Piratas Do Caribe: Um Novo Horizonte escrita por Tenebris
Logo, Will a ajudou a se segurar a uma corda e ir à bordo do Holandês. Pouco a pouco, toda a tripulação era resgatada são e salva, segura a bordo do Navio mais poderoso dos Sete Mares.
Quando todos estavam a salvo, os restos do Luís IX estavam quase completamente submersos ou destruídos pelas pedras. Will pegou um manto cinza seco e colocou sobre Elizabeth, abraçando-a outra vez.
- Sabe que não pode ficar aqui por muito tempo. Quando o Holandês voltar a navegar, iremos a lugares não mapeados. Não poderá ir comigo.
As palavras de Will transpareciam dor.
- Will, preciso falar com você. Não vim aqui para esperar mais dez anos.
Jack entrou novamente no convés superior, uma garrafa de rum nas mãos.
- Espero que não se importe, Willian. Estava sedento. – E tornou a garrafa à boca.
Will sorriu.
- O Pérola está se distanciando aos poucos, Jack. Não sei se conseguirá tomá-lo.
- Ah, pode ter certeza que vou. E... já está amanhecendo. - Jack apontou para o horizonte, uma claridade rosada elevando-se. – Não vamos navegar?
- O Holandês não pode navegar com vocês aqui, mas posso fornecer botes. Entretanto, Jack. Poderia me fazer um favor?
Jack remava o bote, enquanto cantarolava. Elizabeth sentada de frente para ele.
- Porque Will quer me encontrar na praia? Como isso é possível? – Ela perguntou.
- Davy Jones tinha suas próprias maneiras de atracar, ainda que por poucos minutos.
Quando se aproximaram de uma ilha, Elizabeth podia observar o Holandês atracado logo atrás.
Ela pulou do bote, andando pesadamente com a roupa que vestia, enfrentando a resistência da água. Quando alcançou a areia, sentou-se no chão.
Então ouviu um chamado.
- Elizabeth.
Will estava de frente para ela, como se tivesse acabado de nadar até a praia, e agora jazia de pé na areia de frente para Elizabeth.
Entretanto, estava com uma bacia de madeira com água sob os pés.
- Parece surpresa – Retorquiu Will. – É só um meio de não me separar do mar. Uma pena que não nos dê mais do que meia hora.
Elizabeth correu para Will, novamente podendo abraçá-lo sem ser impedida por uma corda.
- Will... Eu... Senti tanto... sua falta – As palavras de Elizabeth eram abafadas enquanto seu rosto estava contra o peito de Will.
- Eu também. Mas do que pode imaginar.
Will a beijou por alguns instantes, mas foi a vez de Elizabeth afastá-lo gentilmente.
Ela suspirou, encarando a nascer do sol iluminar claramente aquela praia.
- Há um jeito. – Disse ela. Will a abraçou como pôde sem sair da bacia com água, de modo que, abraçados, ambos agora fitavam o nascer do sol, como o nascer de uma nova esperança.
- Diga-me. – Will murmurou ao pé do ouvido de Elizabeth, tocando graciosamente seu cabelo.
Elizabeth virou-se para Will, deixando a paisagem para trás, em segundo plano. O que ela temia, caso o plano falhasse, era que Will se tornasse cada vez mais distante, cada vez mais envolvido com os trabalhos do Holandês, vivendo longe dela e deixando-a somente com suas lembranças e memórias, e com os devaneios que sua cabeça produzia involuntariamente, recriando vivamente cada momento que ela teve junto de Will. Só de pensar na possibilidade de não tê-lo, de vê-lo escapar sob seus olhos, inerte, impotente, sem nada poder fazer, uma lufada de ar faltava aos seus pulmões, o coração enrijecia dentro do peito, provocando-lhe uma dor que não podia suportar. E lembrava-se do coração. E de onde havia enterrado o Baú com coração que sempre lhe pertenceu.
Ela suspirou e sugeriu-lhe.
- Quero ser sua prisioneira. Eu aceito servi-lo por cem anos, a bordo do Holandês. Assim, podemos ficar juntos, navegar para qualquer lugar do mundo. Will...
Will pareceu verdadeiramente surpreso. Ele cerrou os lábios numa linha fina. Os olhos castanhos pareciam inexpressivos e impenetráveis. Sua voz era firme quando falou, desviando os olhos de Elizabeth:
- Definitivamente, não posso aceitar, Elizabeth.
