou-os na areia.

A chama fraca da fogueira se dissipou. Embora nenhum vento cortasse a praia naquele momento.

E com uma voz sombria e baixa, ao mesmo tempo em que jogava as conchas no tabuleiro, ela murmurou:

- Um toque... Do destino. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Piratas Do Caribe: Um Novo Horizonte" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.