E tudo que havia imaginado em um segundo atrás, voltou para assombrá-la mentalmente. Elizabeth replicou desesperada:
- Will. É nossa única chance.
- Para ser uma prisioneira do Holandês, você teria que morrer, Elizabeth! Morrer! – Will elevou a voz, também parecia aturdido como Elizabeth. – Eu não suportaria ser o motivo e a causa da sua morte!
- Will, você é minha vida. É com você no Holandês onde devo estar.
- Não sou Capitão do Holandês por opção. Eu estava morrendo Elizabeth. Você me viu com seus próprios olhos. Se não furasse o coração, teria morrido mesmo. Não quero que você esteja ligada ao Holandês por nenhum vínculo. Isso a levará à condenação!
- Eu estou vinculada ao Capitão do Holandês! Um pouco tarde para se lamentar, não é mesmo Will? Afinal, a escolha é minha. Se eu estiver morrendo, você me tornaria sua prisioneira para servir ao Holandês?
Will emudeceu.
Pelos seus olhos, ele estava tentando argumentar contra Elizabeth.
- Eu não suportaria vê-la morrendo. Nem mesmo para trazê-la de volta depois. – Will estava calmo quando disse aquilo. – E depois, quem serve ao Holandês, também só pode atracar a cada dez anos.
Ele continuou:
- Estaria disposta a abandonar sua vida, o mundo que conhece para fazer isso, Elizabeth? Estaria disposta a entrelaçar sua alma com o Holandês para servi-lo por uma eternidade?
Elizabeth respondeu firmemente:
- Não.
Will pareceu outra vez surpreso, e Elizabeth continuou:
- Estou disposta a abrir mão da vida que levo para levar uma vida com você, Will. Servindo ao Holandês para ficar perto de você, Will.
- Você vai passar por coisas e situações a bordo do Holandês que não justificarão ficar perto de mim.
- Will, como pode ser assim? Tudo que estou fazendo só tem uma justificativa. E sabe que é o motivo dela!
Elizabeth suspirou, agora chorando. Torrentes de lágrimas caíram de seus olhos.
- É o meu fardo. Não posso continuar a viver sem você.
Will parecia triste, como se tivesse envelhecido alguns anos. Ele mordeu os lábios, inquieto, e disse:
- Lamento. Não vou condená-la a este tipo de vida. Não quero condená-la a morte e servidão eternas.
Elizabeth não concordava com Will. Essa era a única maneira de ficarem juntos. Will não podia renegá-la. O medo de perder Will se alastrou dentro dela, tomando conta de seu interior e fazendo-a se sentir mais imóvel e dolorida do que há muito tempo.
Will aproximou seu rosto do de Elizabeth. Seu nariz tocou o dela afetuosamente, e novamente, Elizabeth pôde sentir Will. As dores da despedida na Bahia Naufrágio ressurgiram em seu inconsciente. Parecia uma despedida tal qual aquela fora.
- Pense melhor. Pense no que eu lhe disse. – Will murmurou, os rostos deles ainda se tocando carinhosamente. Elizabeth permaneceu de olhos fechados, saboreando aquele momento com Will e afugentando a possibilidade de uma despedida.
- Vou pensar.
- Se pensar melhor, e se decidir se juntar a tripulação do Holandês. Eu concordo com seu plano.
Elizabeth sorriu, a esperança renascendo em seu interior como o sol que agora estava completamente à mostra.
- Agora você deve ir. – Will apontou para três botes dispostos em fileira bem perto da praia. Jack, Senhor Gibbs... Lá estavam eles juntos da tripulação. O tempo disponível para permanecer no Holandês sem virarem servos tinha extirpado.
Elizabeth encarou aquela cena tristemente. Podia enxergar uma linha invisível e paralela entre os botes e o Holandês, como se estes jamais fossem se cruzar novamente.
- Este é meu fardo, Elizabeth.
Will murmurou suave e marcantemente, as mãos afagando o rosto de Elizabeth, que colocara sua mão sobre a dele.
- Ter que ver você partir, ir longe de mim... Sem poder fazer nada para te impedir.
Elizabeth tinha razão. Era uma despedida. O beijo apaixonado de Will lhe garantira isso.
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